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História Blame - Capitulo 1


Escrita por: illusionmatt

Notas do Autor


Oiii! Essa é uma das primeiras historias que eu posto no site e eu espero que gostem, me digam o que acham nos comentários, tudo bem?

Capítulo 1 - Capitulo 1



Champion Newspaper, 23 de outubro de 2015.
Machete por Dakota Hennin

Na manhã desta quarta-feira (19), por volta das 10:45, o jovem John Gimmer subiu em um dos morros de Chino Hills com uma pistola 380 com a intenção de cometer suicídio. As autoridades foram chamadas por uma jovem que alegou não conhecer o rapaz de quinze anos.

Angelina Elize Dallas disse que percebeu um volume estranho na jaqueta de John enquanto trombava com ele na rua e percebeu que ele estava abalado, a jovem então o seguiu.

"Eu fiz de tudo para que ele descesse de lá" ela alega, entre lágrimas, "e ele chegou a descer, mas quando eu me virei ouvi apenas o disparo da arma."

A jovem diz que tentou perguntar o que havia feito John chegar a aquele ponto, mas ele se recusou a dizer. Sua mãe não quis dar entrevista, mas disse que essa é a pior notícia que qualquer mãe poderia receber. O pai de John disse que o rapaz sofria bullying na escola a anos e a família tinha acabado de perder Jenny Gimmer, a mais velha da família Gimmer, irmã de John, que, de acordo com seu pai, era muito próxima de John.

O velório e o enterro do garoto aconteceram hoje (23).


8:23, sábado, 10 de fevereiro de 2016

A água quente escorria pelo meu corpo e pingava dos meus dedos, fazia meus cabelos pesados grudarem na pele nua e pálida das minhas costas e já havia entrado no meu nariz diversas vezes, no meu olho também, mas eu nem sequer me importava. Depois do condicionador com cheiro de frutas cítricas finalmente sair do meu cabelo, me enrolei em uma toalha antiga vermelha de quando eu ainda era muito criança, que foi uma das poucas coisas que não coloquei na mala, e sai do banheiro, me dirigindo ao meu closet quase vazio, coloquei uma camisa de mangas compridas com flores roxas, rosas, brancas e azuis da Adidas, uma calça preta e minhas botas pretas com saltos grossos e altos, quase grosseiros, que Rebecca costumava chamar de Chunky e a convivência com a garota me obrigou a adotar esse nome para uma das minhas botas preferidas, não passei maquiagem, afinal tudo estava guardado, apenas penteei e sequei o cabelo antes de respirar fundo, frustrada por ainda ter algumas coisas para guardar nas caixas á essa altura.

"ANGELINA TRAGA SUAS COISAS PRO ANDAR DE BAIXO, RÁPIDO!" Ouvi meu pai gritar.

Minha mãe estava me odiando por não ter guardado todos os livros e álbuns de fotos, já que deveríamos ter levado todas as coisas para a casa nova na última semana. Eu me incomodava muito com isso, quer dizer, estava dormindo em um quarto sem quase nada por uma semana, já que o caminhão demorava vários dias para ir da Califórnia até a Georgia. Bufando e suspirando sem ânimo por não ter outra escolha, peguei o marcador aberto que manchava o pano de chão velho e sujo que eu usei alguns minutos antes pra limpar a sujeira que eu tinha feito com o resto de suco que havia na última caixa dentro da geladeira, agarrei o marcador que, um dia, já teve tampa, sacudi um pouco e o usei.

