Ele nunca me escreveu de volta e isso foi a dias. Eu esperava algo, qualquer coisa, mas eu não recebi nada. Eu estive hospedada na casa da Erza, nossa amizade está se reconstruindo e até mesmo seu noivo começou a gostar de mim. Ele foi o único que me deu o número do E.N.D, mas não para usar excessivamente, apenas para dizer o que eu precisava e então eu deveria excluir.
Alguns dias são difíceis, muito mais difíceis do que outros. Alguns dias eu sinto a necessidade, a necessidade de vender tudo o que possuo e comprar o que eu preciso.
A droga, a loucura.
Fui contratada e agora estou trabalhando na sorveteria local. É simples, nada drástico, mas está ajudando a me manter distraída até que eu possa conseguir o que eu preciso.
Erza também tem falado com a minha mãe. Ela disse que quer me ver e que eu deveria ir vê-la. Eu não sei se eu posso. Eu preciso me sentir melhor sobre mim mesma primeiro, tentar colocar o meu corpo e saúde de volta no lugar. Eu ainda estou muito magra, e pouco saudável. Embora graças a toda culinária de Erza e Jellal isso está mudando. Eu posso sentir que as roupas que estou usando estão um pouco mais apertadas, o vestido agora me abraça em vez de se pendurar em mim. Erza tinha algumas roupas velhas que ela me deu. Ainda são muito grandes, mas lentamente eu vou voltar a usa-las.
Eu tenho que começar a trabalhar em uma hora, então eu decido sair agora. Eu não quero sobrecarregar ninguém, então eu escolho pegar um ônibus e andar o resto do caminho. Não é muito longe da casa Erza, então é uma curta distância. Uma vez que eu saio do ônibus, é uma caminhada de quinze minutos até a loja. Eu paro ao longo do caminho, admirando a roupa nas boutiques quando o meu telefone toca. Eu olho e vejo que é a minha mãe pedindo para me ver. Ela enviou a mesma mensagem duas vezes e eu ainda não respondi.
Mãos me seguram, quando tropeço em meu próprios pés, e ainda assim quase caio para frente numa parede de músculos duro. Com minhas mãos agora em seu tórax, minhas unhas quase cravadas ali, ouço uma ingestão aguda de ar como se eu o estivesse machucando. Eu olho para cima, e o homem que eu vejo me faz suspirar.
— E.N.D? — eu sussurro, seu rosto parece abatido e triste. Ele olha para baixo e vejo minhas mãos ainda sobre ele, o tocando, então eu rapidamente as removo e seu corpo relaxa instantaneamente.
Eu tocar nele é tão ruim assim?
— Lucy — diz ele, dando um passo para trás de modo que não estávamos mais tão perto.
— Eu enviei mensagens para você, — eu digo, não sabendo mais o que falar.
— Eu sei. — minha cabeça sobe para olhar para o rosto dele, os óculos cobrindo seus olhos.
— Você sabe? — eu pergunto, incrédula. Eu olho para ele. Eu sempre pareço estar perdida na sua presença. Apelo que tenho certeza que ele ainda não sabe que possui sobre mim. Sempre vestido da mesma forma, no entanto, um terno preto, um relógio de prata, camisa branca e botas pretas. Tão maravilhosamente lindo.
— Sim.
— Por que você não escreveu de volta?
— Eu não lido com telefones, eles são apenas para fins comerciais, — diz ele, como se isso fosse a única resposta que existente.
— Tudo bem... — murmuro, olhando para trás. Eu preciso continuar a andar se não vou estar atrasada.
— Você está trabalhando? — pergunta ele, finalmente olhando para mim, observando a roupa que estou usando. É uma saia e blusa listrada em vermelho e branco.
— Sim, e eu não posso estar atrasada para o meu segundo turno — eu digo, dando um passo para o lado para ir ao redor dele.
— Eu vou levá-la então. — eu começo a andar, e E.N.D se mantem ao meu lado.
— Você é muito intenso, — eu digo, mais para mim do que ele.
— Como assim? — ele pergunta e eu olho para ele, seus olhos sempre em frente. Eu posso sentir que ele está bem ciente do meu olhar. Embora ele opte por não reconhecê-lo.
— Você é diferente, misterioso, perigoso, mas gentil. — eu listo as coisas que eu já sabia sobre ele.
