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História Black and White - Book 1: Blood red - Capítulo 02 - Proposta recusável


Escrita por: Misukisanlover

Notas do Autor


Eu já percebi que na verdade vai ser só eu e Deus revisando essa fic então, só vamos. Se houver algum erro ou algo que acham que devo melhorar é só avisar nos comentários, estou abertíssima a sugestões :)
Ps: Amanhã vou responder todos os comentários <3
Boa leitura ^^

Capítulo 3 - Capítulo 02 - Proposta recusável


Fanfic / Fanfiction Black and White - Book 1: Blood red - Capítulo 02 - Proposta recusável

 

Chorar adiantava? Bastava um dia naquela prisão para descobrir que não.

Gain parou de chorar antes mesmo de chegar nela. As experiências que viveu antes de ser aprisionada foram mais traumatizantes do que qualquer coisa que ela achava que iria viver naquele inferno. É claro que ela se enganou, mas preferia não admitir, a dor psicológica dos fatos que ocorreram anteriormente era pior do que a dor física que os guardas do campo podiam lhe causar.

A mulher estava há muito tempo dentro da prisão. Eram mais de meses com certeza. Se já passavam anos ela não sabia, pois perdera a contagem dos dias conforme o tempo foi passando. Ela era a única a conseguir sobreviver tanto tempo dentro do lugar de paredes cinzentas e barulhos de sofrimento. Foi uma das primeiras as ser presa e ainda estava viva... Sobrevivendo.

Ela olhava para a janela pequena da enfermaria com os olhos vazios. Nem a luz do sol conseguia iluminar seus intensos olhos negros, a escuridão e a tristeza já faziam parte dela. Gain escutava o som da tesoura cortando os lindos cabelos negros de uma sulina recém-chegada na prisão. Gain não precisava olhar para ela pra saber que ela estava chorando.

A mulher era escandalosa como uma garota, chorava como se perder os cabelos fosse algo mais terrível do que tudo o que ela passaria naquele lugar. Gain achou estranho, normalmente ela já teria sido morta por fazer tanto barulho, mas isso não aconteceu de forma alguma. As androides simplesmente continuaram seus serviços sem dar um bip.

Alguns minutos depois as enfermeiras androides saíram do quarto e deixaram as duas sozinhas. Não demorou muito para ela ouvir ruídos vindos da outra, mas não era choro, muito pelo contrário, ela parecia estar se arrumando. O choro cessou tão rápido que Gain franziu a testa, ainda sem olhar para ela.

— São nojentos e querem que nós fiquemos como eles — Gain ouviu barulho de tecido rasgando e finalmente levantou o olhar para ela. A sulina estava terminando de fazer sua própria roupa usando os lençóis. — Por que você está aqui? — Ela perguntou como se as duas fossem amigas há muito tempo — Não parece doente por fora, é algo por dentro? — Ela enxugou as lágrimas que borravam seu rosto de negro e começou a tirar os cabelos do corpo — Tenho nojo deles. — Repetiu quando Gain demorou pra responder.

— Você estava chorando por causa do seu cabelo? — A resposta daquela pergunta, diria muitas coisas sobre a nova companheira de Gain, ela sabia disso.

A mulher riu com escárnio.

— Não querida, cabelo cresce. Estou chorando porque levaram minha filha de mim... E meu marido... Nem sei onde ele está. — Ela abaixou a cabeça e ficou com o olhar distante por alguns segundos — Por que está aqui?

— Não sei... — O olhar dela se tornou distante —... Eu deveria estar morta, não é isso que eles fazem com os doentes Sulinos? Hum... — Ela olhou nos olhos da mais velha — Eles dizem que estou ficando louca. Uma doença mental estava me fazendo ver coisas. É o que eles dizem.

— Assassinos... Eles querem fazer experiências com você. Eu sei... Não é querendo “dar o golpe final em quem já está morrendo”, mas já vi isso acontecer várias vezes.

Gain levantou a sobrancelha sem conseguir ficar afetada com aquilo.

— E você? – Ela perguntou.

