1. Spirit Fanfics >
  2. Black and White - Book 1: Blood red >
  3. Capítulo 10 - Angústia

História Black and White - Book 1: Blood red - Capítulo 10 - Angústia


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


OOOOO chegamos ao décimo capítulo dessa aventura maluca aqui <3 Espero que as teorias já estejam bem afloradas porque a guerra está se aproximando e ela promete muitas emoções heuhue
Sem delongas, boa leitura <3

Capítulo 11 - Capítulo 10 - Angústia


Fanfic / Fanfiction Black and White - Book 1: Blood red - Capítulo 10 - Angústia

 

Chen estava perplexo com o que via. O casal estava preso em um bloco de gelo sólido, levaria horas para derreter e era difícil acreditar que eles estavam vivos. Não havia como respirar dentro de todo aquele gelo.

Xiumin podia sentir que o gelo não estava completamente sólido e que de alguma forma, um deles mantinha suas vidas preservadas ali. Olhou para o irmão esperando que ele lesse seus pensamentos. O mais novo fez careta de preguiça e preocupação.

— Vai dar trabalho — Suspirou ele — E eles podem nem estar vivos para falar a verdade.

— Eu ajudo. O que mais vai atrapalhar é a neve que não para de cair, mas vamos conseguir. Eu acredito que essa seja a nossa chance de salvar o nosso irmão. Eu... Sinto poder vindo desses dois. Se eles estiverem vivos dentro desse gelo, eles podem fazer qualquer coisa. – Xiumin fez sinal positivo com a cabeça.

Chen sentiu um embrulho apertar seu estômago. Fechou os olhos e colocou a mão na barriga tentando se controlar. Respirou fundo e assentiu. Deu a mão direita para o irmão e com a esquerda tocou no gelo. Seria complicado uma alquimia sobre outra oposta, era muito difícil de surtir algum efeito eficaz, mas ele não desistiria.

O calor que sua mão transmutou começou a ser transferido para a água congelada aos poucos. Nos primeiros minutos ele não obteve resultados, o que ele conseguia derreter, a neve da tempestade cobria de novo.

Ele se virou e vomitou na neve. O líquido verde e amargo rasgava sua garganta indicando que ele precisava se alimentar se não quisesse perder o estômago. Xiumin lhe ajudou e ele voltou ao gelo. Dessa vez, o que ele derretia, Xiumin levava para longe com a sua força.

Aquilo levou horas. A cada dez minutos Chen fazia uma pausa e tentava lidar com suas náuseas ao lado do irmão. Xiumin quase pediu para ele parar várias vezes, o irmão estava tão branco quanto a neve e sua febre indicava o quanto de frio ele estava sentindo — o que geralmente não acontecia nunca.

Quando finalmente acabou, dois corpos congelados foram esticados no chão. Chen vomitou mais uma vez. Xiumin tentou sorrir de satisfação para o irmão mesmo com a culpa que sentia.

— Você mandou muito bem — Minseok deu tapinhas leves nas costas do irmão — Agora temos que reanimá-los — Chen tentou lhe falar que não conseguiria — Chame Kyungsoo. Ele deve saber como fazer isso.

Chen assentiu e andou até a casa devagar.

Xiumin observou os céus e a tempestade de neve que parecia mais furiosa do que quando chegaram. Ele mal conseguia olhar para cima a neve tentava com sua velocidade e leveza machucar o seu rosto. Vapor condensado saia de seu nariz e boca sempre que respirava e seus dedos dos pés estavam dormentes, esperava que acabasse logo. Olhou para os dois corpos no chão e percebeu que o casal era mais jovem do que ele. A garota, não passava de uma menina que poderia ser mais nova do que Kai. E o garoto, tinha os olhos fechados. Seus cabelos negros estavam poucos e seus olhos tinham cicatrizes horríveis ao redor. Cicatrizes escuras de queimadura. Pareciam estar... Curando?

Antes que ele afirmasse Kyungsoo abriu a porta da casa e correu em sua direção. Ele estava nervoso e ansioso. Os olhos pequenos o faziam ter certeza de que ele estava dormindo quando Chen lhe chamou. Ele chegou arfando.

— Chen chegou desmaiando dentro da casa, o que aconteceu? — Ele perguntou se recompondo e olhando para os dois indivíduos congelados — Nossa...

— Era isso que você sentia?

— Acho que sim, estou sentindo isso mais forte... Estava vindo... Dele... — Apontou relutante — Para falar a verdade, Xiumin... Eles...

— Está sentindo, também? — Ele perguntou surpreso e Kyungsoo assentiu — Era como se eles tivesse feito um casamento de forças... Como se estivessem juntos de uma forma que não podemos ver. — Ele sabia que só tinha visto isso no caso dele de Suho que tinham forças unidas — Preciso que você os reanime. Eu não sei como fazer isso.

Kyungsso se acocorou ao lado da menina e suspirou. Colocou as mãos sobre seu tórax e esperou um pouco. Semicerrou os olhos e colocou o ouvido onde colocara as mãos e esperou.

— Ela está viva... Mas o coração está batendo tão lento... Quase não consegui ouvir — Ele recolocou as mãos e estendeu os braços. Kyungsoo abriu os dedos e começou a apertar com vigor repetidas vezes. Ele se sentiu estranho, era como se tivesse tentando reanimar um cadáver. Logo ele teve que fazer uma respiração de emergência e repetir o ciclo — Está difícil — Falou já começando a suar, apesar do frio.

Quando Kyungsoo estava prestes a desistir a neve subitamente parou de cair. Uma tosse ruidosa e que expelia neve dos pulmões da garota a invadiu. Kyungsoo se afastou um pouco e respirou, aliviado. Xiumin ainda olhava assustado para o céu que estava se limpando de forma tão rápida que seus olhos não podiam acompanhar.