— Eu sou tudo menos gentil, Lucy — eu paro e viro para encará-lo. Ele se mantem de pé, mas percebe que eu parei e me enfrenta.
— Você é. Por que você iria pensar o contrário?
Ele se inclina para perto, tão perto que sua respiração está no meu ouvido antes dele falar:
— Você iria se esconder e desejar nunca ter me encontrado se você soubesse a verdade. Vamos deixar por isso mesmo, não é? — ele se levanta e continua a caminhar e eu corro para alcançá-lo. — É melhor se você não entrar em contato comigo novamente, — diz ele, parando do lado de fora da loja onde eu trabalho. Dou a ele um olhar perplexo. Como se isso fosse acontecer. Ele está de algum modo preso na minha cabeça, como um leão preso em uma gaiola apenas esperando por sua fuga.
— Ok, — eu murmuro, entrando na loja, tentando o meu melhor para não olhar para trás.
* * *
Meu turno está quase no fim. Eu estou trabalhando com um adolescente, e ele tem mais experiência do que eu, e isso me deixa triste. Felizmente ele é bom e me ajuda quando eu não tenho ideia do que estou fazendo. A porta soa, nos deixando saber que clientes acabaram de entrar na loja. Eu proponho fazer o meu caminho para sair da frente e assim quando eu faço, eu ouço a sua voz, rindo alto. Eu paro, olhando ao redor dolorosamente para Freed. Ele está sentado em um banquinho, jogando em seu telefone. Eu aceno para ele, esperando que ele vá olhar para cima. Eu não quero gritar. Tenho certeza que ele iria reconhecer a minha voz se eu falar.
Sting canta um olá a partir da parte frente. Freed olha para cima, procurando por mim. Quando ele me vê, eu aponto e murmuro com a boca para Freed servi-lo. Ele me dá um olhar estranho, olha para mim, então para lá novamente. Eu coloco minhas mãos em uma posição de suplica, implorando e ele finalmente se levanta e serve Sting. Eu fico lá, ouvindo o que ele diz, o quão docemente ele fala com sua nova namorada, e sabendo que é tudo mentira.
Eu tremo quando ele a chama de seu bebê, e eu tremo quando eu o ouço dizer que a ama. Eu quero engasgar quando ele a beija. Não é de afeto ou inveja, é puro ódio que tenho por este homem agora, nada além de ódio, talvez nojo, mas o ódio prevalece.
Me sento lá até que eles saem, eu fico lá até quando Freed volta, me dando um olhar confuso. — Você não quer servir o Sr. Sting? — pergunta ele, usando seu primeiro nome. Desta vez é a minha vez de dar a ele um olhar estranho.
— Você conhece Sting? — eu pergunto, confusa agora.
— Sim, ele é regular. Vem quase todo fim de semana. — eu gemo enquanto as minhas mãos voam para o meu rosto. Que sorte a minha.
— Olhe, o seu turno está quase no fim. Por que você não vai enquanto eu fecho? — agradeço a ele e faço meu caminho para fora, notando que Erza esta me esperando em seu carro, logo mais a frente. Ela sorri e acena para mim.
— Ele te viu? — estas são as primeiras palavras que saem de sua boca. É claro que ela o viu.
— Não. — eu suspiro aliviada.
— Bem, eu vim porque nós temos um convidado para jantar — ela diz, ligando o carro e dirigindo.
— Quem? — eu pergunto.
— O homem que você disse que salvou você... E.N.D.
Natsu Pov’s
Ela parece melhor, esta mais corada, seus olhos não estão opacos, ela até está ganhando peso, os peitos dela estão enchendo voltando ao que era antes, seus quadris estão ganhando forma. Eu a vejo andar para longe de mim e da minha vida novamente, isso está começando a parecer como um ciclo interminável, de novo, de novo.
Quando eu ando de volta para a minha caminhonete, eu sinto os olhares das pessoas sobre mim. Estou acostumado a isso. Eu ando como se eu não ligasse, o que é verdade. Eu não ligo. Caminho, sentindo os olhos em mim, e vejo alguém que eu não via há muito tempo. Ele parece exatamente o mesmo de sempre, cabeleira azul, corpo firme e bem construído, e intimidante. Ele caminha diretamente para mim, acena, e me olha de cima a baixo.
