História Black Diamond - Prólogo.

Kylie Jenner, Point Of View

Eu andava devagar sobre os degraus da escada evitando olhar para os lados, minha mala era de rodinhas então o único barulho que se ouvia era do plástico das rodinhas batendo sobre a mármore dos degraus que pareciam não acabar. Antes de descer o último soltei um longo suspiro ao ver Debbie — minha madrasta — parada na porta  de saída da ''minha'' casa. Andei até ela com cautela e coloquei uma mecha de cabelo para trás antes de sorrir para ela.

— Vamos sentir sua falta. — ela disse em meio de um sorriso enquanto vinha em minha direção me dar um abraço. Eu sabia que ela estava mentindo, ela não iria sentir a minha falta.

— Onde está meu pai? — foi tudo que consegui perguntar enquanto ela me apertava até que eu me sentisse espremida.

— Seu pai está em uma viajem de negócios, mas ele me mandou dizer que sentirá sua falta, minha flor. — como sempre, meu pai estava em negócios, ele nunca tinha tempo, nem mesmo para se despedir de mim.

— Eu tenho que ir Debbie, o táxi já chegou e não quero me atrasar. — falei enquanto tentava me afastar do falso abraço dela.

— Você vai ficar no mesmo apartamento que Caitlin?

— Vou. — respondi sem olhar para ela descendo os pequenos degraus da calçada enquanto eu erguia um pouco minha mala para evitar qualquer tipo de barulho irritante.

— Boa sorte na sua nova vida Kylie, não vamos demorar para visitá-la. — a voz dela soava a deboche, tudo o que eu conseguia fazer era sorrir em resposta ou assentir como um garota educada.

Eu iria morar em um apartamento com Caitlin — minha melhor amiga — ela mudou para o Canadá a mais ou menos três meses e quando soube da morte de minha mãe me convidou para morar com ela, mas claro, meu pai só me deixou tomar a decisão de sair de casa depois que completei meus dezoito anos.

Coloquei minha mala dentro do porta-malas do táxi e fechei o mesmo enquanto Debbie me olhava sorrindo dos grandes portões da casa.

— Tchau Debbie. — murmurei com um sorriso fraco nos lábios antes de entrar dentro do carro e fechar a porta. Ela acenou para mim enquanto o motorista dava a partida até meu novo destino.

Canadá.

Durante todo o caminho fiquei observando pela janela toda movimentação na rua, aquelas pessoas felizes, brincando e apaixonadas. Eu me perguntava o tempo todo se eram todos felizes mesmo, ou se estavam apenas fingindo para si mesmo. Assim como eu, fingi durante dois anos uma felicidade que nem existia. A exatamente dois anos atrás descobri que minha mãe não tinha mais chances nenhuma, meu mundo simplesmente caiu sobre minhas costas, eu falhei, deixei todo aquele peso me consumir aos poucos. Eu não sei mais o que é sorrir por espontânea vontade, minha mãe era meu chão e ele se partiu em mil pedaços me deixando andar sobre os cacos, as pontas que tanto machucavam. Meu caminho foi ferido, doloroso. E a dois longos anos isso passou a mudar toda minha vida, tirando todas as cores da mesma, deixando ela escura como a noite.

Foram mais ou menos três horas de viajem, depois que paguei o motorista peguei minha mala e fui andando até o enorme prédio azul, o prédio onde eu passaria a morar com Caitlin. Atravessei a calçada depois que o sinal fechou para os carros pararem e comecei a andar um pouco mais rápido.

Assim que passei pela grande porta de vidro do prédio vi Caitlin sentada no último degrau de uma escada que parecia ser enorme. Fazia poucos meses que eu não via ela mas esses poucos meses a mudaram muito. Ela estava mais linda do que da última vez que nos falamos.

— Meu Deus, que saudade! — ela correu até mim pulando em meus braços em um abraço apertadíssimo. Deixei que minha mala caísse sobre o chão e retribui todo aquele carinho.

— Nossa! Você está linda. — falei enquanto nos separávamos, fitando suas íris castanhas.

— E você então, continua perfeita, como sempre. — sorri em resposta lhe dando mais um abraço desajeitado notando o prédio ficar aos poucos mais movimentado.

— Vem, vamos para o nosso apartamento. — ela disse me puxando pelo braço. Peguei minha mala e segui com ela até o elevador que não ficava muito longe do local em que estávamos.

