Foi feito, tudo foi armado. Gray e seus homens fizeram um excelente trabalho. Agora era hora de isca meu peixe. Eu estou exatamente no mesmo lugar, o lugar onde a minha vida mudou para sempre, um lugar onde algo clicou em mim, onde ela diria que foi para melhor. Era nosso lugar, nossos segredos, nossos sussurros, a nossa dor foi compartilhada neste lugar. E agora está amaldiçoado, é agora um lugar que só contém pesadelos.
Eu observo Gray e seus homens carregando. É pesado e é preciso uma equipe para carregar. Era para ser seguro, onde os passeios eram combinados. Eles mudaram a aparência. Agora vai ser um lugar de pesadelos, assim como uma vez era meu lugar seguro. Mas já não é.
Eu vou até a colina, acenando para Gray e seus homens. Eles não olham para mim, eles não gostam de mim. Eles não gostam do que Gray e eu somos, eles não gostam da nossa amizade, eles não entendem isso. Embora ele seja seu líder, respeitam e reconhecem os seus direitos. Eles simplesmente não tem que gostar da companhia dele.
Eu ia para o mesmo lugar que eu acordei todos esses anos atrás - todos esses anos sem memória. Contemplando o que vou fazer, e como eu vou fazer, várias coisas vêm à mente, nenhuma parece muito benéfica para ele.
Ele me traiu, me afastou daqueles que eu amava. Leo pode ter sido parte disso, sim, foi ele que disse à August, no qual eu descobri que foi August que disse para Obra atirar em mim, o suficiente para me nocautear. Ele havia planejado isso, tinha planejado desde que ele descobriu que eu estava atrás de Silver. Ele sabia que eu iria ganhar, todos sabiam, mas Obra e Silver, eles achavam que poderiam me enganar. Pensaram que poderiam pegar o que era meu e destruí-lo. Ela não foi destruída, ela é forte, muito mais forte do que eles poderiam ter previsto.
Leo está enterrado atrás de uma parede, ele não está morto, mas ele vai desejar que estivesse. Gray derrubou uma parede de tijolos, o colocou lá e selou quando ele estava desmaiado. Ele não pode escapar a menos que Gray escolha derrubar a parede. Seus gritos ficam sem resposta, seus gritos não são ouvidos. Ele está vivo, por enquanto...
Está quieto, tão quieto que posso ouvir cada vez que eu respiro. O lugar que eu chamei de lar por cinco anos está quebrado, mais quebrado do que eu já estive. O fogo acabou com o edifício. A garagem que uma vez que eu utilizava para torturar as pessoas não existe mais. Eu paro na frente, a porta aberta, e acho por um segundo que ele mentiu para mim, porque ninguém está aqui. Então eu ouço passos tão baixos, aparentemente, não querendo ser ouvidos. Até que eu vejo seu rosto na porta. Ele sorri para mim, mas é tudo menos agradável.
— END! — ele acena com a cabeça, o sorriso sinistro tomando conta. Não há necessidade de dizer o nome dele, ele não vai ter essa vitória. — Você matou todos os meus homens, END. Me diga onde minha filha está. — ele parece não ter armas com ele. Ele seria um tolo de não ter armas, e ele não é bobo. Elas estão, obviamente, escondidas.
— Você vai visitá-la em breve.
Seus olhos se arregalam em surpresa. — Ela te amou.
— Ela me usou.
Ele balança a cabeça. — Você a matou, não foi?
Um sorriso toca meus lábios.
— Eu estava esperando que você não dissesse isso. — ele se afasta para a esquerda, atrás da porta. O meu telefone começa a tocar, eu não olho para ele, exceto quando sua mão puxa o que ele tem escondido atrás da porta. Sei automaticamente quem está me ligando.
Lucy.
Os olhos dela se estreitam, ela acena pra mim, sem ter ideia do que está acontecendo. Como poderia, ela é apenas um menina.
Minha filha.
— Nenhuma reação? Eu tinha certeza de que uma vez que você soubesse que ela tinha tido sua filha, isso fosse tudo que você se importaria. — sua cabeça inclina para me estudar, então ele puxa a camisa pequena de Nashi para trazê-la para mais perto dele. Protegendo sua frente, no caso de eu atirar.
— Atenda o telefone, END, eu tenho certeza que ela está preocupada. — ele aponta para as minhas calças onde meu telefone não para de tocar. Eu mantenho meus olhos treinados sobre ele enquanto eu alcanço e trago o celular para o meu ouvido. Sua voz é estridente e eu tento não puxá-lo para longe.
— Meu Deus! Natsu... Natsu você está aí? Alguém levou a nossa filha. Você está me ouvindo? Ela não está na creche. Alguém a levou. Natsu... Natsu! — ela grita através de mim.