Assim que ela abriu os olhos, o céu estava limpo, a neve estacionava no chão e o frio só continuava por conta de tudo o que já havia caído antes. Os dois ficaram calados enquanto a menina franzia a testa e olhava ao redor completamente confusa. Ela se sentou, alternou o olhar entre Kyungsoo e Xiumin e depois olhou ao redor.

— Parou de nevar? — Ela perguntou e eles assentiram relutantes — Quem mandou vocês me tirarem de dentro do gelo? — Ela tinha fúria na expressão, os olhos tremulavam e a respiração se tornava rápida e incontrolável.

— Calma — Xiumin se ajoelhou ao lado da garota e tocou em seu ombro. Ela se afastou com medo que ele sentisse o frio de sua pele. Ele respirou fundo e tirou as luvas das mãos — Eu não tenho mãos como você. Não se preocupe — Ela ficou calada — Você iria nos matar se continuasse dentro daquele gelo, e nós... Precisamos de sua ajuda.

— Eu deveria estar matando você agora por ter me acordado.

— O seu amigo...

— Ele não é meu amigo — Ela olhou para o garoto congelado — Ele chegou quando eu estava congelando, ele parecia tão desesperado quanto eu e eu apenas dei a ele o que ele queria.

— Ele está morto? — Kyungsoo perguntou assustado e ela riu.

— Deveria, mas não está — Ela começou a balançar o corpo do menor — Acorda coisinha — Ela o empurrou com força e o fez rolar duas vezes no chão — Ei coisinha — Ela balançou com mais força.

— Eu acho melhor... — Xiumin tentou intervir.

— O sono dele está muito profundo. Terá que acordar com uma queda, se não ele não vai sair de lá.

— Lá onde? — Kyungsoo insistiu em tentar entender.

— Já sei! — Ela levantou e sentiu os joelhos fraquejarem. Caiu no chão e logo se levantou sozinha, ignorando o que os dois falavam. Colocou o garoto nas costas e o derrubou com um perfeito ippon.

Assim que as costas do garoto bateram no chão ele abriu os olhos e ficou em pé sobressaltado. Xiumin e Kyungsoo continuavam sem entender nada. Logo que o garoto percebeu que havia pessoas a sua frente fechou os olhos e caiu sentado no chão. Xiumin franziu a testa, jurava ter visto olhos rubros quando o garoto se levantou, mas foi muito rápido.

— Zelo... Eles nos acordaram, é melhor você ver isso — A menina falou para ele que cobria os olhos com os braços — Ele precisa de um capuz, rápido! — Falou olhando para os dois que continuavam paralisados. Kyungsoo assentiu e foi até dentro da casa para procurar algum capuz.

— Você disse que não se conheciam quando se congelaram — Xiumin arqueou a sobrancelha e ela revirou os olhos.

— Eu não sei falar como, mas estávamos conversando o tempo inteiro. Em um lugar branco... Estranho... Isso não tem a ver comigo, deve ter a ver com ele...

— Cale a boca, SooHyun. Você nem o conhece e está falando essas coisas na frente dele para ele ouvir! — O garoto gritou ainda com os braços cobrindo os olhos. Kyungsoo chegou com o capuz e colocou no colo do mais novo. O garoto colocou o casaco de olhos fechados. As cicatrizes de seus olhos estavam mais evidentes para Minseok. Quando ele cobriu metade do rosto com o capuz, se levantou e continuou de cabeça baixa — Tenho que ir embora.

— Vocês vão ficar — Kyungsoo falou exasperado — Quer dizer... Precisamos da ajuda de vocês, por isso ajudamos vocês.

— Quem falou que precisávamos de ajuda? — A garota interviu ainda com raiva, apesar do rosto de menina, ela parecia ser tão madura em sofrimento quanto Xiumin.

— Não se preocupem... — Xiumin suspirou — Kyungsoo é sulino e dentro daquelas casas estamos abrigando quase um campo de concentração inteiro. Todos que conseguimos libertar estão abrigados e se continuasse com esse frio de matar...

— Espera... — Zelo falou estendendo a mão —... Melhor vocês explicarem isso direito.

 

***

 

Suho sentia metade do rosto latejar, seu olho direito aos poucos se fechava sozinho e inchava. O mesmo acontecia com seus lábios. Sentia um frio na barriga intenso, ficar naquela sala sozinho no silêncio fez seu desespero aumentar. Não demonstrava sua agonia, mas logo não aguentaria mais.

A sala não tinha nenhuma ventilação, tudo era fechado e a porta metálica, branca como a sala, tinha pequenos furos que deixavam entrar uma quantidade miserável de oxigênio. Ele olhava para o teto e notava que seu metal servia como uma porta que dava acesso para o lado de fora. Cada vez mais ele perdia domínio sobre sua força, seu braço mecânico que tinha nele escrito tudo que havia aprendido sobre alquimia do ar estava imóvel, ele tinha certeza que haviam tirado algum parafuso enquanto dormia.

Após horas que mais pareciam dias, Suho escutou um som alto vindo do lado de fora da sala, parecia um alarme, mas não um alarme de emergência. Era um alarme para que os soldados se posicionassem, ele conhecia aquele som.

O Füher estava chegando.

 

***

 

— Ai meu Deus, Chen — Jong In apoiava o irmão enquanto ele começava a expelir sangue da boca — Onde estão seus remédios... — Falou com a voz trêmula.

— Não adianta, não consigo ficar com eles no estômago — Reclamou com a voz rouca — Tem que ser na veia... — Tentava respirar melhor enquanto encostava as costas na parede fria do banheiro.