— Então... Eu não sou a pessoa mais sóbria do mundo — Ela estendeu as mãos e mostrou para Gain as duas palmas que estavam tatuadas com círculos repletos de desenhos enigmáticos. A mais nova semicerrou os olhos se perguntando o que significava aquilo.

— Eu nunca vi nada parecido, são tatuagens...

— Na verdade eu marquei com ferro quente e depois que sarou tatuei para não parecer tão sinistro. — Ela sorriu olhando para as mãos como se tivesse contando que tinha comido algodão doce depois do jantar — Eles não sabem o que significa, por isso tomam cuidado comigo e querem descobrir.

— Do jeito que você fala, parece que nem doeu...

— Ah, doeu sim, mas a dor é um preço que tive que pagar e sinceramente não me importo tanto.

— Você é uma doida... — Gain voltou a olhar para a janela e fechou os olhos.

— Quando minha filha nasceu... — Ela falou em um tom mais sério dessa vez —... Sabem quais foram as duas primeiras coisas que eu pensei? — Gain negou com a cabeça — A primeira coisa que pensei, foi que eu era a mulher mais feliz do mundo, mesmo que eu soubesse que ela seria tirada de mim, eu só conseguia pensar que ela estava viva, que havia nascido... O choro dela me fortalecia de uma forma que nada foi capaz de me fortalecer, nunca. Nem a paixonite idiota que tenho pelo pai dela. E a segunda coisa que eu pensei foi... Eu nunca poderia ficar tão poderosa, você sabe qual é a reação de um talestino quando vê a cor ruim? Sangue é vermelho e eles estavam horrorizados, tenho que confessar que adorei ver isso. Foi sorte meu parto não ter sido feito por robôs sem coração.

— Deve ter razão, geralmente quem dá os castigos em nós são os soldados de ferro... — Ela continuou com os olhos fechados — Apenas fique calada um pouco... Quero silêncio.

— Tudo bem.

 

***

 

A muralha Vitória estava pronta.

A muralha que separava o território do novo país do território nacional e sulino. Separava a Talisman Confederation da South Confederation e do resto do mundo. Um monumento tão enorme e assustador quanto às montanhas de lixo que foram retiradas das cidades e jogadas dentro do pouco território que restou para o povo condenado.

Jungkook foi um dos sulinos obrigados a trabalhar todos os dias na construção da muralha. Era terrível, geralmente eram muitas pessoas para a construção de uma pequena parte do muro, com robôs de grande porte ajudando a mover as pedras e isso fez com o que muro ficasse totalmente pronto em cinco anos.

Os soldados de olhos vermelhos sempre estavam ali vigiando e cada um deles tinha uma tornozeleira de ferro nos pés que os identificava por números. Elas serviam de rastreadores que podiam localizá-los a longa distância e soltar uma descarga elétrica mortal em cada um que desobedecesse qualquer ordem ou tentasse fugir.

Os sulinos trabalhavam usando sua própria força física, ou operando os robôs de mais variados portes. Geralmente eles estavam ali como mecânicos, pois as máquinas construtoras não eram independentes.

Para Jungkook, estava mais do que claro que aquilo era trabalho escravo. Depois de tantas revoluções, de tanta tecnologia, ele nunca imaginou que a humanidade regrediria de uma forma tão drástica. Pelo menos ele tinha consciência disso. A maioria dos sulinos que estava ali nem havia chegado a estudar o suficiente para saber que um dia o mundo foi um lugar melhor de se viver.

De certa forma, com mais liberdade.

Jungkook perdeu a conta das vezes que sulinos desobedecerem as regras de propósito apenas para morrerem eletrocutados pela tornozeleira de uma vez. Ele não sabia ao certo se o fim da construção da muralha significava liberdade ou morte.

Era o que ele estava prestes a descobrir.

A muralha tinha cinquenta metros de altura, o suficiente para intimidar qualquer governo que tentasse enfrentar a soberania da CIA, entidade que controlava o novo governo do país e que ganharia nome oficialmente no dia seguinte. Alguém poderia até tentar ataque aéreo, mas já sabendo que os Soldados de Olhos Vermelhos iriam exterminar todos eles em poucos minutos.

