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História BitterSweet - Dog Days are Over


Escrita por: VictorStark

Notas do Autor


The dog days are over | Os dias de cão acabaram
The dog days are done | Os dias de cão terminaram


Dog Days are Over (os dias de cão terminaram)
Florence + the Machine

Capítulo 13 - Dog Days are Over


Terça-Feira,

Stiles acordava, ainda se lembrando que no dia anterior acordara descomprometido. Acordara na segunda para um dia entediante de aulas, para uma aula cansativa de Lacrosse e apenas o pensamento em sua vida acadêmica, para dizer o mínimo.

Mas agora tudo mudara,

Agora era terça-feira.

Derek lhe pedira em namoro.

Ou melhor, lhe mordera também. E enquanto escovava os dentes via os dentes do lobo em seu ombro, passava os dedos, doía ainda. Mas ali estava, perfeitamente marcada a mandíbula de Derek Hale.

Será que se transformaria em um lobo também? Uma mordida bastava para se metamorfar em outro ser. Seria incrível. Olhou o celular e pensou em ligar, só que se sentia um grande bobo em fazê-lo primeiro. Derek era quem tinha que correr atrás de si.

Esperou, e tão logo pensou, o celular tocou.

O coração bateu rápido e fugaz em imaginar que era Derek. Isso apenas lhe confessava o que não queria admitir. Estava atraído, completo e irresistivelmente atraído por Derek, apesar de não querer concordar com isso.

Mas não era o lobo, era sua amiga, Allison Argent. A foto dela na tela do celular enquanto chamava lhe revelava a relutância em atender, e se Derek tentasse lhe ligar enquanto conversava com ela?

De qualquer forma atendeu. Afinal, Derek era apenas um rapaz. Um homem qualquer. Não, não era um homem qualquer, porque não parava de pensar nele, apesar da relutância.

– Ok, o que aconteceu ontem que você sumiu? – A amiga inqueriu de imediato – Fugiu as aulas, foi com um completo estranho para a floresta.

– Mas quem te contou? – Perguntou Stiles, pensativo.

– Todos estão sabendo já, como você fugiu floresta adentro com Derek Hale.

– Deus, que escola fofoqueira.

– Mas isso não é o mais importante. É como você não contou para mim e para Malia o que aconteceu – Disse nervosa, aguardando do outro lado da linha – Você deveria realmente ser um amigo...

– Ele me pediu em namoro – Falou Stiles.

A linha ficou muda.

Ficaram mudos.

– Sério? E o que você disse? Nossa, Stiles pegador...

– Cala a boca – Falou Stiles divertido, mordendo os lábios e indo até a janela.

Ali poderia ter um lobo, o seu lobo. Olhava pela janela, sem camisa e com a mordida cicatrizando no ombro.

– MEU DEUS – Ficou histérica, Stiles deu um meio sorriso, mordeu os lábios novamente, com mais ênfase – STILES STILINSKI, COMO ASSIM VOCÊ NÃO ME CONTOU IMEDIATAMENTE.

– Eu ainda não estou acreditando... – Confessou calmamente Stiles.

– Precisamos sair para comemorar. Tipo, hoje. – Ela falou – Vou juntar todo o pessoal!

Na escola, a histeria foi ainda mais intensa, as amigas não paravam de lhe lembrar os benefícios de ser solteiro, uma forma de castigo por ele não ter contado de imediato sobre o namoro.

Durante o intervalo, vira Scott e acenara. O rapaz foi com sua bandeja carregada de coisas até eles. Parecia calado e olhava Stiles de forma estranha.

– Minha nossa, parece um camioneiro – Disse Malia, vendo aquele tamanho de prato, já roubando um doce de Scott.

O garoto começava a comer e ainda fitava de forma estranha o outro rapaz do grupo. Stiles voltou à olhar para Scott, com um olhar de curiosidade.

“O quê?”, perguntou Stiles com o olhar.

Scott apenas balançou a cabeça e olhou para a comida, desviando o olhar de Stiles. O rapaz de olhos amendoados ficou olhando o lobo à sua frente, sem saber o porque de estar sendo ignorado e, ao mesmo tempo, encarado pelo garoto.

As amigas falavam e planejavam milhões de coisas. Já queriam saber de todos os detalhes do namorado. Mas Stiles realmente ignorou tudo isso, não ignorou ficando calado, apenas falando e respondendo o que dava. Era bom o bastante para disfarçar quando estava pensativo em algo aparte da conversa.

A próxima aula tinha sozinho com Scott, então começaram a caminhar pelo corredor e, ao invés de ficarem conversando besteiras e falando mal do sistema de ensino, como eram acostumados à fazer, Stiles resolveu confrontar o amigo.

– O que está acontecendo? Você trocou meia dúzia de palavras comigo.

– Nada – Cortou Scott, continuando e parando para trocar os materiais e pegar os cadernos de química.

– Ok, surpreendentemente eu não acredito – Disse o rapaz, fechando com um forte empurrão a porta do armário, fazendo Scott se sobressaltar.

– Seu cheiro. – Scott falou, olhando diretamente para Stiles.

Stiles ergueu discretamente o braço e levou o nariz ali.

– Eu não estou fedendo. – Disse, achando estranho o que Scott dizia.

– Não é isso – O lobo olhou no corredor que ficava cada vez mais vazio. – Você está cheirando como Derek.

Stiles arqueou as sobrancelhas.

– Eu não vejo Derek à várias horas – Falou, achando a conversa muito estranha – E outra, eu tomei banho, tá me chamando de sujo?