— Certo, vou procurar na mochila... — Kai se levantou e correu até as mochilas que ficaram no quarto.

Estava com a cabeça latejando pelo sono interrompido. Ver o irmão naquela situação de novo era desesperador. Ele sabia que quando ele tinha crises, era necessário muita atenção, afinal, Chen era o único que sofria todos os dias com consequências de erros que eles cometeram juntos. Ao contrário dos outros três que conseguiram substituir seus membros perdidos, não era fácil encontrar órgãos substitutos.

Kai pegou os remédios venais e correu para o banheiro para aplicar.

— Tudo bem? — Ele perguntou ao ver que o irmão olhava para o teco de boca aberta, sem se importar com o sangue e saliva que escorria do canto de seus lábios.

— Parece que... — Ele tentou molhar os lábios rachados —... Estou tentando engolir duas bolas de basquete... É horrível, Jong In.

— Jongdae... Não fale nosso nome real em voz alta — Sussurrou e Chen sorriu leve enquanto a agulha começava a entrar em sua pele — Os delírios são juntos a pior parte, não é?

— Sim... — Os dois olharam para a porta viram um garoto pequeno e magrelo lhes fitando. Kai reconheceu como sendo um dos amigos de Kyungsoo, mas nada disse. Chen começou a tossir novamente e o olhar de Baekhyun foi até ele.

— Como se fala “cai fora” na linguagem dos sinais? — Perguntou, mas o irmão não estava em condições de responder.

Baekhyun caminhou até os dois e se ajoelhou ao lado do que sangrava. O sulino olhou nos olhos de Kai, esticou o braço e empurrou o moreno para o lado. Ele não entendeu nada. Com os braços frágeis e magros, Baek ajudou Chen a se deitar no chão. O pequeno desabotoou a camisa suja de sangue e vomito, rasgou o zentai e deixou o peito do mais velho exposto.  Baekhyun tateou a pele e os ossos de Chen, sentiu o que ele tinha e o que lhe faltava. Depois de alguns segundos abriu os olhos e suspirou.

Ele fechou o punho e o colocou no meio do tórax. Antes que Jong In pudesse ter alguma reação, Baekhyun socou o seu punho com tanta força que o tórax de Chen, que estava abaixo, se contrair fortemente. O alquimista expeliu tanto sangue que Kai achou que ele morreria.

— Filho da puta! — Gritou e tirou o garoto de perto do irmão — Você está louco? — Assim que ia socar o garoto, seu punho parou no meio do caminhou ao ouvir Chen falar.

— Pare! — Ele ainda tossia — Pare... Eu estou respirando melhor... — Ele tentava falar enquanto respirava — Não sei como, mas... Estou respirando melhor...

 

***

 

Lay olhava nos olhos do alquimista capturado. O soldado tinha olhos atentos e um rosto inexpressivo que poderia ser assustador. Suho não conseguia identificar nele a fúria de um soldado comum, assim como ele via nos olhos do mais alto, Kris. Ele também não conseguia ver indiferença. Ele via nos olhos dele algo parecido com... Identificação.

Os olhos vazios do mais alto lhe davam a impressão de que ele sabia exatamente como ele se sentia, mas conseguia esconder muito bem se sentia pena ou se era indiferença para com ele. O soldado escutou a porta bater e se levantou. Ele ficou ereto, fechou os punhos e estendeu o braço para frente ao mesmo tempo em que o punho direito batia em seu peito esquerdo.

A porta se abriu. A parede branca do outro lado parecia mais escura para Suho, mas era apenas ilusão, pois ele estava esperando que aquela pessoa passasse por ela.

Engoliu em seco e começou a tremer as pernas e as mãos. Não estava preparado, nem um pouco. Tentou se manter firme, olhando para frente sem desviar o olhar. Ele escutou a canção de um violino aumentar de volume conforme os segundos iam passando. Os dois soldados na porta fizeram a mesma reverência que Lay e fixaram o olhar. Até mesmo Tao, com seus olhos vermelhos, conseguia parecer uma estátua naquela posição.

Primeiro veio uma violinista. Uma mulher pequena, branca e rechonchuda. Não era gorda, mas também não era magra, tinha face ocidental e olhos fechados por trás de sua máscara. Ela nem mesmo olhava para onde andava, concentrada em sua música lenta e melancólica. Ela entrou e caminhou até o fundo da sala. Ficou um pouco atrás de Suho e parou. Não de tocar, mas de andar. Suho a seguiu com o olhar até onde deu, quando voltou o olhar para a porta... Ele entrava.

O cheiro do cigarro era forte. Ele segurava-o através de uma piteira longa de prata. Suas botas longas e negras entraram na sala primeiro. O corpo esguio e branco tentava enganar pela aparência o perigo que aquele ser proporcionava para milhões de pessoas. O cabelo negro bagunçado e olhos pequenos que olhavam diretamente para Suho como se nenhum daqueles soldados existisse. Um sinal um pouco abaixo do olho direito lhe chamou atenção assim como os lábios incrivelmente róseos e as roupas luxuosas de um militar. 

Jong Suk sorriu e olhou para baixo para olhar nos olhos do alquimista preso a cadeira. Ele tinha altura e ao contrário de Lay, ele não se abaixava para olhar em seus olhos. Queria e podia estar acima de si.

— Bem vindo de volta. Su-ho — Falou o apelido de Joonmyeon como se fosse uma piada fingir que não sabia seu verdadeiro nome.

 

***

 

Quando a neve começou a derreter faltava menos de duas horas para o amanhecer. Soohyun ainda sentia muito sono e Zelo nada falava, escondia o próprio rosto no capuz de sua roupa e tentava não ter contato visual com eles, Baekhyun o observou atenciosamente tentando descobrir o que ele escondia.

