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História Bite - Capítulo 8


Escrita por: txemin

Capítulo 8 - Capítulo 8


Fanfic / Fanfiction Bite - Capítulo 8

 Jungkook

Odeio chorar na frente dos outros, mesmo sendo ômega e naturalmente sendo uma pessoa mais frágil e muito envergonhada, que fica com as bochechas coradas facilmente, detesto demonstrar fraqueza. As pessoas já enxergam os ômegas como seres “fracos e afeminados”, não gosto disso.

Não é mentira que estou assustado, afinal, quem não estaria estando no meu lugar, não é mesmo? Mas não irei permitir que esse alfa veja que está me afetando tanto, é lógico que estou com medo de morrer ou de ele fazer algo com o meu corpo, de me usar novamente. Só de pensar que essa ideia pode sim ocorrer sinto ainda mais medo e mais lágrimas ameaçam cair.

Foco, Jungkook, você precisa tentar manter a calma e não se abalar. Respira.

Puxo o ar, fazendo com que entre por minhas narinas e oxigene meus pulmões. Repito o gesto algumas vezes procurando me acalmar mesmo que minimamente. Tenho que me preparar para qualquer ação do alfa contra mim, não posso demonstrar reações que ele espera que eu demonstre. Preciso ser forte, tanto por mim quanto por Jimin. Sabe-se lá deuses o que ele deve estar passando e pensando.

Não duvido que ele esteja se culpando. Sinto-me horrível por saber que provavelmente ele deve estar pensando assim, porque ele prometera cuidar de mim. Espero mesmo que não fique com esses pensamentos em sua mente, isso só o irá fazer mal. Nunca que eu o culparia.

Não tem como saber ou prever um ato de uma pessoa como esse alfa. Não tinha como saber que em segundos ele tiraria minha consciência e me levaria para este lugar deplorável e sujo. Acreditávamos que com a troca da mordida, tudo se encaixaria e finalmente eu teria paz e poderia viver tranquilamente ao lado de quem me quer bem.

Mas também não podemos controlar nossos destinos e muito menos saber o que ele nos guarda.

Continuo puxando o ar vagarosamente, ignorando o odor do ambiente e me recompondo aos poucos. Preciso acreditar que conseguirei sair daqui, preciso manter minhas esperanças e ser forte. Suportar o que vier daquele ser.

A porta é aberta mais uma vez, fazendo um rangido irritante ecoar pelo cômodo pequeno. Respiro fundo novamente e olho para o alfa que senta no banco a minha frente, segurando uma garrafa transparente na mão direita e na esquerda uma colher e um potinho de iogurte. Ambos parecem limpos e recém-comprados, meu estômago ronca faminto. Quem sabe agora eu possa comer algo que preste.

– Me agradeça por ter ido comprar isso para você.

– Obrigado. – Respondo sem emoção alguma na voz.

– Como eu havia dito, ainda não te quero morto, então não vejo o porquê de te deixar nesse estado. – Eu sei que ele está querendo me deixar com medo e a única reação que tenho é fitá-lo. – Pelo visto está sendo um bom ômega e está me obedecendo. Assim é muito melhor. – Ele estreita os olhos e coloca a garrafa no chão. – Comprei o iogurte mais barato que tinha, não irei gastar com você, é sem sabor. – Permaneço com minha face sem demonstrar reação alguma, apenas fitando-o enquanto ele abre o iogurte e mostra-me seu conteúdo branco.

De colher em colher, o alfa leva o iogurte sem gosto até os meus lábios. Saboreio demoradamente seu ‘gosto’, prolongando a falsa sensação de ter o estômago saciado por um instante. As íris escuras e sem vida me encaram enquanto aproveito do ultimo resquício do iogurte que ficou em meu lábio inferior. Sem proferir uma única palavra, ele deixa o potinho vazio e a colher de plástico no chão e pega a garrafa transparente, contendo o rótulo de sua empresa.

– Não há dúvidas de que seja água, está vendo? – O alfa abre a tampa da garrafa que estava lacrada – quase deixo um suspiro de alívio escapar ao ter minha dúvida sanada se era mesmo água – e aproxima de meus lábios.

Bebo vagarosamente o líquido, saciando por fim minha sede. Algumas gotas escapam pela minha boca e trilham um caminho do meu queixo até o meu pescoço. É um alívio, pois o líquido está gelado contrastando com a quentura de minha pele suada. Bebo o restante da água aos poucos até ele retirar a garrafa e colocá-la ao lado do pote e da colher.