Assim que as portas do elevador se abriram dei de cara com um longo corredor de luzes vermelhas, Caitlin andava visivelmente animada enquanto eu ficava em seu encalço até chegarmos na porta 6J. Assim ela abriu a porta percebi que eu estava terrivelmente enganada. Eu imagina um apartamento pequeno, simples para duas garotas, não imaginava que fosse quase do mesmo tamanho que uma casa e ainda bem luxuoso. Claro que o pai de Caitlin tinha condições para isso, mas ela nunca foi de gostar de luxo, devo admitir que era lindo.

— Seu quarto fica de frente para o meu, separados por um simples corredor pequeno, você vai amar! — ela pegou a mala de minhas mãos e eu a segui até o quarto que passaria a ser meu. — Eu mesma que enfeitei. — bingo! Meus pensamentos estavam certos, era tudo rosa com alguns tons branco, tinha uma cama de casal e uma televisão grande na parede. Ao lado da cama estava um criado mudo e do outro lado um guarda-roupas não muito grande.

— Que lindo Caitlin. — murmurei observando ela largar minha mala em cima da cama, ela parecia estar tão animada que seus olhos chegavam a brilhar.

— Lembra que quando éramos pequenas a gente ficava falando em morar juntas? Então. — sorri enquanto ela falava notando na parede algumas fotos nossas, desde pequenas, sempre juntas. Olhei novamente para o criado mudo e vi um quadro de vidro, nele estava uma foto de minha mãe comigo, a última foto que tiramos antes de ela morrer.

— Eu lembro desse dia. — minha voz saiu baixa e um pequeno sorriso involuntário surgiu em meus lábios quando peguei o quadro nas mãos.

— Pensei que ia gostar de ter alguma lembrança dela na sua nova vida. — Caitlin murmurou se aproximando de mim.

— Eu gostei, obrigada Caitlin. — larguei o quadro no lugar soltando um longo suspiro. Me sentei na cama e Caitlin fez o mesmo ficando ao meu lado. — Eu preciso sair amanhã para procurar um emprego. — falei revirando os olhos lembrando que eu precisaria enfrentar o Canadá todo em busca de trabalho.

 — Nada disso, você esqueceu que meu pai conseguiu um ótimo emprego para você? — Caitlin sempre cuidava dos detalhes mas eu não fazia ideia de que o pai dela tinha se envolvido nisso.

— Eu não sabia de nada. Caitlin Beadles, não me diga que você fez o seu pai sair em busca de trabalho para mim?

— Não amiga, ele soube que você moraria comigo e resolveu dar a você como boas vindas um emprego. Você sabe como ele é, cheio de manias e ele gosta de você. — suspirei e assenti calada.

— E o que eu vou fazer? — perguntei com medo da resposta.

— Você vai ser empregada doméstica. — ela me lançou um olhar meio de ''sinto muito'', apenas arregalei os olhos desesperada.

— Meu Deus, Caitlin! Você sabe melhor do que qualquer outra pessoa que eu não levo jeito nenhum pra isso. Caramba que mancada! — me levantei da cama andando de um lado para o outro dentro do quarto.

— Kylie relaxa, não tem mistério nenhum. Você vai ganhar mais dinheiro que muita gente famosa por ai.

— Claro, trabalhando de empregada eu vou ganhar milhões! — esbravejei irônica fazendo ela bufar e revirar os olhos.

— Mas eu nem disse pra quem você vai trabalhar. — ela me olhou com um sorriso malicioso nos lábios enquanto eu só sabia ficar cada vez mais nervosa.

— Fala logo Caitlin!

— Justin Bieber, aquele Deus grego. Dá pra acreditar?

— Aquele famoso? — perguntei franzindo o cenho observando Caitlin me encarar com indiferença.

— Lógico, ou existe mais outro Justin Bieber e eu não sabia?

— Pior ainda. Você sabe que eu sou um horror na cozinha!

— Eu disse que você vai ser empregada doméstica e não cozinheira Kylie, para de dar chilique! — ela estava certa, talvez eu estava exagerando um pouco, mas poxa, Justin Bieber? Não podia ser de outro famoso? Não que eu me importasse, nem ligo para a existência, mas esse garoto é todo problemático e podia me causar problemas.

— Não quero ser mal agradecida com seu pai Caitlin, mas não sei... — neguei com a cabeça um pouco pensativa.

— Você só tem que limpar a mansão dele amiga, é simples. E só por isso você vai ganhar muito dinheiro. — ela disse se aproximando de mim. Analisei esses pequenos fatos, eu precisava de dinheiro, até porque não quero passar minha vida toda dependendo de apartamento, quero ter minha própria casa.

— Tudo bem, mas quando eu começo? — perguntei observando Caitlin dar pulinhos de alegria e bater palmas, apenas parando para me responder.

— Amanhã mesmo.