O garoto havia quase levado um murro depois de dar um soco na barriga de Chen para ajudá-lo a respirar melhor. Não era nada demais, ele teve que fazer aquilo várias vezes quando estava no campo de concentração.  

Xiumin abriu o mapa de Syeon que estava um pouco danificado e começou a explicar rapidamente como pensava em invadir o campo e salvar Suho. Baekhyun semicerrou os olhos e leu os lábios do mais velho enquanto ele falava. Sua voz era muito desafinada para falar — ele não a ouvia, mas sabia por conta da vibração — por isso preferiu cutucar Kyungsoo e falar pela língua dos sinais para ele traduzir.

— Isso não vai funcionar — Kyungsoo reproduziu e Xiumin escutou. Baekhyun continuou falando e Kyungsoo esperou um pouco — Ele está dizendo que com toda a confusão que vocês causaram, os soldados humanos chamarão reforços.

— Damos um jeito, o planejamento deve ser diferente de todas as outras fugas, isso eu já esperava...

— Eles vão chamar mais soldados humanos, não robôs. E com toda a certeza, eles chamarão... O Füher.

Todos ficaram tensos e calados. Baekhyun viu Zelo se mover tenso.

— Está certo disso? — Xiumin perguntou e o menor assentiu.

— Quando estávamos lá, percebemos que dentre os quatro soldados humanos que estavam fiscalizando, um deles era muito mais inteligente. Por coincidência é o mesmo soldado que foi levado pela onda com Sehun. Se a mente do grupo sumiu e eles conseguiram capturar um dos irmãos Kim, está claro que vão chamar o Füher para cuidar pessoalmente do assunto. — Kyungsoo reproduziu.

Xiumin arqueou a sobrancelha, impressionado com o mudinho. Assentiu vagarosamente com a cabeça enquanto pensava em algo.

— Vocês dois... A neve que caia aqui não era natural, foi você? — Apontou para SooHyun que confirmou trêmula — Alquimia? — Ela mordeu o lábio inferior e assentiu —  Já decidiu se vai nos ajudar?

— E-eu gostaria, mas eu não tenho... Ah...

— Controle. — Zelo sussurrou.

— Controle. — Ela repetiu em voz alta.

— Nós te ajudamos. O seu freio pode ser o Chen... Ah merda — Ele se lembrou de que o irmão estava impossibilitado de agir — Chen não pode... E agora?

— Mesmo que ele pudesse ajudar, não é fácil me controlar como você está pensando.

— Mas sem ele isso se torna impossível. Precisamos da sua força, não vai ser fácil entrar naquele lugar e trazer Suho de volta, isso sem falar que... Precisamos de comida. Sem comida não vamos sobreviver por muito tempo aqui.

— Eu e Baekhyun podemos fazer um mapa mais detalhado do campo. Nós sabemos exatamente onde a comida fica só que não tínhamos acesso a ela. – Kyungsoo voltou a falar.

— Perfeito — Xiumin assentiu — Então nosso problema maior vai continuar sendo o fogo. Sem fogo não da pra fazer nada, precisamos explodir algumas coisas.

— Chen não está em condições nem de ficar em pé, imagine de transmutar qualquer coisa. — Kai explicou — Só funcionaria se a gente achasse outro alquimista do fogo, e isso não vai...

— Eu sou alquimista do fogo — Todos olharam para a porta do quarto assustados. A voz era desconhecida, rouca e desesperada. Um rapaz moreno estava encostado na porta escutando o que eles falavam por minutos que eles não haviam percebido.

Kai não resistiu e começou a rir.

Xiumin não tinha motivos para rir, o dia estava amanhecendo e eles precisavam agir rápido. Suho estava correndo perigo e todos eles também por falta de alimentos. O garoto esquelético, com mãos escondidas nos bolsos e com olhos indormidos parecia ser uma luz no fim do túnel. Uma luz trêmula e que ameaçava se apagar a qualquer instante.

— Não estamos brincando garoto, se você nem sabe do que estamos falando...

— Eu não estou aqui para brincar. — Ele caminhou com sua incrível coragem até o mais velho e lhe olhou no fundo dos olhos — Eu sou alquimista do fogo e posso ajudar. — Suas sobrancelhas arquearam e um riso sem humor tomou conta de seus lábios — Só que eu não farei de graça.

— Como um idiota como você teria conhecimentos sobre uma ciência que...

— Cale a boca, Kai — Xiumin pediu sereno e continuou encarando o mais novo — Se você é alquimista, prove.

O rapaz revirou os olhos e apontou para Kai com o queixo.

— O seu irmão no fundo é um veado que tem medo do mundo. — Kyungsoo tentou segurar o riso sem perceber que ele falava sério — Você é um peixe que tem medo de água. Seu irmão que está em perigo é um pássaro engaiolado e eu sou uma salamandra assim como seu outro irmão.

— Não é suficiente. — Kai falou cerrando os punhos.

— Mostre suas mãos, será o suficiente — Xiumin replicou e o rapaz assentiu tirando as mãos dos bolsos. As mãos ásperas, com pele enegrecida e sujeira nas unhas.

Minseok tocou com cuidado e as virou para ver a palma de suas mãos. Fez uma careta ao ver as cicatrizes dolorosas nas palmas do jovem. Chen havia escolhido tatuar os símbolos da alquimia do fogo nas mãos e nos braços para que não precisasse desenhar sempre, mas aquele garoto havia desenhado rasgando a própria pele, muito mais a fundo do que uma tatuagem conseguiria.

— Certo. — Xiumin soltou as mãos e ele voltou a colocar as mãos nos bolsos — Agora me diga o que você quer em troca.