Depois de escrever 'Angel' em letras de forma nas caixas onde eu tinha guardado os ursinhos de pelúcia de quando eu era pequena, e que eu não estava com a menor vontade de levar para a casa nova, comecei a andar pelo quarto, procurando por entre as caixas a tampa do marcador, minha mãe ia ficar ainda mais brava do que já estava se eu perdesse a tampa e fizesse a porcaria do marcador secar, depois de longos cinco minutos procurando, encontrei o pontinho azul atrás de uma pilha de lixo e pedaços de papelão no canto do quarto, onde costumava ficar um manequim branco que não tinha pernas, apenas cintura, uma cabeça sem rosto, peitos pequenos e braços curvados que quase encostavam no pequeno pedaço de quadril que ela tinha, ganhei quando tinha uns quatorze anos e chamei de Piper, era nela que eu guardava cachecóis, um sombreiro que comprei na minha viagem para o México, um chapéu de palha de Malibu, que eu sempre levava quando íamos para a casa que tínhamos na frente da praia, usava também o colete colorido que meu padrasto tinha me dado, mas eu tinha odiado, luvas do tempo em que eu achei que nevaria na Califórnia, o que nunca aconteceu, e um óculos rosa. Coloquei a tampa no marcador e coloquei o mesmo em um canto qualquer enquanto para para encarar as outras caixas que estavam espalhadas pelo quarto suspirei por finalmente perceber que deveria ter arrumado aquilo mais cedo e passei a fita adesiva pela outra caixa de papelão cheia com os meus livros, passei a mão no marcador de novo e escrevi rapidamente o meu nome, tentando demorar a menor quantidade de tempo possível, mas fui interrompida pelo peso absurdo da caixa, que me fez cair no chão ao tentar levantá-la. Me sentei frustrada e ouvi um risinho conhecido na porta seguido por uma voz esganiçada de um homem que, obviamente, não tinha sido muito atingido pela puberdade.

“Precisa de ajuda, Angelina?” Ele estava encostado no batente com os braços cruzados e um sorrisinho no rosto que me dava vontade de socar sua cara.

Dei um sorriso falo pro meu irmão mais velho e ele se aproximou de mim rindo. Ele se abaixou e levantou a caixa de papelão usando a força que nem em sonho eu terei.

"Não me lembro de ter aceitado sua ajuda." Falei, cruzando os braços.

"Mas não negou." Ele rebateu, piscando para mim “Ok, Angel, eu vou lá embaixo levar isso e quando eu voltar vou levar a fita adesiva para o Ashton, ele está me enchendo o saco achando que eu perdi.” Ele revirou os olhos e saiu.

Tentei puxar uma caixa que estava atrás de algumas outras vazias e vi que ela estava realmente pesada. Abri aquele pedaço de concreto disfarçado de papelão e vi um quantidade absurda de álbuns de fotos, possivelmente uma dúzia ou mais. Eu só posso ser idiota. Bufei alto e ouvi mais uma vez o riso do Cameron ao me sentar no chão e começar a tirar os álbuns de lá.

“Alguma coisa me diz que você está de mau humor...” Ele se sentou a minha frente, do outro lado da caixa com pernas de índio como as minhas.

“E estou”

“TPM?”

“Cam, nem todo mau humor é causado por TPM.” Gritei fazendo ele franzir o cenho, bufei e continuei “Desculpe, eu só... Não quero ir pra Atlanta! Com tantos lugares eles querem mesmo ir morar em um lugar em que você precisa por três cadeados na porta pra não ser assaltado?” Bufei.

“Qual é, Atlanta é uma cidade legal. Tem um aquário maneiro, a gente pode ir visitar ele se você quiser,” Ele sorriu pra mim, mas eu simplesmente tirei um álbum de fotos com capa cor de rosa da caixa com o rosto sem esboçar emoções.

Abri o álbum de fotos e dei logo de cara com uma criança de cabelos marrons e olhos azuis sendo segurada por uma linda loira com olhos exatamente da mesma cor. Eu e a minha mãe. Claro que hoje ela não tem mais o cabelo dessa cor, como eu e Cameron puxamos o cabelo marrom do meu pai e meu pai nos deixou quando ainda éramos muito pequenos, minha mãe achou que seria melhor para nós dois se ela pintasse o cabelo, assim não ficaríamos pensando no papai o tempo todo, afinal, mamãe tinha o cabelo quase branco, e nós éramos bem morenos, logicamente perceberíamos que o cabelo não vinha dela e ligaríamos ao papai, e não era isso que ela queria, ela queria romper qualquer ligação que pudêssemos ter com ele.  Era impressionante o quão bonita eu era aos cinco anos. Passei as paginas e vi fotos minhas ainda pequena brincando no quintal da nossa casa em Malibu junto com Larissa e Cameron, infelizmente, acho difícil voltarmos para lá considerando a distancia da Califórnia para a Georgia. Vou sentir saudade daquele lugar, os espelhos sujos pela maresia, o cheiro constante de peixe, o barulho irritante de rodas de skate passando em frente à nossa casa a cada vinte minutos, não era o melhor lugar de todos, mas eu, por algum motivo, sempre amei aquela casa.

