História B!tch Better Have My Money - I'm Your Father

Flashback On*

Havia se passado alguns meses desde que Lauren descobriu sobre a traição de Camila. A mesma até tentou se explicar, mas a garota mais velha não queria ver mais a cara da garota que dizia ama-la. Lauren passou por momentos sombrios e a dor de ter sido traída e trocada ao mesmo tempo estava matando-a. Ela esperava que tudo isso passasse, mal ela sabia que era apenas o começo.

Enquanto isso em uma das maiores mansões de Miami se encontrava Mike Jauregui. Um mafioso impiedoso, frio, ridiculamente machista, rico e temível. Ele procurava por sua filha “desaparecida”, na verdade ele já a tinha encontrado.

- Essas foram as únicas fotos que você conseguiu tirar? – perguntou nervoso.

- Sim, senhor. Ela não saiu muito durante esses meses e quando saía estava com aquelas duas outras garotas. – explicou-se o garoto.

- Você sabe que isso não vale nem um terço do que eu lhe paguei. – afirmou o homem de aparência mais velha.

- Sim, eu sei.

- Ótimo. Por que não vou lhe pagar o resto.

- Nada mais justo senhor. Posso me retirar agora? – perguntou o rapaz que aparentava ter seus vinte e poucos anos.

Mike apenas assentiu e o rapaz saiu. Ele deu mais uma olhada para as fotos em cima da mesa. A garota que estavam nelas usava um óculos e roupas bastante gastas.

- A minha cara. – se dirigiu a uma das fotos em suas mãos. – Você nem imagina o quanto eu batalhei para te achar. Sua mãe estaria tão feliz em ver que você sobreviveu após aquela tragédia.

- Falando sozinho novamente?  - perguntou um garoto que acabara de entrar no famoso “escritório”.

- O que você quer comigo? – perguntou Mike com cara de poucos amigos.

- Nada. Apenas minha visita rotineira ao seu escritório.

- Fale logo. Não estou com paciência.

- Quando é que vou poder seguir com a minha parte do plano?

- Você já está seguindo. Apenas continue a enrolar a Cabello. Finja que se importa com ela e blá blá blá. Apenas faça com que ela goste de você a ponto de querer se casar. Ai você assume a empresa dos Cabello’s. O resto será comigo.

- Mas e a sua filha? Você vai contar pra ela?

- Ela não entenderia o porquê disso. E ela ainda está sentindo o termino do namoro causado por você. Mais um motivo para ela não saber da sua existência.

- Mas...

- Shawn, nós já conversamos sobre isso! Apenas siga as minhas ordens se você não quiser voltar para onde estava.

- Está bem, está bem. Já estou saindo.

Assim que o jovem moço saiu daquele enorme escritório Mike voltou a observar as fotos em que sua filha, até então desaparecida, se encontrava em vários estados.

- Eu juro minha filha. – disse olhando para uma foto especifica em que ela aparecia sorrindo. – Você terá tudo o que não pode ter. Eu lhe darei uma vida de rainha.

[...]

- Não acredito que você vai ficar deitada nessa cama o dia inteiro! – gritou Veronica. Uma das amigas com quem Lauren dividia um pequeno apartamento. – Tem uma super festa acontecendo no campus e você vai ficar ai toda retraída nessa cama? – a garota de olhos verdes apenas assentiu. – Mas não vai mesmo! LUCY! – tornou a gritar a menina de cabelos castanhos.

- O que foi? – Lucy apareceu na porta no mesmo instante em que foi chamada.

- Pode me ajudar a tirar essa coisa da cama? – perguntou Veronica.

- Ficaria mais do que feliz em te ajudar, mas eu preciso me arrumar para a festa.

- Ah mais não vai mesmo! – a garota mais alta tratou de puxar a menor para dentro do quarto, antes que ela fugisse. – Você vai me ajudar a tira-la da cama ou você não vai para festa.

Lucy deu um olhar quase mortífero para Veronica, mas ajudou a maior a tirar Lauren de cima da cama e faze-la ir para o banheiro tomar banho.

- Por favor, não me obriguem ir. A Camila com toda certeza vai estar nessa festa e eu ainda não estou pronta para encara-la. – implorou Lauren.

- Desculpa Laur. Mas não podemos deixar você em casa desse jeito. Já estamos cansadas de te ver apenas deitada nessa cama chorando ao olhar as fotos de vocês duas. – Lucy desabafou.