— Quando nos estabilizarmos, quero prioridade em uma busca pessoal.

— Que tipo de busca?

— Minha mulher e minha filha. Minha mulher foi levada grávida para o campo de concentração.

— Eles não matam grávidas. — Kyungsoo falou para tentar confortá-lo — Fere princípios talestinos, apesar de sermos sulinos.

— Acontece que pela minha contagem, ela já deve ter dado luz a ela a mais de um ano. Com certeza já conseguiram arrancar minha filha dos braços dela e na pior das hipóteses... — Ele encolheu os ombros sem demonstrar emoções fortes.

 — Muito bem... Quanto a você... — Falou olhando para Zelo que continuava olhando para o chão — Pode nos ajudar?

— O Füher vai estar lá? — Zelo perguntou se abraçando.

— Provavelmente.

— Não tem medo dele? — Perguntou diretamente para Xiumin.

— Não... Porque teria? — Ele respondeu desconfiado.

— Com você foi água... Gotas de água a cada cinco segundos.  Comigo foi fogo ardente todos os dias nos olhos — De uma forma terrível, Xiumin finalmente entendeu as cicatrizes ao redor dos olhos do garoto.

A visão de Minseok ficou turva e ele viu a sala começar a inclinar. Ele cambaleou para trás e Kai lhe segurou. Os olhos do mais velho paralisaram e suas mãos começaram a tremer.

— Xiumin? Responde... Xiumin! — Kai perguntou tentando fazer o irmão olhar para ele.

Zelo se levantou e tocou nas mãos trêmulas do mais velho. Olhando para o chão.

— Já passou... — Ele soprou nas mãos de Xiumin e ele começou a voltar.

 

***

 

A porta continuava aberta, se Suho conseguisse se concentrar nela, conseguiria mandar mensagens de vento para fora, mas não conseguia nem mesmo olhar para ela. O Füher tinha olhos fixos nos seus, o cigarro queimava e cinzas se esgueiravam em direção ao seu rosto, passavam desviando por conta de seu controle para com o vento.

Jong Suk deu uma longa tragada e soltou a fumaça para cima. O cigarro estava longe de acabar, mas ele se livrou dele colocando-o na boca de Lay e empurrando o soldado para longe de Suho.

— Você tem consciência da dor de cabeça que tentou colocar em mim? — Perguntou movendo a mão direita enluvada freneticamente, próximo do rosto. O cotovelo direito encostado na mão esquerda. Sua pose era completamente descontraída — Não conseguiu, não em mim. Infelizmente conseguiu colocar preocupações na cabeça do povo e isso me incomodou muito... — Ele semicerrou os olhos — Está na hora de acabar com isso, mas para isso eu preciso dos seus irmãos — A violinista tocava uma nota tão aguda para representar o suspense que até Jong Suk se incomodou e olhou para ela. Ela parou de tocar — Preciso que chame seus amiguinhos para cá, não quero ter o trabalho de procurá-los, vocês já me fizeram gastar muito dinheiro desnecessário.

— Ele não vai falar — Lay tentava falar entre a tosse. O Füher o fuzilou com o olhar e ele abaixou a cabeça.

— Você tem razão. Ele não vai falar, é fiel aos irmãos como meus robôs são fieis a mim. Então acho que terei que apelar. Ouvi dizer que cada parte do seu corpo causa reações no ar e na atmosfera ao seu redor. Você fez questão de ligar o seu corpo a isso... — Suho tentou disfarçar a surpresa, não tinha como ele saber disso —... Ela está dentro de você. E está dentro do seu irmão mais velho também. Eu vou trazê-la para fora, e vou chamar os seus irmãos por você. Não tem nada a dizer?

Suho continuou calado.

— Tudo bem — Ele suspirou e socou violentamente o estômago do alquimista.

Suho soprou quase todo o ar que tinha em seus pulmões involuntariamente. O ar que saiu de sua boca se intensificou a sua frente como o sopro e fez sua cadeira ser arremessada até a parede. Ele tossiu e viu sangue cair sobre suas coxas. Os punhos do Füher eram dolorosos, ele sabia que os ossos dele não eram de cálcio há muito tempo.  Quando ele voltou a se aproximar teve vontade de fugir. Não sabia por onde.

Os ventos dentro da sala começaram a se mover e a mexer com os cabelos de todos dentro dela.

A cada soco, ventos fortes passavam por ele e saiam pela porta irrompendo o céu alguns segundos mais tarde.

 

***

 

Quando as janelas começaram a balançar o sol já estava nascendo, ele já iluminava carinhosamente os rostos de todos ali. Os ventos que entraram eram violentos, Xiumin mal conseguiu manter os olhos abertos enquanto a ventania balançava seus cabelos e ameaçava levar suas roupas. Ele não precisou de muito tempo para entender.

— Xiumin... É o Suho — Kai falou ficando ao seu lado e ele assentiu — Temos que ir rápido.

— Ele está em perigo. O Füher está com ele — Ele olhou para os dois sulinos que desenhavam o mapa com um pedaço de carvão — Temos um plano?

— Não, mas podemos traçar um agora — Trovões começaram a ressonar no céu violentamente e eles paralisaram por um instante — Vamos ter que dar um jeito de pegar a comida enquanto vocês pegam o garoto e vazam de lá! — Kyungsoo gritou em meio a ventania e Xiumin assentiu.

 

✘✘✘

 

O túnel parecia mais fundo e mais escuro. A tempestade havia começado lá fora, forte e desesperada, gemendo e tremendo os céus e a terra. Kai se sentia nervoso, não porque estava prestes a arriscar a vida pelo irmão, mas pela instabilidade da terra. Aquilo mexia tanto com ele, que ele sentia que a qualquer instante suas pernas iam lhe derrubar. Ele confiava em seu túnel, sabia que ele não se desmancharia, mas se o irmão continuasse provocando aquela tempestade horrível, provavelmente eles não teriam muito tempo para voltar antes que a saída ficasse obstruída.