– Como se diz mesmo? – Pergunta com ironia.

– Obrigado.

– Bom. Se continuar assim, mais tarde venho aqui trazer água e alguma coisa para comer, caso contrário já sabe, não é mesmo? – Aceno positivamente, sem deixar que qualquer emoção aflore em meu rosto. – Agora é hora de ligar para o seu alfa. – Ele retira do bolso um celular e antes de digitar o número de Jimin, olha-me sugestivamente. – Colocarei no viva voz, se falar qualquer coisa ou fizer qualquer barulho, não respondo por mim.  – Senti meu corpo inteiro arrepiar e a vontade de chorar veio à tona.

Eu irei escutar a voz de Jimin.

Afirmo mais uma vez e, ao dar-se por convencido com a minha resposta, digita algo no aparelho que em seguida começa a fazer um barulho indicando que a chamada está sendo efetuada.

Meu coração acelera em expectativa e saudade.  Tenho que me segurar com todas as forças para não chorar ou falar qualquer coisa ao escutar a voz doce de Jimin.

– Alô.

– Como vai? – Meu corpo inteiro arrepia ao ver um sorriso nos lábios rachados do alfa e escutar sua voz rouca e falha. – Fez proveito de minha dica?

– Kiri-Japonês. – Jimin responde com deboche em sua voz. – Tem por toda a Coréia, como posso tirar proveito disso?

– Se for inteligente o bastante, quem sabe. – Olho curioso para o alfa a minha frente que parece se deliciar ao falar com Jimin pelo telefone. – Sabe quem está aqui? – Seu olhar sem vida me encara. Automaticamente, engulo em seco.

– J-Jungkook? É você? Você está bem? – O alfa coloca o indicador sobre seus próprios lábios para avisar que eu devo permanecer em silêncio. Lágrimas teimosas escorrem por minha bochecha. Quero gritar de raiva, pois é isso mesmo o que o alfa quer, fazer eu e Jimin sofrer.

– Ele está bem sim, e alimentado também. Está aqui na minha frente.

– Por que Jungkook não pode falar? – Escuto um barulho alto do outro lado da linha, parece que Jimin não está sozinho.

– Tem alguém com você?

– Isso importa?  – O alfa faz uma careta com sua resposta.

– Importa você ser mais educado se quiser outra dica. Tem alguém com você? – Minha respiração fica falha, tenho medo do que esse alfa pode fazer comigo dependendo da resposta de Jimin.

– Não. Estou sozinho.

– É bom mesmo que esteja sozinho, não quero ninguém envolvido além de você, caso contrário seu querido ômega poderá sofrer alguns machucados. – Fico em alerta a qualquer ação que o alfa pode fazer agora. Meu medo aumenta e só rezo para todos os deuses que se meus hyungs, ou Taehyung, ou Hoseok souberem, Jimin saiba muito bem mentir.

A linha fica muda por alguns instantes, deixando-me nervoso. O alfa continua com a expressão sem vida, fitando a parede atrás de mim.

– Quero vinte e cinco mil em dólares, na mesma conta, depositados. Após eu encerrar a ligação você terá apenas dez minutos. – Quase dou um pequeno pulo pelo susto ao escutar a voz do alfa que ficara em silêncio.

– E a dica?

– Ah, pensei que não quisesse a dica.

Jimin não responde, e outro barulho alto se faz presente do outro lado da linha.

– Tem certeza que está sozinho? – O alfa pergunta com o cenho franzido.

– Estou, e a dica? – O ser repugnante a minha frente solta uma risada fria e contida.

– Quanta pressa, mas enfim. Se quer tanto a dica... Seul tem vários postos de conveniência, alguns ficam perto de hospitais. Olhe os números.

O que ele quis dizer com isso? Seul é enorme e possui vários postos perto de vários hospitais. Números? E por que ele está dando dicas a Jimin? Qual o propósito? Só envolve dinheiro? Se envolve apenas dinheiro, por que ele tem o prazer de ficar me ameaçando e ameaçando Jimin, que irá me machucar de acordo com as ações que lhe desagradarem? Coisa boa é que não deve ser, ainda mais vinda de um ser que possui sentimento algum. Ou Jimin encontra uma forma de me achar, ou eu terei que arranjar um jeito de fugir daqui. O problema é como saber para que direção eu devo ir.

– Só? – Desperto de meus devaneios ao escutar a voz do avermelhado.