— Eu sei…
— Você sabe? — esse grito foi para mim. — Traga ela de volta, você está me ouvindo? Me traga ela, Minha filha... porra! — a última palavra é gritada tão alto no meu ouvido que eu tenho que puxar o celular.
— Eu vou.
— Eu vou ligar para Gray, — diz ela, em seguida, desliga. Eu coloco o telefone de volta onde estava. August está ali de pé, sorrindo.
— Agora me diga onde ela está.
— Você quer a localização do corpo dela? — eu não deveria ter dito isso, eu não estou acostumado a proteger outras pessoas. A pequena Nashi grita quando August envolve suas mãos firmemente em torno de seu braço. Ela olha para August, em seguida, de volta para mim. Ela não chora, com certeza ela é minha filha.
— Uma criança por uma criança, — diz ele, e é quando eu ouço. O som das folhas sendo pisoteadas. Não poderia ser Gray e seus homens ainda. Eles devem estar saindo de lá só agora. Então, eu sei que não é alguém para me ajudar ou para ajudar a pequena Nashi, é alguém que está com August. Eu não viro rápido o suficiente. Alguém joga algo em mim, bate no meu ombro e começa a queimar, assim quando me viro uma segunda faca passa voando. Um homem que eu nunca vi antes está a poucos metros de mim, o seu braço direito cheio de facas pequenas. A terceira faca passa perto da minha cabeça. O cara sorri e pega outra. Agora eu vejo tudo e sou capaz de desviar.
A pequena Nashi está observando, os olhos arregalados de terror. August ainda tem a mão com força em volta do braço dela. Vai ficar marca.
— Acabe com isso! — August grita para o homem jogando as facas em mim. Não demora muito para eu reagir.
— Feche os olhos, garota, — eu digo a Nashi, suas mãos sobem e cobrem os olhos. Enquanto eu o observo, uma faca atinge minha mão direita. Graças a Deus não é a esquerda, porque eu puxo a arma da minha calça. O homem que está com as facas amarradas à seus braços me vê pegando e ele começa a jogar faca atrás de faca, bem quando eu atiro. A bala atinge o ponto certo. Seus olhos se alargam quando ele cai no chão.
Quando eu volto, August e Nashi se foram para algum lugar dentro da casa. Eu ouço o som de carros, Gray desce de um seguido de perto por Jellal e Lucy furiosa e angustiada. Ela olha ao redor, as mãos tremendo. Ela me vê e corre para mim, olhando para a minha mão, onde a faca ainda está incorporada, então ela segura e puxa.
— Onde ela está, Natsu? — sua voz é alta em pânico.
— Lá dentro. — eu não deveria ter dito a ela, ela não pensa duas vezes quando ela corre para aquela casa. Não leva muito tempo para nós a seguirmos. Gray está bem atrás dela, Jellal para trás de mim e puxa a faca do meu ombro.
— Se eles machucarem ela, eu vou esfaqueá-lo com esta faca. — ele a segura em suas mãos e a joga no chão antes de entrar na casa. Assim que eu passo pela porta, eu ouço a moto de August. Recuando para o lado de fora, eu o vejo sozinho montando sua moto. Ele deixa para trás poeira e pedras, acelerando o mais rápido que pudo para sair daqui. Eu ouço Lucy chorando, e a pequena Nashi dizendo que ela está bem. Gray caminha até a mim, parando.
— Se eu fosse você, eu iria embora — diz ele, olhando para trás. Eu não posso vê-los, mas posso ouvi-los.
— Ela está bem?
— Ela está bem, não é com ela que você deve se preocupar. Se ela não te matar, eu mato.
— Ela não é sua filha.
Suas narinas se inflamam e ele se aproxima de mim. — Eu sei disso, mas eu estive lá todos os dias enquanto você esteve fodendo sabe Deus quem e fazendo sabe Deus o que. Ela pode te amar, você pode amá-la do seu próprio jeito, mas você ainda tem muito a provar, e a maneira que você está fazendo as coisas não vai ajudar em nada.
— Eu tenho que matá-lo! Ele precisa morrer. — sua cabeça balança para frente e para trás.
— Eu sei como você faz as coisas, ela não compreende isso totalmente. Ela quis fazer você feliz, e estar com ela deviria supostamente te preencher ou alguma merda assim. Tanto que você não precisa do que você precisa.
— Não é tão fácil.