— Você está aqui para vê-la? — pergunta ele, apontando com a cabeça o lugar que deixe Lucy. Deve dai que ela conseguiu o meu número, Jellal o tem para trabalhos que não podem ser concluídos devido ao seu trabalho.
— Você deu a ela? — o interrogo, já sabendo a resposta. E ele confirma. Ficamos em um silêncio desconfortável, até que ele finalmente diz algo.
— Jantar na minha namorada às seis? — ele pergunta. Dou-lhe um olhar perplexo. Nós não socializamos, não é essa a maneira que eu trabalho com ele. — Lucy vai estar lá, — ele acrescenta.
E eu penso sobre isso. Eu quero vê-la novamente? Eu sei a resposta para isso imediatamente. Claro que eu quero. Mas eu deveria? Isso é provavelmente um não.
— Mande uma mensagem com o endereço — eu digo, passando por ele. Eu não vim a essa cidade apenas para este encontro, eu vim ver minha equipe de limpeza. Os que limpam as coisas sujas depois que eu termino com a pior parte.
* * *
— Droy — eu chamo quando eu entro. Sua cabeça aparece e ele continua mordendo o sanduíche. Ele acena e eu sigo. Há cadáveres alinhados no necrotério e ele está comendo? Eu posso ser capaz de matar, torturar, mutilar alguém, mas comer ao redor de cadáveres não é a minha.
— Você tem o pagamento? — pergunta ele, a última parte do sanduíche na boca e limpando as mãos em seu casaco. Pego uma pilha de dinheiro, e ele sorri com a boca cheia quando anda até ele.
— Eu acabei de cremar o último. Quantos mais esta semana? — ele conta o dinheiro enquanto fala comigo. Eu conheci Droy uma noite quando eu era mas jovem e novo para o jogo. Ele me ofereceu seus serviços quando ouviu o que eu fiz, embora isso venha com um preço robusto. Ter essa vantagem de que ninguém pode realmente encontrar os restos em qualquer lugar é um bônus, e as autoridades não pensariam em olhar em um necrotério. Então, eu devo a ele muito, daí a razão de eu pagar a ele muito.
— Nenhum, — digo a ele. Ele para de contar e olha para mim.
— Mudando para uma folha nova? — brinca ele, mas ele pode estar eventualmente certo.
— O negócio está lento, — eu digo, não deixando os meus pensamentos aparecerem. Ele acena com a cabeça e aponta para um saco de cinzas.
— Você quer algum deles? — eu olho para o saco de cinzas que é utilizado para guardar uma pessoa viva. Respiro e nego balançando a cabeça.
No momento em que eu termino no necrotério, eu dirijo para o endereço que Jellal me enviou. Eu penso sobre como voltar atrás várias vezes, mas isso não acontece, algo que eu não entendo me atrai nessa direção.
Quando eu paro vejo que Jellal está me esperando na frente da casa com duas cervejas na mão e um cigarro entre os lábios, e eu espero que tenha tomado a decisão certa.
Então eu tomo um assento na varanda na frente dele. Ele não diz nada, apenas me passa uma cerveja e olha para o nada.
— Eu fiquei noivo, — ele afirma. Eu aceno com a cabeça, sem ter ideia do que ele espera que eu diga — Não fale o que você faz — ele me avisa. Ele não precisa se preocupar com isso, eu nunca falo de qualquer maneira. Jellal trabalha no negócio de segurança para os empresários ricos. Eu o conheci através de um trabalho. Nós não falamos muito, apenas o básico. Era um trabalho, não havia razão para nos tornarmos amigos. Ele sempre parecia ter uma vantagem, uma em que ele poderia ser um de seus piores pesadelos se ele escolhesse ser. Eu respeitava isso, respeitava o seu trabalho. Isso não vinha fácil na linha de trabalho no qual ele esta. Bem, vinha fácil, mas muitas pessoas não poderia fazer isso durante o tempo que faço e ainda manter o profissionalismo.
— Eu gosto dela, e vejo por que de você gostar — diz ele depois de um momento de silêncio.
