- Dessa forma, Lúcifer foi a primeira entidade a conhecer a dor. O medo. O sofrimento. Estes sentimentos estavam entranhados na magia obscura, que ele absorveu e administrou no próprio corpo. E ele também conheceu o prazer, de uma forma que seus irmãos não conheciam. O prazer desmedido. O prazer ilimitado. Mas quando a fome de satisfazer os próprios desejos carnais ultrapassa a consideração pelos outros, surge o pecado. Quando Lúcifer descobriu que os humanos, a "criação pura" de Michael podiam lhe conceder prazer de tantas formas diferentes, ele optou por se aproveitar deles.
- Lúcifer apresentou o pecado aos humanos. Teve filhos. E é assim que funciona: um filho de anjos, a não ser que um dos pais seja um demônio, vai nascer um anjo. E um filho de demônios, mesmo que um dos pais seja um anjo, vai nascer demônio. E nesse momento, Lúcifer já era demônio.
Nessa hora, o salão entrou em um silêncio pesaroso. Pelo jeito, aquilo era verdade. E talvez, a mais dura e desagradável das verdades.
- Sim. Uma vez entranhada no sangue, a magia negra segue e corrompe os descendentes do infectado. Não há antídoto, não há cura. E os filhos de Lúcifer com os humanos nasceram demônios. Azazel confrontou Lúcifer antes de Michael, e o irmão do meio tentou convencer o mais novo a seguir seus paços, pois Michael não conseguiria destruir os dois juntos.
- Porém, Azazel negou. Ao descobrir que a magia negra faria o infectado ter prazer com a dor alheia, Azazel a temeu. O irmão mais novo sabia o quão perfeito pode ser o prazer, mas o quão perigoso também. Essa foi a lição que Lúcifer, acidentalmente, deixou a seus irmãos: que a tentação do prazer em excesso pode tornar - se mais forte do que a consideração pelo próximo, e quando isso acontece, surge um ser cruel. Surge um demônio.
- Enquanto Azazel somente se negou a socorrer Lúcifer, Michael se enfureceu. O irmão mais velho encontrou o primeiro demônio, e o destruiu. Sangue do seu sangue. O anjo dissipou a essência do pecador e a dissolveu.
- Mas já era tarde. Os filhos de Lúcifer já existiam, alguns tão cruéis quanto o pai havia se tornado. Então, Michael fez o inferno e os baniu pra lá. Mas os demônios eram poderosos. Eles voltaram ao mundo, e apresentaram, para os humanos que o quisessem, o pecado.
- Azazel e Michael tinham diferenças. Eles discordavam quanto a muitos assuntos. O irmão mais novo não concordava com o mais velho, mas o respeitava. Confiava nele. Essa era a diferença entre Lúcifer e ele.
- Desta forma, Azazel desceu do paraízo, e tanto espontaneamente quanto com a permissão de Michael, foi viver entre os humanos. E assim como o irmão ele teve muitos, muitos filhos. Alguns descendentes um do outro optavam por viver da maneira que não era a do seu pai de sangue. Alguns filhos de Azazel foram viver no paraíso, e alguns de Michael, na terra. O que difere um Anjo celestial de um caído é nada mais nada menos que uma escolha. Os que habitam o paraíso escolhem seguir as regras de Michael, e os que habitam a Terra, escolheram a liberdade. Mas lembrem - se: a liberdade mal regida leva a consequências dolorosas. Agora, uma notícia ruim para quem ainda não sabe: Azazel foi destruído por demônios há muitos séculos. Sem dúvida, a mais lamentável das perdas para os Caídos. Ele foi um líder exemplar. Um pai do qual qualquer um se orgulharia.
- E agora, uma boa notícia. Azazel se foi, mas os Caídos nunca ficariam sem um patriarca. A posicão de líder dos Caídos é muito, muito, MUITO honrosa, e atualmente, quem carrega esta imensa responsabilidade, tanto quanto este imenso orgulho, sou eu mesmo: Acriel. E quando vocês, meus filhos, estiverem perdidos... quando vocês precisarem de orientação... não quero que pensem em mim como seu diretor. Quero que pensem em mim como seu pai.
Uma ensurdecedora salva de palmas preencheu o salão.
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