1. Spirit Fanfics >
  2. Black >
  3. Fim da Guerra e Pesadelos.

História Black - Fim da Guerra e Pesadelos.


Escrita por: Josyanneh

Notas do Autor


Não me matem.

Capítulo 21 - Fim da Guerra e Pesadelos.


Ela esta lá, os olhos sem brilho como a primeira vez que a vi de novo. Sem lágrimas em seus olhos, apenas tristeza. Obra se levanta e vai embora, deixando apenas Zero aqui. Ele olha para ela e para mim e balança a cabeça. Tento me soltar novamente, sabendo que eu preciso tocá-la, confortá-la de alguma forma. Corrigir o semblante quebrado que apareceu nela. 

— É hora, END. É hora de dizer adeus. 

Ele atira em mim, a dor mal sendo registrada. Os gritos saindo de sua garganta enquanto ela assiste. Ela tenta se mover, mas não funciona. O sorriso dele é mal, tão sinistro, isso me quebra. Eu sei o que ele está prestes a fazer e o que eu estou prestes a ver. 
Ele olha para ela, erguendo a arma, eu vejo tudo em câmera lenta como se fosse um filme e é aterrorizante. Nada que eu possa fazer vai parar o que está prestes a acontecer, eu não posso chegar a ela rápido o suficiente, não posso detê-lo. É como se o meu próprio pesadelo estivesse em reprise na minha cabeça. Seus olhos param nos meus, ela observa, e ela sabe o que está prestes a acontecer. Seus olhos me dizem isso. Eu tento soltar as minhas restrições e dar a ela tudo o que tenho. Eles se libertam e tudo o que posso fazer é correr, correr para estar perto dela o máximo possível. Seus lábios em um sorriso, seus olhos em mim, mas a arma para ela. O barulho do rio fluindo abaixo é alto. Eu quero fazer parar, fazer cessar este momento de existência. O ruído é diferente de tudo que eu ouvi, o barulho. Então em seus olhos, uma única lágrima se forma, uma única lágrima desliza pela sua bochecha e cai para seus lábios, seus belos lábios rosados e cheios. Que eu já beijei em várias ocasiões. Agora substituído pelo sangue e lágrimas. 

Ele abaixa a arma quando o toque  e eu não lhe dou uma chance para levantá-la novamente. Eu bato o seu corpo ao chão, desarmando-o. A arma voa para longe dele e ele tenta rastrejar o corpo debaixo de mim para chegar a ela, mas eu chego primeiro. Seus olhos agora estão chocados quando eu aponto a arma para sua cabeça, apontando para ele como ele fez com ela. 

— Lucy— eu digo, deve ser a última coisa que ele ouve antes de eu matá-lo. Ele deve saber que isso é por ela. Os olhos dele estão bem abertos, a arma está agora posicionada em seu crânio. Eu clico no gatilho. Sangue voa e encharca o chão. Seus olhos estão abertos, e ele está esperançosamente no inferno. 

Eu ouço um gemido é firme e macio, é ela. Quando eu chego até ela, eu não quero tocá-la, ela está coberta de sangue mais do que eu. Seu peito agora vermelho, seus lábios rosados agora vermelho brilhante, as mãos segurando a barriga, agarrando-a, tentando parar a dor. Mas não vai, não dá, não pode. 

— Natsu — ela choraminga. Eu pego sua cabeça, levanto e coloco no meu colo. Seus olhos me seguem quando ela os fecha pela dor de se mover. Mas eu preciso abraçá-la, eu tenho que fazer isso. 

— Não feche os seus olhos, Lucy. Não... — uma dor tão intensa rola através de mim. Como se um pedaço da minha alma acabasse de ser arrancada. É insuportável. 

— Eu amo você, Natsu Dragneel — diz ela, e lá se vai o último pedaço de mim, quebrado, nu para todos verem. Ele está rasgando seu caminho através de mim, a perda, depois de finalmente consegui-la de volta. Eu não posso aguentar isso. Meu mundo deixa de existir. Eu poderia viver antes, apenas viver. Agora, eu iria morrer, morrer, apenas para sair desta miséria. Embora a miséria seja algo que eu mereça. 

— Eu amo você, Lucy Heartphilia. 

— A dor está indo. — um sorriso toca seus lábios vermelhos. Eu ouço as sirenes, elas estão ficando mais altas. — Não se esconda novamente... — ela respira pesado, sua respiração ficando lenta. — Brilhe, Natsu... o mundo é feito para te ver. 

