História Bitter Suga - Ok?

Pov Nya

Levantei da cama num pulo, tomando cuidado pra não acordar o Yoon Gi, apesar de dormir muito ele tem o sono leve então é melhor não arriscar. Eu ainda estava nua e minhas coxas estavam grudentas, bateu aquele arrependimento de não ter tomado banho antes de dormir...

Mas enfim, não tem muito o que fazer depois que a merda já foi concluída.

Peguei uma camisa no cabide do Yoon Gi e fui saltitando na ponta dos pés até a sala pra pegar minhas roupas, elas estavam nos lugares mais impossíveis: a camiseta foi parar em cima da televisão e que ninguém me pergunte como eu consegui fazer com que o soutien parasse pendurado na maçaneta da porta porque eu não faço a menor ideia. Catei minhas roupas e corri pro meu quarto, joguei as roupas no cesto, vesti uma calcinha e comecei a procurar meus malditos anticoncepcionais nas gavetas da cômoda.

---Onde está aquela droga?

Um fato: eu tenho o péssimo hábito de falar sozinha quando entro em desespero. Revirei todas as gavetas e ainda arranquei elas da cômoda, despejando todo o conteúdo delas no chão e nada de achar os anticoncepcionais, mas achei vários pacotes de preservativo que pareciam olhar para mim e me recriminar silenciosamente pela burrice, me lembrando que eu poderia e deveria ter usado camisinha. ₩ 724 won cada uma, mas agora parece dinheiro jogado fora... Por que isso está acontecendo logo agora? Logo num sábado, quando todas as farmácias próximas estão todas fechadas e as únicas abertas ficam no fim do mundo, também conhecido como centro da cidade e eu não sei dirigir, também não vou pedir pro Yoon Gi me levar, se eu estou nesse desespero todo também é culpa dele, que viu que eu estava sendo idiota e não fez absolutamente nada também. Porra, se não fez a boa ação de pôr um preservativo por mim, que fizesse por ele mesmo! Afinal, ele não é nem doido de fazer um filho numa estudante de direito porque ele sabe que se tentar escapar da pensão a situação vai ficar ainda pior pro lado dele, ele viu que eu processei a tatu canastra, se ele brincar comigo eu vou processar ele também.

---Cadê aquela porcaria? - choraminguei - Achei até a nota fiscal...

Depois de revirar todo o quarto comecei a mesma busca no resto da casa: nos armários da cozinha e do banheiro, na geladeira, na sala e quando finalmente achei uma caixa do remédio dentro da minha mochila ela estava completamente vazia. E foi nesse momento que eu tomei a decisão que vai definir se eu vou me lascar ou não.

---Dane-se, vou sair e comprar essa porcaria!

Tomei um banho rápido e vesti a primeira coisa que encontrei, no caso, uma calça do Ji Min, uma camiseta do Hobi, tudo roubado honestamente. Lá fora estava nevando, então peguei um casaco enorme que ganhei de presente do meu pai e calcei um tênis que está comigo desde os meus 16 anos, a verdadeira definição de resistência e força de vontade. Peguei o cartão do Yoon Gi que estava dando sopa na cozinha (qual é, ele deixa a carteira na mesa porque quer), não vou pagar por essa droga sozinha, vou fazer a festa na farmácia pra ele aprender.

---Ai, meu Deus... - choraminguei - Já estou até ouvindo o choro da criança...

---É o filho da vizinha...

Pulei de susto e me virei, dando de cara com um Yoon Gi sonolento parado na porta da cozinha esfregando os olhos.

Usando unicamente uma cueca boxer.

---Aonde vai?

---Não interessa. - guardei o cartão dele no bolso do casaco e mantive as mãos no bolso pra disfarçar - Só quero sair, fazer umas compras, resolver umas coisas...

Ele arqueou uma sobrancelha e se aproximou de mim lentamente, me fazendo recuar pro lado.

---Vai se vestir. - falei olhando pro teto.

---Você já viu tudo ontem.

---Ontem foi ontem, hoje já é um novo dia.

---Então vamos fingir que o tempo voltou... - ele sussurrou no meu ouvido e beijou minha bochecha.