– Não. – Respondeu Scott, sem querer conversar muito.

Stiles estava levemente irritado, não gostava da ideia de estar com o cheiro do dia anterior. Não quando era tão bem asseado. Mas logo pensou, pensou em tudo que havia acontecido, levou a mão ao ombro e sentiu a mordida, ardia. Lhe lembrava que Derek lhe mordera algumas horas atrás.

– Alguma coisa aconteceu. – Disse baixo à Scott. Apesar do corredor estar vazio.

O humano puxou a gola da camiseta, revelando a mordida no ombro. Scott arregalou os olhos.

– Derek te mordeu?! – Exclamou, sentindo-se extremamente intimidado por aqueles dentes.

Stiles era de Derek, agora mais do que nunca. O seu amigo da Beacon Hills não era tão somente seu amigo. Era propriedade do seu Alfa. Sentia-se incomodado com isso.

– Ele mordeu... – Stiles soltou a gola que encobriu a mordida ao voltar à posição original. – Vou virar um lobo também, não é?

– Acho que não...

– Então sou apenas um idiota com uma mordida?

Scott abriu o armário novamente, tirou de dentro um livro com capa de couro, parecia antigo e velho.

– Eu peguei isso emprestado, tem algumas coisas sobre nós – Falou. – Eu não deveria isso cair nas mãos humanas... Mas bem...

– Eu sou seu alpha agora, não sou? – Perguntou Stiles e recebeu um pequeno rosnado nervoso de Scott, um rosnado baixo, porém.

– Não é isso... É só que... Eu não deveria nem conversar com você sem a autorização de Derek.

– Essa história de novo... – Falou o humano, revirando os olhos e agarrando o livro – Vamos para a aula.

Durante toda a aula, o amante de Derek Hale ficou concentrado não em química, mas naquele livro. Deixara-o debaixo do livro de química que, por ser igualmente velho e pesado, passara apercebido pelo professor. Não que o professor ligasse muito, também. Ele apenas anotava coisas no quadro negro e dava provas. Diziam que estava para se aposentar.

“A maior parte dos lobos se conecta com um outro lobo de maneira especial. Desde os antepassados, quando viviam em matilhas em sua forma animal, existia essa ligação para fortalecer uma matilha. Fenrir, quando morreu e uniu homem e criatura, deixou isso para que os futuros lobos-homem pudessem se fortalecer suas alcateias”.

Lia, no livro. Abrira em algumas páginas e passava os olhos nas gravuras, que não eram muitas, mas que lhe chamava a atenção.

“O Alpha e seu Beta assim, serão parceiros para o resto da vida. O Alpha deve cuidar de se Beta, e o Beta deve dar suporte ao seu Alpha”. E a seguir, lia-se. “Existem muitos casos de relações românticas entre alfas e betas, e estas, devem ser respeitadas independente dos sexos”.

“Ao menos eles eram abertos à homossexualidade”. Pensou Stiles.

“A lua cheia trás consigo nossa energia vital, e com ele, as forças de Fenrir. Portar um cristal-da-lua ajudará a guardar essa energia quando não mais a lua descer o firmamento e sumir por três ciclos completos”.

Continuou lendo o livro e descobrindo algumas coisas. Até virara a página para ver se na capa não estava escrito “Como treinar seu lobo”, ou algo do tipo. Mas não, a capa não tinha nome, era apenas um livro com um monte de informação. Não tinha índice, de forma que era fácil ver algo importante junto a receitas de curar resfriado, ou diarreia, ou vermes.

Queria achar algo sobre mordidas, mas a enorme quantidade de folhas apenas lhe revelava sobre como chá-de-erva-do-bosque curava carrapatos, ou como afastar mal olhado. Era basicamente um apanhado sobre tudo.

– Ok... – Suspirou, depois de ler algo sobre reprodução de ômegas – Já está suficiente.

Abaixou a cabeça e o professor ancião não se importou. Stiles também já sabia bastante química, ou ao menos aquela matéria, de forma que não se importou de dormir um pouco.

 

Quarta-Feira,

Não, não dormira por um dia inteiro na desconfortável mesa da escola. O que de fato acontecera era que seu dia se passara tão comum quanto antes de conhecer o Hale. Não que isso fosse bom ou ruim, mas o fato era que a quarta-feira estava tempestuosa.

Não, não que o céu estivesse com nuvens negras e carregadas. Não que Stiles estivesse com um sorriso menor do que o de costume. Mas em seu interior estava muito nervoso ao não ver nenhuma notificação no celular.

A cada segundo checava a tela do celular, cogitava seriamente em atirar o aparelho na parede. Mas sabia que o pai não lhe daria outro se quebrasse. Valeria a pena quebrar o celular por um garoto?

Depende.

De qualquer forma a aula passara tão monotonamente quanto qualquer outro dia. Sentia-se especialmente comum. Sentia-se especialmente entediado. Olhava para a janela, para o relógio, para o monólogo uniforme do docente. De todas as formas a única coisa que pensava era em Derek.

Sentia-se, de fato, patético em pensar em Derek dessa forma. Era apenas um cara. Um namorado de três dias.

Ainda poderia terminar.

O ombro doeu, lhe lembrando que não, o que fizera era para a vida toda.

Mas, bastaria uma ligação? Uma maldita ligação, o celular vibrar no bolso e ouvir a voz do namorado.

Era a primeira vez que pensava nisso. Derek era seu namorado, estava namorando e tudo mais. Sempre rira das garotas que namoravam, das pessoas que ficavam com essas coisas adolescentes.