— Eu não posso, não sem você. — eu toco o seu rosto e ele está frio. Ela fecha os olhos, e eu vejo quando o último suspiro deixa sua boca. 

É tudo preto agora, tudo é preto, assim como eu. Assim como tudo que eu toco.  


* * * 

Jellal nos rastreou, é assim que a ambulância e a polícia sabiam para onde ir. Jellal foi o primeiro que eu vi, ele correu até a colina com uma arma na mão. Ele olha para mim, em seguida, para Lucy. Ele entra em pânico, tira a camisa e cobre seu corpo. 

Ela é levada para o hospital, e por todo o caminho seu coração para e volta. Como um jogo, um jogo que eu não quero jogar. 
Eu caminho, eu ando pelo hospital. Me levanto, em seguida, me sento, então volto a andar. Como posso controlar o que está acontecendo comigo? Como posso acertar as coisas? Como posso fazê-la sentir de novo? Eu espero e espero os médicos. Passa horas e horas e eu faço exatamente a mesma coisa, eu espero. 

O médico sai horas mais tarde dizendo que eu posso vê-la agora. Meu coração pula, eu realmente o sinto iniciar novamente. 
Ela está agora em recuperação e dormindo. A cabeça dela estava muito machucada, seus mamilos tiveram de ser reconstruídos, seu corpo precisara de tempo para se recuperar. Eu lá com ela todos os dias, sai uma unica vez, apenas quando recebi uma notícia, a notícia que Jellal acabou de me trazer. 

Ele encontrou Obra. 

A polícia acampava na porta do quarto de Lucy, cortesia de Leo. Eles também atriburam todos os meus assassinatos para Zero, por que originalmente era ele quem matava e deixava um cartão, o mesmo que eu fazia em cada assassinato que cometi. Ninguém suspeitava de mim, eu era jovem quando começou os assassinatos em primeiro lugar, de modo que o caso está encerrado e eu sou uma pessoa livre.

Eu beijo a sua cabeça, aperto sua mão e saio do hospital, vou direto para minha casa. Gray está lá, assim como Jellal. Gray parece mal, como se ele ainda devesse estar no hospital. Talvez ele devesse estar. Eu não falo com eles quando vou diretamente para o meu quarto, pego todas as armas que eu posso, amarro a mim mesmo e saio. 

Eu sigo o endereço e vejo que é um clube de strip. Um, dos muitos que o clube possui. Ele está se escondendo lá. Ele ouviu que seu presidente está morto e agora ele se esconde pela sua vida. 

Gray e Jellal me seguem. Entrando em seus próprios carros e me seguindo até eu parar em meu destino.  Os seguranças estão do lado de fora. Gray se aproxima e os manda dar o fora. Eles lhe dão um olhar estranho, mas tecnicamente ele é o presidente agora. 

A música é alta quando entramos, o lugar está em trevas. Eu procuro por ele e não o vejo em nenhum maldito lugar. Gray aponta para um quarto na parte de trás e começa a entrar. Eu o sigo e quando ele abre a porta, lá está ele com o pau na mão e uma mulher  de quatro no chão. Gray sorri e pega sua arma, fazendo Obra congelar. A menina no chão grita e corre para a porta. Nós a deixamos passar. 

Ele olha para nós, seus olhos sobre Gray, avaliando seu dano. Ele puxa e acaricia seu pau. Eu puxo uma faca do bolso, caminho até ele e corto a mão que está em seu pau. Ele a puxa de volta e um grito escapa de sua garganta. 

— Seu filho da puta! — ele grita. Gray tem uma corda em suas mãos. Ele caminha para um lado de Obra e eu vou para o outro. Há uma mesa no quarto. Jellal dá uma coronhada na cabeça de Obra e nós o colocamos na mesa. Gray começa a amarrá-lo. 

— Quando eles vão estar aqui? — pergunto a Jellal e ele coça a cabeça. 

— Você tem certeza que quer fazer isso? — ele pergunta. 

— Jellal, quando? — pergunto, impaciente. Ele puxa seu telefone do bolso e olha para mim. Eu não durmo há dias, fico apenas sentado na cama dela, esperando que ela fale, que ela me veja. 

— Você tem dez minutos. — eu confirmo com minha cabeça. Gray retira toda a roupa de Obra, o deixando completamente nu, ele está começando a despertar. Ele puxa as mãos contra as cordas que o prendem à mesa, mas não tem sorte. Gray se garantiu disso. 

— Vamos jogar um jogo — eu digo a ele. Ele parece em pânico por um segundo, então ri. 