- Faço das palavras dela as minhas. – concordou Veronica. – Você precisa sair, extravasar, aproveitar a sua vida! Essa não foi sua primeira desilusão amorosa e nem vai ser a ultima, mas temos que aprender a seguir em frente. – completou.

- Por que vocês tem que ser tão boas assim? – perguntou Lauren meio melancólica, meio feliz.

- Porque simplesmente somos. Agora vai tomar seu banho e se arrumar. Não suporto esperar.

Dito isso Lucy e Veronica saíram do quarto deixando Lauren sozinha e à vontade para tomar seu banho e se arrumar. Trinta minutos depois as meninas já estavam saindo de seu pequeno apartamento. Não era muito longe da casa delas ao campus onde estava acontecendo à festa, mas mesmo assim elas foram no carro de Lucy, pois Vero alegou que estaria louca no final da festa e não queria voltar para casa de pé.

- Achei que vocês não viriam mais. – Black um amigo das meninas as cumprimentou assim que as viu. – Já estava perdendo minha esperança de fazer a Lauren ficar bêbada.

- Pode continuar sem ela, pois eu não vou ficar bêbada. – respondeu Lauren convicta.

- E por que não?

- Porque eu tenho que ficar sóbria pra poder levar essas duas pra casa. – apontou para as duas garotas ao lado dele.

- Quer dizer que você virou à amiga mãezona? – perguntou Blake com um ar irônico.

- Eu sempre fui. E eu realmente não quero beber.

- Ok! Não está mais aqui quem insistiu. – levantou os braços em forma de rendição. – Mas você vai beber pelo menos um pouquinho, não é mesmo?

- Eu vim pra cuidar delas, não estou morta.

- É assim que se fala garota! – gritou Veronica erguendo um copo, que Lauren não sabia de onde tinha aparecido.

Passaram se horas e Lauren continuava apenas bebericando algumas bebidas. Não queria ficar bêbada. Tinha que levar suas amigas sãs e salvas para casa. Ela já estava ficando entediada, por isso decidiu se afastar das suas amigas que já estavam chapadas e ir para um lugar mais calmo. A menina de olhos verdes se sentou em uma daquelas cadeiras de descanso que sempre tem perto de piscinas e passou a observar as pessoas se divertindo enquanto bebia um drink louco que Lucia inventou de fazer, até que não estava tão ruim assim.

As pessoas ao seu redor se beijavam, dançavam, outras inventavam de jogar os amigos dentro da piscina e logo em seguida pulavam também, espalhando água para todos os lados. Para a sorte de Lauren ela estava longe o bastante para não ser molhada. Seria uma tragédia caso isso acontecesse.

- O que uma garota tão bonita assim está fazendo tão sozinha? – um garoto de cabelos loiros e sorriso encantador apareceu na frente de Lauren, tampando sua visão da piscina.

- Ela está se distanciando das amigas completamente bêbadas, porque não quer pagar mico. – respondeu Lauren. – E o que um garoto tão bonito assim está fazendo conversando como uma garota como eu sendo que tem outra logo atrás dele que poderia lhe oferecer muito mais?

Lauren devolveu a pergunta no mesmo tom “galanteador” que o garoto, o que o fez sorrir mais uma vez.

- Creio que aquela garota não possa suprir minhas necessidades. – respondeu. – Posso me sentar? – perguntou e Lauren assentiu.

- Qual seriam essas necessidades? – perguntou mais uma vez, dessa vez em um tom “inocente”.

- Uma boa conversa para ocupar a mente. – respondeu após se acomodar na cadeira. – Qual o seu nome?

- Lauren e o seu?

- Justin. – deu mais um sorriso. – Belo nome o seu.

- Obrigada, posso dizer o mesmo.

- Como eu ia dizendo... Lauren. – pronuncio o nome dela e sorriu novamente. – Estou à procura de uma pessoa com quem eu possa conversar. Está bem para você?

- Me parece bom demais. Só não sei se vou poder lhe conceder uma conversa interessante.

- Creio que temos pensamentos diferentes.

Lauren passou uma boa meia hora conversando com Justin. Ele realmente sabia manter uma boa conversa. O que muitos garotos não conseguiam. Em momento algum ele mostrou outras intenções com Lauren e caso fosse mostrar foi impedido por duas bêbadas que gritaram o nome da mesma do outro lado da piscina.

- Finalmente encontramos você! – disse Vero acabando por embolar um pouco a língua. – Te procuramos pela casa inteira. Já estávamos achando que tinha ido embora e nos deixado de pé.