De acordo com a CIA, era tudo para a proteção do povo Talestino.

E os sulinos? Ficavam jogados a própria sorte no território pequeno e cheio de lixo tecnológico que o governo dizia ter conseguido para que eles ficassem em “segurança”. Tudo uma fraude, Jungkook preferia acreditar que todos tinham medo de se manifestar por conta dos soldados intimidadores do que acreditar que eles estavam mesmo fechando os olhos enquanto a raça sulina estava sendo exterminada.

— TODOS VOCÊS! — Um soldado comum exclamou — Formem uma fila única, vão passando a informação até chegar ao último. Faremos o exame de rotina e depois vocês voltarão para casa.

“Como se tivéssemos casa para voltar” Ele pensou revirando os olhos “Mentiroso igual o Füher”.

Jungkook não tinha opções. Entrou na fila que parecia não ter fim e ficou nela até chegarem à barraca de plástico onde havia médicos operadores que se vestiam como os astronautas do século anterior. Todos com medo de pegar a infecção que os sulinos tinham e que eles próprios não faziam ideia de qual era.

— Vamos todos morrer? — Um menino perguntou ao pai e o mais velho cerrou os punhos.

Jungkook fechou os olhos tentando controlar a raiva que sentia. Tinha vontade de cortar todos aqueles soldados com suas lâminas e fazer todos os sulinos escaparem, mas era impossível, a muralha não permitiria e os soldados eram feitos de ferro. Eram robôs, ele nunca conseguiria matá-los.

Sem falar que o ferro conduzia a eletricidade que sua tornozeleira lhe trazia de brinde caso se rebelasse...

— Número 12584. – Jungkook se aproximou querendo muito falar que tinha um nome — Tenda 3.

Ele seguiu para a tenda. Dentro dela ele foi aconselhado a fechar a entrada pelo médico e logo teve que se sentar em uma cadeira extremamente confortável. Ele achou que seria uma maravilha ficar ali durante um mês inteiro, descansando as próprias costas. Fechou um pouco os olhos tentando relaxar por alguns segundos.

— Está cansado, não é mesmo? — Jungkook não respondeu, era a primeira vez que um talestino lhe dirigia a palavra — Eu imagino... — O médico preparou a agulha e Jungkook virou o rosto. Só de ver o metal naquela agulha já tinha vontade de agir, mas pensava no que viria depois... Era uma ação inútil. — Pelo seu número, você morava em algum interior do país. Era calmo por lá, não é verdade?

— Porque está falando comigo? — O rapaz perguntou duro. Não gostava de falsas simpatias. — Eu sou um sulino, eu achei que_

— Você é um sulino e um paciente. Nenhum médico deveria se importar com esse tipo de coisa, mesmo que nossa função tenha diminuído por conta das máquinas. — O mais novo abaixou a cabeça — Pelo menos eu não me importo.

— Desculpe, já estou acostumado a ser tratado mal. — Tentou não soar sarcástico, sem sucesso.

— Eles fecharam mesmo todo o país? — Ele perguntou enquanto colocava a agulha em cima de um prato de inox e começava a fazer o exame físico do menor.

— Sim.

— Isso é praticamente...

— Impossível? Não. É claro, eles tiveram que deixar alguns pedaços de terra fora da muralha por conta das ilhas. Eu diria que os territórios sulinos nada mais são do que sobras. Percebe que a South Confederation fica exatamente no lugar do país onde existem mais ilhas? Seria impossível murar tudo em tão pouco tempo.

— Entendo... — O médico ficou calado por um tempo.

Pelo que dava para ver, apesar do capacete, o médico era jovem e tinha olhos pequenos. Usava um terço enrolado no pulso como uma pulseira. Ficou um tempo observando aquilo — Eu quase fui padre. — Ele confessou de repente e Jungkook se surpreendeu — mesmo não podendo seguir o meu chamado, eu ainda sou muito religioso. Eu acredito que com a intervenção de Deus, tudo isso um dia possa ter fim. Um dia voltaremos a ver as cores novamente.