— Isso é tudo que você tem? Me cortar, eu adoro isso, — diz ele. Eu aceno para Gray, e ele agarra o arame farpado de sua bolsa e começa a prendê-lo na boca dele como um pano, impedindo-o de falar do mesmo modo que ele foi. 

Eu me aproximo da mão que está colocada sobre a mesa e deixo a frieza de minha faca tocar o dedo mindinho. Ele olha para ela, o arame cortando sua boca cada vez que ele se move. Gray sorri. 

— Eu acho que o jogo que devemos jogar deve ser Une, dune, tê, — eu digo, tocando cada dedo. — Uni, — eu digo, sorrindo para ele antes de bater a faca em seu dedo mindinho, cortando-o. 

— END, — Jellal diz, olhando para o dedo no chão em estado de choque. Gray tem um sorriso no rosto. — Estão aqui, — diz ele. Olhando por cima do ombro, vejo um grupo de homens de pé, olhando em volta, mas o líder tem os olhos em Obra. 

— Jellal — ele acena para ele quando ele entra. Estes homens são perigosos e pervertidos. Homens que eu não iria me associar. Jellal sim, no entanto. Ele tem feito o trabalho para eles. Ele me disse que se eu lhes pagasse o suficiente, seus homens fariam o que eu quisesse. Eu simplesmente não podia ficar lá para ver. 

Então, eu os pago, eu os pago para estuprá-lo. Quebrar a sua alma, quebrar o seu corpo. Assim como ele fez com Lucy. Um homem pequenino vem pulando, as unhas pintadas e seu cabelo é longo e está amarrado. Ele olha para mim, sorri e assobia. 

— Eu quero jogar com você, — diz ele, piscando. O homem no comando o chama, e ele pula em decepção quando ele caminha até um Obra nu. Ele começa a se despir, e então saímos. Eu vejo como ele sobe em cima da mesa, o pau na mão. Ele me vê e sorri, em seguida, bate em Obra. 

Isso é tudo o que posso ver enquanto ele grita. Eu saio pela porta da frente, o céu esta brilhando. Gray  aparece ao meu lado, tremendo. Eu toco seu ombro, ele parece surpreso. Só eu sei o que eles fizeram com ele, sei como  o fizeram se sentir. Foi Obra que fez isso com ele, ele me disse. Então, eu devolveria isso à Obra. Para Gray, e especialmente para Lucy. 

— Você vai protegê-la? — pergunto, Jellal está lá com os óculos na cabeça observando enquanto eu falo com Gray. 

— Claro. 

— Eu não vou sempre estar lá, Gray. Ela é minha alma, ela a possui. Eu sangro por ela. Eu choro por ela. Você entendeu? — ele acena com a cabeça, e eu sei, eu sei que ele vai protegê-la. Ele vai colocar ela em primeiro lugar. Assim como ele fez comigo, e, assim como eu faço com ele. 


 

Lucy Pov's

 

Eu acordo com os olhos pesados, não há vozes em torno de mim além de um sinal sonoro constante. Eu não me lembro do que aconteceu ou por que eu estou encontrando dificuldade para me mover. Eu consigo abrir os olhos e acho Natsu dormindo em um sofá ao lado da cama. Seus olhos estão fechados, os pés cruzados. Eu tento dizer algo, mas minha garganta está seca demais. Nada sai além de um pequeno guincho. 

Natsu salta ou ouvir o meu som e imediatamente esta de pé ao meu lado. Ele pega um copo de água e coloca em meus lábios. Eu saboreio lentamente, em seguida, ele o guarda e toca meu rosto suavemente, a tanto carinho em seu toque. 

— O que... — é tudo que eu consigo dizer. 

— Você levou um tiro, Lucy. — me lembro, então eu me lembro de Natsu correndo para mim. Eu me lembro dele sendo preso e não sendo capaz de se mover. Então eu me lembro da arma. — Você dormiu por duas semanas — diz ele, de pé ao meu lado. Ele parece tão cansado. Eu chego e toco a sua mão. Ele olha para ela e não fala. Eu tento não me lembrar do resto, as coisas que aquele homem fez comigo, eu tento não pensar em nada, apenas nos olhos verdes de Natsu.  

 

* * *  

 

É finalmente hora de eu deixar o hospital. Natsu tem estado na minha cabeceira todo dia, sem falar muito, apenas me observando. Ele não permitiu que ninguém entrasse no quarto, tem sido apenas ele por duas semanas inteiras. Eu comecei a ver um lado diferente dele, um lado preocupado e medroso que eu pensei que ele não possuísse. 

