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História Bite - Novas descobertas


Escrita por: whoismaris

Capítulo 6 - Novas descobertas


 

Lauren passou a madrugada sem dormir, o pesadelo com Camila não lhe deixou pregar os olhos.

Apesar de ter Vero e Keana dormindo em cada lado seu, a morena dos olhos verdes sentia-se profundamente sozinha, imersa em pensamentos. Estava perturbada, ainda lhe custava a acreditar que criaturas como vampiros pudessem existir e, por um momento, achava que estava presa num sonho e que iria acordar, perceber que sua professora sempre foi uma humana e que tudo não passou de uma bela obra de sua mente fértil.

Assim que amanheceu, as três amigas se levantaram para irem à faculdade, e, como estavam atrasadas, nem pararam no Starbucks, como era de rotina, para comprarem café.

Lauren estava na aula de Introdução ao Latim, mas não prestava atenção. Camila lhe rondava a mente. Flashes da noite em Satanbull com sua professora mordendo o pescoço de Brad, relampejaram em sua mente e, quando ela notou, viu que estava desenhando Camila como uma vampira, no canto superior do seu caderno. Levou um susto ao ver a figura quase diabólica estampada ali no papel pautado. Olhou para os lados, com receio de alguém ver e reconhecer o rosto de Camila no desenho. Resolveu fechar o caderno, antes que o professor da aula ou os colegas de turma pudessem, enfim, ver seu desenho. Respirou fundo, incomodada porque a aula não parecia ter fim. Puxou o celular do bolso da calça e respondeu as mensagens dos seus familiares e amigos de Miami.

Na hora do almoço, viu que estava sem companhia, já que Vero tinha se bandeado para o lado de umas garotas asiáticas tão lindas que pareciam ter sido pintadas à mão. Lauren riu consigo mesma sabendo que Vero estava com segundas intenções para cima de todas elas. Já Keana provavelmente estava com Mia, as duas não se desgrudavam desde que começaram a ficar e Lauren não sabia o porquê delas já não estarem namorando.

Sentiu desejo de comer um Big Mac com batatas fritas e uma Coca-Cola geladinha, apesar do frio que fazia em Scarewatts. Pegou o casaco de oncinha que estava pendurado em sua bolsa e o vestiu. Colocou os fones de ouvido, ligou sua playlist de músicas indie e foi de a pé para o McDonalds que havia por ali nas redondezas, não queria gastar a gasolina do carro de Vero à toa. Enquanto caminhava pelas calçadas acinzentadas, cantarolava em voz baixa músicas da Lana Del Rey, sentindo-se estranhamente animada com aquelas músicas tão depressivas. Parou no semáforo junto com outras pessoas, esperando o sinal para pedestres abrir e atravessar a pista. Atravessou junto com outras várias pessoas. Subiu na calçada e continuou caminhando até que sentiu seu corpo colidindo com o de outra pessoa.

— Oh, merda… — Lauren bufou, tirando os fones do ouvido. — Descu…

Lauren ficou assustada ao ver a senhora com quem tinha esbarrado. A velha mulher era do seu tamanho, de cabelos grisalhos e estava toda de vermelho, desde o lenço no pescoço até os calçados do pé. Sentiu um arrepio ao olhar os olhos sem brilho dela.

— Você!! — a voz da senhora era alta, seus olhos estavam arregalados. — Tenha cuidado!!

— Sim, vou… vou olhar para os lados para não esbarrar mais nas pesso…

— Você vai morrer! — a senhora lhe interrompeu.

Lauren franziu o cenho, assustada. Achou que estava sendo ameaçada. A senhora a olhava com os olhos sem brilho vidrados e arregalados, a expressão de pavor em seu rosto.

— Você corre perigo. Uma criatura maligna e sem alma vai sugar sua vida!!

— O quê?

— Tome cuidado!! Ore para o demônio se afastar de você, vigie para ele não se aproximar. Você corre perigo!! — a senhora continuava repetindo a frase “você corre perigo” enquanto se afastava de Lauren, andando sem rumo pela rua, se misturando no meio de outras pessoas que andavam por ali.