– Só? – O alfa pergunta pensativo e encara-me de um jeito estranho. Encolho-me na cadeira sentindo meu medo triplicar. – Se pensa que é pouco, posso mandar um vídeo meu possuindo o seu ômega. – Ele não pode estar pensando em fazer isso. Não pode.

– É o suficiente. – Sua voz sai ríspida.

– Que pena, estava ansiando por isso. – Ele solta uma gargalhada. Encolho-me ainda mais na cadeira.

As lágrimas teimosas que haviam parado de cair voltam a escorrer pelo meu rosto.

– Mas fique tranquilo, não tomarei certas medidas sem que seja necessário. Quase ia me esquecendo, seu ômega possui uma pele bem macia, não é mesmo?

– O que você fez?

– Estava apenas dando um recado. Ele deve me obedecer. Se não obedecer, farei alguns estragos no rosto bonito. – Com essa fala que me faz com que um soluço escape de meus lábios, ele encerra a ligação.

 

Jimin

Por pouco, muito pouco, eu não taco o celular no chão. Rosno frustrado puxando meus cabelos com força.

Eu tenho que tirar Jungkook de lá o quanto antes. Jamais me perdoarei caso qualquer coisa aconteça de ruim a ele. Eu prometi. Prometi que o protegeria, que não se machucaria mais. Que cuidaria dele, que o manteria em segurança.

Mãos quentes afagam meus ombros, viro-me para o dono delas encontrando Seokjin com o rosto completamente vermelho pelo choro. Ele passa os braços ao meu redor e me abraça. Choramos juntos compartilhando nossa dor e desespero.

Obviamente eu menti para aquele alfa, que nem sei o nome. Todos os cinco ainda estão aqui em casa e todos estão a par de tudo o que aconteceu e está acontecendo. Esse louco pode até pensar que me tem sob controle, mas só pensar mesmo, desde que não faça mal a Jungkook.

– Podemos nos dividir, procurar e anotar os números que tiverem nos postos perto de hospitais. – Afastei-me de Seokjin e enxuguei algumas lágrimas. Agora é hora de me concentrar para encontrar qualquer pista que me leve ao meu ômega.

– Temos três carros, ganhamos tempo assim. – Yoongi, que não havia dito uma única palavra até o momento, disse. – Eu e Hoseok vamos no meu carro, podemos estacionar em algum local e ir em direções opostas a pé, Seokjin e Namjoon podem fazer o mesmo.

– Por que eu não estou incluso? – Taehyung se manifesta com a voz rouca.

– Vá com Jimin, TaeTae, ele precisa de você agora. – Hoseok-hyung sussurrou essa última parte com a intenção de que eu não ouvisse. O que não deu certo. Sorrio para ele agradecido por ele saber que eu preciso de alguém nesse momento para me distrair um pouco.

– Tudo bem, vou com você hyung. Mas primeiro se apresse em depositar o dinheiro.

No tempo certo depositei o dinheiro na conta do alfa. Eu realmente não estava me importando com o valor, sem querer “me achar” por conta disso, mas no momento eu prefiro pagar a quantia que for ao invés de receber um vídeo daquele ser horrendo fazendo alguma atrocidade com Jungkook, ou uma foto ou mensagem de que meu ômega está morto. Quero nem ter que cogitar essa ideia. O que importa agora é que de alguma forma ele fique seguro, sem que o alfa toque um dedo sequer em seu corpo.

Como havíamos combinado, nos separamos em três grupos, cada qual em seu carro. Eu e Taehyung ficamos por verificar a região central, o norte e o nordeste de Seul. Para a sorte de todos, esse horário perto do meio dia não possui muita gente nas ruas, pois o comércio fica fechado e as pessoas vão às suas casas ou restaurantes para almoçarem. No caminho para o centro da capital decidi em puxar assunto com meu primo para saber o que estava acontecendo entre os três. O ômega, apesar de estar extremamente preocupado com Jungkook, está completamente envergonhado e quieto e Taehyung nunca é assim comigo.

– Tae, o que foi aquilo lá na sala? – Pergunto olhando-o de soslaio. Sua cabeça está apoiada na janela do carro e os fios loiros de sua franja tapam seus olhos amendoados.

– Aquilo o quê? – Devolve com uma voz baixa.

Prendo o riso mordendo o lábio inferior, prestando a atenção no trânsito à minha frente.

– Preciso desenhar? – Pergunto sarcástico.