E sentia-se então tão adolescente. Esperando uma ligação do namorado.

Durante o intervalo comia um doce, tinha uma quantidade generosa de chantilly, branco e cremoso e, especialmente doce. A dose cavalar de açúcar lhe deixava cada vez mais hiperativo e igualmente nervoso.

O telefone tocou, finalmente.

Era Derek, a imagem na tela, o nome do número. Tocava.

Primeira vibração, seu coração acelerou-se.

Segunda vibração, olhou a tela e continuou a fitar a imagem do homem barbado e com cara ranzinza que conhecia, esta, recortada da foto no shopping que a amiga tirara. Descobriria depois que Derek não gostava muito de fotografias.

Terceira vibração, cogitara em atender. Mas deixara esta apenas para que Derek sentisse toda sua agonia em não lhe ligar. Tinha que sofrer um pouco.

Quarta vibração, quinta.

Na sexta não aguentaria. Não.

Atendeu, finalmente. Poderia facilmente ter recusado, se feito de difícil. Apenas reforçaria o fato de estar agindo como um adolescente recentemente na puberdade. Mas ficou em silêncio e deixou ele dar a primeira palavra.

– Stiles?

– Você se lembra do meu nome, afinal – Disse o humano, pegando com o indicador um pouco de chantilly e levando aos lábios. As amigas arquearam a sobrancelha e olharam para o garoto.

– Do que diabos você está falando?

– Você me pediu em namoro, eu disse sim, fez aquele negócio e ficou todo um dia sem me ligar!

A linha ficou muda por uns segundos. As amigas estava quase querendo morrer de rir, Stiles revirou os olhos e virou-se de costas.

– Eu... eu queria deixar você estudar, não queria lhe atrapalhar.

– Ah, é claro que queria me deixar estudar – Falou com a voz nervosa.

– E por quê você não me ligou?

– Porque... – Stiles realmente não sabia o por quê.

A linha ficou muda dos dois lados, Stiles olhou de canto de olhos para trás e viu Malia tentando roubar um pouco de seu chantilly. Virou-se e ela lhe roubou o copo de doce.

– Ótimo, agora tive meu doce roubado. Estou oficialmente tendo um dia de cão.

– Dog days are over, babe – Disse Malia, “Dias de cão terminaram”. – Você está namorando, pede para ele comprar para você outro doce.

– Você ouviu, me deve um doce. E é melhor que seja gostoso. E não se atreva a dizer que você é gostoso o suficiente.

Derek não tinha tanto senso de humor para entender todas as piadas internas que flutuavam em sua cabeça, as amigas começaram a rir como abobalhadas, e Stiles se levantou, indo até próximo da porta do refeitório, o barulho diminuía, mas não o suficiente.

Teve que sair do lugar e, quando estava mais silencioso, começou a falar mais reservadamente com o dito cujo “Namorado”.

– Você está realmente nervoso que eu não te liguei?

– Um pouco. – Respondeu Stiles, colocando a mão no ombro.

– Você está bem? – Perguntou Derek.

– Sim... não é como se muitas coisas pudessem acontecer em Beacon Hills. Eu tenho uma pergunta.

O silêncio era a forma de Derek de dizer “Continue”, então Stiles perguntou:

– Eu vou me transformar em lobo ou algo do tipo?

– Por quê? Está se sentindo diferente, ou algo do tipo? Sente vontade?

– Não, é que a sua mordida... Sabe... Eu pensei que...

Então foi a vez de Derek de rir, do outro lado da linha.

– Não. – Disse o lobo, – Não, você não vai se transformar em um lobo, ou um lobisomem, ou qualquer coisa do gênero.

– Eu ainda corro o risco de pegar raiva, ou algo do tipo. Do jeito que você é nervoso.

– Sou vacinado.

– Espero. Aliás, aprendi alguns remédios para carrapatos, se você quiser.

– Eu não pego carrapatos desde criança, fique tranquilo Stiles.

Estava oficialmente sendo um adolescente na puberdade.

– Mas então, como fazemos? – Disse Stiles depois de alguns segundos de silêncio.

– O quê?

– Sabe... Eu nunca fiz isso.

– O quê?

– Namorei.

– Eu também não – Disse Derek.

– Então, apenas dizemos até logo, ou algo assim?

– Pode ser...

– Ou falamos “te amo”, no final da chamada?

– É uma boa opção.

– Nos chamamos de amor, ou algo do tipo?

– É uma opção – Falou Derek, parecia tão desconfortável quanto Stiles.

– Não quero parecer brega... – Murmurou o humano.

– Nos vemos mais tarde? – Perguntou Derek, cortando qualquer coisa.

– Tudo bem.

– Eu posso te pegar na escola?

– Pode.

– Te amo.

– Te amo.

Ficaram em silêncio,

– É isso? – Perguntou Derek, esperando do outro lado da linha.

– Eu acho que sim...

– Você pode desligar primeiro... – Falou Derek.

– Ok.

O humano foi quem desligou primeiro, não participaria do joguinho ‘Desliga você primeiro’.

Stiles encarou o corredor vazio da escola, olhou para trás, depois para a frente novamente. Estava sozinho. Segurou o celular com força e deu um pulinho, fazendo uma dancinha ridícula que logo foi interrompida quando viu um rapaz sair de uma sala. Acenou para o rapaz e continuou sorrindo bobamente.

