História Black Rose - Invasion

2; Invasão

Alessandra Rivera – com uma mochila nas costas, uma mascara tapando seu nariz e boca, e uma faca, pronta para uso a qualquer momento, em sua cintura – caminhava até a multidão tentando encontrar seu irmão mais novo que havia se perdido no parque.

- NÃO AO ÓDIO, NÃO AO TRUMP.

A multidão gritava em frente ao prédio do candidato.

Preciso sair daqui. Pedro não deve estar nesse inferno. Pensou a porto-riquenha se afastando da multidão. Alessandra sabia que se não saísse dali rapidamente o inferno aconteceria.

Um garoto desastrado esbarrou nela, fazendo-a sacar a faca.

- Calma ai, gatinha. – Levantou as mãos.

- Idiota. –Tremendo, a morena devolveu a faca para o coldre na cintura.

- Vejo que você já esta se precavendo, tem mais dessas ai. – O garoto apontou para a mascara.

Ignorando-o, Alessandra seguiu caminhando, até que um grito a fez parar.

- NÃO FAÇA ISSO. – Gritavam varias vozes.

Alessandra e o garoto aproximaram-se da multidão que gritava para um policial parar de atirar no homem tatuado de cabelos e barba ruiva, que continuava andando em sua direção com a cabeça inclinada para o lado direito. O homem tinha seu nariz e boca cheia de sangue. O ruivo abria e fechava a boca.

Tiros nas pernas, multidão gritava em horror e o homem continuava se aproximando.

Tiros no abdômen, multidão gritava e o homem continuava se aproximando.

Tiros na cabeça, o homem caiu de costas no chão e a multidão calou-se, o ruivo havia finalmente falecido.

Quem continua andando quando se leva tiros nas pernas? Pensou a porto-riquenha.

- LAUR, VOCÊ FILMOU ISSO? – Uma garota de pele negra gritou ao lado de Alessandra para outra garota. Os gritos em protestos, agora eram para com o policial assassino.

- Filmei, preciso postar isso agora no canal, Mani. Preciso de sinal.

Alessandra revirou os olhos impaciente, sabia que em poucos dias sinal de internet era o menor dos problemas que teriam.

Pedro. Lembrou-se de seu irmão. Afastou-se da multidão rapidamente, só havia um único lugar que ela ainda não procurava pelo menor, a sorveteria.

- VEM CHRIS. – Lauren Jauregui, Youtuber um pouco mais de um ano, chamou o garoto. O mesmo olhou em todas as direções tentando procurar a morena mascarada, mas não obteve sucesso, então seguiu sua irmã mais velha com a amiga. – Mani, o que será que é isso?

Os três pararam quando acharam o mínimo de sinal.

- Não faço a mínima ideia, mas eu vou pra casa. Isso esta me dando um medo tremendo. – Normani Hamilton, também youtuber e melhor amiga de Lauren, disse olhando para todos os lados enquanto Lauren mexia em seu celular, provavelmente postando o vídeo que acabara de filmar. Que mais tarde seria visto por milhões de pessoas, que saíram para as ruas indignados com o ocorrido do policial.

- Quando eu falo que são zumbis vocês não acreditam. – Chris disse com voz desanimada. Christopher Jauregui, além de ser irmão um ano mais novo de Lauren, era mais um daqueles adolescentes viciados em jogos e series da atualidade. As duas fitaram o rapaz. – O que? Nunca assistiram algo parecido? Mordidas, tiros e pessoas “sobrevivendo”? – Fez aspas no ar. – Ah qual é? Não po...

Um grito o interrompeu fazendo os três olharem para o lado oposto da multidão, um caminhão estava se aproximando em alta velocidade.

O rapaz empurrou as duas garotas para o lado e os três – como a multidão – correram para longe dali.

Ofegante, Normani sacou seu celular do bolso da calça e atendeu seu pai que ligava sem parar preocupado.

- AONDE VOCÊ ESTA, NORMANI KORDEI HAMILTON?

- Calma ai, pai. – Foi o que ela conseguiu dizer antes de ser puxada, pelos dois braços pelos irmãos Jauregui, um de cada lado. – Ei, ei, ei.

Entraram na sorveteria antes do dono fecha-la.

- A c-criança estava comendo as tripas da mulher... você viu aquilo, Lo? – Chris estava assustado em ver pessoalmente o que ele só via pela tela de seu computador

- Vi. – Lauren, tentando esconder seu desespero, olhou para o dono da sorveteria fazendo carinho nos cabelos castanhos claros de uma garota. Olhou para o outro lado e viu uma morena mascarada com um garotinho apavorado de cinco anos de idade em seu colo. E depois viu Normani devolver seu celular no bolso.

- Olha, se não é a mascarada.

Alessandra sorriu sem humor para o comentário de Chris.

- Eu preciso ir embora, meu pai esta nervoso. – Normani disse encarando Lauren.

- Espera até a multidão se dispersar, vai que é um atentado terrorista? – Normani balançou a cabeça. Lauren poderia estar certa.

Chris caminhou até a mesa onde Alessandra estava com seu irmão. Normani e Lauren foram até o dono da sorveteria.

- Se incomoda se ficarmos um tempo aqui?

- Não, claro que não.

- Lauren Jauregui. – Estendeu a mão a ele e ele fez o mesmo a cumprimentando.

- Brandon Hernandez, essa é a minha irmã, Ally.

- Oi. – A garota não tirou a cabeça dos ombros de Brandon. até quando barulhos de vândalos tentando apedrejar a porta chamaram suas atenções.

- Ai, é melhor todos nós irmos lá pra dentro. – Chris apontou para a porta aberta. Atrás da sorveteria Hernandez, era uma casa.

- Também acho melhor, essa porta não vai aguentar. – Alessandra se levantou com o garotinho no colo sonolento que também estava com a mascara no rosto. Já passava das seis esta tarde e Pedro dormia àquela hora, mas as rotinas estavam a mudar.

- Não podem. – Ally levantou-se de repente para bloquear a entrada. Brandon foi trancar as portas de correr rapidamente.

- Você viu o que esta acontecendo lá fora? Sabe o que eu vi quando tentava encontrar meu irmão? Acha que eu quero sair daqui e correr o risco dele ser mordido por uma daquelas coisas?

As duas se fitaram. Os olhos negros raivosos de Alessandra desafiando os olhos castanhos medrosos de Allyson.