– Aish, hyung, não quero falar sobre isso. – Ele bufa. Suas bochechas estão começando a ficar vermelhas.

– E qual o problema? Anda, quero saber. Minha vez de te encher o saco sobre isso, lembra como você foi comigo e com Jungkook? – Desvio por um momento a atenção do trânsito para o mais novo.

– Lembro, aigoo, tudo bem... Eu conto. – O Kim me olha envergonhado. Rio internamente por finalmente conseguir saber alguma coisa que ocorrera entre esses três. – Mas não vale rir de mim. – Avisa me olhando sério.

– Por que eu riria? – Franzo o cenho com a curiosidade aumentando ainda mais em saber o que eles aprontaram.

– Não seria melhor eu contar isso outra hora? Quando estiver tudo bem e Jungkook estiver conosco? – O ômega pergunta apressado.

– Aish Taehyung, não adianta vir com desculpa. Nós vamos sim encontrar Jungkookie, estou sim preocupado demais com ele, mas não quero ficar enchendo minha mente de pensamentos negativos o tempo inteiro. Não há problema algum em me contar e desabafar sobre o que está acontecendo com você, o mundo não gira em torno de mim. Assim como eu lhe conto sobre mim, você pode me contar sobre você. Pode não, deve.

O interior do carro fica em silêncio por alguns poucos minutos até eu escutar um suspiro vindo do mais novo.

– Você está certo, hyung. Bem, por onde eu começo? – Ele faz uma longa pausa em que durante esse tempo, fiz uma lista mentalmente me recordando dos postos de conveniência que têm perto do hospital no centro.

Estacionei o carro ao lado de uma praça pouco movimentada, e ao desligar o veículo, virei completamente para meu primo, notando seu olhar fixo no rádio, perdido em seus pensamentos.

– Estou esperando.

– Hmm, se você insiste. – Ele se ajeita no banco ficando de frente para mim. Novamente, suas bochechas coram um pouquinho, aumentando a minha vontade de fazê-lo falar logo. – Lembra daquele dia, antes do cio do Jungkook, que vocês dois encontraram eu e Hoseok-hyung dormindo na sala?

Como eu poderia esquecer? Fora cômico. Confirmo para que continue.

– Eu vou resumir tudo, outra hora te conto com mais detalhes. – Tenho que concordar com isso, pois Jungkook é a minha prioridade e não podemos perder muito tempo. Taehyung aperta suas mãos nervosamente antes de continuar. – O hyung me levou pra casa, só que quando chegamos, ambos acabamos revelando que sentíamos alguma coisa um pelo outro e que havia uma terceira pessoa envolvida nisso.

Mordo os lábios mais uma vez para esconder um sorriso que ameaça tomar conta de meus lábios. Esses três são uma comédia.

– E para nossa surpresa, essa outra pessoa é o Yoongi-hyung. Durante essa semana que você passou com o Kookie, eu e Hoseok-hyung nos aproximamos melhor e demos um jeito de nos aproximarmos de Yoongi também. Outra hora eu conto melhor, mas quando vimos, já estávamos saindo os três para jantar ou ir em algum parque. Conversamos por todos esses dias percebendo que alguma coisa louca estava e está se formando entre nós três. Ainda não entendo como posso estar gostando de dois alfas ao mesmo tempo e ambos se gostarem e gostarem de mim também.

Solto uma gargalhada ao ver sua testa enrugar e seu nariz franzir em confusão.

– Aish, não ria, hyung! – Um bico emburrado se forma eu seus lábios finos. – E-e pulando para ontem, nós combinamos de assistir um filme na casa de Hoseok-hyung, ma-mas... – Taehyung desvia o olhar de mim e encara suas mãos. Suas bochechas estão vermelhas como um pimentão e sendo eu um bom primo, controlo-me ao máximo para não rir por adivinhar o que vem a seguir.

– Mas? – Insisto, vendo-o passar as mãos no rosto e puxar os fios loiros de seu cabelo.

– Aish, Jiminnie-hyung, só de olhar para sua cara já sei que sabe muito bem o que aconteceu. – O ômega tapa o rosto com as mãos, fazendo-me rir.

– Você que está dizendo, sei de nada.

Meu primo puxa os fios do cabelo mais uma vez e morde os lábios fazendo uma careta para mim antes de responder.

– Nós transamos. Fim. E foi a melhor transa da minha vida. Feliz? Satisfeito? Quer detalhes? – Diz tudo de uma vez.