— Bem, eu odeio dizer isso... o amor só pode te levar até certo ponto. Chega um momento em que não é o suficiente. Ela já chegou a esse ponto, eu acho. — ela aparece, a pequena Nashi em seus braços. Ela me vê e sorri, mas Lucy não. Eu a observo se aproximar e entragar a pequena Nashi para Gray. Ele o pega, então acena para mim. Todos eles caminham de volta para o carro e ela para na minha frente, vestida com shorts e uma camiseta - linda. Seu cabelo está solto por suas costas, seus olhos castanhos olhando para mim, cheia de... eu não sei... raiva de mim?
— Chega, Natsu, chega. — sua cabeça balança, lágrimas caem.
São por minha causa?
— Lucy...
Sua mão se levanta, me impedindo de falar. — Eu te amo, te amo tanto que eu posso sentir meus ossos rachar, me rasgando. Mas eu não posso mais fazer isso, não quando se trata deles. Eles são minha primeira prioridade, eles estarão sempre em primeiro lugar. — eu tento entender, eu realmente tento. Eu apenas não posso compreendê-la, eu lembro do amor da minha mãe, não muito, mas eu vejo vislumbres dela. Eu não acho que foi poderoso o suficiente para substituir qualquer outra coisa.
— Eu te disse, eu te disse que eu não era bom para você.
— Vá se foder! Foda-se você e suas crenças. Abra a porra dos seus olhos. Eu sei que você não entende o amor, mas me diga como se sente ao ficar sem mim? Me diga Natsu, agora?
— Como se eu estivesse me afogando, — eu admito.
— Bem, você vai continuar a se afogar. — e com isso, ela não olha para trás enquanto caminha até o carro e entra, puxando a pequena Nashi para seu colo e cobrindo-a de beijos.
***
— Você quer que o corpo dela?
A raiva dele é evidente na sua resposta. — Eu vou matar você! — ele grita através do telefone.
— Venha sozinho, August. Venha para o lugar onde tudo começou. — ele sabe de onde eu estou falando. — Você tem dez minutos. — eu desligo o telefone e olho para baixo. Me lembro de tudo - lembro de segurá-la em meus braços, me lembro de suas palavras e a forma como ela olhou para mim, do jeito que ela me amava. Agora eu estou preocupado, eu estou preocupado de não ter isso de volta, de que eu não posso tê-la de volta. Eu estou tão quebrado, tão danificado, que eu estrago e destruo tudo ao meu redor. Não posso, eu não posso estragar tudo. Eu tenho que consertar isso. Eu preciso aprender, aprender a parar de me afogar.
* * *
Ele veio, e ele veio sozinho. Ele desce de sua moto, a arma na mão e caminha em minha direção. Ele dá um passo para o lado, não muito longe de mim. Olhando para baixo, em seguida para mim. Depois ao redor... por ela.
— Onde ela está, END? — um encolher de ombros. Ele levanta a arma para mim. — Você disse que iria trazê-la, ela te amava.
— Ela te amava, August. — eu vejo Gray aparecer atrás dele, tão silencioso que você não seria capaz de ouvi-lo. Ele coloca o cano da arma na parte de trás da cabeça dele. August congela, seus olhos se arregalando. Ele tenta se mover rapidamente, torcendo seu corpo ao redor. A coisa sobre Gray é que ele é rápido, muito rápido. August é imediatamente derrubado no chão e Gray chuta sua arma para longe, em seguida, pisa em suas mãos, cavando suas botas de aço até suas mãos sangrarem.
Ele olha para mim, ele tem um brilho em seus olhos, ele acha que eu me importo com ele, que eu não vou fazer o que eu estou prestes a fazer com ele. Ele está errado, não importa quão boa ela pensa que eu sou, há um mal tão profundo que implora para ser lançado, e ele está prestes a ser lançado encima dele. De uma forma lenta e silenciosa.
— Você não vai fazer isso, você não pode. Eu vi você com eles. Você ama... ama muito. Você não pode fazer isso. — suas mãos estão sangrando, gotas de sangue pingando no chão onde ele está ajoelhado. Ele sorri quando ele acha que está certo.
— Você acha isso, não é? — eu sorrio para ele. Gray caminha até mim, deixando August no chão, ele vê o que está atrás de mim. August tomar uma ingestão rápida. Então ele olha para mim, e Gray bate no meu ombro.
— Lembra do que falamos? — eu aceno com a cabeça, ele está saindo. — Até outra vida, irmão, — diz ele, e eu observo enquanto ele vai embora. Pergunto-me quando ou se consiguirei vê-lo novamente.
— Ele a ama, — August levanta a cabeça. Suas palavras me deixa irritado, não é uma boa posição para ele ficar.
— O que você sabe sobre o amor? — eu atiro de volta para ele.
— Eu conheço o amor, End, eu conheço. Quando você o tem, você fará qualquer coisa para segurá-lo.
— Eu vou, eu tenho.