Senhor Deus dos desgraçados! Que livrasse sua alma de um Derek completamente possessivo vindo lhe buscar na escola. Imaginava o homem chegando e lhe tomando os braços, lhe colocando sentado na moto, fazendo-lhe o abraçar e irem juntos para algum matagal qualquer, rolar no chão, pegar carrapatos, juntos.

Mas sua cabeça funcionava de forma muito diferente da realidade, isso era fato. Derek chegou chamando atenção, é claro.

Em seu maior estilo Bad Boy, vestindo couro, coturno por baixo da calça jeans surrada e a gritante Harley-Davidson, que, intensificava os gritos quando o lobo acelerava-a sem sair do lugar.

Stiles se aproximou da moto com as amigas que tinham um grande sorriso.

– Então, Derek Hale – Falou Allison – Você não tem algum irmão mais novo, ou algo do tipo...

– Allison! – Exclamou Malia, dando um leve empurrão – Ela não precisa de irmão mais novo nenhum – Falou a garota, empurrando Allison de leve – Mas enfim, você pediu a mão do Sti para os pais dele, mas conosco é mais difícil.

– Ah é? – Questionou Derek, apoiando os braços no guidom da moto.

– É claro, tem que merecer o garoto, ele não é um pedaço de carne que você sai por aí carregando. – Continuou Allison.

– Ele já disse ‘sim’ e tudo mais, Ally – Disse Malia, fitando ao redor, vendo que todos olhavam o estranho grupo que eles formavam. – A merda já tá feita.

– Você sabe o dia do aniversário dele? – Perguntou Allison, ignorando Malia.

Derek realmente ficou encabulado, como diabos não sabia aquilo? Realmente, não sabia quase nada sobre Stiles, sobre o humano que cativara seu coração. Olhou para Stiles e piscou algumas vezes, meio desconcertado em não saber aquilo.

Em verdade, muitas das vezes que estiveram juntos não conversaram bem. Deveriam ter mais tempo para si, talvez devesse levar o rapaz para jantar, devessem ficar mais tempos juntos e sozinhos.

Mas ficar só com Stiles era terrivelmente perigoso.

Mas perigoso de forma boa.

– É 31 de Outubro – Disse o rapaz de olhos amendoados para Derek, cortando as amigas – Eu vou ir para casa, você me acompanha? – Perguntou Stiles, apontando para a sua vespa que lhe esperava.

Talvez Derek estivesse parcialmente irritado por não poder pegar seu garoto e leva-lo para onde quisesse, mas apenas assentiu e esperou Stiles pegar a moto baixinha. Aquela ‘bicicleta motorizada’. Ambos, lado a lado começaram a tomar as ruas.

Stiles ia a frente, com seu capacete coquinho, a vespa cortando o caminho para a grande moto de Derek. O lobo mau acelerava para acompanhar aquele pequeno e frágil veículo.

31 de Outubro, faltava pouco, era exatamente no dia das bruxas. Continuava a fitar o garoto, e sorria de lado, absorto no rapaz que amava tanto. Poderia cair da moto, se quebrar inteiro que nem ao menos sentiria, não enquanto o estivesse olhando.

Finalmente chegaram na casa, os pais de Stiles deveriam estar trabalhando, pois não haviam carros estacionados, a casa parecia vazia. Entrou com Stiles e se sentou com ele no sofá. O rapaz tirou o tênis e ficou com as meias brancas, cruzou as pernas e a calça jeans colou em suas pernas, Stiles ficou lhe olhando.

– Então, namoramos – Afirmou o rapaz de olhos castanhos, se recostando, pensativo em todas as implicações disso.

Namorar.

– É algo assim – Respondeu Derek.

Não, não eram simples namorados. Não eram simples amantes. Eram muito mais do que isso. Mas, em resumo, se ele queria esse termo.

– Somos namorados – Disse Derek.

– Deveríamos dar-nos as mãos?

– Você quer dar as mãos?

Stiles pegou nas mãos de Derek e sentiu-se extremamente confortável segurando-a. Ficou um bom tempo agarrando-a. Sentindo o peso dela, medindo-a e vendo o contraste com sua própria mão cheia de dedos.

Estava cansado, como estava. Então descansou o rosto no peito de Derek, encolheu-se e ligou a TV. Assistiram. Ouviu carros, eram os pais chegando. Derek ficou mais sério, mais reto no seu lado do sofá. Soltou a mão de Stiles, tinha que respeitar os pais dele.

Felizmente era o pai médico, o mesmo parecia cansado, tinha suntuosas olheiras. Vestia um terninho elegante e carregava nos braços um jaleco, tal como uma mochila, na qual deveria estar seus equipamentos médicos.

– Stiles?! – Questionou o pai, ao ver os dois sentados. – Derek!

– Oi pai – Disse Stiles, preguiçosamente, – Eu e Derek estávamos aqui vendo TV...

– Humm... – Foi um ‘hum’ extremamente desconfiado.

– Eu já estava de saída, Sr. Stilinski – Falou Derek, tentando ser o mais respeitoso possível – Desculpe ter aparecido sem avisar.

– Aceito as desculpas, mas quero saber sempre que se encontrar com meu filho – Disse o médico, olhando para Stiles que fez uma cara do tipo ´Pai?!´.

– Tudo bem, é claro. – Afirmou Derek, assentindo, dando um leve sorriso e indo com Stiles até a porta. – Amanhã nos vemos – Disse para seu humano, à porta.

– Ou hoje a noite, se invadir meu quarto – Murmurou baixo Stiles, vendo se o pai não os bisbilhotava.

