Sem dinheiro, sem família.
Dezesseis anos no meio de London City
Meu louboutin atinge a estrada cimentada, posso senti o calor da tarde aquecer minhas bochechas já febris, um projeto de sorriso resvala pelos meus lábios enquanto faço meu caminho, trajando um micro short jeans, rasgado nas pontas e um uma blusa preta colada ao meu corpo, trago um projeto de bolsa a lançando em minhas costas, caminho mantendo toda minha dignidade, a essa altura pego-me caminhando pelo acostamento da região deserta, também conhecida como fim de mundo em que vivo.
Bristol é uma cidade, autoridade unitária e um condado cerimonial da Inglaterra, tudo bem, não é tão fim de mundo assim, possui cerca de 428.100 habitantes e agora um a menos, pois minha querida mamãe acaba de me expulsar de casa.
Motivo? Right! Uh... Talvez eu tenha deixado meu stepfather alisar suas mãos grossas e majestosas em mim, uma coisa a mais ou uma coisa a menos, mas só talvez. Minha mãe é o exagero em pessoa, não é como se ele fosse o meu pai. Então, certo.
Caminho proferindo um passo de cada vez, passos lentos, estreito os olhos para o sol nada costumeiro que resolveu abrir essa manhã em Bristol. Me parece que tenho chão, muito chão se quiser chegar a Londres. Duas horas e meia de carro, mas quem sabe a pé e sem um puto no bolso? Talvez eu chegue amanhã! Com esses sapatos eu provavelmente chegarei em três dias, mas não os retirarei, é minha forma interna de protesto do meu corpo gritando: FUCK IT! EU POSSO ANDAR UMA MILHA COM LOUBOUTIN EM MEUS PÉS.
Agacho-me abrindo a bolsa com diversos desenhos de cabines telefônicas de Londres. Deus! Nem ao menos parece que moro a poucos quilômetros do lugar, pareço mais uma turista que jamais teve a oportunidade de visitar o local, quando na verdade passava a maior parte da minha infância, indo e voltando fazendo uma ponte Bristol-London com a minha mãe.
Retoco meu batom vermelho sangue, estalo os lábios, limpando os resquícios ao redor dos meus lábios com a ponta do indicador.
Jogo o cabelo para o lado e ergo a cabeça, decidida por não deixar sentimento algum de culpa invadir minha mente.
Ouço uma buzina estridente de um carro cortar o ar puído do até então silencioso espaço, viro meu rosto, deparando-me com a fonte do mesmo.
Aceno com a mão, forçando uma pose medíocre numa tentativa de expor minhas pernas e meu decote, isso parece funcionar, quando o motorista cede, desacelerando e finalmente parando com seu possante, um conversível vermelho para ser mais específica, ao meu lado.
- A mocinha está indo a algum lugar? – O homem de meia idade pergunta.
Afirmo com a cabeça, piscando diversas vezes e mordendo o meu lábio inferior.
- Preciso chegar a Londres.
Não, eu não preciso. Na verdade o que farei em Londres? Sempre tive vontade de morar em Londres, mas minha mãe arrumara o maldito namorado e não abandonaria Bristol de forma alguma, talvez esse seja o destino gritando em minha face: VAI PARA A PORRA DA CIDADE E SE VIRE!
- Entre aí garota!
Sorrio, saltitante e animada, lanço minha bolsa no banco de trás, deposito uma perna de cada vez, até pular para dentro do veículo.
O homem arranca com o carro, sinto o vento agora gélido fazer com que meus cabelos esvoacem, os projetando para trás, rio e estendo as mãos para cima.
Hey...
Hey London!
Aí vou eu!
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