— Me leve para o lago, Natsu — eu peço quando chegamos ao seu carro. Ele abre a porta e só olha para mim. 

— Casa, Lucy. — Ele exige, tão quebrado. Meu lindo, homem forte, tão belamente quebrado. 

— Não, eu só preciso me lembrar. Eu só quero ver a água, ver com você. — ele me ajuda a entrar no carro e se senta. Ele fica lá por um tempo, sem se mover, apenas pensando. Então ele começa a dirigir, e ele está me levando para lá. Mandando um texto enquanto ele dirige. 

Quando paramos, ele me diz para esperar no carro. Então eu vejo quando ele agarra uma ferramenta para fora e faz um buraco na cerca para nós passarmos. Ele volta para o carro, me pega e me passa através do buraco e me leva exatamente no mesmo lugar onde nós saltamos. 

***

 

— Eu não esperava isso, — diz ele. Me viro para ele e o vejo me observando. Na verdade, eu vim aqui para dizer uma coisa, algo que o médico me disse. 

— Você não esperava? — pergunto sorrindo. Ele ajusta o meu peso e balança a cabeça, seus olhos verdes olhando para os meus. 

— Eu estou feliz que não, Lucy. As melhores coisas são inesperadas. — o olhar que ele está me dando é como nunca vi. É cheio de amor, tanta emoção, ele mantém tudo em seus olhos. Dizem que os olhos são a janela da alma, eu acho que eu vejo sua alma, e é a coisa mais linda que eu já vi. 

— Meu coração sangra por você, Natsu Dragneel. 

— Meu coração chora por você, Lucy... — assim quando ele diz essas palavras, seus olhos se arregalam e um tiro ressoa. Eu olho atrás de seu ombro. Obra está ali, sorrindo com uma arma na mão. Eu olho para Natsu, seus olhos se abrem e se fecham, seu braço sobre mim escorrega. Sangue começa a escorrer de sua boca. Ele olha para mim e nós caímos. 

Juntos, caímos no lago. Seu corpo bate no meu, me empurrando sob a água. Dói tentar nadar para cima. Meu peito ainda está dolorido das minhas cirurgias. 

Eu chego ao topo, com falta de ar, olhando em volta procurando Natsu. Eu não posso encontrá-lo. Eu nado sob a superfície, procurando por ele o melhor que posso, mas voltando sem nada. Minha respiração começa a ficar curta, quando eu percebo que eu nunca vou encontrá-lo neste lugar. Eu nado na área do lago, meu peito doendo e puxando com cada braçada que dou. Eu não acho que é a dor da cirurgia, é a dor dele, o medo de perde-lo. Como se uma faca me esfaqueasse, novamente, e novamente. Eu círculo três vezes, e não encontro nenhum traço dele. 

Meus olhos estão agora cobertos de lágrimas, a água se misturando. Eu mal posso ver quando eu tento me puxar para cima. Esperando que Obra esteja lá para me dar à mesma morte que ele acabou de dar à Natsu. Uma mão me alcança, me puxando do lago. Eu luto com ele, esperando puxá-lo comigo, mas ele grita comigo. 

— Pare, Lucy! — eu percebo que não é Obra. É Gray. Ele me pega e me leva para a sua caminhonete. Eu olho para fora, minhas lágrimas borrando minha visão, enquanto eu assisto um carro em chamas.  É a caminhonete de Natsu.  
Eu tento falar com ele. Aponto, aponto para o lago. Gray tira os sapatos e camisa, me atira o telefone e corre de volta para o lago. Eu o ouço gritar o seu nome, o ouço nadando na água, esperando e rezando para o melhor. Eu chamo a polícia, a minha voz não sendo capaz de conseguir dizer as palavras. 

Eu me movo para a borda, onde ele caiu. Eu olho para aquele local. Esse ponto que vai segurar diferentes sentimentos em relação ao que costumava ser. Eles vão agora segurar meus pesadelos, disso eu tenho certeza. Minhas mãos tremem quando eu me inclino, gotas de água nelas, só que não são do lago, são as minhas lágrimas. Elas estão caindo tão lentamente que eu nem sequer percebi isso. A dor está me consumindo, me segurando, estrangulando minha vida. Eu não sei como lidar com isso. Como trabalhar com isso. Eu não consigo parar as lágrimas, não posso parar a faca que está apunhalando meu coração. 