Não consigo segurar o riso. Minha barriga chega a doer e algumas lágrimas rolam por minhas bochechas.

– Dispenso detalhes, obrigado.

– Aigoo!

Limpo as lágrimas e sorrio para o meu primo.

– Obrigado por me contar e confiar isso a mim. Mesmo eu tendo esse problema, saiba que sempre estarei aqui para ouvir o que for, se precisar. Mas ainda quero saber sobre essa história direito. – Bagunço seus cabelos e vejo-o sorrir agradecido para mim. – Agora vamos procurar o que quer que precisamos encontrar. Preciso encontrá-lo o quanto antes.

– Você é uma pessoa com um coração grande demais, hyung. Merece ser feliz, por isso eu não duvido nem um pouco que encontraremos o Kookie.

Suas palavras fazem meu coração aquecer. Também tenho esperanças. Eu irei encontrar o Jeon.

Saímos e nos dividimos em direções opostas. O local onde estacionei o carro fica a um quarteirão de distância do hospital, e há pelo menos uns seis postos nessa área.

O problema é: o que aquele alfa quis dizer com números? Os valores de combustíveis é que não devem ser, na verdade, valor de qualquer produto vendido não deve ser, já que varia muito e ele falou postos no geral. Não deve ser isso. Além disso, que número poderia ser?

Ando mais um pouco até chegar ao meu primeiro destino. Ainda do outro lado da rua, observo tudo que há de número em sua fachada. Fico um pouco nervoso ao ver que praticamente todos os números são os preços dos produtos vendidos. Aquele alfa não pode estar brincando comigo. Preciso encontrar alguma coisa que me leve à Jungkook, qualquer coisa.

Atravesso a rua, andando em direção ao posto de conveniência. Olho tudo de perto, fico minutos procurando cada detalhe, até que uma plaquinha fixada na parede me chama a atenção.

Possuí quatro números entre algumas letras.

É a identificação do posto. Algo começa a se agitar dentro de mim, pois cada rua possui uma numeração de quatro números.

Já é um começo.

Após eu notificar meu primo e meus hyungs de minha possível descoberta, passamos quase o dia inteiro tirando fotos dos números que havia nos postos para que pudéssemos analisá-los em casa e tentar eliminar uma boa quantia de alguma forma. Acredito que esses números podem me levar até o local, mas por mais que pareça simples – no sentido de que apenas com os números poderei encontrar onde Jungkook está – algo me diz que eu devo esperar pelo pior, porque afinal, o que aquele alfa realmente quer? Por que ele está me dando dicas para eu poder encontrá-los? Sendo que para ficar ainda mais estranha a situação, ele me perguntou quando será meu cio. Qual o sentido? Será que há um?

De acordo com ele, ele quer me fazer sentir dor, já que quando troquei a mordida de Jungkook e o tornei meu, o alfa sentiu uma dor horrível. Não duvido, pois deve ter sentido uma perda gigantesca de seu ser, como se uma parte de seu corpo e alma tivessem ido embora. Mas isso não é motivo suficiente para que eu sinta qualquer empatia por ele, se fosse outra pessoa com certeza eu pensaria e provavelmente sentiria pena, mas nem isso esse ser merece.

Ele machucou Jungkook, violou sem corpo mesmo que o ômega estivesse desacordado e não tenha “presenciado” e o marcou sem seu consentimento. Destruiu ainda mais sua família que já o rejeitava e o machucou enquanto usufruía do corpo desacordado. O alfa possui sentimento algum, é egocêntrico e possivelmente psicopata. Deve ser psicopata, pois raptou Jungkook e está assustando o mesmo, sem parecer haver um fim verdadeiro que explique essa loucura.

Com o sol para se pôr, nos reunimos novamente em meu apartamento – sendo mais específico, na sala – e colocamos as fotos, agora impressas, no tapete.

– Jimin, qual foi mesmo a primeira dica que aquela criatura te disse? – Namjoon pergunta enquanto analisa minuciosamente todas as inúmeras fotos espalhadas.

– Kiri-Japonês. – Eu realmente tinha até me esquecido por um momento disso e ao proferir essa palavra, que para mim ajudaria em nada, uma luzinha acendeu em minha mente como se eu pudesse juntar as peças de um quebra-cabeça. Fito os rostos dos presentes em minha volta, notando que todos pensam a mesma coisa.

– Tem um mapa de Seul, ChimChim? – Hoseok-hyung pergunta, confirmando o que todos estão pensando.

