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História Black Wings - Anjos também tem senso de humor


Escrita por: And990

Capítulo 4 - Anjos também tem senso de humor


       Ficamos em silêncio durante um tempo. Era bastante coisa pra assimilar, mesmo levando em conta tudo o que eu já tinha visto naquele dia...
     Gabriel falou quando o silêncio começou a ficar contrangedor.
     - Por favor, me perdoe. Me empolguei quando soube que você seria meu colega de quarto e eu precisava contar pra alguém sobre minha teoria. Eu sei, uma necessidade infantil... bem, você não precisava ouvir tudo isso agora. Não é importante no momento...
      - Tudo bem, fico feliz em saber mais sobre mim mesmo... é que... é meio constrangedor que existam anjos "estudando" a minha vida, tanta gente sabendo mais sobre ela do que eu...
      - Ah, fique tranquilo nesse ponto. Não é pessoal. Os anjos sabem tudo sobre a vida de todos. Tomamos pra nós o fardo de cuidar dos humanos, dos nossos, e até dos caídos de certa maneira...
    - É, isso é verdade. O problema é que nós NUNCA PEDIMOS mamães angelicais! - gritou uma voz feminina, vindo da cozinha.
     Quando virei pro lado, a poucos metros da entrada do quarto estava uma garota relativamente alta, de pele branca, cabelos muito lisos e negros, e olhos de um tom escuro de verde, com cílios longos e delicados. Era muito linda, mas tinha uma expressão firme de quem não gostava de ser desobedecida. Devia ter dezessete, e não precisava fazer muito esforço pra ser intimidadora. Mesmo assim fazia questão de se esforçar.
      - Você deve ser o Christian. Gabriel provavelmente te disse algo do tipo "eu mantenho as minhas coisas arrumadas, mas se quiser fazer uma zona com as suas, fique à vontade". Bom, não é assim que a banda toca. Se ocorrer uma inspeção aqui e os seus quartos estiverem fodidos, quem vai ter que ouvir, como capitã da casa, sou eu. E pode ter certeza que eu não gosto de ouvir - disse ela.
      - Iliriel, essa é Elizabeth. Tem dezessete anos e é a capitã da casa, ou seja, é responsável por quase tudo que fazemos aqui dentro. Ela vai fazer questão de infernizar cada segundo da sua vida por aqui. Além disso, pode ser o único ser celestial vivo que consegue fazer o Cain obedecer ordens.
      - Em primeiro lugar, pela última vez,  PARE de chamar os caídos pelo seu nome nos registros, é um porre! Segundo, se você transformar seu quarto em um ninho de demônios, Christian, vou ter que te infernizar, sim. Agora, você vai ter a tarde inteira pra colocar suas coisas no lugar e conhecer a casa. Como Gabriel parece estar num dia de caridade com novatos, ele vai te ajudar. Às sete da noite, nós três, Cain e Seline vamos estar no micro pátio atrás do castelo pra cerimônia de iniciação. Sete. Em. Ponto. Fui clara?
     - Érr... sim. Com certeza.
     - Não se preocupe, Christ. Hoje, eu vou te ajudar - disse Gabriel.
     - Ótimo, ótimo... só mais uma coisa,  Coloque uma camisa. Já é uma merda ter que ficar mandando o Cain fazer isso, sendo ele o único que faz - disse Elizabeth, e deu meia volta, indo pra cozinha.
       Só então lembrei que ainda estava sem camisa. Corei dos pés à cabeça. Gabriel, percebendo, riu muito.
       - É, vou te falar que você tem coragem. Nem um décimo dos garotos do campus ficaria sem camisa desse jeito na frente da Elizabeth. Se ela desconfiasse que era pra provocá - la, na certa o infeliz iria pra enfermaria com o nariz quebrado.
       Fui até o banheiro e coloquei outra muda de roupa. Quando saí, Gabriel e eu fomos dar um tour pela casa.
       Sem dúvida era bem grande pra cinco estudantes, mas não tinha muito cômodos. A porta dava pra sala, que dava pra cozinha, que dava pros dois quartos. Na sala tinha uma escada que subia em espiral pra um corredor onde haviam duas portas e uma outra pequena e de estabilidade duvidosa. Essa segunda escada levava a uma portinhola do que tipo que dá em um porão empoeirado.
        - A portinhola leva ao telhado da casa. É um ótimo lugar pra refletir e observar às estrelas à noite, se quer saber. - disse Gabriel - Essas duas portas são dos quartos de Seline e Elizabeth. Devem estar cheios de coisas pessoais. Eu tomaria distância de fosse você. Vamos lá pra baixo.
        Fomos até a cozinha. Eu sentei à mesa enquanto Gabriel foi pegar coisas pra fazer sanduíches na geladeira.
       - Gosta de pasta de atum? Não temos muita coisa pra comer, na verdade. Fazemos muitos sanduíches. Às vezes a gente ou um de nós vence algum jogo e trás comida extra pra casa. Cain gosta de carne apimentada. Elizabeth gosta de frango e algumas verduras. Seline é vegetariana. Eu sou meio fanático por doces, não temos muitos lá em Aurum City - contou Gabriel.