- Veronica você não vê que ela esta ocupada demais? – disse Lucy com um sorrisinho malicioso para a amiga.

- Uhhh! Michelle ataca novamente! – gritou Veronica e depois soltou uma risada sendo acompanhada de Lucy. – E você garoto, qual o seu nome?

- Justin.

- Oi Jusdin. – disse meio embolado.

- Justin. – corrigiu o garoto.

- Justin?

- Isso.

- Ata.

- De qualquer forma, estamos aqui para chamar você para jogar verdade ou desafio no porão da casa. – Lucy tratou de mudar de assunto. – Vamos?

- Tenho outra escolha?

- Não. – disseram em uníssono.

- Foi o que eu imaginei. – murmurou Lauren revirando os olhos.

- Você pode vir também Justin.

- Não quero atrapalhar. - disse receoso.

- Que nada! Venha conosco. – chamou Veronica.

- Bem, então eu vou.

Eles andaram entre a multidão até chegar ao porão onde várias pessoas já estavam sentadas em uma rodinha. Conseguiram um espacinho para se sentarem e começaram a jogar. Lauren tinha perdido completamente a noção de tempo. Era cada desafio e cada pergunta que a deixava besta. A audácia deles era de se impressionar.

- Eu não vou pra essa festa estupida! – Camila gritou pela milésima vez ao telefone. – Não adianta fazer chantagem. Eu não vou e pronto.

Camila jogou seu celular na cama com toda a força que ela podia. Estava com raiva. Seu novo namorado ficava enchendo seu saco para ela ir a uma festa qualquer no campus.

- Por que você simplesmente não vai logo Chancho? – perguntou Dinah ao telefone. – Olha é melhor você ir com ele do que deixa-lo ir sozinho.

- Isso é verdade.

- Então está esperando o que garota? Ligue para ele e o mande passar na sua casa para vocês irem para a maldita festa! Agora eu preciso desligar Seth está chorando de novo e a Regina está me atazanando.

- Ok Cheche. Falamo-nos depois, beijos.

Ao desligar a ligação Camila tornou ligar para seu namorado, dessa vez avisando que iria e que era para o mesmo passar em sua casa para busca-la. Ela tratou de se arrumar. Colocou uma calça jeans, cós alto, clara e com alguns rasgadinhos. Colocou um cropped branco e um saltinho preto para completar. Fez sua maquiagem leve e então desceu as escadas para esperar na sala.

- Fico feliz que você tenha mudado de ideia. – disse Shawn, o novo namorado de Camila após ele estacionar o carro.

- Não tinha nada de legal para fazer lá em casa mesmo. Achei que aqui pudesse estar mais animado. – deu de ombros.

Não trocaram mais nenhuma palavra, apenas entraram na enorme casa. Por onde passavam o famoso casal cumprimentava as pessoas.

- Não é que vocês vieram mesmo? – perguntou Black. Ele não gostava muito da Camila e muito menos do novo namorado dela, mas como um bom anfitrião os recebeu com um belo sorriso no rosto. – Vocês quase perderam a melhor parte da festa.

- E qual seria essa? – perguntou Camila, curiosa.

- O jogo de verdade ou desafio, obvio! – sorriu. – Já tem algumas pessoas jogando lá no porão. Posso lhes dizer que daqui em diante as coisas só vão esquentar. Eu mesmo já estou voltando pra lá. Só vim pegar algumas bebidas, porque as do freezer lá de baixo acabaram. Por que não vão dar uma conferidinha? Tenho certeza que vão gostar.

Após ter dito isso ele saiu e foi rumo aos grandes congeladores que estavam na cozinha para abastecer o do porão. O casal curioso com o que poderia estar acontecendo lá em baixo, trataram de pegar seu rumo.
Ao chegarem ao porão viram uma maior algazarra. Vários desafios estavam acontecendo ali e várias verdades sendo reveladas, da mais idiota até a mais importante.

- Realmente a coisa aqui está pegando fogo.

Camila não deu a mínima para o que seu namorado acabara de falar. Ela estava mais preocupada em observar sua ex-namorada que agora estava beijando uma garota qualquer. O desejo de Camila era pegar a vagabunda que estava beijando Lauren pelos cabelos e lhe dar uns belos tapas, mas ela sabia que não podia fazer nada. Afinal, foi ela quem traiu Lauren. Não estava em posição para fazer uma cena daquelas. Lauren estava solteira e podia pegar quem ela bem quiser.