Levanto-me apressado do sofá em que estive sentado, para ir até meu escritório onde o mapa está. Aproveito para pegar um livro sobre a cidade, quem sabe possa ajudar em alguma coisa.

Assim que retornei para a sala, estendi o mapa no chão ao lado das fotos.

– É muita informação para a gente ver, vamos fazer assim: enquanto um grupo procura com esse livro e na internet por possíveis lugares com uma concentração alta do Kiri-Japonês, o outro utiliza do mapa e as fotos para com as numerações, identificarem as ruas. – Yoongi, como mais cedo, sugere.

– Depois é só juntarmos as informações e irmos por eliminação. – Seokjin diz por fim, e pude notar um brilho esperançoso em seus olhos. Estávamos chegando a algum lugar.

– Jiminie-hyung, antes de começarmos, aquele alfa não deveria ter te ligado para dar mais alguma dica? – Taehyung me olha curioso ao perguntar.

– Acho que não, Tae. Ao que parece, ele dá uma dica por dia e como já me deu uma hoje... Espero que seja o suficiente. – Respondo incerto, dando de ombros.

– Beleza, eu vou ficar em procurar os lugares que mais têm a árvore, já que lido muito bem com livros. – Hoseok-hyung se pronuncia, fazendo-nos focar de volta. – Chim deveria ficar com os números e as ruas, Yoongi-hyung é motorista, então pode te ajudar, Tae não conhece muito daqui, então me ajuda. – Dou risada do raciocínio de meu melhor amigo, mas fico contente em ver que está empenhado em me ajudar. – O que foi? – Pergunta confuso. Nego com a cabeça e ele continua. – E vocês dois?

– Também conheço muito bem Seul, ajudo o Park, Nam ajuda vocês, já que também lida muito bem com livros. – Seokjin diz e com isso, nos concentramos em procurar.

Eu, Tae e Seokjin, separamos as folhas entre nós três e com um marca texto anotamos no mapa os números coincidentes com as ruas. Estava tão concentrado que mal notei a aproximação de meu primo ao meu lado.

– Hyung, você parece preocupado com alguma coisa, o que foi? – Às vezes me esqueço que ele me conhece muito bem. Deve ter percebido minha postura tensa e minhas manias de mexer no cabelo inquieto e morder o lábio inferior.

– Parece tudo tão simples, por que o alfa está me dando essas dicas? – Sussurro para que apenas ele escute. Fico um pouco mais aliviado por dividir o que penso com alguém.

– Não faço ideia hyung, só tente não ficar pensando em coisas ruins, quem sabe ele só deu essas dicas para arrancar dinheiro. – Noto que Taehyung tenta me passar confiança com isso, mas há certa dúvida no que diz.

– Certo, não vamos pensar nisso agora e deixar as coisas acontecerem por hora.

– Melhor assim.

Findamos a conversa e voltamos a nos concentrar nas fotos.

Ficamos um bom tempo até por fim termos encontrado todas as ruas e os hyungs terem coletado todas as informações. Estávamos exaustos, no entanto, ninguém quis parar. Ainda mais agora que podemos estar perto de encontrar um lugar.

Tenho que me lembrar de agradecer aos meus pais por deixarem que Sun fosse minha cozinheira quando vim morar sozinho aqui no apartamento, pois ela trouxera sucos e lanches enquanto nos mantínhamos concentrados.

– Conseguiram encontrar alguma coisa? – Pergunto ansioso à Hoseok, que mantém um sorriso contente em seu rosto.

Ele parece estar tão animado que quem responde é o Min.

– Não sei se o alfa sabe disso, mas para a sua sorte, há três bairros que possuem uma concentração maior da árvore.

– O que elimina muitas ruas. – Seokjin diz pensativo.

– Elimina várias. – Olho para o mapa e sinto meu coração acelerar querendo sair pela boca.

– Posso? – Namjoon se aproxima de Seokjin e aponta para a caneta que está segurando.

– Claro, amor. – O alfa pega a caneta e aproxima-se do mapa, fazendo alguns círculos.

– Esses são os bairros e esses são os lugares que mais têm o Kiri. – Ele levanta dando-nos visão do que marcou no mapa.

Olho chocado para o papel no chão, mal conseguindo acreditar no que estou vendo. De todas as ruas as quais encontramos apenas duas encontram-se nas regiões que Namjoon circulou.

– Não acredito. – Falo chocado.



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