História Blame - Capitulo 17

6:30, segunda feira, 21 de fevereiro de 2016

Sai de casa bem antes da hora, já que iria precisar ir andando até a escola pra não ter que falar com Cameron e não queria me atrasar. Estava frio naquela manhã, muito frio, pensei muitas vezes em volta para casa e colocar um casaco mais grosso ou uma calça jeans, afinal eu estava usando apenas um vestido amarelo sem mangas com um casaco fino braço por cima e uma sapatilha. Eu deveria ter voltado, mas eu já estava muito longe naquele momento pra voltar.

Continuei andando o mais rápido que podia e senti minha mochila vibrar, virei ela pra mim e tirei o celular do bolso dela, era — finalmente — a resposta de Becca.

Becca: desculpa, eu tava ocupada ontem. Eu e Jessie brigamos de novo, posso te ligar? (6:35)

Você: claro. (6.35)

O celular começou a vibrar segundos depois que ela leu a mensagem, ela estava ligando, e eu não demorei para atender.

"Alô?" Falei.

"Ele é um babaca! Ele é ridículo! Ele é... Ele é..." Ela falou chorando.

"Onde ele está?" Falei.

"Ele foi para Atlanta esse semana com os pais por causa do emprego da mãe dele, eu pensei que tinha te contado." Ela disse fungando.

"Meu Deus...."

"O quê?"

"Me conta o que ele fez."

"Ele disse que foi para uma festa e ficou com uma garota, e que ele estava sentindo coisas por ela" fungou ", ele disse que sente muito e terminou comigo por telefone, por telefone, Angel!" Ela gritou chorando.

"Acalma as lágrimas que eu tenho uma noticia pior pra você."

"Sério? O que?"

"A garota que ele beijou...."

"Não foi você não é Angel?!"

"Claro que não... Foi a Larissa..." Falei.

"A Larissa?! Eu vou matar ela! Aquela ridícula! Piranha!" Ela gritou.

"Rebecca ela não sabia que ele era seu namorado, lembre-se disso, você nunca apresentou eles... E ela disse que ele não falou que namorava, era isso que eu queria te falar ontem."

"Eu não acredito nisso. Ele é muito babaca!" Gritou e voltou a chorar.

"Não chora, sério, eu quero poder te abraçar e te dizer que ele é um babaca, espere até o verão para eu poder ir te consolar na sua fossa!" Ouvi ela rir de leve.

"Tudo bem, vou guardar os CDs da Lana para quando você estiver aqui. Um beijo!"

"Fica bem, meu amor!" Falei e ela encerrou a ligação.

Continuei andando enquanto congelava aos poucos até um carro todo preto e alto, com as janelas tão pretas como o resto do carro, ir desacelerando e parar ao meu lado. A janela do motorista se abaixou e mostrou um Matthew com cara de sono e uma tiara no cabelo para conter os fios e eu parei e olhei pra ele ainda fazendo o possível para me mandar aquecida.

"Está congelando, não pensou em pegar uma roupa quente?" Ele perguntou.

"Na verdade não, se quer saber." Sorri falsa.

"Entra no carro." Ele falou.

"Não."

"Ah pelo amor de Deus anda logo, vai ficar aí congelando até a escola? Anda logo."

Revirei os olhos e entrei no banco do carona. Matthew enfiou a mão no banco de trás e tirou uma parka preta grossa, aparentemente masculina e me deu.

"O que é isso?"

"Um casaco grosso pra te aquecer. Tira esse aí e veste esse."

Peguei o casaco da mão dele e tirei o meu, percebendo que ele ria enquanto eu colocava sua parka, que era enorme em mim.

"O que foi?" Ele pegou o casaco da minha mão e jogou no banco de trás.

"Você saiu de vestido sem mangas num dia frio? É sério, Angelina?" Ele perguntou rindo.

"Eu não sabia que estava frio assim, seu idiota! De onde eu vim, quando faz Sol a gente automaticamente pensa que está quente!" Falei e ele riu ainda mais enquanto dirigia, me fazendo rir.

"Aqui você tem que abrir a janela e ver se está frio, entendeu?" Ele disse parando de rir.

"Acho que sim." Falei.

"Com quem estava falando no telefone?" Perguntou.

"É da sua conta?"

"Não, mas eu estou te dando carona então você tem a obrigação de me dizer tudo o que eu quiser saber."

"Por quê?" Falei rindo de leve.