— Acredite no que quiser. Eu só acredito que alguma coisa possa mudar se todos agirem, mas acho que apenas eu tenho esse tipo de pensamento — O médico apertou uma das manchas roxas do menor e ele gemeu alto.

— Desculpe... Você bateu isso em algum lugar?

— Uma pedra caiu em cima de mim há alguns dias — Era na parte lateral do tórax do rapaz. O médico assentiu e fez ele se deitar sobre a maca.

— Vou tirar um pouco do seu sangue. — Ditou preparando a agulha.

— É no sangue? — Perguntou olhando para o teto da tenda.

— O quê? — Colocou a agulha em uma espécie de pistola.

— A doença que vocês dizem que nós temos. É no sangue?

Os ombros do médico caíram e ele ficou calado por um tempo, encarando o rapaz a sua frente.

— Quer que eu te confesse uma coisa? Eu sou sulino também. — Sussurrou baixinho e Jungkook arregalou os olhos.

 

***

 

Depois de algum tempo se acostumando com a luminosidade, com o calor e a sujeira do lugar, Chanyeol resolveu ir até onde estavam as pessoas. Caminhou devagar, não sabia onde estava e tinha medo de ser mal recebido, ou até mesmo levar uma surra por estar se atrevendo a entrar onde não devia.

Quando ficou bem próximo dos outros, percebe que a roupa deles era muito suja, cinza e maltrapilha. A maioria deles estava com a cabeça raspada, machucados e muitos ali mal andavam. Mesmo nessa situação, nenhum deles parava de trabalhar, nem para descansar. Chanyeol sabia que na sua vila jamais o chefe permitiria que alguém trabalhasse naquelas condições, até porque eles eram ensinados desde pequenos a se cuidar para serem extremamente saudáveis.

— Me desculpe... — Ele tentou falar com o primeiro que passou, mas ele o ignorou com os olhos vazios, como se a alma dele não estivesse mais em seu corpo — Olá... — Tentou abordar um rapaz que também o ignorou como se ele não existisse — Alguém pode me explicar onde estou...? — Perguntou enquanto girava no meio daquelas pessoas, esperando que alguém lhe respondesse.

Ninguém o fez, todos continuavam fazendo o seu trabalho como se não o escutassem.

Chanyeol suspirou e abaixou a cabeça por um instante. Quando voltou a procurar por alguém que respondesse as suas perguntas, avistou alguém que o fez sorrir no meio de tanta tristeza. Ele andou o mais rápido que pôde na direção dele, com o coração palpitando e esbarrando em algumas pessoas frágeis no caminho. Chegou mais rápido do que qualquer outro que estava ali, tendo medo da alegria que estava esquentando seu peito.

— Baekhyun...? — Ele falou quase ao lado do amigo que pregava os pregos de aço da porta de uma máquina. A alegria de reencontrá-lo durou pouco. O amigo tinha o rosto cheio de feridas, a boca estava rachada e sangrava um pouco, a pele do rosto estava descascando e a cabeça raspada tinha manchas roxas. — Baek? — Ele perguntou engolindo em seco.

— O que está fazendo? — Um homem ao lado de Baekhyun disse se virando para olhar para Chanyeol atrás de si — Pare de procrastinar, não podemos conversar, se os Soldados de Olhos Vermelhos pegarem você eles vão atirar sem pestanejar! — Fez sinal negativo com a cabeça — E outra, esse garoto é surdo, não pode ouvir você. — Falou a última frase mais baixo.

— Quê? — Chanyeol perguntou com os olhos marejando, olhou para o rosto do amigo novamente. Baekhyun estava focado no que fazia, parecia estar no piloto automático. Como se apenas seu corpo estivesse ali. — Surdo... Mas... O que está... Acontecendo?! — Ele exclamou, mas a voz quase não saiu.

Chanyeol colocou as mãos no rosto e se ajoelhou.