Eu me viro para me levantar e me afasto para ver Gray mergulhando para dentro e fora da água. Procurando e procurando exatamente da mesma maneira que eu estava. Eu grito, ele para. Ele esteve lá por tanto tempo que suas mãos estão enrugadas da água. Ele olha para mim antes de sair da água. Suas mãos me circulam e ambos gritamos e choramos por Natsu.

 
* * *  

 

Eu não durmo, eu não posso. Gray fica comigo, mesmo quando eu digo a ele para ir. Mergulhadores estiveram no rio por dias procurando por ele. Eles não encontraram nada e então cancelaram a busca. Eles sugeriram que fizéssemos um enterro. Um enterro sem corpo? Eu não vou fazer isso, eu não posso fazer isso. 

— Você está grávida? — Gray pergunta, a boca apertada. Ele não fala muito. Ele tem o meu telefone na mão e olha para mim de boca aberta. Eu assinto e ele balança a cabeça. Ele corre do quarto, volta com um prato cheio de comida, se senta na minha frente e me diz para comer. Ele fica lá observando até que eu dou a minha primeira mordida, a primeira em dois dias. 

Eu não fiz nada além de chorar. Eu choro para dormir, choro quando tomo banho, choro quando eu olho para o meu quarto. Eu não sei como eu tenho mais lágrimas, ou como meus olhos ainda são capazes de produzir tanta umidade, quando não há mais nada em mim. Nada além de uma casca de uma pessoa. 

Eu acabo dormindo naquela noite, mas os pesadelos assumem e eu não acordo até uma hora depois, gritando. Gray corre para o quarto, me vê chorando e sobe na cama comigo. Ele coloca um travesseiro entre nós e me puxa para perto, envolvendo sua mão na minha cintura. Me fazendo sentir segura, e pela primeira vez eu durmo por mais tempo do que algumas horas. 

Alguns dias eu não me movo. Outros dias eu me sento no chão do banheiro e fico lá durante todo o dia, com momentos em que minha cabeça está sobre o vaso sanitário. As lágrimas tem abrandado, mas a dor nunca vai. Eu choro até dormir. Esperando e rezando por um milagre que nunca chega. A polícia diz que eles não encontraram Obra, mas Gray sorri cada vez que digo isso porque ele me disse que teve cuidado. E eu não quero saber mais nada do que isso.  


* * *  

Meses começam a se passar, e antes que eu perceba, eu estou grande. Meu coração e minha cabeça ainda estão uma bagunça. Gray se tornou a minha zona segura, minha zona "Estou bem por enquanto".  Ele ajuda com as crianças, ajuda comigo. Mesmo que ele não precise. Ele me acalma quando eu acordo gritando na maioria das noites, me lembrando que eu ainda estou viva e que eu posso fazer isso. Mesmo quando eu sinto que eu não posso. Ele simplesmente se tornou meu melhor amigo e eu nem sequer sabia disso. 

Eu hoje eu descobri que é uma menina, eu disse a Gray que eu vou chamá-la de Nashi em homenagem ao Natsu. Ele sorriu um sorriso triste e foi embora. Eu esqueço que às vezes eu não sou a única sofrendo, eu esqueço que o seu amor por ele era tão forte como o meu. Ele às vezes grita em seu sono, e eu acordo com o travesseiro molhado quando eu ouço. Não é possível ajudá-lo, não sei como. Eu não posso nem me ajudar, e muito menos ajudar alguém.  


* * *  

Hoje eu tive Nashi, um belo e saudável bebê. Gray gritou com lagrimas, em seguida, as lágrimas vieram de todos os outros, incluindo eu. A dor me bateu duramente naquele momento, percebendo que ela nunca iria conhecer o seu pai, conhecer o grande homem que me salvou em várias ocasiões e sem pensar duas vezes. 

Eu ainda chorava até dormir quase todas as noites. Especialmente enquanto eu assistia Nashi crescer, vendo seus olhos verdes penetrando os meus com amor. Ela tem os olhos de seu pai, só que sem a dureza. 

Ouço Gray e Romeo contar histórias à Nashi a noite, e vejo como Max os ouve também. Eu recuo quando eu não posso ouvi-los dizendo grandes coisas sobre ele. Eu costumo chorar depois. Eu nunca chorei tanto em toda a minha vida, parece que a minha alma está sempre chorando, querendo algo de volta que está faltando. Mas ela sabe que não pode, então ela quebra e quebra um pouco mais a cada dia. 

Um dia, eu acho que vou ficar bem, um dia eu  acho que não vou chorar. Um dia eu vou encontrá-lo novamente, e esse dia é o dia que eu espero na maioria das vezes. Mesmo que esse dia esteja bem distante. 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...