Lauren estava em choque, não moveu sequer um músculo do rosto. O que aquela senhora queria dizer? Por que estaria correndo risco de vida? Uma criatura maligna? Sugar a vida? Lauren piscou várias vezes para seus pensamentos pararem de zanzar por sua cabeça feito vespas enfurecidas e tentar pensar, mas estava confusa demais. Perdeu a fome e a vontade de qualquer coisa e resolveu voltar para a faculdade. Durante o caminho todo, sentiu-se intensamente agoniada lembrando-se da senhora que lhe abordou, perturbada com o olhar dela e com a voz dela.

Resolveu ir para a biblioteca, ficar perto dos livros para tentar esquecer um pouco da presença estranha que lhe abordou na rua. Entrou na Watts Library e foi direto procurar um dicionário de latim para se familiarizar com algumas palavras para a próxima aula. Pegou o dicionário nas estantes de Referência e se sentou numa mesa, pegando seu caderno dentro da bolsa e deixando seu celular no mudo. Abriu o caderno para anotar as palavras quando viu o desenho que fez de Camila mais cedo. Automaticamente, se lembrou da senhora dizendo “Uma criatura maligna e sem alma vai sugar sua vida!!”. Os dentes de Camila no desenho fez Lauren fazer uma ligação com uma parte específica da frase dita pela senhora: “sugar”. Seria Camila a criatura maligna que a senhora se referia?

— Senhorita Cabello, quero dizer que acho suas aulas sensacionais! — Lauren escutou uma voz masculina dizer em voz baixa, vinda das estantes. — Sensacionais mesmo!

— Obrigada! — escutou a voz rouca de Camila responder.

Curiosa, levantou-se da cadeira e foi para o corredor das estantes, vendo Camila e um rapaz moreno de boa aparência através dos livros. Ele era alto, magro, tinha uma barba cerradinha, cabelos castanhos perfeitamente penteados e olhos azuis. Ele vestia à perfeição e poderia ser perfeitamente um modelo de capas de revistas renomadas, se é que já não fosse.

— Acho incrível a forma como você argumenta e faz link entre os filósofos, seu jeito de explicar…

— Obrigada novamente e, por favor, Alessandro, vá logo direto ao ponto. — disse Camila, num tom um pouco rude e sem paciência.

— Ok… — o rapaz riu sem graça. — Gostaria de saber se… — ele passou a mão nos cabelos lisos, soltando um sorriso galanteador. — Se gostaria de sair comigo na sexta à noite…

Lauren percebeu que estava mordendo com força seus dentes quando sentiu suas mandíbulas latejarem. Ciúmes? Talvez. Camila deu uma risada em escárnio.

— Desculpe, não gostaria.

O rapaz ficou visivelmente desconcertado, desfazendo o sorriso galanteador.

— Posso saber o motivo? — ele arqueou uma sobrancelha.

— Primeiro: eu sou professora, você aluno. Segundo: gosto de mulher e você é homem. Terceiro: já sou muito bem comprometida. Quarto: você não faz meu tipo. Quinto: vai estudar porque sua redação para minha matéria foi horrível e você disse nada com nada nela.

Era visível que todo o ego masculino do rapaz murchou de uma forma absurda, tanto que ele se afastou sem dizer nada, fazendo Camila rir dele em silêncio. Quando Camila se virou para pegar o livro que queria antes de ser abordada por Alessandro, viu os olhos verdes de Lauren lhe fitando intensamente, através dos livros daquela prateleira. Ela nada disse, apenas pegou o livro de capa azul e lombada amarela, intitulado “O Mundo de Sofia”, de Jostein Gaarder, e se saiu caminhando.

Lauren ficou sem jeito com o olhar de Camila para ela e voltou para a mesa que ocupava. Olhava para o dicionário de latim e para seu caderno, não sentindo vontade nenhuma de estudar. Ficou algum tempo olhando para o centro da mesa, seu olhar desfocava e sua mente não emitia nenhum pensamento. Era como se estivesse em transe. Um barulho de uma garrafa caindo lhe assustou, fazendo o rapaz que estava sentado na outra mesa lhe pedir desculpas e catar a garrafa do chão na mesma hora.