— Perdão... — Sussurrou deixando o corpo sobre as pernas ajoelhadas — Eu o deixei sozinho... A culpa é minha... Toda minha... — Ele batia os punhos no chão enquanto lágrimas molhavam a terra contaminada por resíduos da obra — Perdão...

 

***

 

 — Você não é capaz de ver a tecnologia incrível que eu vejo na capital, mas se pudesse... — O médico continuou explicando ao sulino — Veria que o mundo lá é quase cem anos mais avançado que aqui. Eu sou um médico, de verdade, meu avô que foi médico no mundo antigo me ensinou tudo, ele falava que tenho um dom e acho que foi confiando nisso que consegui falsificar meus exames, mesmo com todos os chips implantados nas máquinas de resultado de exame. Eles acham que sou Talestino. O que nos torna diferente dos outros tem a ver com uma parte do nosso DNA e com a tecnologia. As informações vêm em códigos para nós, mas pelo que eu entendi, os “sulinos” tem uma padronização de DNA incompatível com algum experimento do governo. Essa parcela da população está sendo perseguida.

— E você não sabe por que é tão importante que todos tenham o DNA padronizado?

— Não... — Jungkook ficou sem palavras, bufou e desviou o olhar do outro completamente indignado com a situação – Você quer mudar isso? Impedir que a humanidade se destrua?

— Querer eu quero, mas não acredito que vou conseguir alguma coisa sozinho.

— Se você quiser, eu falsifico seus exames... E você poderá trabalhar por aqui, sempre perto de mim é claro, se não vai acabar sendo pego e morto. Daí, vamos procurar um jeito de impedir isso, juntos. — Era uma proposta boa, mas Jungkook não conseguia ficar sem pensar nos outros sulinos.

— Eu nem sei qual é o seu nome.

— Min Yoongi. Era o meu nome Sulino, mas me chame de Suga. E o seu?

— Eu não lembro direito o meu nome, mas me chamo de Jungkook. — Eles ficaram calados por alguns segundos antes que o mais novo falasse novamente — Olha... Suga... Eu não sei se eu consigo aceitar viver livremente em um país como esse, onde as pessoas iguais a mim estão sendo assassinadas enquanto eu finjo ser alguém que não sou. Não é justo. Pessoas morrendo enquanto eu estou tendo tudo o que deveria ser direito de todos.

Suga suspirou e clicou no gatilho da pistola, fazendo a agulha perfurar a pele do sulino mais novo.

— Então pense por outro lado.

— Que outro lado?

— O lado que você está ficando vivo apenas para conseguir mudar tudo isso mais tarde, fazer com que todas essas mortes não sejam em vão e no fim libertar todos dessa enrascada. Salvará muito mais vidas escolhendo ser um talestino por um tempo do que morrendo agora.

Jungkook olhou para o seu próprio sangue dentro de um tubo transparente na pistola.

— Tudo bem, eu aceito. 

 

***

 

Depois que o exame terminou, Luhan seguiu Jin até o seu quarto novo com suas bagagens novas. Os corredores do quartel eram escuros, as únicas luzes que iluminavam a escuridão eram as luzes que ficavam em cima de cada porta.

— Os quartos que estão com as luzes escuras acesas são porque estão ocupados por seus donos. E as que estão com as luzes claras, estão vazios. Você não deve se preocupar com isso, essas informações são para os robôs que fazem a limpeza dos quartos.

— E aquela terceira luz que fica embaixo da escura?

— Ah... Ela nunca é acesa, nunca foi.

— Por quê?

— É a luz de emergência, uma luz vermelha. Isso é para quando ocorrer ataques inimigos... Nunca precisamos acendê-las, mas se acontecer, apenas não olhe para elas. Pode entrar. — Ela apontou para a fechadura da porta — Suas digitais estão gravadas — Luhan colocou a mão sobre a placa de vidro que se iluminou e a porta correu para o lado. 

Jin arqueou a sobrancelha esperando que ele entrasse logo. Luhan sorriu amarelo e deu alguns passos para dentro do lugar.