---Olha, se você está achando que o que aconteceu ontem mudou alguma coisa... - espalmei a mão no peito dele e o afastei de mim - Você está bem engando.

---Você é que acha que não mudou. - ele retrucou.

---Nada mudou pra mim, você ainda é só o Yoon Gi.

---Ontem eu era oppa. - ele disse carregado de ironia.

---Hoje não é ontem.

---Ok, dá pra você me falar o que você tem?

Ele ainda tem a audácia de perguntar?

---O que aconteceu é que eu fiz a maior cagada da minha vida, que no caso foi ficar com você. Eu me deixei levar pela coisa e se eu não sair agora pra comprar anticoncepcional toda a minha vida pode ir por água abaixo.

Ele ficou mais branco do que o normal e me olhou espantado.

---Puta merda... Nós não... - ele nem pôde completar a frase.

---Isso mesmo. Nós não pensamos em usar nada, eu nem sei onde é que eu estava com a cabeça.

---A culpa foi minha, desculpe. Sério, me desculpa de verdade, eu devia ter pensado nisso.

---Não interessa. O que interessa é que esse erro nunca mais vai se repetir.

---Claro que não, eu vou comprar seu anticoncepcional e quando acabar a gente vai usar a...

---Você não entendeu, eu não vou ficar com você outra vez.

---O quê?

---Nós dois sabemos que o que aconteceu ontem foi um erro, nem devia ter rolado. Você é meu amigo e amigos não se pegam.

---Mas eu continuo sendo seu amigo! - ele esfregou o rosto com as duas mãos - Eu continuei sendo sendo seu amigo todas as vezes que você me beijou e eu continuo seu amigo mesmo agora.

Isso é bem verdade. Mas há uma questão a ser resolvida: eu gosto do Yoon Gi. Eu me apaixonei por ele e ficar perto dele é perigoso, ainda mais quando ele diz que é meu amigo. E outra, mesmo se ele me quisesse, se a gente começasse a namorar e depois terminasse ia ser o maior desastre, eu ia perder um grande amigo.

---Isso vai estragar nossa amizade...

---Só vai estragar se você continuar com isso. Uma coisa é você ficar com alguém que mora do outro lado da cidade, que você vê poucas vezes, dá pra fingir que nada nunca aconteceu, mas a gente mora na mesma casa, poxa! Não dá nem pra olhar pra sua cara e não lembrar de você gemendo!

---Que horror! - deu vontade de rir, mas me segurei.

---Horror nada, é um som muito lindo, na verdade.

Não me segurei e comecei a gargalhar. Mas que droga de assunto, hein?

---Olha só, agora está sorrindo. - ele cruzou os braços.

---Ai, ai... - enxuguei uma lágrima - Não vou nem falar nada sobre isso...

---Melhorou o humor?

---Melhorou, sim. Mas agora eu tenho que ir.

---Eu vou com você.

---Nem inventa. - fui saindo da cozinha - Sei qual é o seu jogo, não vai rolar.

Ele me puxou para trás e me abraçou pela cintura, roçando os lábios na curva do meu pescoço.

---Tem certeza que sabe qual é o meu jogo? - ele perguntou baixinho - Você pode estar errada e se surpreender.

---Enfim. - me soltei dele - Tenho que ir.

---Só espera eu me vestir.

---Eu vou sozinha, idiota.

No final ele venceu com aquele biquinho que ele faz quando fala. Fazer o quê? Eu não consigo resistir quanto ele faz aquele biquinho (ou seja, sempre que ele fala qualquer coisa), é muito lindinho e fofo, não consigo aguentar tanta beleza de uma vez só. Ele tomou um banho, se arrumou e nós pegamos o elevador, a vizinha que mora no fim do corredor já estava nele junto com o marido e ambos nos olhavam constrangidos. A mulher olhava pra mim como se eu fosse uma grande heroína e eu tentei ignorar ao máximo, até o momento em que o marido dela se pronúnciou.

---Desculpe a intromissão, mas... - ele estava um tanto corado - Eram vocês dois ontem? Digo, fazendo aqueles... Barulhos?