– Hoje não posso, vão chegar alguns primos meus do norte, eles querem participar da iniciação anual.

– Tudo bem, e amanhã? – Perguntou Stiles, ansioso, mas sem tentar demonstrar isso. – Quer dizer, qualquer dia desses.

O homem sorriu de lado, arqueando as sobrancelhas, Derek levou o indicador ao ombro do amado, sentiu ali sua energia fluir para dentro e para do corpo do garoto.

– Vou virar um lobisomem, ou algo do tipo? – Questionou Stiles, ainda sensível pela mordida.

– Não, você não vai – Riu Derek, um sorriso que provavelmente apenas o humano conhecia.

– Ainda dói...

– Desculpas...

Stiles mordeu os lábios, sim, doía, mas não queria fazer com que Derek se sentisse tão culpado.

– Está tudo bem – Falou o humano, balançando a cabeça.

– Seu cheiro, está delicioso – Derek não resistiu e pegou na mão de Stiles, levando-a aos lábios para beijá-las, em um ato de despedidas. Depois aproximou o rosto barbado no pescoço nu do garoto, beijou ali.

Sentiu seu próprio cheiro no corpo dele.

– Me falaram que eu cheiro você. É bom?

– É melhor do que meu cheiro – Confessou Derek.

– E como você cheira? Sabe, o cheiro dos lobos e tudo mais.

Nesse momento já caminhavam até a moto de Derek, Stiles pegou o capacete e passou para Derek, que se apoiou na moto, de forma quase largada.

– Vem sentir – Chamou o lobo, abrindo os braços.

Stiles ficou com vergonha, olhou ao redor. Não iria se aproximar de Derek e cheirar seu corpo de forma tão descarada, no meio da rua, para toda a vizinhança ver.

– Te vejo mais tarde, Derek Hale – Falou o garoto de olhos castanhos, dando as costas e começando a andar.

– Pode me chamar de Alpha se quiser – Respondeu baixo o lobo, sentindo-se amuado pelo outro não lhe chamar por como gostaria.

Seu Alpha.

– Segundo minhas amigas, você ainda está em versão de testes.

Sorriu de lado e entrou na casa. Ouviu a moto partir.

 

Quinta-Feira,

Sentia-se comum. Acordou, escovou os dentes, cutucou a ferida no ombro, tomou café-da-manhã com os pais, pegou o lanche, colocou-o na cestinha da vespa vermelha. Levou o lixo para fora.

A escola passava-se tão lenta e monótona quanto de costume. Lia aquele livro dos lobos, era até interessante, mas muitas partes estavam com páginas tão desbotadas que mal conseguia ler.

Scott passara a falar mais consigo, mesmo que de forma ainda recatada. O garoto parecia relutante em trocar muitas palavras, mas parecia que Derek havia tido alguma conversa com o lobo mais novo.

– Derek disse que estão chegando alguns parentes do Norte – Falou Stiles para Scott, as amigas estavam em aulas de reposição por terem faltado demais.

– Sim, eles são do Canadá, ou algo assim – Falou Scott, comendo um generoso sanduíche. – Cara, seu cheiro é insuportável.

– E de novo fala que eu estou fedendo, sério Scott? – Respondeu o humano, querendo dar um tapa na cabeça do lobo ao lado.

Porém, Scott lhe olhava de forma tão inocente que não teve coragem e começou a rir.

– Eu cheiro como um Alpha então? – Perguntou Stiles, convencido, novamente tentando sentir o próprio cheiro, mas apenas conseguindo sentir o cheiro comum que tinha, ou melhor, de seu perfume.

– Você cheira como Derek – Respondeu Scott – Mas de uma forma diferente – Afirmou, – Mais intensa e notável. Deve ser por conta da mordida. Aliás, ele pediu para que eu te acompanhe até sua casa hoje.

– Ele quer que eu tenha uma babá, então?

– Não, é que sua vida está em risco.

– COMO ASSIM MINHA VIDA ESTÁ EM RISCO? – Perguntou alto Stiles, chamando a atenção de algumas pessoas, que logo mais voltaram a conversar em seus grupinhos e Stiles voltou a questionar baixo para Scott: – Como assim minha vida está em risco?

– Eu meio que acho que não deveria ter falado isso –Refletiu Scott, mas via que entrara em um beco sem saída, então apenas resolveu contar a verdade, a despeito das ordens de Derek, – Um outro clã havia mandado uma prima de Derek para eles ´se conhecerem´, mas daí o Derek conheceu você.

– Não vejo problemas até então – Respondeu Stiles, dando de ombros – Se ela não sabe brincar, que não desça para o play.

– Pois é – Continuou Scott, olhando ao redor e falando mais baixo – O problema é que você não conheceu o tio do Derek. Ele é muito estranho, dá medo. Ele tem umas ideias de eugenia da espécie e tudo mais. Acha um ultraje o Derek ter tido a coisa toda com você. Pediu até para que ele abrisse mão da herança do clã.

– E é por isso que eu estou em perigo? – Perguntou o humano, achando extremamente normal o pai da moça estar bravo.

– Não só isso, também tem a questão dos lobos que me transformaram, eu não sou naturalmente do clã do Derek... Eu não tenho uma família de nome, eu fui pego e transformado por esse cara... Algum parente meu do passado deve ter transmitido aos meus parentes...

Stiles assentiu, entendendo tudo. Mas ainda não sentia inseguro.

– Nada acontece em Beacon Hills – Disse o garoto, dando de ombros.