O quarto era razoavelmente pequeno. Como tudo no país, tinha que ter economia de espaço. Havia dois beliches no fundo do quarto – que era totalmente branco – uma pequena cozinha do lado direito que dava entrada para um banheiro, que tinha a porta fechada.

Luhan escutou o som do chuveiro ligado e caminhou na direção do banheiro. Logo na porta tinha horários indicando o uso do dormitório para cada um dos soldados hospedados. Na tela brilhante passavam as regras, horários e espaços que cada um devia ocupar, deslizando rapidamente.

Quando o horário do banheiro apareceu, os nomes ficaram fixos por mais segundos.

04:35 AM     ST-014

04:40 AM     ST-016

04:45 AM     ST-017

04:50 AM     ST-015

— Eu devo ter esquecido. Aqui seus superiores não vão te chamar pelo nome e sim pelo número da matrícula do seu alistamento, que é 014. ST-014. Soldado em treinamento — Jin sorriu — Boa sorte — Ela se curvou e saiu do quarto sem falar mais nada.

Luhan engoliu em seco olhando ao redor. Colocou sua bagagem em cima da única cama que estava intacta e suspirou. Ouviu a porta abrir e viu um jovem sair do banheiro enxugando os cabelos com uma toalha cinza.

— Oi — Ele arqueou a sobrancelha olhando Luhan de cima a baixo — Porque está com a cabeça raspada? — Um robô que tinha metade do tamanho de Luhan apareceu e rolou seus pés redondos até o maior — Meu nome é Yixing — Ele olhou para o painel na porta do banheiro — ST-017 para ser mais formal.

— Meu nome é Luhan, prazer. — Ele se curvou e continuou olhando para o pequeno robô que lhe parecia interessante.

A máquina era branca, tinha uma lataria retangular e seus pés eram duas bolas que giravam como se fossem pregadas ao corpo por magnetismo. Seus braços apareciam através de dois buracos que seu corpo abria quando necessário. Duas garras que podiam fazer de tudo pelo que ele pôde perceber. Sua cabeça era em formato de cúpula que brilhava em luz branca enquanto duas linhas pretas fingiam ser os olhos dele.

— Ele é legal, não é? — Yixing sorriu — O Füher deu um para cada quarto, ele é o nosso ajudante, sinceramente ele faz quase tudo. Só não peço pra ele vestir minha roupa porque tenho vergonha na cara — O robozinho se aproximou com as roupas de camuflagem cinza e preta que todos os ST’s deveriam usar — Obrigado. — Piscou o olho e voltou a olhar para Luhan — O nome dele é Teemo.

— Oi, Teemo. — Luhan acenou com um pouco de receio, mesmo que o robozinho não tivesse olhos vermelhos.

— Olá, ST-014 — Teemo respondeu com a sua voz robótica suave — Apenas procure relaxar, você parece ter medo até da tinta das paredes do quartel. Nós somos todos amigos.

Luhan ficou boquiaberto e Yixing sorriu.

— Ele tem inteligência artificial, então não tente ser mais esperto que ele.

— Tudo bem – Luhan riu.

 

***

 

Kai achou por alguns segundos que aquele seria seu fim. Ao ver todo o sangue e todos os escombros que caiam para todos os lados, achou que logo seria esmagado. O desespero estava nos rostos, nos gritos e nos choros das pessoas atingidas. O moreno olhou para a perna que insistia em não funcionar e logo depois para a multidão que corria desesperada.

Não adiantava pedir ajuda. Ninguém sequer o via ali deitado no chão.

Ele viu tudo ficar mais lento e parou de ouvir os gritos quando avistou um ponto vermelho no meio de todo o preto e branco. Um agudo começou a incomodar os seus ouvidos enquanto via uma jovem menina vestida com uma capa vermelha andando livremente no meio da multidão cinzenta como se não existisse.

Kai conseguiu se levantar com dificuldade.

— Sai... Daí... — Ele deu um passo para frente e caiu no chão. As mãos arderam e o sangue começou a escorrer sobre a poeira no chão — Eles vão te matar...