       - O que é Aurum City? E por quê Seline é vegetariana?
       - Não é só porque ela "não concorda com a maneira como os animais são criados pata o abate". Talvez eu também fosse, se pensasse muito nisso. Acontece que que ela não gosta. Simples assim. Já provou várias e várias carnes, e nunca realmente gostou de nenhuma. Prefere ovos e vegetais. Deve ser coisa do paladar das dríades, também.
        - Sério? Eu não consigo me imaginar vivendo sem um churrasco, de vez em quando... peraí, você disse Dríade?
         - A história é longa, e um pouco pessoal. Elizabeth fica muito chateada se alguém sai falando sobre isso. Seline é uma garota muito gentil, mas também é muito, muito tímida. Elizabeth sempre protegeu ela. Se perguntar pra uma das duas no momento certo, elas podem te contar em detalhes. Só não queira apressar as coisas - concluiu ele.
        Fiquei um tempo pensando. Estava curioso, mas mesmo que desconsiderasse que Elizabeth podia me matar, eu não queria pressionar uma garota tímida. Eu sei o quanto pode ser irritante ser tensionado a fazer ou dizer algo por pessoas que não tem nada a ver com a sua vida. Às vezes eu quero mandá - las pro inferno.
         E pensar em "inferno" me leva de volta a Cain.
         - Eu não queria perguntar sobre isso, mas estou muito curioso... como são as relações entre anjos, anjos caídos e demônios? É tudo muito diferente do que eu imaginaria...
         - Os anjos e anjos caídos interagem diplomaticamente. Parte disso graças a seu pai. Mas não foi sempre assim... já houveram muitas guerras. Algumas épocas terríveis para os humanos foram resultados destas guerras. A questão é que os anjos acolhem e acreditam na Lei Divina de Michael, o Arcanjo - Mor e líder dos anjos.
        - Antes que você pergunte, "Deus" não existe. Invenção humana que ajudou a manter a ordem desde sempre. Mas existem entidades benevolentes... e nem todas são anjos. Os anjos prezam pela paz e diplomacia, mas quando acreditam que ela não é mais possível, tentam usar a força. Os caídos também, mas historicamente, eles usavam a violência mais cedo. Se isso é algo "ruim" ou "bom", você que vai decidir. Honestamente, acredito que seja ruim, mas estou começando a entender melhor como os caídos, os humanos, e até mesmo demônios usam a violência.
         - Os caídos discordaram da Lei e decidiram que prefiriam viver no mundo humano do que no céu, se isso significasse "ser livre" da Lei. Os anjos acreditam nela e a defendem. Eles habitam o "céu".
        - Sei que deve estar confuso nesse ponto, deixe - me explicar: nós só adotamos o nome "céu" porque os humanos começaram a usar desenfreadamente, e é mais apropriado que "paraíso". O nome verdadeiro é complicado demais, mas ele é o mundo dos anjos. Existem portais do mundo humano pra lá. Aquela galera que fez uma torre gigante conseguiu a proeza de escolher o modo mais difícil de todos de se chegar lá, e ainda fez do jeito errado. Michael achou apropriado fazer eles repentinamente só conhecerem línguas absurdas e diferentes, uma punição leve, pelo pecado de simples curiosidade. Existem coisas piores que não conseguir se comunicar. Dizem que não era por mal, mas o céu estremeceu de tantas gargalhadas naquele dia. Dá até pra imaginar o quanto deve ter sido hilário.
        - Enfim, o que vocês chamam de "céu" é aquele mundo. Ninguém sabe como começou, e não é um "planeta". De fato a geografia diz que é um geoide, assim como o inferno e a terra, mas não é situado no universo material. É como se existisse em uma dimensão à parte.
      - Lá é sempre dia. O Sol está mais próximo do mundo do que a Lua está da Terra, e mesmo assim ninguém se queima. O calor é agradável e aconchegante, e se por acaso forte demais, é só procurar um lugar aberto. O vento é muito refrescante.
        - É lá pra onde as almas dos humanos vão quando eles morrem. Acontece que as almas não são inteligentes, e lá elas não sentem prazer ou dor. Não é o que muitos humanos sonham como "pós - vida para os bons", mas não é ruim, Christian. Lá elas encontram paz, e pra alguns, é tudo que eles sempre quiseram...
      
      


Notas Finais


Esse capítulo encerra os três que eu já tinha escrito quando adicionei a histótia no app. Por causa da animação não fiz muitas revisões antes de postar, então mais uma vez, peço desculpas por erros de escrita em geral e repito: espero que curtam e obrigado por ler!


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