Assim que voltou para a realidade, resolveu reunir suas coisas e dar um jeito de ir embora, já que estava sem ânimo para estudar. Deixou o dicionário em cima da mesa, pegou sua bolsa e foi caminhando em direção à porta.

    — Ei, Buffy! — Mia disse em voz alta, sorrindo. — Chega aí!

    — Oi, Mia. — Lauren a saudou ao se aproximar. Notou que a ruiva tinha um brilho no olhar e parecia estar feliz, já que seu sorriso estava de orelha à orelha.

— Preciso da sua ajuda.

— No que eu puder ajudar…

— Então… tô querendo fazer uma surpresa para Keana e pedi-la em namoro. Que acha? Ela gosta de jantares à luz de velas…?

— Ah, finalmente, né!? Pensei que só ia viver comendo minha amiga e não ia levar ela à sério! — Lauren foi sarcástica.

— Ai, que isso…

— Acho que a Keeks vai adorar um jantar à luz de velas… afinal, ela adora tudo que vem de você e é sobre você. Ela está apaixonadinha.

— Sério? — Mia abriu um sorriso maior do que já estava dando e Lauren ficou abismada com um sorriso daquele tamanho.

— Sério! Ela gosta de você! Faz muuuuuuuito tempo que Keana não namora, então se for embarcar nessa com ela, por favor, não magoe minha amiga. Ela é preciosa demais.

— Não, claro, eu só quero cuidar dela e fazê-la feliz.

— Ótimo! Caso contrário, vou cortar seus dedos fora! — Lauren sorriu.

— Oh, Deus! Não faça isso! — Mia fez caretas.

— Quando pretende fazer esse jantar?

— Então, preciso da sua ajuda pra saber do que ela gosta de comer e essas coisas, ver se ela gosta de coisas muito frufru…

— Sei, sei… hoje à noite converso com ela e te mando uma mensagem, pode ser? — perguntou Lauren.

— Claro, claro! Obrigada!

— Não por isso.

— Oi, desculpa… — uma moça morena, muito magra, de sobrancelhas grossas e cabelos castanhos, lisos e longos apareceu ao lado de Lauren. — Sou estudante de História e gostaria de fazer uma pesquisa sobre Scarewatts para um projeto. Nessa biblioteca tem jornais locais antigos? Tipo, desde a primeira edição à última?

— Hummm… — Mia parecia pensar, franzia a testa. — Só um minutinho. — Mia puxou o telefone do balcão e fazia uma ligação para seu chefe, perguntando sobre os jornais.

— Estudante de História, é? Acho incrível seu curso, estou pegando uma matéria lá no Departamento de História. — Lauren puxou assunto com a garota.

— Sério? Qual? — a moça lhe sorriu.

— História Moderna.

— Oh! Melhor matéria!! Melhor professor!

— Concordo, mas tô preocupada com a prova… o professor me meteu um medo…

— Ah, relaxa! Ele faz aquilo só pra assustar, mas a prova é tranquila… eu tenho guardada a minha prova, se quiser te empresto pra você estudar por ela também.

— Jura? Nossa, eu seria eternamente grata! — Lauren ficou animada.

— Me passa seu WhatsApp, tiro as fotos da prova e te mando. — a moça puxou o celular do bolso da calça e entregou para Lauren.

Lauren anotou seu número no celular da moça e lhe devolveu o aparelho.

— Tá registrado como Lauren Jauregui!

— Oh, a propósito, sou Lucy Vives! — Lucy estendeu a mão para Lauren e elas se cumprimentaram.

— Muito obrigada, Lucy, vai me ajudar muitão!

— Ah, não por isso! — ela sorriu.

— Então, meu chefe pediu para lhe levar à sala dele pois a coleção dos jornais locais estão nas Obras Raras e ele vai lhe levar lá.