— É por isso que eu sei que você não vai fazer o que você planejou para mim. Ela não gostaria que você fizesse, não é? — ele está me testando, ele está tentando negociar a sua vida. Não vai funcionar.
— Mas olha só, há algo em mim, algo que a maioria não tem. E é sombrio, August. Como você acha que eu recebi o meu nome? Por que você acha que eles não usam o meu primeiro nome? Não é porque é parte do meu nome, é simplesmente porque sou sombrio. A escuridão me rodeia, escuridão me rodeia. — ele tenta se levantar, agora estou na frente dele. Ele fala comigo com os olhos, eles pedem perdão. Isso é algo que não posso lhe dar.
Ele levou minha vida.
Ele levou a vida dela.
A vida dela.
Isso é imperdoável. Ele não será perdoado, não importa o quê.
— Não, END, não me coloque nessa. — sua mão levanta e agarra minha perna. Eu o chuto, um homem crescido, um homem cruel, ajoelhado no chão abaixo de mim e implorando por sua vida.
Que pedaço de merda.
Eu bato a minha arma na parte de trás de sua cabeça, nocauteando-o. Ele cai de cabeça no chão. Eu ando até o cofre, que é agora um caixão, e abro. A porta é de aço, é pesada, e do tamanho perfeito. Jellal se aproxima, olha e balança a cabeça.
— Você realmente vai continuar com isso? — ele pergunta apontando para ele.
— Sim. — é o mínimo que ele merece. Ele me segue até um August inconsciente, pega seus pés enquanto eu pego seus braços.
— Acabou, huh — ele pergunta e eu levanto uma sobrancelha para ele. — Com Lucy— diz ele.
— Não.
— Para ela sim. Ela não aguenta mais, END. O coração dela não pode aguentar.
— Você vai me dar um trabalho e eu vou parar com isso.
Ele ri de mim. — Você quer trabalhar para mim? Em segurança? — ele balança a cabeça. — Você pode seguir ordens? Você não parece do tipo que pode seguir as ordens de ninguém.
— É o único plano que tenho agora. Bem, é o único plano legal que eu tenho. — nós o levantamos e largamos ele lá. Sua cabeça bate contra o aço e ele acorda. Jellal puxa uma arma, mirando em sua cabeça.
— Você carrega armas em seu trabalho? — eu pergunto a ele olhando para a sua arma carregada. Ele acena com a cabeça. — Então é um ajuste perfeito, — eu digo, olhando para August.
— END, não faça isso. Se eu não voltar amanhã, eles vão mirar na cabeça de sua menina. — os olhos de Jellal param nos meus, há medo neles.
— August, você não tem ninguém. Ninguém quer ter qualquer coisa com você, eles só lidaram com você por minha causa. Essa é a última vez que você vai ameaçar a minha família. — meu sangue está fervendo, eu sei que é uma mentira. Ele não tem ninguém, mas o ponto é, ele não deve ficar ameaçando-os. Ele sabe que é meu único elo fraco, ela é meu único elo fraco.
— END, você tem certeza de que ele está blefando? — Jellal pergunta, a arma apontada para August no caixão.
Sorrindo para ele, eu respondo: — Ele está. Diga adeus, August. Pense em mim quando você sufocar, pense em mim quando suas últimas memórias te consumirem, e pense nisso... a bala que eu coloquei na cabeça de sua filha, a forma em que seus olhos se abriram de surpresa, a maneira como ela caiu no chão. Ela agora é cinzas, queimada como uma batata frita. Ninguém nunca vai encontrá-la, ninguém nunca vai chorar por ela, ninguém vai se importar. O mesmo vai acontecer com você... oh, e desde que você quer tanto ver a sua filha, ela vai estar lá com você. Você pode sentir suas cinzas na ponta dos seus dedos? É ela, e assim como você pediu, eu a entreguei. — ele tenta pular para mim, mas quando eu empurro a porta de aço, ele só acaba perdendo os dedos.
Ele bate e grita quando nós travamos. Ele está perdendo o ar limitado que ele tem, ele vai morrer muito em breve e dolorosamente.
Jellal me ajuda a empurrá-lo até a borda, a queda é alta. Nós começamos e paramos. Bem, ele para. — É isso? É tudo isso que você precisa fazer? — eu assinto com a cabeça, nada mais precisa ser feito. Posso tentar novamente após isso. — Você vai tentar reconquistá-la, não é?
— Sim, — eu digo, então nós empurramos. Ficamos lá em silêncio, o caixão cai da borda, o estrondo ecoa no lago, uma vez que bate na água.
Um peso é retirado.
Não há mais demônios.
Somente anjos e eu pretendo levá-la de volta.
Eu pretendo tê-la de volta.
Mesmo que seja a última coisa que eu faça.
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