Kai era alquimista da Terra, era muito difícil manejar a lama, pois nela havia água e falando em água, Xiumin era o que estava pior com aquela tempestade.

Taehyung sabia exatamente o que precisava fazer, já havia feito aquilo muitas vezes e em proporções muito maiores, ele só não esperava a chuva. Ele segurava a mão da garota da neve com força, mas ela se sentia muito tensa e o impulso dela era se soltar. Ele já havia usado suas chamas para controlar outras chamas, o que é bem difícil, mas nunca para controlar o gelo. Ele tentava pensar no quanto aquilo seria difícil, olhando para sua mão esquerda que segurava uma chama que iluminava o caminho.

De olhos vermelhos, Chanyeol tentava não ficar tonto, se sentia pesado novamente. Lembranças estranhas pareciam estar sempre querendo voltar, mas não conseguiam e aquilo o atormentava até quando tentava dormir. Caminhava ao lado de Baekhyun, o pequeno nervoso com o mapa improvisado nas mãos. Chanyeol confiava muito na inteligência do amigo, mas sabia que ele estava nervoso porque não teve muito tempo para pensar.

Em resumo, todos estavam prestes a fazer algo que fizeram muitas vezes, mas em situações completamente inéditas. Até mesmo Zelo se sentia nervoso, não queria voltar a rever o Füher tão cedo, parecia que tinha sido há algumas horas o seu último encontro com ele, mas precisava fazer aquilo.

Por quê?

Ele não sabia também.

 

***

 

As lágrimas caiam do rosto de Suho automaticamente enquanto ele encarava o soldado que era obrigado a ficar parado apenas lhe olhando. O violino continuava a tocar notas alegres de Vivaldi. A violista pulava e dançava e cada soco ou frase do Füher, como se ela fosse a total responsável pela trilha sonora de sua vida. Como se... Jong Suk pudesse escutar o que ela falava através do violino.

— Você sente dor? — Perguntou sorrindo e tocando nas costelas quebradas do mais novo. Suho gemeu de dor, já fazia muito tempo que não conseguia mais ficar calado — Opa... Foi mal — Ele olhou para o teto de vidro da sala branca. Suho havia descoberto que era de vidro momento antes, quando ele mandou abrir o teto para que começasse a chover — Vamos querido, agora que o espetáculo está ficando bom — Ele abriu os braços rindo. Todos ali estavam ensopados, ele não entendia como a violinista conseguia tocar na chuva, os olhos do Füher estavam com as pálpebras inferiores sujas de negro.

A maquiagem estava derretendo e suas roupas estavam pesando. Não demorou até que ele tirasse seu casaco e suas botas. Lay tentou intervir, mas bastou um olhar do líder para que o soldado se calasse novamente. Jong Suk suspirou e olhou para o alquimista.

— Quanto tempo eles vão demorar? Tenho que dormir sabia? — Um chute fez a cadeira de Suho cair para trás e ele sentiu um baque forte nas costas. A dor nas costelas aumentou e ele cuspiu o sangue que enchia sua boca — Anja... Pare de tocar... — Ele pediu sorrindo. Sabia do que estava prestes acontecer.

Suho iria explodir.

Finalmente.

O mais novo cerrou os punhos e começou a gritar com todas as suas forças, se contorcendo na cadeira e olhando para o céu que chovia furiosamente.

 

***

 

Xiumin caiu no chão e seus músculos se contorceram. A chuva engrossou ainda mais e comprometeu ainda mais o funcionamento da missão. A chuva não era obra de Suho, Kai sabia que os dois irmãos tinham alquimias interligadas e quando um era afetado pelo outro causavam tempestades horríveis. Ele pegou o irmão e o levantou.

— Está tudo bem?

— Não... — Xiumin tentou caminhar para frente mais rápido — Ele sente muita dor e eu também... Essa chuva... — A chuva estava molhando todos e as muralhas de dez metros não eram muito acolhedoras.

— Está cheio de soldados — Kyungsoo alertou quanto à entrada que Kai abriu no dia anterior na fuga — Eles não vão deixar a gente entrar.

— Mais da metade são humanos, para a nossa surpresa — Zelo interrompeu o silêncio com um meio sorriso transparecendo abaixo de seu capuz — Eu posso resolver isso. Aguardem aqui.

— Não temos muito tempo — Kai suplicou — Não demore tanto.

— Vai depender do número de soldados, garoto — Falou caminhando na direção da fenda. Escolheu ir pelo canto direito. Os soldados eram humanos e apesar das tecnologias, a chuva atrapalhava muito, Zelo sabia que não tinha o calor humano que eles usavam para detectar qualquer presença, então eles não iriam lhe ver.

Quando colocou o pé dentro das muralhas caminhou sorrateiramente até o soldado que estava guardado a ponta esquerda. Seus passos sorrateiros assustaram o jovem soldado.

— Quem vem ai? — Perguntou posicionando a arma com munição azul neon.

Zelo abaixou o capuz e seus olhos vermelhos cintilaram no meio da escuridão. Aquilo paralisou o soldado no mesmo instante. O alquimista sibilou como uma cobra prestes a devorar sua presa. Começou a falar palavras que o solado não entendia em meio aos sibilados. Ele não conseguia parar de olhar para os olhos vermelhos do menor, ele tinha o impulso de desviar o olhar, mas não conseguia, como se seus olhos tivessem sido petrificados naquela posição.

Bastaram trinta segundos e o soldado caiu morto.

Zelo se virou e começou a andar na direção do próximo soldado.