— Ah, eu levo ela até lá, se quiser. — Lauren se propôs a ajudar, já que conhecia aquela biblioteca tão bem e conhecia quase todos que trabalhavam ali. — Assim você não precisa se ausentar, se caso aparecer um usuário.

— Nossa, eu vou te enaltecer pro resto da vida! — Mia brincou. — Tô com preguiça de subir até lá…

— Relaxa, eu levo a Lucy lá.

— Ok.

— Vamos?

— Vamos.

Lucy seguiu Lauren em direção à sala do chefe da biblioteca, e no caminho conversavam sobre História. Subiram uma escada e caminharam por um corredor estreito. Lauren bateu na porta do chefe da biblioteca e abriu.

    — Top? — Lauren o chamou.

    — Lauren Jauregui! — o homem de olhos puxados lhe sorriu ao se levantar de sua mesa. Ele vestia um casaco de couro da cor caramelo, camiseta, calça e sapatos da cor preta.

    — Top, essa é a Lucy. Ela é estudante de História.

    — Olá, Lucy! — Top estendeu a mão para Lucy e apertou. — Me chamo Choi Seung-hyun, mas como meu nome é muito complicado, todos me chamam de Top.

    — Legal… — Lucy sorriu.

    — Fiquei sabendo que queres uns jornais locais…

    — Sim, estou num projeto de pesquisa sobre Scarewatts, queria as primeiras edições do jornal, até a última, se houver…

    — Temos sim a primeira edição, mas como é uma obra rara, está no nosso cofre de Obras Raras, vou lhe levar lá… — Top pegou uma chave dentro de uma gaveta de sua mesa. — Me acompanhem, por favor.

    — Confesso que estou até curiosa, nunca fui nas Obras Raras. — Lauren disse.

    — Eu não sei como você sabe de todos os serviços e setores de uma biblioteca, Lauren! Você nunca fez o curso de Biblioteconomia, né? — Top perguntou, andando um passo à frente das duas.

    — Ah, é que uma pessoa que me envolvi no passado trabalhava numa biblioteca pública lá em Miami e acabou me explicando sobre tudo. — Lauren explicou.

    — Ahhhh, entendi!

    No andar que estavam tinha um pequeno acervo com jornais e livros muito antigos. Assim que Top abriu a porta de vidro, ele abriu um armário tirando máscaras e luvas, para se protegerem das poeiras e fungos e bactérias que aquelas coisas antigas possuíam.

    — Aqui na Inglaterra só usamos máscaras para casos isolados assim, lá no meu país, Coréia do Sul, usamos o tempo todo, sofremos com a poeira e alguns pólens de algumas plantas. — Top disse.

    — É verdade! — Lucy disse enquanto colocava a máscara. — Fui em Seul ano passado e quase morri de alergia por causa desses pólens.

    — É complicado… — Top lamentou. — Vem cá…

    Ele foi até uma estante com inúmeros fichários da cor preta e com a lombada com datas antigas. Puxou o fichário da data de 1890.

    — Aqui, essa é a primeira edição do Scarewatts Today, o jornal local da nossa cidade. 11 de outubro de 1890… — ele abria o fichário e passava o olho nas informações editoriais.

    — Então, como se trata de uma pesquisa, só um dia não vai rolar, né… eu posso ficar vindo aqui? — Lucy perguntou.

    — Sim, pode, mas tem que pegar a chave comigo e devolver ao final de sua pesquisa. — Top alertou. — E tem que tomar bastante cuidado ao vir para cá, evitar bebidas e comidas, flashes nas câmeras e usar sempre máscaras e luvas.

    — Claro, claro… vou começar minha pesquisa agora, pode ser?

    — Sim. Vou lhe entregar a chave e não esqueça de me devolver quando terminar. Preciso voltar para minha sala pois preciso fazer umas estatísticas. — ele entregou uma chave para ela. — Lauren, você faz companhia para ela?

    — Sim, sim, tô curiosa, vou dar uma olhada nas notícias…

    — Beleza, qualquer coisa, estou em minha sala.