- O que você acha de jogarmos um pouco?

- Huh? – perguntou Camila totalmente avoada.

- O que você acha de jogarmos um pouco? – tornou a repetir a pergunta.

- Acho... – Camila deu mais uma olhada em Lauren e depois na garota que ela tinha acabado de beijar e sentiu uma raiva enorme subindo. – Acho ótimo. Vamos jogar.

O pessoal abriu um espaço para os dois se sentarem. Quando Lauren deu por si Camila já estava sentada em sua frente com um sorriso maligno em seus lábios. Toda a alegria de Lauren se esvaiu naquele mesmo segundo, mas ela tentou mostrar-se indiferente.

- Parece que temos uma traidora em nosso meio. – disse Veronica em alto e bom som e logo recebeu uma cotovelada de Lucy. – O que? É a verdade.

- Podemos continuar com o jogo? – perguntou Lauren com a mão na garrafa. Era a vez dela de girar. Vendo que todos se calaram ela girou a garrafa.

- Isso quer dizer que eu pergunto pra você ou você pergunta pra mim? – perguntou Camila após a garrafa parar com a boca para ela e o fundo para a menina de olhos verdes.

- Você pergunta.

- Verdade ou desafio? – perguntou sem rodeios.

- Verdade.

Por essa Camila não esperava. Ela estava achando que Lauren escolheria desafio, já que a garota sempre fora “destemida”.

- O que foi? Não consegue formular nem uma pergunta sequer? – Lauren perguntou após a significativa demora de Camila.

- Não é isso. Apenas espere. – se defendeu.

Camila não sabia o que perguntar, estava quase entrando em pinos. Então resolveu fazer uma pergunta qualquer e sem importância. Pelo menos pra ela, ou talvez não...

- É verdade que você ainda me ama?

Lauren foi pega de surpresa. Por que aquela pergunta? Por que ela se importava? Não foi ela que tinha traído? Talvez ela tivesse apenas curiosa.

- Por que você importa em saber?

- Qual é Lauren não seja infantil! – reclamou Camila. – Apenas responda a pergunta.

- Ok. Não, eu não te amo. Na verdade a única coisa que eu sinto por você é repulsa e ódio. Se eu pudesse eu nunca mais olharia pra sua cara. – ela suspirou. – Está bom para você?

Camila não respondeu. Ela achava que Lauren estava com raiva, mas não imaginou que fosse tanta. Tanto que ela ficou surpresa e decidiu ficar quieta em seu lugar.

O jogo continuou e com ele se esvaiu a paciência de Lauren. Ela já estava morrendo de cansaço e sono, mas suas amigas não queriam ir embora. Então ela decidiu dar uma caminhada na companhia de Justin. O garoto era realmente legal e era uma boa companhia.

- Você é da Florida mesmo? – perguntou ela interessada em saber mais sobre o misterioso garoto.

- Não. Na verdade eu não sou americano.

- Não? – perguntou Lauren surpresa.

- Não. Eu sou canadense.

- Ah sim! De que lugar? – tentou puxar assunto.

- Uma pequena cidadezinha. Você não deve conhecer.

- Tente.

- Stratford. É onde eu nasci e fui criado antes de vir pros EUA. Conhece?

- Não mesmo. – respondeu arrancando uma risadinha dele.

- Imaginei. Nem mesmo as pessoas que moram no Canadá sabem dela.  A não ser que morem nos arredores.

- O que te fez sair de lá para vir para cá?

- Uma nova vida. – disse simples.

Eles continuaram com sua caminhada distraidamente. Conversavam sobre vários assuntos diferentes apenas para não ficarem no tedio. Eles já se conheciam tão bem que nem parecia que tinham conversado pela primeira vez há apenas algumas horas atrás.

- Que casa linda. – disse Lauren a passar em frente de uma verdadeira mansão.

- Gostaria de dar uma olhada lá dentro?

- Você só pode estar louco! – exclamou a garota de olhos verdes com tamanho absurdo. – Poderíamos ir presos por invasão e ganhar uma bela multa nas costas.

- Não sabia que se tinha multa por invasão.

- Você entendeu o que eu quis dizer. – disse revirando os olhos.

- Relaxa. Não iremos presos.

- Como você pode ter tanta certeza?

- Essa é a casa do meu tio. – mentiu o garoto.

- Serio? – perguntou absorta.

- Sim. Gostaria de entrar?