Voltaram para as aulas e o dia comprovou o que Stiles falara: nada nunca acontecia em Beacon Hills.

Quando era de tarde, Scott surgiu com uma das motos do clã Hale.

– Ela é maior que você – Afirmou Stiles, vendo o garoto sentir-se muito feliz em pilotar algo daquele tipo – Acho que vou usar minhas influências e ganhar uma também.

– Eu não ganhei, é emprestada, para te acompanhar – Explicou Scott, empurrando o pedal com força e dando o impulso na moto.

Parecia muito feliz, e Stiles começou a sorrir pelo amigo que estava super-ansioso em pilotar aquele possante.

– Você já dirigiu moto alguma vez? – Perguntou o humano, ao lado do amigo, Stiles ainda estava em sua vespa. Mesmo que ganhasse uma moto grande como aquela, os pais jamais deixariam-lhe pilotar.

– Não – Respondeu Scott, acelerando e mantendo o equilíbrio, não tinha muito segredo.

– Vamos para a rodovia, aqui não tem graça.

Stiles mudou a rota e Scott acelerou para estar novamente ao lado do amigo.

– Derek falou que eu deveria te levar para casa, Stiles!

– Somos adolescentes rebeldes, ele entende – O garoto deu uma piscadela para Scott, que apenas assentiu e começaram a pilotar na vicinal.

Ambos lados cercados por floresta. Do lado direito, a floresta da família de Derek, do lado esquerdo a floresta da cidade. Tão logo alguns anos bastariam para desmatá-la e a cidade se aproximar da estrada.

Stiles acelerou o quanto pode a sua vespinha e Scott bastou dar uma pequena arrancada para estar ao seu lado novamente.

– É LEGAL NÃO É?! – Gritou o namorado do Alpha, o vento cortando sua voz.

– É!!! – Gritou de volta Scott. Parecia estar se divertindo, Stiles lhe olhava, até arregalar os olhos e frear intensamente.

Stiles voltou a olhar para frente bruscamente e freou.

Haviam seis enormes lobos no meio da estrada. Sabia que não eram lobos normais por dois motivos: um, eram enormes. Dois, ERAM ENORMES.

Stiles engatou a primeira na sua vespa, os cães mostraram os dentes.

– Esses cachorros são do clã? – Perguntou entre dentes.

– Não, e acho que chamar eles de cães não vai nos ajudar muito... Eles nem são do clã do tio do Derek – Murmurou Scott de volta, enquanto os lobos começavam a formar uma alcateia prestes a atacar.

– Esses são os outros vilões da história toda?

– Francamente só quero que saiamos daqui sem mordidas. Vamos para dentro da floresta dos Hale. – Disse exasperado Scott. – Acelera na frente que eu vou atrás, dentro da floresta vamos chamar a atenção do meu clã.

– Ok.

– No três...

– Três! – Gritou Stiles, que já em primeira começara a arrancar. Mas soltara a embreagem cedo demais. Começara imediatamente a tentar dar partida novamente. – Três, três, três! – Exclamava em desespero, tentando arrancar, mas sem sucesso.

Saltou da sua moto e pulou na garupa da moto de Scott, os cães quase lhe alcançavam, mas o amigo felizmente conseguia desviar das árvores quando entraram na floresta. Stiles via que não conseguiriam escapar por muito mais tempo. Fez o mais prudente.

– Scott, não deixa eles nos matar – Disse o humano, tirando do pescoço o pingente de Derek, Scott que nesse momento já havia tirado o capacete pois sabia que a qualquer momento se transformaria, sentiu aquela onda enorme de energia invadir seu corpo ao sentir Stiles passar o cordão em seu pescoço.

– STILES! – Gritou o amigo, que logo caiu da moto em forma de um enorme lobo. A inércia manteve a moto por mais alguns metros.

Stiles não conseguiu pegar o guidom da moto imediatamente, de forma que teve que saltar e, exatos dois segundos depois a moto perdeu o controle se chocou contra uma árvore.

É, estava oficialmente mantido longe das motos do clã Hale.

Começara a correr. Onde diabos estava Scott?! Não queria que o idiota do amigo morresse, se era para se transformar em lobo, ao menos tinha que correr junto a si.

– SCOTT! – Gritou, olhando ao redor. Mas a floresta estava escura. Enquanto corria podia ouvir passos atrás de si.

As pernas já começaram a fraquejar depois de alguns minutos correndo. Logo viu dois lobos correndo atrás de si, viu finalmente Scott, mordeu um deles que parou para lutar com o rapaz-lobo. Felizmente seu amigo parecia levar vantagem, pela pedra de Derek, mas o outro lobo continuou a correr atrás de si, então não teve mais tempo de ver a batalha.

Pulou contra uma árvore, as raízes eram enormes, foi se embrenhando embaixo da enorme árvore. Até que estivesse quase que completamente embaixo delas, talvez ali o lobo conseguisse apenas lhe tirar um pedaço e não o corpo todo.

De fato, pensou em ter despistado o lobo, mas o mesmo foi ao seu encontro óbvio. Tateou a parte interna das raízes, havia lido no livro que haviam alguns fungos que podiam cegar temporariamente lobos, para se evitar. Mas ali não tinha nada disso. Mas viu uma oportunidade. O lobo lhe cercava, os dentes completamente expostos e afiados.

Não era tão grande quanto Derek ou Scott, ou qualquer um dos lobos treinados do clã Hale, mas tinha a capacidade de lhe esmigalhar o frágil corpo humano se quisesse. Stiles ficou apenas preparado.