 

Xiumin não estava bem, Kai estava para ir para dentro do campo e procurar Zelo quando um vulto negro começou a aparecer ao longe.

— É ele? — Kyungsoo perguntou.

— É sim... — SooHyun falou arfando —... Ele não está muito bem, posso sentir que ele está fraco... — Ela arregalou os olhos. Taehyung observou a expressão de terror dela enquanto gotas de água desciam sem parar pelo seu rosto e pelo seu corpo pequeno —... Ele não pode...

— E então? — Kai perguntou quanto ele ficou frente a frente com ele. De cabeça baixa e com o capuz novamente cobrindo seu rosto.

— Estão mortos — SooHyun sentiu um aperto no coração — Terão que ter cuidado com os robôs que estão próximos do teto vigiando. Se a SooHyun fizer nevar, ficará muito difícil detectar o calor humano de vocês. Só que... Você precisa estar preparado. SooHyun não sabe se controlar de forma alguma.

— Vamos... — Xiumin engoliu em seco — Vocês... — Apontou para Kyungsoo, Baekhyun e Chanyeol — Vão cuidar de pegar o máximo de comida que conseguirem. Taehyung, SooHyun e Zelo... Precisam fazer com que nossa entrada seja o mais discreta possível, precisamos do elemento surpresa, depois disso, vocês devem ajudar os três sulinos a conseguirem comida enquanto eu e Kai vamos atrás de Suho.

— Só vocês dois? — Kyungsoo perguntou desconfiado.

— Sim. Não se preocupem, eu tenho um plano.

Eles começaram a andar para frente.

SooHyun apertou forte a mão de Taehyung e logo a água começou a se transformar em neve. Leve e ao mesmo tempo fria. O alquimista do fogo engoliu em seco enquanto SooHyun perguntava algo a Zelo.

— Estou bem... — Ele sussurrou — mas a morte está muito perto de mim SooHyun, me lembre de avisar a eles que se eu fizer isso de novo... Não vai acabar bem nem para mim e nem para ninguém em um raio de três mil quilômetros.

 

Baekhyun achava que podia desmaiar de frio quando começaram a entrar no campo. Passam por cima dos corpos dos soldados mortos por Zelo e logo aquele chão poluído trouxe lembranças horríveis para ele. Apertou a mão de Chanyeol de repente sem se lembrar que a maior parte do sofrimento era culpa dele.

Ele olhou para maior que ainda estava com as feridas na cabeça raspada muito recente. Os lábios feridos e o corpo magrelo. Ele havia levado uma surra por sua causa, mas ainda não conseguia lhe convencer de que era o Chanyeol... Aquele que era seu amigo.

Eles se separaram de Kai e Xiumin e começaram a se esgueirar pelas paredes. Cada vez mais próximos do armazém de comidas. Baekhyun havia carregado alimentos em caixas para lá diversas vezes durante o tempo que esteve preso.

Olhando para as cabanas frágeis desabando com a tempestade, lembrou-se do quanto aquele lugar era vazio e morto sem os sulinos ali. Com eles o lugar ganha um ar de melancolia, tristeza e morte, sem eles, era a própria morte, ao mesmo tempo cheio de histórias horríveis.

Ele olhou para a cabeça de Kyungsoo, a única deles três que demonstrava pequenos fios negros tentando crescer. A chuva era fria e dolorosa, mas os relâmpagos apareciam logo depois de um pequeno ruído de trovão. Tão baixo que ele só sabia que era por conta do chão que tremia.

— É ali... — Kyungsoo sussurrou apontando para a porta do armazém — Se cada um de nós pegarmos três sacas de alimento desidratado, poderemos sobreviver por pelo menos um mês. Estou falando de todos nós — Falou baixinho e os outros assentiram.

— Vamos ter que ir e voltar... — Taehyung pensou por um instante — Vai ser perigoso.

— Temos que ser rápidos — Traduziu tudo o que tinha dito para Baekhyun — Não sabemos quanto tempo Xiumin e Kai vão levar para tirar Suho de lá.

 

***

 

Anja parou de tocar. Ela olhou para o céu e sorriu. Olhou para o Füher e ele assentiu.

— Eles estão aqui — Sussurrou fechando os braços e começando a dançar a valsa que a violinista começou a tocar — Acho que a chuva vai levar sangue hoje.

— A chuva vai levar o lixo para o lugar dele — Kai falou na porta do quarto e Jong Suk se virou para olhar para os dois que estavam na mira de Kris e Tao.

— Deixem que eles entrem — Ele gargalhou excitado — Eu estava esperando por vocês... — O sorriso dele desapareceu — Cadê o outro?

— Não estava se sentindo muito bem para um encontro com vossa senhoria — Kai falou com sarcasmo. Xiumin olhava para o irmão muito fraco e tonto. A tempestade poderia cessar se ele ou o irmão desmaiassem, mas ele tentava manter-se firme, tentava construir uma muralha em sua mente, para que as lembranças não voltassem a sua mente.

“Eu controlo a água... Eu controlo a água, não é ela que me controla” Pensava repetidas vezes tentando se concentrar.

— Não vão entrar? — Ele perguntou e os dois engoliram em seco — A chuva está uma delícia.

— Eu vou entrar — Xiumin falou.

— Xiumin... A água... As gotas... Ele! Você está verde de medo desde que saímos do túnel – Sussurrou amedrontado.

— Tenho que fazer isso, não sou confiável para uma fuga — Assim que ele deu um passo para frente, Jong Suk fez sinal para que ele parasse.

— O capuz, Xiumin. Abaixe. Eu estou deixando que a água desça pelos meus cabelos, quero que você faça o mesmo — Disse sereno.