"Porque o carro é meu e ele tem regras, e uma delas é dizer para o motorista tudo o que ele quiser saber."

"Então quer dizer que se eu dirigir seu carro você vai ter que me dizer tudo o que eu quiser saber sobre você?"

"Não."

"Por que não?"

"Porque você nunca vai dirigir meu carro."

"Você é insuportável." Falei.

"Você que é insuportável, me diz logo de uma vez com quem estava falando."

"Com minha amiga de Chino Hills."

"A resposta não é tão interessante quanto eu achei que fosse."

"Ah jura? Você pensou o que? Que eu tenho conversas super interessantes com espiões infiltrados na CIA?"

"Não, esperava que você estivesse falando com o lunático do seu irmão, ia ser ótimo ouvir sobre o que vocês estavam discutindo dessa vez pra animar a minha manhã."

"Não chame ele assim! E nós não estamos nos falando."

"Então qual o problema de chamar ele assim se vocês não estão se falando?"

"Porque ele continua sendo meu irmão, ele só está passando por um momento um tanto quanto estranho..."

"Você está certa por se distanciar."

"Claro que estou, sempre estou certa."

"Tudo bem então, dona da verdade."

"Não sou dona da verdade!" Falei dando um tapa em seu braço.

"É sim." Ele disse sorrindo de lado, aparentemente feliz por me irritar.

"E você é um pé no saco!" Falei e ele riu.

"E você tem saco pra saber como é?" Ele disse rindo e eu não encontrei uma resposta para aquilo.

O resto do caminho foi silencioso, mas não um silêncio constrangedor, um silêncio bom. Eu não sei o porquê, mas eu sempre conheço as pessoas quando elas estão em silêncio, mais do que quando estão falando, eu presto mais atenção nos detalhes.

Por exemplo, Matthew dirigia com a mão apoiada na porta e com o rosto apoiado no dedo do meio e com o cenho franzido. Seus dedos sempre se ajeitavam no volante, soltando ele e o agarrando novamente enquanto ele arrastava a unha na costura. Se ajeitava constantemente na cadeira, como se algo estivesse o incomodando, não usava a parte de cima do cinto, a que vai no peito, só a da cintura. Usava desse jeito também, até que aconteceu o que aconteceu. Não ousei perguntar o motivo que ele não usava o cinto.

Ele entrou no estacionamento da escola e parou o carro, haviam poucos carros ali, seis no máximo, e todas as pessoas estavam na frente das escadas da porta principal. Tinha uma garota de cabelo castanho e pernas estranhas sentada ao lado dos Jacks, Jack J estava com um violão enquanto a garota e o Jack G cantavam.

"Madison?" Matthew falou baixo sorrindo e correu pra fora do carro.

Sai do carro e segui Matthew enquanto ele se aproximava da garota que, depois de chegar perto, percebi que tinha lindos olhos verdes. Cruzei os braços e fiquei observando enquanto ela cantava olhando para o Matthew e sorrindo, enquanto o idiota sorria também.

"Aquela é a Madison." Ouvi a voz de Shawn e me virei.

"Eu não me importo."

"Não é o que parece." Ele levantou a sobrancelha.

"Que seja." Andei pra dentro da escola e Shawn me seguiu.

Coloquei minhas coisas no meu armário e me virei pra ele que sorria como idiota pra mim.

"O que foi?" Perguntei.

"Você está com ciúmes!" Ele falou.

"De quem?" Disse rindo de leve.

"Do Matthew."

"Do Matthew? Por que eu teria ciúmes do Matthew?"

"Eu não sei, me diz você."

"Shawn eu não estou com ciúme, vai procurar a Melissa e me deixa em paz."

"Ela está lá fora ouvindo a Madison." Ele levantou a sobrancelha.

"Meu Deus todo mundo gosta dessa menina?!" Perguntei cruzando os braços.

"Não. Nem todo mundo, eu por exemplo não gosto, Gilinsky não gosta e nem o Matthew gosta."

"Não é o que parece." Levantei a sobrancelha e voltei para o lado de fora, afinal, pra quê ficar em um corredor deserto?

Fiquei com Shawn atrás de todos e percebi que não era a mesma música, Jack G batia na perna fazendo uma batida e Madison e Jack J cantavam juntos, Matthew estava sentado ao lado de Madison abraçado com ela enquanto sorria de leve olhando para Jack J.

"Oi gente!" Ouvi a voz de Bea e me virei, ela e Melissa estavam andando em nossa direção.