    Top se retirou da sala e Lucy pegou o fichário se sentando na mesa e começando a fazer algumas anotações. Lauren, como sempre curiosa e sedenta por informações, pegou um fichário aleatório e também levou para a mesa para ler. Abriu o fichário e viu a data de 23 de fevereiro de 1980 e, pequeno, na coluna do lado direito dizia: “Francesca Village lança um livro sobre um vampiro que se relacionou, p. 10” e a foto dessa Francesca, que na época, era uma mulher loira e muito linda. Foi direto na página 10 onde tinha a foto de Francesca sentada numa mesa com vários exemplares de um livro. A matéria dizia:

 

“Francesca Village, 20, lança nesta sexta-feira 23, um livro de romance baseado numa história que, diz ela, viveu recentemente com um vampiro. Sim, um vampiro. Ela diz que não é marketing e nem ficção, o livro intitulado ‘Mercy’, conta sua história de amor com um vampiro chamado Peter Raul. Segundo ela, Peter Raul é canadense e vive pelo mundo desde 1800, quando foi transformado por seu padrinho quando estava morrendo pela terrível febre amarela, que matou cerca de 500 mil pessoas na Inglaterra durante essa mesma época de 1800. Francesca afirma que Peter Raul era um rapaz gentil, de boa aparência e evitava contato com sangue humano, se alimentando apenas de sangue de animais. O romance não teve um final feliz, já que Peter Raul achava que ela corria grande perigo com ele por perto e foi embora sem deixar rastros ou sequer um sinal de existência.”

 

    Lauren leu a matéria umas dez vezes para ter certeza do que estava lendo. Uma moradora de Scarewatts viveu um romance com um vampiro. Então eles realmente existiram, pensou ela. Lauren pegou seu celular e tirou foto daquela página.

    — Lucy, eu preciso ir embora, lamento não poder ficar…

    — Ah, tudo bem. Mais tarde lhe mando as fotos da prova.

    — Ok, obrigada, viu!? E boa pesquisa!

    — Obrigada!

    Lauren saiu correndo da sala de Obras Raras. Tirou a máscara e as luvas e jogou na cesta de lixo mais próxima que viu, correndo para a entrada da biblioteca, onde se tinha alguns computadores que ficavam ali  para os alunos fazerem pesquisa na base de dados da biblioteca. Digitou na barra de busca da base de dados “Mercy” e o nome Francesca Village, e logo apareceu um único exemplar disponível no acervo da biblioteca. Anotou a classificação do livro e foi correndo para a estante, procurá-lo e o achou. O livro de capa preta tinha um desenho de um homem bonito de perfil e o título Mercy estava em letra cursiva e azul escuro. Foi para a mesma mesa que estava sentada minutos atrás e começou a ler as informações das orelhas do livros, bem como o prólogo da história. Viu a biografia da autora no final do livro e pensou se ela poderia estar viva. Pegou seu celular e abriu o Facebook, procurando por Francesca Village. A única Francesca Village que apareceu como resultado era uma coroa de, mais ou menos, uns 50 anos. Lauren queria conversar com essa mulher e fazer inúmeras perguntas sobre esse Peter Raul, sobre vampiros mas tinha medo de isso ser apenas uma ficção e um marketing para o livro vender. Mas algo em seu interior lhe fazia querer ir atrás dessa autora, então, lhe mandou uma mensagem no chat do Facebook se apresentando e falando que era fã da história e queria lhe encontrar. Agora era só esperar responder…

    Lauren se levantou da mesa e foi até Mia, para fazer o empréstimo do livro.

    — Fala sério! Vampiros de novo, Lauren? Que obsessão é essa?

    — Fica caladinha e faz o empréstimo do livro, por favor.

    Mia revirou os olhos, mas estava curiosa com a fixação da amiga de sua futura namorada por vampiros. Fez o empréstimo e lhe entregou o livro.

    — Valeu. Tchau.

    Lauren saiu da biblioteca com o livro na mão e o celular em outra, abrindo o grupo do WhatsApp para perguntar à Vero se ela estava indo embora pois queria carona.