Tão logo o lobo saltou em sua direção, se abaixou. O animal quebrou alguma das raízes mais finas, porém o corpo grande demais ficou preso nas raízes mais grossas, enquanto Stiles foi para o chão e passou por baixo do animal.

As patas, porém, lhe arranharam profundamente. A dor aquecida do sangue e dos cortes lhe machucaram. Mas conseguira escapar por baixo e correr. Viu o braço e quase quis chorar, havia um grande sulco de um arranhão, sangrava tanto que escorrera para sua mão e pingara no chão. O lobo tentava se desvencilhar, então começara a tentar correr. Mas a dor intensa lhe deixava angustiado.

– DEREK! – Gritou, mesmo que isso fosse lhe chamar a atenção de outros lobos. – DEREK DROGA! – Gritou novamente – Algum lobo desse maldito clã! – Disse, com ênfase, mas baixo.

Viu algo correndo, pensou em ter esperanças de ser Scott, ou até mesmo o namorado, mas não, eram não um, mas dois dos lobos que os perseguiam. Seis lobos eram demais para Scott, mesmo que com a energia do alpha fluindo em seu corpo.

– Estou passando a odiar cachorros – Gemeu Stiles, começando a correr com a mão segurando o corte no braço.

Corria mais lentamente pelo machucado, mas corria e, quando olhava para trás, via os lobos quase lhe alcançando.

É claro que tropeçou.

– Eu não quero ser o idiota que cai nos filmes! – Gemeu, se recolhendo e tentando se levantar a tempo, mas parecia eminente uma mordida profunda do animal que lhe caçava.

Odiava o dia de cão que estava tendo. Queria agora, mais do que tudo, a normalidade.

Já quase conseguia sentir o cheiro do maldito que lhe perseguia. Ele saltou em sua direção. Mesmo que não morresse, iria doer, ah como ia!

Mas então o jogo mudou, uma enorme figura, negra e robusta pulou pela direita do primeiro lobo que tentara lhe morder. A figura do lobo negro pegara o que iria lhe atacar pelo pescoço. Stiles arregalou os olhos devido à proximidade da cena, e sentiu sangue quente jorrar em seu rosto.

Um rosto estático, apreensivo. Logo mais outro lobo, azul-acinzentado agarrou o que vinha em seguida. O lobo azul-acinzentado desmembrou em segundos a segunda criatura que tentara lhe atacar.

Stiles estava em choque, não que estivesse com medo, mas estava em choque e o corpo tremia de dor e da situação de estresse. O coração parecia não querer parar de bater veementemente. A falsa escuridão da floresta tornava tudo mais assustador.

– Scott – Disse o único humano do lugar, o lobo negro estava ensanguentado pelo sangue do inimigo.

Derek se aproximou e viu a ferida de Stiles, soltando um leve rosnado.

– Têm mais quatro deles... Eu consegui prender um. – Stiles falava calmamente, apesar do corpo ainda tremer, apesar do coração ainda pulsar de forma tensa. – Scott Derek, não deixe meu amigo morrer.

Queria chorar, e estava chorando, apesar da voz estar calma. O choro não era de covardia, não eram lágrimas de medo ou algo do tipo. Eram lágrimas de desespero. A dor ainda lhe angustiava.

Derek olhou para os outros lobos que formavam quase um grupo agora, deveriam ser dez ou quinze deles. Entre rosnados, Derek os despachou, ficando apenas o lobo azul-acinzentado e um outro lobo menor, o qual carregava algumas coisas, como roupas e curativos.

Sentiu o lobo lamber seus braços, limpando o sangue com a língua quente e áspera. Stiles não falava nada. Derek voltou à forma original, mesmo que nu, não se importava tanto com sua nudez agora. O que lhe incomodou foi a outra figura.

Não o havia visto ainda, tinha um corpo definido e forte, cabelos loiros em um penteado bagunçado. Stiles olhava para o homem estranho, Derek pegou o rosto do namorado e puxou para si e o humano logo voltou a fitar apenas o alpha enquanto a outra figura se trocava.

– Você... Se machucou – Disse Derek, preocupadíssimo.

– E nem é sábado ainda – Respondeu Stiles, com calma, enquanto Derek pegava um unguento natural e lhe colocava nos braços.

Derek lhe segurou os ombros, por ainda tremia.

– Está tudo bem, eu estou aqui agora – Disse o lobo negro, lhe olhando, Derek estava com rosto e corpo coberto de sangue.

– Quem é ele? – Perguntou Stiles, ignorando Derek, o corpo continuava a tremer pelo choque e pela dor.

– Wolfgang, é um primo meu do Canadá – Derek olhou para trás e pegou a roupa oferecida pelo primo, se trocando rapidamente, limpando o rosto com um pano úmido.

– Sou a parte bonita da família – Respondeu Wolfgang, dando um sorriso, apesar de toda a situação.

Derek rosnou baixo e ficou perto de Stiles, ajudando o namorado a se levantar. O lobo ficou nervoso ao ver tanto sangue do seu humano derramado de seu corpo. Com um outro pano limpo passou a lhe limpar.

– Então a família ter uma parte bonita – Brincou Stiles, recebendo um olhar carrancudo de Derek, que apenas lhe pegou com um pouco de força.

– Wolfgang, vai ver se eles deram conta de achar o garoto e o resto dos lobos. Vou levar ele para se curar.

– Tchau humano – Falou Wolfgang ironicamente – Tchau carrapato.