"O que está acontecendo?" Melissa perguntou dando um abraço em Shawn.

"Madison está cantando com os Jacks." Shawn falou. "E, claro, Angel está morrendo de ciúmes do Matthew." Shawn implicou cutucando a minha barriga e tomou um tapa por isso.

"Não estou."

"Só sua resposta diz que está." Bea disse e Shawn e ela bateram as mãos.

"Cuidem da vida de vocês!" Falei e voltei a ver Matthew junto com Madison.

"Tudo bem, Shawn, vamos comigo guardar as coisas?" Melissa falou segurando na mão dele.

"Claro." Ele disse e os dois entraram na escola me deixando sozinha com Bea.

"Quem é ela?" Perguntei.

"Ela é Madison Elle Beer, a garota que me odeia por ter recebido uma proposta de gravadora que, na cabeça dela, era dela." Ela disse.

"Só me confundiu mais." Falei rindo.

"Está bem, ela quer um contrato com uma gravadora, e a Déborah sempre traz uma pra nos ver no show de talentos, eu já te disse isso." Eu concordei. "Pois bem, no primeiro ano que eu competi, no primeiro ano, eu recebi a proposta que ela queria e ela ficou irada com isso, me odeia até hoje." Bea disse rindo.

"Que ridícula."

"Concordo, mas a metade da escola discorda. Ela já namorou com o Gilinsky e dizem que ela foi expulsa por ter feito sexo com os professores pra passar de ano." Rimos.

"Ela já teve algo com o Matthew?" Perguntei.

"Não que eu saiba, eles só eram amigos até onde eu sei." 

Continuei ouvindo ela cantando até Matthew dar um beijo na testa dela antes que ela começasse a cantar a outra música, acapella dessa vez.

(Deem play em I Won't Let You Walk Away - Mako feat. Madison Beer, link na descrição)

Meu sangue ferveu e eu quase me vi dando um soco no rosto dela, eu só queria sair dali.

Matthew olhou pra mim e fechou o rosto. Andei pra longe do montinho de gente e fui pra dentro da escola sem Bea perceber, mas tendo certeza que Matthew percebeu. Andei pelos corredores vazios pisando com força, fazendo o som das minhas sapatilhas ecoar por todos os lados. Ouvi um tênis correndo no chão limpo e brilhante e me virei, Matthew estava na porta, olhando pra mim. Continuei andando em direção ao banheiro feminino, ou em direção ao meu armário, o que vier primeiro, até que ouvi sua voz me chamar.

"Angelina!" Ele gritou.

Me virei pra ele e ele deu mais alguns passos até estar na minha frente.

"O que foi?" Perguntei com a voz exausta.

"Eu que pergunto o que foi. Por que ficou assim de repente?" Ele perguntou.

"Assim como, Matthew?" Perguntei com o mesmo tom.

"Até dez minutos atrás você estava rindo no meu carro e agora está desse jeito." Ele falou seco com os braços cruzados.

"Eu não estou diferente, sério, pode voltar pra lá, eu vi que você estava gostando." Falei e voltei a andar.

"Não estava." Ele segurou a minha mão, mas não me puxou.

Me virei pra ele e ele sorria pra mim segurando a minha mão fria, fazendo com que meu corpo se arrepiasse, desejei que ele não tivesse percebido, e me soltei de sua mão.

"Não minta, claro que estava." Continuei andando.

"Ciúmes?" Me virei.

"Não, Matthew, não estou com ciúme. Por mim você pode beijar quem quiser, na hora que quiser. Eu não ligo pra você ou pro que você faz, entenda!" Gritei.

"Eu duvido."

"Você é um idiota! Um idiota insuportável!" Falei chegando perto.

"E você acha que é minha dona!" Ele falou tão alto quanto eu.

"Eu não acho nada, você veio atrás de mim!"

"Vim atrás de você porque..." Ele começou e parou. "Quer saber, não importa."

"Exatamente, não importa, agora pode voltar pra lá." Falei e me virei começando a andar.

"Vou mesmo."

Me virei pra ele com os olhos vazios e deixei minhas mãos baterem na minha coxa desejando que ele me puxasse de novo, mas ele olhava pra mim do mesmo jeito que eu olhava pra ele, e isso me partia por dentro e eu nem sabia o motivo.

"Ótimo, volte." Falei e continuei andando.