 

///

 

Já em casa, depois de jantar pizza de calabresa, Lauren escovou os dentes e se deitou na cama para começar a ler o livro Mercy. Estava perdida nas páginas quando seu celular vibrou ao seu lado e ao ver, era uma mensagem de Lucy com as fotos da prova. Lauren respondeu agradecendo e voltou a ler.

Ao ler que Peter Raul tinha uma melhor amiga que deixava Francesca morrendo de ciúmes, a descrição física da mulher deixou Lauren um tanto confusa. Então, pegou uma folha branca e um lápis e começou a desenhar a mulher de acordo com a descrição extremamente detalhada que Francesca deu no livro. Ao terminar, Lauren se arrepiou inteirinha ao ver que a melhor amiga de Peter Raul tinha as mesmas características que Camila.

— Não pode ser!! — Lauren estava assustada ao ver o seu desenho, que era basicamente um retrato falado de sua professora de Filosofia.

Ficou muito tempo encarando o desenho e lembrando da noite em Satanbull, lembrou da senhora de vermelho que lhe abordou naquele dia, lembrou do personagem Edward Cullen… estava atordoada, achava que estava louca. Talvez estivesse mesmo…

— Meu Deus… — passou as mãos no rosto, procurando se acalmar, mas não conseguia.

Tempos depois, Lauren voltou a ler o livro, completamente concentrada na história e nos detalhes dela, até que acabou caindo no sono.

 

Do outro lado da cidade, Camila Cabello estava na companhia de seu amigo Troye Sivan, ambos num bar à beira de estrada, tomando cerveja. O bar só tinha aqueles típicos homens peões e ignorantes, que berravam alto a cada bola encaçapada na sinuca. A música de fundo era algum country americano antigo.

— Troye, estou preocupada. — Camila dizia logo depois de tomar um gole da cerveja.

— E desde quando você se preocupa com alguma coisa, Camila?

— Sei lá… tem uma aluna que anda me encarando demais… o olhar dela é penetrante, como se tivesse vendo meu interior, sei lá… me assusta. — franziu o cenho.

— Talvez ela só esteja te achando muito gata e tenha um crush em você. — ele respondeu.

— Não, não é isso. Eu conheço um olhar de alguém que está afim de mim, mas ela não está. O olhar dela é diferente… como se soubesse de algo, sabe? Me perturba.

— Relaxa, vai ver é nada demais… — Troye deu um gole na bebida.

— Sei não, viu!? — Camila continuava bebendo enquanto lembrava dos olhos verdes lhe fitando. — Estou com fome e estressada, preciso comer para aliviar…

— O que vai comer hoje? — Troye deu um sorrisinho de lado.

— Não sei, qualquer coisa que aparecer na minha frente eu ataco. — Camila deu uma piscadela para o amigo, deu um último gole na bebida e saiu do bar.

 

De volta ao apartamento, Lauren seguia dormindo profundamente. Estava tão cansada que nem se mexia na cama. A luz estava acesa e o livro Mercy em cima de sua barriga. Acabou acordando com seu celular vibrando ao seu lado. Abriu os olhos e pegou o celular, era Francesca lhe respondendo que aceitaria lhe encontrar no momento que quisesse para falar sobre o livro. Lauren marcou com ela às 10h no Starbucks e Francesca confirmou que estaria lá. Lauren se levantou da cama para ir ao banheiro fazer xixi e, quando voltou, viu um vulto saindo por sua janela. Ficou paralisada, um medo repentino lhe fazendo arrepiar a espinha. Fantasma? Espírito? Ladrão? Vampiro? Lauren agradeceu aos céus por ter acabado de sair do banheiro, senão teria feito o xixi na roupa. Engoliu em seco e tomou coragem de ir até a janela. Não viu nada na rua, nem uma alma viva, apenas vento. Se sentiu incomodada demais, fechou a janela. Sentiu-se com medo e resolveu sair de seu quarto, indo até o quarto de Vero, se deitou na cama da amiga e se aninhou nela. Vero estava dormindo feito uma pedra e mal reparou que Lauren estava ali agarrada nela.