A menina caminhava olhando para cada uma das pessoas com lágrimas nos olhos. Ela parecia tão perdida quanto Kai. As pessoas não podiam vê-la, mas logo uma delas esbarrou em seu pequeno corpo e ela caiu ajoelhada no chão. A jovem olhou nos olhos estáticos de Kai e deixou que lágrimas caíssem.

— Você pode me ver? — Ela falou sem abrir a boca, o que fez Kai acreditar que ela era coisa de sua cabeça.

— Kai! — Jong In escutou o irmão lhe chamar atrás de si — O que aconteceu aqui...? — Suho colocou o irmão nos braços — Sua perna está...

— Não consigo movê-la — Kai olhou novamente para o local que a menina de vermelho estava, mas ela já havia sumido.

— Pelo visto não poderemos fazer nada por aqui hoje, vamos encontrar os outros, está cada vez mais perigoso, os países externos não vão desistir de destruir esse país.

 

***

 

Chanyeol deixou Baekhyun sozinho antes que ele percebesse que estava do seu lado. Seus olhos lacrimejavam sem que ele pudesse controlar, sua respiração pesava como quando chegava ao final de um dia respirando o ar impuro do ambiente fora de sua casa. O calor fazia seu cabelo inteiro molhar de suor e seus pés descalços já não aguentavam mais pisar no chão de brita.

O lugar era como uma tigela. Tinha um muro de pelo menos dez metros isolando todo o lugar. Câmeras e robôs estavam espalhados no topo dele e havia pequenas janelas em algumas partes.

“Que lugar é esse?” Os olhos de Chanyeol arderam quando ele olhou para um pequeno grupo de pessoas ao norte. Eles trabalhavam limpando peças que soltavam uma quantidade exorbitante de graxa, o cheiro de querosene era tão forte que lhe chamou atenção, e seus olhos encontraram alguém que fez seu coração pular.  

Sehun estava entre eles.

Cansado, de cabeça raspada e cheio de pequenos ferimentos como todos os outros. Chanyeol teve medo de se aproximar, tinha medo do que poderia ter acontecido com o amigo, bastava Baekhyun não poder lhe ouvir, não suportaria descobrir o que o amigo havia perdido.

Ele ouviu o som alto e agudo de uma campainha que ficava no centro do lugar, pendurado na chaminé de uma das cabanas, por sinal, a mais bonita delas, provavelmente onde o chefe daquilo tudo ficava. Todos tamparam os ouvidos até o som cessar e quando cessou todos começaram a se levantar e andar para longe dali.

Chanyeol se desesperou, atravessou a multidão de corpos exaustos e praticamente sem alma até quando conseguiu tocar o corpo do amigo mais novo. Tudo no impulso de não querer ficar mais tempo sozinho sem saber o que estava acontecendo.

Sehun olhou para trás para ver quem lhe tocava com tanta força e arregalou os olhos ao ver o amigo que mal conseguia respirar.

— C-Chanyeol? — Ele perguntou com a voz falhando e com os olhos arregalados. Sehun olhou para os olhos vermelhos do robô que o observava e puxou Chanyeol pela mão — Fique calado e apenas me siga.

Chanyeol queria perguntar todas as dúvidas que ameaçavam destruir a sua mente sem parar, mas preferiu obedecer. Sehun não estava brincando, o seu rosto tinha uma expressão terrível.

O calor começava a ficar insuportável, Chanyeol não conseguia entender como todas aquelas pessoas conseguiam aguentar tanto calor sem soar quase nada. Será que estavam acostumados? Porque ele estava sentindo seu cérebro cozinhar, como se a cabeça fosse explodir a qualquer momento.

— Apenas respire fundo — Sehun sussurrou parecendo saber o que Chanyeol sentia — Quando chegarmos à cabana pode ser que melhore.

— Se não melhorar?

— Você morre.

Sehun falou aquilo de uma forma tão seca e natural que Chanyeol ficou vários segundos chocado, sem saber o que olhar, o que pensar. O mais novo nem sequer olhou para ele ao dizer aquilo.

— Você viu Baekhyun? — Sehun perguntou sussurrando novamente.