Um fato curioso sobre apartamentos na Coreia: as paredes são um pouco mais finas do que deviam, mas se o barulho chegou no fim do corredor é porque foi realmente bem mais alto do que devia. Provavelmente deu pra ouvir até os gemidos do Suga, que geme bem alto, diferente de todos os homens com quem eu já estive... É excitante.

---Sim. - Yoon Gi respondeu simplista.

---Você poderiam, por favor, diminuir o volume? - a mulher perguntou, visivelmente constrangida.

Tadinhos, têm cara de que não tocam um no outro de um jeito mais íntimo a anos... Bateu uma pena aqui.

---Eu peço desculpas. - me curvei - Isso não vai mais se repetir, peço perdão pelo incomodo.

---Entendemos que vocês são jovens e têm o... Fogo da idade. - o homem se pronunciou - Mas é que temos que dormir, sabe?

---Não estamos dizendo para pararem de fazer o que quer que vocês estivessem fazendo. Vocês são um casal muito bonito, mas diminuam o volume, sim? - fiz que sim com a cabeça - Guardem um pouco dessa energia pro casamento.

O elevador abriu e os dois saíram do elevador quase correndo.

---Esperem! - gritei mas foi em vão - Nós não... Aish!

---Já era. - Yoon Gi saiu do elevador, me puxando pelo braço - Agora somos um casal.

No estacionamento todo mundo nos olhava, uns com raiva, outros constrangidos e mais alguns que claramente estavam com inveja. Já está bem claro que a fofoqueira do 234 já contou tudo pra todo mundo de todos os outros andares, já que é fisicamente impossível o prédio inteiro ter nos ouvido. Ela é uma mulher na casa dos 38 anos que não me suporta, uma vez ela me viu saindo de uma festa com os meninos e logo presumiu que eu iria dormir com todos, no dia seguinte um monte de mulher veio me perguntar como era dormir com sete homens, outro episódio foi quando ela me viu saindo de um motel, desde então eu tenho fama de piranha e toda hora recebo uma proposta indecente de algum cara do prédio. Logicamente que eu não aceito, o único morador bonito e pegável desse prédio mora no meu apartamento e eu acabei de pegá-lo.

---Vem, olha o carro ali.

Entramos no carro sendo observados pela vizinha fofoqueira que me olhava com o nariz empinado, como se ela fosse melhor que eu em todos os sentidos, suspirei cansada, ignorar tanta coisa por tanto tempo cansa muito.

---A vizinha já contou pra todo mundo...Mulher chata, podia cuidar da vida dela. Ninguém no prédio liga pra que eu faço, só ela se importa. Ela até tentou me expulsar do prédio dizendo pro síndico que eu traria uma fama ruim pro prédio.

---Provavelmente é inveja de você.

---Gente, mas inveja de quê? Eu nem tenho emprego, namorado rico e vim dos subúrbios de Daegu, no meio do mato.

---Ué, você é inteligente e é de longe uma das mulheres mais bonitas do prédio todo, mesmo não tendo namorado pode conseguir um só estalando os dedos.

---Mesmo assim ela não devia ficar me perseguindo. Se ela é mal-comida o problema não é meu.

---Realmente... - ele deu uma risadinha.

---Tenho certeza que ela é uma das suas fãs loucas e isso é culpa sua de novo.

---Culpa minha? - ele me olhou espantado.

---Lógico. Toda vez que uma mulher me odeia ela é uma fã louca ou sua, ou de um dos meninos. Vocês são os responsáveis por todas as desgraças na minha vida.

---Pode até ser. Mas as piores sempre são as do Jin, a culpa maior é dele.

Isso é verdade. Enquanto as fãs loucas dos outros meninos me xingam ou me batem, as do Jin realmente tentam me matar ou me sequestrar. Eu sei que o Jin é um rapaz maravilhoso e vale a pena lutar por ele, mas esse tipo de coisa é um completo exagero, ainda mais porque me machuca.

---Preciso de amigos novos, minha vida corre perigo com vocês.

---Corre nada, você sabe que a gente te protege. Eu sempre vou te proteger, não importa o que aconteça, entendeu?