No dia seguinte, Lauren faltou a aula e quando deu 10h, estava pontualmente na loja Starbucks, esperando por Francesca, até que a mulher loira apareceu e elas se cumprimentaram.

— Vampiros existem mesmo? — Lauren perguntou, depois de um tempo de conversa.

— Sim, existem. Muita gente não me levou a sério sobre isso na época que escrevi o livro, mas eu te juro por tudo que é mais sagrado que eles existem. Todos me chamam de charlatona mas eu sei o que vivi e o que passei com Peter Raul, e posso te provar.

— Como?

Francesca esticou seu braço sobre a mesa e puxou a manga do cardigã roxo que vestia, mostrando uma cicatriz de mordida bem no pulso. Lauren engoliu em seco.

— Peter Raul fez isso… eu me entreguei a ele de uma forma que eu mesma o alimentava com meu sangue. Eu era basicamente o petisco dele… eu oferecia meu sangue para ele se alimentar… — Francesca mostrou o outro pulso. — Tenho várias marcas pelo corpo… só não te mostro todas porque ficar nua em público é atentado ao pudor. — sorriu, revelando umas rugas perto dos olhos.

— É surreal tudo isso… — Lauren estava abismada.

— Pois é…

— Francesca, meu real motivo de estar é que queria te perguntar uma coisa…

— Sim?

— A melhor amiga de Peter Raul… — Lauren abriu sua bolsa e puxou um papel branco dobrado, o desdobrando e o abrindo sobre a mesa. — É essa mulher?

Francesca olhava para o desenho, os olhos arregalados, ficando visivelmente nervosa.

— Sim!! É ela!!! Meu Deus! Que desenho perfeito!! É ela, a Karla!

— Tem certeza…? — Lauren perguntou.

— Absoluta, é ela, a Karla, melhor amiga do Peter… eu morria de ciúmes dela porque, olha só, ela era linda, mas muito fechada. Eu me sentia inferior à ela e achava que Peter me traía com ela… apesar de eu achar isso, eu aceitava, sabe? Eu o amava muito e até falei que ele poderia ficar com ela, mesmo ele negando que nunca teve nada com ela… mas sei lá, ela olha para ele com tanto carinho que eu desconfiava.

Lauren respirou fundo, estava desnorteada. Fechou os olhos e Francesca pegou o desenho, analisando os traços.

— É ela sim… — Francesca continuava afirmando. — Você viu ela?

— Não, não… é que sua descrição foi tão perfeita que desenhei… vou ficar atenta se ver ela por aí. — Lauren forçou um sorriso.

— Mas se você a ver, mantenha distância. Ela é fria, calculista e cruel. Eu a vi matar um homem de uma forma tão demoníaca que tenho arrepios até hoje ao lembrar. — Francesca fez uma careta de desgosto. — Vampiros são criaturas terríveis, Lauren, não vale a pena estar perto deles. Infelizmente aquela moda de Crepúsculo e The Vampires Diaries e outros filmes e séries fazem vampiros como seres inofensivos. Mas eu sei o que passei com Peter Raul e com os amigos dele… é horrível, e só hoje, com 57 anos vividos que eu percebi na história demoníaca e obscura que me meti. Hoje dou graças a Deus dele ter ido embora e me deixado viver minha vida humana em paz. Você está escondendo alguma coisa, seus olhos dizem isso. Você conhece Karla e por isso veio atrás de mim para saber dela. Mas escuta o que estou lhe dizendo: Karla é perigosa e fria, ela pode te matar em segundos ou te torturar até a morte, te fazendo implorar. Quantos mais longe, melhor!

Lauren nada disse, apenas assentiu com a cabeça. Seu coração estava acelerado por dentro. Tanta informação sobrenatural lhe carregou a cabeça. Se despediu de Francesca e saiu do Starbucks, zonza com as coisas que ficou sabendo naquela quase duas horas de conversa intensa.

Que Camila era vampira, ela já tinha certeza mas, e agora? Como lidar com isso?

 



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