- Não sei se é uma boa ideia. – falou receosa. – Eu nem te conheço direito.

- Não vai ser como se eu estivesse te convidando para poder estupra-la ou coisa do tipo. Até porque não é do meu feitio e meu tio nunca me perdoaria caso eu fizesse uma coisa dessas.

- Mesmo assim. Seria muito atrevimento da minha parte e...

- Não se preocupe. Vamos apenas dar uma passeada e depois voltamos para festa, ok?

Ela assentiu. Então eles foram até mais perto do portão. Justin tocou uma “vídeo campainha” e após se identificar o grande portão preto de grades foi aberto automaticamente. Eles andaram pela larga rua que ali tinha para poder finalmente chegar a casa.

Justin fez um verdadeiro tour com ela pela enorme mansão mostrou cada cantinho, permitido, para ela. A garota de olhos verdes e pele alva ficou abismada com o tamanho daquele lugar, era trezentas mil vezes maior que o apartamento de Veronica e casa dos seus pais. Ela desejou que algum dia também pudesse ter uma casa como aquelas.  Mas o que Lauren não sabia é que aquela casa, aquela mansão e tudo e todos que estavam nela viria a ser, um dia, seu. Sim, aquela seria a casa de Lauren. Por quê? Era o que ela iria descobrir.

- Então... Gostou da casa? – perguntou o garoto como quem não quer nada.

- É maravilhosa. – respondeu deslumbrada. – Imagino que seu tio deva ter bastante dinheiro.

- E ele tem. – disse convicto. – Às vezes até eu me surpreendo.

- O que ele faz da vida? – perguntou curiosa.

- É difícil de explicar. – Justin coçou o queixo. – Por que você mesma não pergunta para ele?

- O que? Eu? Mas eu nem o conheço. E não quero que ele me ache uma enxerida.

- Que nada! Ele vai adorar te conhecer. – respondeu com um sorriso. – Eu vou apenas pegar uma coisinha no meu quarto e já volto para lhe apresentar ele.

E com isso o garoto de cabelos loiros e olhos cor de mel subiu a escada. Lauren não podia negar, estava animada para conhecer esse homem. Ele deveria ser bom, assim pensava ela. Justin não demorou nem cinco minutos, rapidinho ele já estava de volta e guiava Lauren por um corredor até o escritório de seu “tio”.

- Tenho certeza que ele vai te adorar.

Foi a ultima coisa que ele disse após abrir a porta e ela se dar de cara com um homem que já aparentava ter seus quarenta e poucos anos, com uma barriga um pouco avantajada, barba por fazer e olhos verdes assim como os dela. Ela se sentiu um pouco intimidada pelo homem, mas ele fez questão de abrir um sorriso para ela e se levantar da cadeira preta de couro para cumprimenta-la.

- Olá. Meu nome é Mike e como você já deve saber eu sou o tio do Justin. Espero que ele tenha falado coisas boas de mim. – Lauren sorriu.

- Claro! Meu nome é Lauren.

- Lauren, huh? Um belo nome.

- Obrigada.

- Bom, Lauren. Por que você não se senta? Deve estar cansada. Justin me contou que vocês vieram caminhando até aqui.

- Sim. Obrigada mais uma vez.

Os três entraram em uma conversa bastante animada. Em certo momento Mike ofereceu um pouco de bebida, que ela recusou gentilmente e explicando que não poderia beber, pois estava encarregada de levar suas amigas sãs e salvas para casa.

- Bem, acho melhor eu ir. – disse Lauren após um tempo. – Minhas amigas devem estar a minha procura.

- Oh sim. Entendo. – disse Mike compreensivo. – Mas antes Lauren eu preciso lhe falar uma coisa, na verdade te mostrar.

- O que? – perguntou curiosa.

Mike se levantou do sofá e foi até sua mesa, abriu uma gaveta e retirou de lá uma pasta. Ele voltou até onde Lauren estava sentada e depositou a pasta em sua mão.

- O que... O que é isso? – perguntou completamente confusa.

- Apenas abra. Você irá entender.

Meio receosa com o que poderia ser a garota de olhos verdes abriu a pasta cuidadosamente. Dentro dela havia vários papeis e também fotos. Ela leu cuidadosamente um por um. Observou atentamente as fotos. Quando ela terminou de ver tudo estava aos prantos. Completamente assustada, absorta, nervosa. Ela não conseguia acreditar.

- V-você... – suspirou fundo tentando conter o choro. – Você é... Meu pai biológico?