E meu corpo se arrepiou. Sua mão firme segurou meu braço expulsando todo o frio que eu sentia mesmo usando sua parka, ele me puxou pra perto de si com um sorriso idiota no rosto e jogou minha mão para o seu pescoço, enquanto a outra estava em seu peito.

Ele colocou um dos braços em volta de mim e a outra mão no meu rosto, ainda com o sorriso idiota que me fazia querer lhe dar um soco. 

"Nós dois sabemos que eu não quero voltar." Ele disse e eu não consegui segurar o sorriso fraco.

Ele juntou nossos lábios e eu senti novamente a sensação de estar em uma bolha, em um universo onde só nós dois existíamos, apenas nós é mais ninguém. A sensação de que eu estava pegando fogo, seu hálito de menta só aumentava esse sentimento. E eu sentia novamente os fogos de artifício e os arrepios conforme as mãos dele se moviam pelo meu corpo, segurando minha cintura cada vez mais forte.

Eu não queria que aquele momento acabasse, e ao mesmo tempo queria que aquilo nunca tivesse começado. Eu estava confusa, não sabia o que sentia ou se era certo sentir o que eu não tinha certeza do que estava sentindo. Eu me sentia prestes a explodir e sentia como se nada pudesse me abalar. Eu não sabia o que eu queria, o que eu sentia, o que era certo e o que era errado, mas eu sabia que nada disso importava, naquele segundo a única coisa que me importava era Matthew.

Nos separamos pela falta de ar e ele ficou me olhando enquanto as minhas mãos desciam pelos seus braços. Ele estava sério, com a boca entre aberta assim como eu, e quando minhas mãos chegaram nas suas, ele entrelaçou nossos dedos e deu um sorriso de lado.

"Matt?" Ouvi uma voz e olhei por cima de seus ombros, logo soltando suas mãos. "Matt! Te achei!" Ela falou e correu em nossa direção fazendo o casaco fino voar junto com o cabelo.

Como ela aguentava vestir apenas uma calça jeans e um casaco fino naquele frio?

"Oi Maddie." Ele disse sorrindo enquanto ela se aproximava.

"Nem tive chance de falar com você, desculpa! Os meninos tiveram a ideia de tocar e logo todos estavam nos olhando!" Ela disse rindo e ele sorriu. "E você é?" Ela perguntou pra mim.

"Ninguém importante, já estou de saída, na verdade."

Me virei e andei em direção à escada, onde Melissa e Shawn estavam. Eles me olharam como se quisessem disfarçar algo e eu levantei minhas sobrancelhas.

"Sério que vocês estavam olhando?" Perguntei.

"Não era essa a ideia, juro." Shawn começou.

"Estávamos querendo voltar lá pra fora, aí vimos vocês dois." Melissa continuou.

"Morram." Falei e desci as escadas.

Matthew e Madison não estavam mais lá, eu atravessei o corredor e quando cheguei do lado de fora vi Anna junto com Bea, elas conversavam, não queria encarar Anna naquela hora, então dei meia volta e voltei pra dentro da escola e dei de cara com Shawn, Melissa passou direto por mim e parou ao lado de Anna e Bea.

"Shawn..." Falei, com uma ideia na cabeça. "Me explica melhor sobre essa garota." Ordenei.

Ele pegou a minha mão e me levou pra perto dos carros, coçou a garganta e logo começou.

"Matthew me mataria se ele descobrisse que eu te contei. Eu sou um dos únicos que sabe o que realmente aconteceu entre eles dois."

"Então me conta, ele não vai saber."