Um carro para, Jellal se levanta e caminha para uma ruiva que desliza para fora do assento do motorista. Ela olha para mim e sorri. Mas eu volto minha atenção para o assento do passageiro que não se move. Seus olhos estão colados em mim, a ruiva puxa Lucy para fora do carro. Eventualmente, ela sai e caminha lentamente em direção a mim. Ela parece insegura agora, mais fraca do que era quando eu a vi pela última vez.
— O que há de errado? — eu imediatamente pergunto, pensando o pior. Seus olhos olham para mim, depois de volta para o chão.
— Eu preciso... — ela começa a dizer então indica com a cabeça para onde sua amiga está com Jellal.
— Venha, — eu digo, pegando a sua mão e a segurando apertado. Eu praticamente a arrasto para o meu carro, abrindo a porta e a deixando entrar. Quando eu fecho a porta, eu me viro para ver Jellal e sua amiga olhando para nós com os olhos arregalados. Eu não respondo, caminho para o lado do motorista e dirijo.
— Você precisa de uma dose? — eu pergunto a ela, e ela começa a contrair as mãos, brincando com elas.
Ela olha para mim e nega com a cabeça. — Eu não... não até que ele entrou. — sua cabeça começa a tremer. — Como é que eu vou conseguir melhorar se apenas em vê-lo me faz querer ir para esse lugar escuro de novo? — eu posso ouvir a dor em sua voz, a luta interna que está acontecendo atualmente dentro de si mesma. Eu não sei exatamente do que ela está falando, embora eu ache que é do homem que ela amou uma vez.
— Você me disse, — eu digo, tentando pensar em algum lugar para nos levar para que eu possa distraí-la desse desejo. Eu gostaria de transar com ela, transar com ela tão forte que tudo o que ela vai implorar serei eu, mas eu não vou.
— Eu confio em você, — ela sussurra. É estranho alguém dizer essas palavras para mim. Elas nunca me foram ditas. Para mim geralmente e medo, terror, raiva. Mas nunca confiança.
— Você não deveria, — eu digo, parando ao lado da estrada em uma estação de trem. É familiar. Eu saio agarrando as latas de tinta spray. Ela se senta na caminhonete, pensando nas minhas palavras quando eu abro a porta, dizendo a ela para sair. Ela o faz, para, e fica olhando para mim.
— Você não me assusta, e não me diga para não confiar em você. — ela tem uma determinação em sua voz. — Você é a única pessoa... a única pessoa que me ajudou, sem esperar nada em troca. Você conhece isso? Conhece? — Raiva era o que eu sentia irradiando dela. E eu gostava disso.
— Todo homem me queria para alguma coisa, quer se tratasse de drogas ou sexo, sexo por dinheiro. Eu não tive uma única pessoa para cuidar de mim, ou mesmo procurar por meu paradeiro durante dois malditos anos, E.N.D! — ela grita a última parte, e uma lágrima desliza por sua bochecha. Ela está tentando ser forte, tentando mascarar o fato de que ela pode ser fraca. — Dois anos, — ela sussurra. Eu acolho o seu queixo com os dedos, seus olhos brilham com umidade enquanto ela olha para mim. A dor de não ter ninguém a amando, ou se preocupando com ela, é evidente em seus olhos. Eu me acostumei a isso há muito tempo atrás e foi difícil. Mas ela não deveria ter que fazer isso, não há nada de errado com ela, nada.
— Hora para distração, — eu digo, passando a ela uma lata de tinta spray. Ela olha para ela e realmente sorri. Eu olho em volta para certificar de que ninguém esteja aqui antes de arrastá-la para o trem vazio sobre os trilhos. Ela ri quando eu tropeço em uma pedra, não sendo capaz de ver claramente no escuro.
— Você é muito fofo quando você está bravo. — ela ri como uma menina.
— Eu não sou fofo, Lucy.
— Você é, E.N.D — diz ela, com um sorriso que evidente em seu rosto. Eu balanço a minha cabeça e tiro a tampa da lata de tinta. Eu começo a marcar seu nome, então pego vermelho para uma rosa quando ouço seu suspiro.
Eu me viro para olhar para ela e vejo quando ela deixa cair à lata, dando um passo para trás, para longe de mim. A evidência de quem eu sou está escrita por todo seu rosto.
— Você... — diz ela em tom de acusação.
— Eu... — eu sorrio para ela, finalmente sendo capaz de dizer a ela a verdade de quem eu sou.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.