Derek rosnou novamente, entre os dentes, enquanto Stiles sentiu-se carregado no colo pelo maior. A dor era amenizada pelos unguentos, mas ainda doía. A tremedeira, porém, já começara a se reduzir quase que por completo.

– Ele te chama de carrapato? – Questionou Stiles, com um meio sorriso.

O alpha parecia mais carrancudo que nunca.

– É, eu te disse que tive problemas com carrapatos quando criança – Resmungou Derek.

– Bom saber que não tem mais... – Resmungou Stiles, com um meio sorriso, soltando um breve bocejo, talvez fosse o efeito rápido dos antibióticos que embebiam o unguento.

– Eu quase morri quando senti o cheiro do seu sangue – Falou Derek, olhando para o garoto que tinha os olhos entrecerrados. – Mais um pouco eu teria morrido.

– Em quatro dias de namoro, terminar com tragédia, acho que nem Shakespeare ganharia da nossa história de vida – Falou Stiles com um sorriso aberto e olhos brilhantes.

Derek não conseguia sorrir naquela situação. Talvez invejasse Stiles por isso, não teria forças ou cabeça se estivesse no lado dele para ser irônico ou engraçado. Os olhos foram fechando, o sono lhe penetrava.

O lobo ficou apreciando aquele rosto dormente em seus braços, enquanto se aproximava de sua casa, a mão logo recebera o garoto. A mãe que já lhe cuidara diversas vezes começou a cuidar daquela criatura curiosa que tivera uma ligação.

A mãe o despiu o corpo, deixando-o apenas com a roupa de baixo. Era um calção com coraçõezinhos. Derek se fixou nisso, mesmo na desgraça toda conseguiu dar um leve sorriso com a visão.

Apesar dos rosnados internos e na vontade de matar quantos lobos conseguissem por ver os profundos sulcos de arranhões que Stiles levara. Desviou novamente o olhar para algo que lhe fez sentir menos culpados e mais feliz: a sua marca no ombro dele, aquilo fazia todos saberem que aquele garoto era dele e que cortaria a garganta com seus próprios dentes quem é que tentasse lhe tirar isso. Notou também que o seu colar não estava com ele, teria ele deixado cair no desespero?

Derek acabou recebendo um puxão de orelha da mãe, que lhe fez ir tomar um banho enquanto ela tratava dos ferimentos humanos de Stiles, em seu corpo tudo demoraria mais para se curar, apesar dos produtos antigos e curativos de sua família. Demorou-se e voltou, colocou o humano em sua cama, deixá-lo-ia dormir uma ou duas horas antes de o levar até sua casa.

Só tinha certeza de uma coisa, com toda certeza os pais de Stiles não o deixaria ir domingo junto a si no ritual de iniciação. Não depois de tudo que acontecera.

Mas tinha que conseguir, seria algo especial. Pediu à Fenrir que desse força ao seu humano. A mãe ao longo dos minutos foi trocando os unguentos, os arranhões ao menos tinham uma aparência menos feia, pareciam já meio cicatrizados. Os remédios arcaicos que tinham ao menos eram eficientes.

Soube que Scott havia sido achado, estava bem machucado, mas dera conta de matar três lobos sozinho, o que era impressionante para um recém começado nisso tudo. Soube também que ele estava com um medalhão muito forte para seu nível hierárquico, mas naquele instante não se importou que Stiles o houvesse dado, talvez se não tivesse feito isso estariam ambos mortos. O humano acordou, parecia ter um olhar sonolento ainda.

Derek estava ali, com sua cara carrancuda de sempre. Stiles piscou levemente, nem parecia que a vida houvesse mudado tão veementemente nos últimos dias. Mas haviam. Apenas sorriu. Sentiu ele se deitar ao seu lado.

– Meu amigo está bem?

– Está – Respondeu Derek. O lobo levou o rosto até o peito de Stiles, se aninhando ali. Stiles passou as mãos pelos cabelos de Derek, acariciando-o lentamente, estava meio fraco ainda. – Seu cheiro está delicioso, sabia? – Falou o homem, com um sorriso aliviado por Stiles estar bem.

– Eu to sabendo – Respondeu Stiles, olhando para baixo e vendo a cara de alivio de Derek.

Enquanto estivessem juntos,

tudo estava bem.


Notas Finais


Vamos lá, agradecimentos à ~Four-4 ~malecsterek ~ElanHale ~bunnynena ~Tgwar ~madlayla ~gabslifecs ~LaddyZoe ~AmaSenju ~Tia_Da_Merenda ~candy555 ~lucy2020 ~mimi_tommo ~LoupGarouBerkan ~Lolita_Micah ~Pedhaki ~Yamanashi-san ~ankergayshipper ~TollieStiles ~TyHoe ~BrunoStilinski ~Sly_Death ~Kaliwarning ~deancasstiel ~Luiziam ~TellyXD ~micth ~mewruivx_allan ~devil6666 ~KFair ~Assuncao ~nrsantoris ~Cinxryuuu

Sério, vocês são incríveis! <3
Obrigado pela força! Minha vovó está bem melhor, apesar de eu ainda estar tendo que dar atenção à ela.
Desculpe quem lê Life is Strange, acho que o chap dessa semana vai se atrasar um pouquinho, vou tentar postar amanhã... =3

E... Espero que não tenha ficado muito grande esse capítulo XD Na hora que vi 6k palavras, falei ´miga sua doida, chega´, ahauhuhu

Amo vocês, até semana que vem! <3


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