"Tudo bem. Matthew nem sempre foi assim, frio, ele já foi uma pessoa maravilhosa, simpático e sorridente, mas aí alguns anos atrás Madison começou a estudar aqui, com a gente. Alguns meses depois ela e Jack G estavam namorando, ele realmente gostava dela, e nessa época eu e Matthew tínhamos descoberto a senha de acesso às notas da escola, mas ninguém sabia, apenas nós. Matthew se apaixonou pela Madison quando começou a ajudar ela com geografia, e ela começou a fingir que gostava dele também, e eles começaram um tipo de relacionamento sem que ninguém, além de mim, soubesse. Matthew era amigo dos Jacks e do Taylor, e eles eram os únicos que sabiam sobre o acesso que tínhamos, mudávamos as notas deles também, mas então Taylor, que também sempre amou Madison, contou tudo pra ela, tudo sobre o acesso. Aí a polícia disse que a mãe de Matthew e a irmã dele com certeza estavam mortas e ele começou a ter brigas feias com o pai, ele queria ir embora dali, para não correr o risco de ninguém mais ser sequestrado, mas Matthew queria ficar por causa de Madison, ele acreditava que ela realmente gostava dele, mas aí Taylor descobriu tudo, descobriu que Matthew trocava as notas da Madison e que eles tinham um relacionamento e colocou a merda no ventilador, contou tudo para o Gilinsky e ele ficou irado, na hora do almoço ele segurou Matt pela gola e o levantou, ele ameaçou bater nele várias vezes e ele dizia que tudo era mentira, e Taylor estava adorando, mas aí Madison entrou no refeitório e gritou para todos que estavam ali ouvirem 'Jack, pare, você sabe que eu só amo você, eu estava com esse idiota apenas porque ele tem acesso às notas, você achou mesmo que eu ia te trocar por ele?'." Meu queixo caiu. "Matthew ficou arrasado, ele tentou falar com Madison depois, e ela confirmou tudo, e chegou a rir dele quando ele disse que a amava. E pra completar, Taylor contou para o diretor que Matthew tinha acesso às notas, mas não disse nada sobre mim, disse também que ele mudou as notas da Madison, e ele foi expulso. Os pais de Madison a mandaram para um reformatório na Europa, nunca mais a vi depois disso, até hoje. Matthew sumiu por um bom tempo, e quando voltou para a escola o diretor parecia seu cachorro, assim como Taylor. Os Jacks disseram que Matthew ameaçou Taylor, ameaçou tirar a coisa que ele mais amava se ele não fizesse exatamente tudo o que ele mandasse por tempo indeterminado, apenas os Jacks sabem o que é isso, mas eles também não podem contar. Eu nunca soube o que é essa coisa, mas depois disso o boato se espalhou e logo o professor de geografia desapareceu, e todos associaram isso à Matthew, e em poucos meses ele estava comandando a escola. Essas coisas todas aconteceram não tem muito tempo, todos têm medo de Matthew desde então e ninguém nunca teve coragem para infernar ele." Ele deu uma pausa. "Você foi a única."

Eu gelei. Eu estava beijando um monstro. O que ele estava ameaçando de Taylor? O que poderia ser tão precioso para Taylor fazer isso? Ele era perigoso. E eu precisava me afastar. Eu só não queria, mas sabia que precisava.

POV Shawn

8:08, segunda-feira, 21 de fevereiro de 2016

Tirei meu caderno de biologia do armário e quando fechei, dei de cara com os olhos verdes que me dão arrepios há anos.

"O que você quer?"

"Dizer que eu estava morrendo de saudades de você, Shawnie. Continua seguindo o Matthew como um cachorrinho?" Ela imitou um cachorro fazendo seu melhor sorriso falso.

"Quando você voltou?"

"Não faz mais que três dias, meu pai falou com o diretor, meteu um pouco de dinheiro e as coisas começaram a andar e aqui estou." Ela sorriu. "Eu só vim pedir que você me conte qual é a do Matthew com a mosquinha de olhos azuis."

"Angel?" Perguntei.

"Sim."

"Por que quer saber?"

"Queria provar sua lealdade. Eu sei tudo o que eu quiser saber sobre ela. Eu fui embora, mas as paredes aqui tem ouvidos, e os ouvidos são meus. Eu sei de tudo, sei que coisas sobre ela que nem mesmo você sabe, amor."

"Provar minha lealdade?"

"Queria ver se você ainda era firme com seus amigos, queria ver se você me contaria sobre ela mesmo sem saber o motivo para eu querer a informação."

"Você é louca."

"Não, sou uma boa jogadora."

"Jogadora? Você acha que isso é um jogo?"

"Pra mim é, querido Shawn, e é o meu jogo." Ela piscou e saiu andando.

Eu nunca entendo tudo o que Madison diz, ela nunca diz coisas com sentido. Eu entendo as coisas até um certo ponto, mas aí ela viaja muito alto e eu nem me esforço mais para entender.

Mas eu tinha certeza de uma coisa, ela não aliviaria para Angelina, ela não aliviaria para ninguém. Ela queria algo de Angelina, para se preocupar em saber sobre a garota, ela tinha algo planejado, e eu não queria nem saber o que era. Vi Melissa no armário dela e ela me olhou, ela sorriu pra mim e eu andei até ela.

"Lissa!" Falei colocando a mão em sua cintura e encostando Meus lábios nos seus.