— Vi... Mas ele não me viu, aliás... Ouviu. — Chanyeol encolheu os ombros. Sehun olhou para o lado e correu até pegar na mão de um jovem menor que ele. Apenas quando Sehun voltou a ficar do seu lado foi que Chanyeol percebeu que era Baekhyun.

— Ele está surdo? — Chanyeol perguntou com a voz embargada.

— Quase surdo. Ele perdeu muito, mas ainda não é surdo. Apenas fique em silêncio, vamos conversar quando chegarmos à cabana.

Chanyeol assentiu e esperou com os dedos trêmulos e a cabeça fervendo, chegar dentro da cabana.

Ao entrar na mesma cabana que havia acordado, viu todos irem até suas camas, ou cantos no chão, já que não havia beliche para todos.  Sehun segurou o braço do mais velho quando percebeu que ele cairia.

— Respire fundo, do jeito que te falei, ou sua cabeça vai explodir — Falou em tom sério e o soltou.

Os três caminharam até um canto da cabana onde tinha uma cama-beliche vazia e um canto cheio de riscos feitos a carvão. Sehun sentou Baekhyun na cama de baixo e começou a falar com ele com gestos. Baekhyun respondeu da mesma forma e olhou para Chanyeol.

Os olhos de Baekhyun fizeram o corpo de Chanyeol querer despencar. O rapaz nunca tinha visto tanto sofrimento nos olhos do amigo e quando ele lhe olhou, uma dor intensa lhe atingiu. Logo o pequeno desviou o olhar e deixou transparecer o nervosismo ao tremer os lábios.

Sehun falou algo com os gestos, mas Baekhyun não respondeu. O maior franziu a testa e se levantou. Ele chamou Chanyeol com as mãos e sentou encostando as costas na parede suja.

Antes do maior passar por Baekhyun este se deitou e virou o corpo para o lado de forma que evitaria contato visual com ele. Ele ficou sem entender, mas ainda assim, sentou ao lado de Sehun.

— Ele não quer falar com você... Não sei dizer por quê. Não tem lugar pra você dormir aqui, vai ter que dormir no chão. Posso revezar com você, uma noite eu, outra você.

— O que estamos fazendo aqui? Que lugar é esse? — Sehun continuou olhando para Chanyeol com o rosto triste e cansado — Como vimos parar aqui? Eu só lembro que Baekhyun estava prestes a morrer na minha frente quanto eu adormeci e... Acordei aqui.

— Eu não sei como começar a te explicar... Nem consigo acreditar que você não sabe o que está acontecendo... Estou tão acostumado com isso tudo que... Nem sei mais diferenciar a minha vida antiga desta agora... Eu mal consigo lembrar-me do lugar que vivíamos

Chanyeol abaixou o olhar por um instante e pensou. Franziu a testa e olhou nos olhos do amigo.

— Espera... Fazia quantos dias que eu estava desaparecido?

— Dias? — Sehun fez careta — Se eu não estiver enganado... — Sehun olhou para a parede que havia vários ricos de carvão — Eu achava que você estava morto, faz um ano que não tínhamos noticias suas.

— U-Um ano?

 


Notas Finais


Gain agora tem uma companheira maluquinha perto de si. O que que será que Miryo irá aprontar com essa morena eim?
Jungkook e Yoongi se juntando por uma causa nobre, hummmmmm sei
Tadinho do nosso Chanyeol, tão confuso e com medo. Que pena que ele encontrou o Baekkie assim :(
Socorro gente que eu amoo o Teemoooo vou conseguir que alguém desenhe ele pra mim porque eu amo ele na real hueheuheu
SANTO SUHO QUE APARECEU PRA TIRAR NOSSO JONGIN DA MUVUCA PELO AMOR DE DEUS HUEHUEHUE
E essa garota em? Quem é em?
FUDEU CHANYEOL UM ANO AAAA

Ficha, Jungkook: http://imgur.com/6HbPSuH
Ficha, Gain: http://imgur.com/aXTYBnX
Ficha, Yoongi: http://imgur.com/iXjhhPb

Até sexta :)


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