Nem me dei ao trabalho de responder a essa frase bonitinha. Foco, Nya, foco! Ele só quer transar com você, nada além disso, entendeu? E você quer exatamente o mesmo, não é porque ele é mais gostoso que os outros e nem porque você gosta dele que você vai se desviar do objetivo maior, que no caso é somente transar, compreendeu?

Pov Yoon Gi (sentiram falta dele?)

Ontem foi, decididamente, a melhor noite de toda a minha vida. Quem diz que tudo é mais gostoso com a pessoa que a gente ama está decididamente certo, me sinto uma garotinha do ensino fundamental que ganhou doces no White Day. Nem em todos os meus melhores sonhos eu poderia imaginar que ia ser tão bom, espiar o decote dela ou olhar pra um pouco da bunda dela que os shorts curtos não cobriam, isso é nada comparado a realmente ver tudo o que tem embaixo dos panos...

Eu me sinto tão feliz!

Está certo que eu queria mais que isso, mais que só envolvimento carnal, queria poder segurar a mão dela sem culpa ou dar um abraço sem motivo algum sem que ela me olhe como se eu fosse maluco, mas se por enquanto é isso que eu posso ter não vou ficar reclamando da sorte, tem gente que está pior que eu.

---Então, como vamos ficar a partir de agora? - ela me perguntou olhando pra janela.

---Como?

---Vai ser uma amizade colorida?

---Bom... Vai.

Ela suspirou como se estivesse incomodada com algo.

---O que foi? Você não quer?

---Não é isso... - ela encarou as próprias mãos - Mas é que eu tenho medo de estragar a amizade, sabe? Durante todos esses anos você tem sido meu melhor amigo e durante muito tempo eu achei que você me via como outro homem, mas aí ontem deu no que deu e eu já não sei mais de nada. Não quero perder a sua amizade, não quero que a gente seja resumido a peguete um do outro, porque se for pra ser assim é melhor nem começarmos com isso, porque eu amo ser sua amiga.

Acho que essa foi a coisa mais fofa que eu já ouvi ela dizer. Em todo esse tempo ela nunca verbalizou o apreço pela minha amizade, não que seja preciso, já que ela prefere demonstrar o que sente com pequenos gestos, mas ouvi-la dizer é realmente comovente.

---Olha, eu te dou a minha palavra: eu nunca vou parar de ser seu amigo. - "Nem mesmo se a gente começar a namorar algum dia" - Eu sempre vou estar aqui pra você não interessa o que você decida a respeito desse assunto, e se você decidir que realmente quer continuar com isso eu vou me esforçar pra ser o melhor pra você, eu também não quero perder a amizade e esse seu medo é o mesmo que o meu, mas eu acho que vale a pena arriscar se entrarmos num acordo, porque o que fazemos é realmente bom. - ela sorriu - Eu juro pra você que se você quiser seguir adiante eu vou te dar o melhor que eu puder, você aceita?

Ela começou a rir e bater palmas. Boiei.

---Não precisa ser tão sério e formal, só estamos falando sobre ficar, não precisa falar como se fosse um pedido que casamento. Ai, ai... - ela sorriu divertida - Mas eu vou cobrar essa sua promessa. - o sorriso zombeteiro se transformou numa expressão carregada de malícia.

---Pode cobrar a hora que você quiser.

Continuamos conversando até chegar na farmácia, enquanto Nya ia pegar o que ela achava que ia precisar fiquei dando uma volta e olhando as prateleiras aleatoriamente. Hoje está sendo um dia bom demais, dá até medo de que isso seja só mais uma ilusão da minha cabeça e que a qualquer momento eu possa acordar.

Olhei de relance pra ela que estava no caixa pagando o que ela tinha pêgo e...

Espera, aquele é o meu cartão de crédito?

Mas quando...? Aish!

Ela veio até mim sorridente e devolveu o cartão na maior cara de pau e carregando uma sacola enorme. Que diabos ela comprou?

--- Tudo bem, engraçadinha, pode usar meu cartão, mas eu vou cobrar cada centavo na cama, ok?