"O que estava falando com a Madison?"

"Ela é louca, veio falar comigo sobre a Angelina."

"Estou com um mau pressentimento." Falou. "Nada de bom aconteceu quando ela estava aqui, e aposto que nada de bom vai acontecer agora que ela voltou."

"Concordo."

POV Angelina

13:57, segunda feira, 21 de fevereiro de 2016

Minha sapatilhas batiam contra o piso brilhante do corredor que dava na porta ao lado do palco do auditório. As pessoas estavam todas amontoadas em frente à ela, e eu ouvia a voz que eu ouvi mais cedo, Madison. Ela cantava Stay With Me do Sam Smith, mas já estava no fim da música, atropelei todas aquelas pessoas e fiquei na frente delas, vendo perfeitamente Madison tocando violão enquanto cantava de olhos fechados, fingindo que não tinha ninguém ali, ou pelo menos fingindo que ela não sabia que estavam todos ali.

Olhei para a frente vi Matthew encostado no batente da porta do outro lado do auditório, ele prestava atenção no palco e eu entendi o que ela tava fazendo. Ele olhou pra mim e eu, logo em seguida, voltei meu olhar para Madison. Senti uma mão me empurrar pra dentro do auditório e quando olhei para Madison ela estava paralisada. Olhei para trás e vi Déborah olhando para ela, muito zangada.

"Já não disse que não quero você pegando os instrumentos?" Ela perguntou.

"Sim." Madison respondeu.

"Vai sentar!" Ela disse com a voz firme.

"Espera, eu estava pensando se você não podia ouvir a minha voz, eu trabalhei bastante nela. Eu queria saber se não posso abrir o show de talentos."

"Eu já escolhi quem vai abrir o show de talentos, Matthew e Angelina. Vai se sentar." Ela disse, me abraçando de lado.

"Espera..." Ela tentou.

"Madison, sente-se." Ela apontou para a cadeira e Madison foi. "Só por isso eu vou pedir para o Matthew e para a Angelina subirem no palco e mostrarem pra você, Madison, o que eles vão cantar no show." Ela falou.

Matthew sorriu de lado e andou até o palco. Se sentou no piano e começou a tocar Titanium enquanto eu cantava.

POV Madison

15:45, segunda feira, 21 de fevereiro de 2016

Nash deu um copo de Whisky na minha mão e mandou Skylynn ir para dentro, e ela logo o fez. Ele se sentou ao meu lado e selou nossos lábios.

"E aí? Como foi?" Ele perguntou tomando um gole.

"Ótimo. Shawn está suspeitando que eu estou pensando em algo para fazer contra a Angelina."

"Ótimo. Ele precisa achar que você só se importa com Matthew." Ele me lembrou.

"Eu sei. Mas acho que vai ser divertido acabar com ela também, não é? Ela tomou meu lugar na abertura do show de talentos e isso vai custar caro."

"Já falei que te consigo um contrato para gravadora, mas acabar com a Angelina está dentro do plano, se acabar com ela, acabamos com Matthew, ela só vai ser mais uma área dentro de Matthew para destruir, a área sentimental."

"Como fizemos da primeira vez."

"Como fizemos da primeira vez, só que dessa vez ele tem que ser destruído, não ficar mais forte."

"Eu sei."

"Amanhã você precisa dar um jeito de fazer o Matthew e a Angelina discutirem."

"Já pensei no que vou fazer."

"Vai me contar?"

"Claro." Dei de ombros "Vou provoca-lo, e vou te usar como desculpa."

"Como assim?" Ele perguntou.

"Matthew não gosta da ideia de sentir alguma coisa por outra pessoa, vou enfiar o dedo nessa ferida." Disse sorrindo. "Você vai ser um detalhe. Meu plano envolve andar de mãos dadas e abraços públicos, quem sabe um beijo."

"Boa ideia, mas eu proíbo você de gostar." Ele brincou sorrindo.

"Eu não vou, ele não vai ser você, como eu iria gostar?" Sorri me aproximando dele

Juntei nossos lábios e ele desceu os beijos para o meu pescoço, coloquei o copo de Whisky no braço do sofá e beijei os lábios de Nash novamente.

"Agora não temos mais o idiota do Taylor e o babaca do Jack, ache um jeito de fazer ele se separar dos amigos de qualquer jeito." Ele lembrou e eu assenti.

"Eu já tenho algo em mente." Sorri.

"Claro que tem."