- Sim, Lauren. Eu sou seu pai biológico.

- Mas... Como?

- Eu sou um homem bastante poderoso. Tenho vários negócios, cresci bastante e com isso ganhei vários inimigos que queriam me ver morto. – começou a explicar. – No dia do seu nascimento... Eu odeio relembrar esse dia. – suspirou. - Eu tinha saído de casa cedo para tratar de negócios e deixei sua mãe com a parteira, pois eu sabia que estava perto de você nascer. Eu estava na rua quando Clara... Minha querida Clara me ligou aos prantos dizendo que você tinha nascido e que era a coisa mais linda do mundo. – ele sorriu e acabou deixando uma lágrima escapar. – Mas que infelizmente tinham invadido a nossa casa e para te proteger ela mandou a parteira fugir com você, pediu que ela achasse um lugar melhor para você, até eu poder te encontrar. Eu mandei Clara se esconder e esperar eu chegar em casa. Só que era tarde demais. Quando eu cheguei, quem quer que tenha invadido nossa casa já tinha ido embora. Então eu tratei de procurar sua mãe. Eu a encontrei em nosso quarto, estirada no tapete, coberta de sangue. Ela tinha levado um tiro no estômago. As ultimas palavra dela foram “Encontre nossa garotinha. Me prometa isso Mike. Pela sua e pela minha vida”. Desse dia em diante eu nunca mais descansei até te achar. E aqui está você na minha frente. – ele sorriu em meio às lágrimas em seu rosto redondo. – Confesso que quase desisti no começo. Estava cansado de apenas chegar em becos sem saídas. Temia que você não estivesse viva. De uns tempos para cá eu consegui te achar e comecei a vigia-la. Queria ter certeza que era realmente você e quando eu finalmente tive. – deu uma pequena pausa. - Ahh minha cara! Não preciso dizer mais nada. Você está aqui na minha frente e não há coisa melhor para mim.

Lauren ainda tentava raciocinar aquilo tudo. Aquele homem na sua frente era seu pai biológico. Sua vida inteira tinha sido uma “mentira”. Quem ela achava que eram seus pais verdadeiros na verdade eram seus pais adotivos. E que sua mãe foi morta no dia do seu nascimento tentando protege-la. Era tão confuso. A cabeça dela estava a mil. Levou bastante tempo até ela conseguir dizer alguma coisa.

- O que... O que aconteceu com... Com a parteira? – perguntou após recobrar um pouco a consciência.

- Ela fugiu com você para cá. Para os EUA. Aqui ela lhe deu uma nova vida, um novo lar.

- Ela é a mulher a quem eu chamo de mãe?

- Sim. Ela mesma.

- Por que ela nunca me contou isso tudo? Por que ela nunca tentou lhe encontrar? Pra dizer que eu estava viva? Que eu estava bem?

- Eu não sei filha. Eu realmente não sei. Queria poder lhe responder isso. – suspirou amargurado. – Eu só não quero que você ache que eu a abandonei. Que eu não quis fazer parte da sua vida ou coisa do tipo. Juro que tentei fazer o meu melhor para lhe encontrar. Mesmo que isso tenha durado 18 anos.

- Não se preocupe com isso. – disse recompondo sua pose. – Eu sei que o senhor tentou me encontrar ao máximo. Esses papeis mesmo me mostram isso. Eu só, eu só não quero que você espere que eu vá correndo para os seus braços no mesmo instante. Ainda é muito novo para mim e eu preciso pensar.

- Claro. Vou lhe dar espaço suficiente para você pensar. Mas se precisar de mim para esclarecer alguma coisa. Não pense duas vezes antes de me procurar. Ok?

Lauren não disse nada apenas assentiu. Ela se retirou do escritório levando consigo a pasta, a pedido de Mike. A garota voltou para a festa sozinha. Pegou suas amigas que já estavam completamente chapadas e foi para o que ela chamava de casa. Deixou suas amigas em seus quartos e foi para o dela. Tomou um banho bastante longo e depois voltou para sua cama e ficou pensando no que tinha acabado de acontecer. Ela nem notou quando adormeceu. O cansaço e o desgaste tomaram conta de seu corpo e da sua mente e ela apagou.

Mal sabia ela que aquela era apenas um dos primeiros das centenas de segredos que seriam desvendados a partir dali e que a fariam entrar para o mundo da máfia e acabar virando a poderosa e temida Lauren Jauregui.