“Incrível como um quintal grande e com grama era suficiente quando éramos pequenos.” Suspirei “Hoje tudo parece tão diferente”

“Deixa disso, pelo menos o diabo não está te perseguindo até o outro lado do país como um pintinho segue a galinha.” Cameron reclamou.

“Por que eu sinto que isso é sobre a sua namorada-ciumenta-desesperada-perseguidora?”

“Titulo grande.” Ele riu “Que tal chamarmos só de NCDP?”

“Não fuja do assunto, é por causa dela?”

“Ela desistiu da faculdade de artes de Los Angeles pra me seguir até Atlanta e cursar arquitetura.” Não consegui conter o riso, que soou mais escandaloso do que eu esperava.

“Você está brincando né?” Perguntei, quase sentindo meu estomago doer.

“Quem me dera estivesse, ela deve chegar em pouco tempo pra infernizar a minha vida, graças a Deus ela só vai para Atlanta daqui alguns dias, vou ter uma folga.” Ele bufou “Eu quero me matar!”

“Pense pelo lado bom, seu verdadeiro amor vai estar do outro lado da rua, Larissa vai se mudar também.” Ele arregalou os olhos.

“Serio?” Um sorriso se abriu. Mas logo sumiu quando o som da campainha “75% de chance de ser a Vanessa e 15% de chance de ser a Larissa”

"Larissa." Assenti com a cabeça, segura do que estava falando.

"Acredita mesmo que seja ela?"

“Sempre torço pro lado que está perdendo, ou o que não tem vantagem.” Dei de ombros e nós dois levantamos.

Corremos pelo corredor desesperados até ouvirmos nossa mãe chamar o nome da namorada de Cameron, Vanessa, do jeito mais doce possível, perguntando sobre a família da garota e sobre como está a mudança dela. Minha mãe adorava Vanessa, não conhecia o monstro que se esconde por trás daquele corpo magrelo e cabelos loiros. Nós dois corremos de volta pelo corredor até ela chamar o nome de Cameron, que fez a pior cara de criança pirracenta que eu já tinha o visto fazer, me obrigando a segurar o riso.

Voltei pro meu quarto e tirei o resto das caixas de lá, as levando para o topo da escada, onde eu tinha plena visão dos beijos que Vanessa e Cameron trocavam enquanto minha mãe estava em seu closet guardando suas ultimas roupas. Gritei para Cameron descer minhas caixas e avisei que voltaria em dez minutos antes de passar pela porta. Andei até o fim da rua encontrando uma casa preta com um lindo jardim e uma porta chique, caminhei pelas pedras cinzas que iam em direção á enorme porta de entrada da casa da minha melhor amiga. A família Mason tinha uma boa vida, eram bem ricos e Larissa era filhaúnica, ou seja, ela tinha ganhado dos pais uma casa ao lado da minha com três quartos, dois andarem e profissionalmente decorada. E eu estava feliz, afinal não ia ter que deixar tudo pra trás, pelo menos minha melhor amiga iria comigo.

Toquei a campainha e logo uma mulher loira, magra, alta e muito bem maquiada e vestida apareceu na porta. Sra. Thalita Mason, mãe da Larissa, nascida no Brasil e casada com um americano bonito e milionário. Uns chamariam ela de sortuda, eu chamaria de aproveitadora, mas Larissa não precisava saber disso.

Larissa logo tomou o lugar da mãe, se mostrando ser completamente o contrario. Era um contraste incrível, chegava a me causar dor de cabeça, Larissa usava seu cabelo loiro amarrado em um coque bagunçado no topo da cabeça, usava uma calça branca toda rasgada, uma blusa de basebol e um casaco amarrado na cintura, puxou as malas para fora e fomos conversando sobre Atlanta até chegar na minha casa. Ela defendia a ideia, eu odiava o fato de estar indo embora. Abri a porta e meu sorriso se desfez na hora, meu irmão estava no sofá com Vanessa em seu colo enquanto os dois se beijavam como se realmente se gostassem e tivessem ficado dias sem se ver, como animais famintos, era nojento, e Larissa, que odeia ser colocada nesse tipo de situação de merda, pigarreou.