Xiumin paralisou e tudo escureceu por alguns segundos.

— Por quê? — Ele perguntou.

— Porque se não... — Ele foi se aproximando —... Não será nem um pouco divertido — Falou arqueando a sobrancelha.

— Xiumin não faça isso! — Suho gritou enquanto a água tentava lhe calar. A atenção de Xiumin se voltou para ele nesses pequenos segundos, foi o suficiente para que o Füher conseguisse agarrar suas mãos e olhasse diretamente em seus olhos.

— Não adianta escapar, eu sempre sei onde vocês estão — Ele apertou os pulsos do menor enquanto ele tentava escapar. Kai tentou fazer ele largá-lo, mas Jong Suk carregou o menor para debaixo da chuva tão rapidamente quanto abaixou o seu capuz — Vamos querido! Demonstre o quanto você ama essa arma mortífera que você chama de águaaa! — Sibilou histérico com os olhos arregalados de loucura próximos do rosto do alquimista.

Xiumin começou a se contorcer. Um som agudo atacou seus ouvidos enquanto Kai tentava lhe soltar. Os dois soldados que estavam até então parados cuidaram de segurar alquimista da terra e mantê-lo longe. Minseok sentia que sua cabeça estava sendo destroçada por milhões de tiros a cada segundo. Começou a gritar e a tentar levar as mãos ao ouvido. Sua força não era maior do que a força do Füher.

— OLHE PARA MIM XIUMIN! OLHE COMO A ÁGUA NOS MACHUCA, NÃO LEVE AS MÃOS AOS OUVIDOS, DEIXE QUE A ÁGUA ENTRE NELES!! — Ele gargalhava e apertava cada vez mais os pulsos do menor. Xiumin começou a ver sangue descendo pela cabeça do Füher como se fosse realidade. Quando ele tirou suas luvas, segurou firme e lhe olhou com uma calma inacreditável — Não se preocupe, eu te salvarei, Kim Minseok!

Jong Suk apertou as mãos de Xiumin com tanta força que elas se quebraram. Pedaços de suas valiosas mãos começaram a voar para todos os lados.

Minseok pendeu para trás e caiu no chão com os olhos paralisados. Lembranças começaram a invadir sua mente tão rápido quanto ele poderia aguentar.

— Gosta de água, não é mesmo? — Xiumin arregalou os olhos e sentiu que morreria ali — Ouvi dizer que você aprendeu a dominá-la... Ah, esqueci você está sem mãos agora... Então acho que terá que se molhar um pouco com ela. Eu gostaria que essa chuva... Fosse mais calma... Gota por gota...

Xiumin gritou tentou se afastar para longe, mas a violinista que não parava de tocar pisou em sua barriga para que ele não saísse do lugar.

— Anja... Olhe como ele tem medo... — A água escorria pelo pescoço do mais novo e fazia o seu corpo inteiro tremer e esfriar subitamente. Ele sentiu dor, como se estivesse sendo eletrocutado. Aquela sensação de déjà vu transformando sua mente em um macarrão enroscado e frágil — Deve se lembrar daquelas semanas que passamos juntos, não é mesmo?

Xiumin começou a tremer mais forte. Anja tirou o pé da barriga do mais novo e Jong Suk esperou que as reações aparecessem por si. Kai gritando para que ele parasse como um louco. As convulsões ficando mais fortes, seus dedos começaram a endurecer e seus olhos se reviraram enquanto seu corpo tremia subitamente.

Enquanto Xiumin se debatia Suho tentava com toda a força dos ventos que conseguia fazer algo para lhe ajudar. Sem o Chen ali para explodir coisas era praticamente impossível.

Suho viu o irmão tendo um ataque epilético e se desesperou sem pensar que poderia ter alguém dentro da sala com o Füher.

— Deveria ter trago o outro irmão. Se ele tivesse vindo... Eu não estaria perdendo tempo com você. A-L-Q-U-I-S-T-A.

 


Notas Finais


MEU DEUS PARA MUNDO QUE EU QUERO DESCER! Tanta coisa aconteceu nesse capítulo que até fiquei tonta! Primeiro SooHyun e Zelo aparecem das cinzas - ou melhor do gelo - e cheios de marra para os alquimistas! Segundo que Suho aparece todo lascado nas mãos dos soldados. O nosso Chen todo doente e vem o Baek e da um murro nele! Como assim carai?E como assim ele ficou bom? ueheuheuheue poderes de um murro? vamos descobrir. Lay é um tanto misterioso non?Eu acho que sim. Não sei se vocês perceberam mas ele é o único que não fala nada de suas origens e isso já está me deixando de orelha em pé! Ai vem nossos alquimistas e sulinos planejando salvar o Suho e aparece o gostoso o totoso do Taehyung com toda a sua vontade de encontrar sua mulher e filha - quem será elas? - para ajudá-los, só quero ver no que isso vai dar em!
Agora vamos a parte tensa dessa porra. JONG SUK SEU FILHO DA PUTA DEIXA O MEU BOLINHO SUHO EM PAZ AAAAAAAA
E AINDA FAZ DE PROPÓSITO PRA ATINGIR O XIUMIN AAAAA
E AI DEPOIS ELE FAZ ISSO COM O XIUMIN AAAAA ELE VAI PAGAR CARO!!
QUEM TA COMIGO?

Obrigadaaaa por lerem e até próxima sexta, que será dedicado especialmente ao passado dos Irmãos Kim.

Playlist:https://open.spotify.com/user/misukisanlover/playlist/6PODfm5KvoU72qQFeYjItl
Grupo do whats, precisamos movimentar o exército contra o Jong Suk e a CIA: https://chat.whatsapp.com/GO0JlVsv5xF2LESs2o8WRw


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...