“Só podia ser você” Vanessa reclamou saindo do colo do meu irmão.

“Lari, eu...” Cameron começou parecendo desesperado com o que Larissa diria.

“Cameron cala a boca” Larissa disparou antes da minha mãe entrar.

“Está na hora crianças, nosso voo é em uma hora!” Minha mãe anunciou animada correndo pra fora da casa.

Cameron se despediu de Vanessa com um beijo antes de entrar no carro onde estávamos todos nós, era visível que ele não queria beijá-la, mas Vanessa fazia questão de marcar território toda vez que Larissa estava por perto, como se quisesse gritar pra ela manter uma distancia mínima de uns dez metros. Isso também era nojento, e Larissa também odiava a insegurança da namorada do meu irmão.

Quando ele entrou de novo, Larissa hesitou em falar com ele, mas depois de cinco de suas piadas ridículas que ela não resiste, eles começaram a se falar normalmente, rindo e brincando durante todo o percurso, e, por mais que tentassem brincar comigo ou me incluir nas conversas, eu preferia apenas ficar olhando pela janela, ouvindo a minha musica, eu queria poder olhar com atenção para minha cidade natal mais uma vez. Em algumas horas, cinco horas e cinquenta minutos para ser exata, eu estaria fora, finalmente, da cidade que me assombrava tanto. Desde o ocorrido com John eu não conseguia mais dormir sem acordar a noite suada e chorando. A verdade os jornais não contaram. Eu não era uma heroína que estava no lugar certo na hora certa, eu era a causa de tudo, desde o começo. Eu fiz John se matar. Eu conheci ele. Éramos amigos, eu poderia simplesmente ter evitado uma série de acontecimentos que foram matando-o pouco a pouco, mas não fiz nada, deixei que todo o seu interior fosse dilacerado até não sobrar nada e ele considerar tirar a própria vida.

Os dois segundos que eu me virei pra estrada foram os últimos dois segundos de John antes de uma arma estourar-lhe o crânio, antes do seu sangue pegajoso e vermelho até demais cobrirem o topo do morro em que estávamos, eu senti como se eu tivesse morrido ali, desejei várias vezes que ele tivesse apontado a arma para mim, para a minha cabeça, e que fosse o meu sangue ali, mas não foi isso que aconteceu, minha mãe havia parado de me levar para a psicologa algumas semanas antes da viagem, depois que eu disse que já estava bem e que não precisava mais perder duas horas numa cadeira, conversando com uma pessoa que só fazia anotar tudo o que eu falava, todos os dias, não estava sendo fácil, e eu acreditava, sinceramente, que seria melhor sem alguém me perguntando coisas sobre o que eu estava pensando e sentindo o tempo todo, me fazendo reviver o pior momento da minha vida de novo, de novo e de novo.

O que importava é que eu estava indo, e John, assim como o termo "heroína", seriam esquecidos, deixados em um passado escuro que, se dependesse de mim, não seria descoberto por ninguém.


Notas Finais


Então, obrigada por lerem, espero que tenham gostado. Os proximos capítulos vão ser um pouco maiores, e o começo é bem enjoado mesmo, mas melhora!
Mais pra frente vão aparecer novos personagens, mas por enquanto esses são os links com fotos dos personagens:
Larissa: Lottie Moss https://66.media.tumblr.com/3d6cae4e65a3c002122e20fcb8cb55df/tumblr_n4yd1gNkxe1qeamc5o1_500.jpg
Vanessa: Stella Maxwell https://66.media.tumblr.com/b5a8ff0f263aaeb83a33e0fb45b8d341/tumblr_obb5i9jdhy1uigvd9o5_500.jpg
Angel: Barbara Palvin
https://65.media.tumblr.com/947fa7d97f22110e774610e038fb2166/tumblr_ob57qgVs771tppbmpo1_500.jpg
Me sigam no Twitter também @illusionmatt_
Beijos, até! <3
Edit¹: puta que pariu, queria agradecer muito muito mesmo ás 80 pessoas que liam a fanfic antes que eu reescrevesse, porque, meu Deus, complicado de ler um capítulo do jeito que esse estava.


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