10:15, domingo, 11 de Fevereiro de 2016
Meus dedos escorregavam pelo cabelo marrom escuro do Cameron, tentando arrumar um pouco, afinal estava péssimo, mas eu não o culpava, quem arrumava o cabelo para ficar dentro de casa, afinal? O problema, é que o cabelo de Cameron é uma das coisas mais preciosas que ele tem, o que me fez tomar um tapa na mão, como pedido para que eu parasse, um pedido um pouco violento, mas que teve o efeito que eu queria, já que afastei a minha mão por um impulso imediato. As vezes acho que, se algum dia, alguém ameaçar o Cameron e mandar ele escolher entre eu e seu cabelo, ele estaria com o cabelo impecável no fim do dia.
Voltei minha atenção para o meu próprio café da manhã e meu pai soltou um "hum" indignado olhando pro jornal. Já era o terceiro desde que eu tinha levantado, e isso realmente não fazia muito tempo. Ashton geralmente se irrita lendo as notícias, então seus "hums" matinais são quase tão normais quanto o mau humor da minha mãe, mas, naquela manhã, os "hums" estavam vindo em uma quantidade absurda, e todos estávamos estranhando isso silenciosamente. Pelo menos eu e Cameron.
"O que foi, querido?" Minha mãe perguntou comendo mais uma colher do seu iogurte de frutas vermelhas enquanto lia algo em seu celular, sem realmente se importar com o que estava acontecendo, ela só queria que ele parasse.
"O professor de física da escola nova da Angelina está entrando com uma ação contra o jornal da cidade."
"Por que?" Cameron perguntou, com um pedaço enorme de panqueca dentro da boca.
"Liberaram o nome dele, deram créditos pela foto tirada do assassino, e isso arrisca muito a segurança dele." Ashton explicoux fechando o jornal um pouco frustrado "Só de saber que ele é um professor eu posso descobrir tudo que quiser sobre ele e matá-lo sem que ninguém dê falta por semanas. E considerando o nível desse assassino, não duvido nem um pouco que encontrem o corpo desse pobre homem com uma trave de futebol atravessada pela cabeça dentro de um lago." Meneou a cabeça e abriu novamente o jornal.
"Será que poderíamos tomar café da manhã pelo menos uma vez sem você falar sobre os inúmeros perigos de tirar foto de um assassino, ou os inúmeros jeitos de matar alguém, ou os inúmeros jeitos de invadir uma casa?" Minha mãe reclamou, com sua pior cara de irritação, ela não expressava emoção alguma, e, com a convivência, já sabíamos que isso significava que ela estava prestes a ficar vermelha de raiva, o silencio dela era pior do que os gritos.
"Desculpa, querida." Meu pai começou "Mas você perguntou."
"Só um 'tem um cara processando o jornal porque corre perigo mortal' já seria suficiente" Ela falou, soltando sua colher ruidosamente na tigela branca e olhando com raiva para ele, interrompendo sua leitura no celular.
"Tudo bem, já chega de discussão por essa manhã, estou indo pra casa da Larissa." Anunciei, percebendo que ue teria que acabar com a discussão dos dois, e me levantei.
"Não volte tarde!" Minha mãe gritou voltando a olhar para o seu smartphone.
"Nem pensaria nisso!" Gritei e fechei a porta assim que saí.
Andei até a enorme construção branca e chique e toquei a campainha da casa da Larissa, esperando que ela não tenha acordado ainda e me preparando psicologicamente para encarar uma Larissa desarrumada e com sono, e estava preparando meus argumentos para convencer ela à sair cedo e não dali duas horas, mas, para a minha surpresa, ela apareceu alguns segundos depois com os cabelos loiros escorridos presos numa trança, uma calça azul jeans rasgada na coxa e no joelho e um casaco enorme e grosso. Tirando o Club Master espelhado no rosto e colocando apoiado na cabeça, ela sorriu para mim, e eu sorri para ela, ela bateu os sapatos pesados no que chamou de dois passos até mim e passou seu braço em volta do meu pescoço. Depois de alguns minutos de discussão, decidimos ir andando até o shopping, para conhecer melhor a cidade. Admito que não queria que o primeiro lugar que eu visitasse em Atlanta fosse o shopping, mas Larissa me convenceu após dizer que iria pagar umas blusas para mim e que só queria procurar um emprego, então, o shopping foi o primeiro ponto turístico que eu iria ver.
Arrastei Larissa primeiro para a Aeropostale, enquanto ela falava com a gerente eu escolhia roupas para ela pagar pra mim depois, dois coelhos com uma cajadada só. Escolhi algumas coisas, ela pagou, e fomos andando pelos corredores amplos e quentinhos do shopping, até achar um quiosque de maquiagem, e eu pude ver o rosto de Larissa se iluminar, ela tem um tipo de obsessão com bronzer's e blush's, ela tem literalmente uma mala para toda maquiagem que ela carrega pros lugares e metade dela é ocupada com inúmeras bolsinhas da M.A.C. transparentes onde ela guarda todos os blush's e bronzer's. E eu sou completamente apaixonada por Lip Balm e cílios postiços.
Não comprei nada no pequeno quiosque preto, mas Larissa quase pediu o vendedor de cabelo ruivo embrulhado pra presente. Andamos mais um pouco e nos sentamos em uma mesinha do Starbucks, ela colocou todas as coisas que ela comprou de um lado e eu coloquei as minhas coisas do outro.
"Mas o Ruivo tava me dando mole, admita!" Ela falou depois de pedir um suco de laranja pra garçonete.
"Larissa, não." Falei "Não vai comer nada?"
"Sem fome."
"De novo? Não! Eu vou pedir um bolinho e você vai pedir outro! Você tem que comer! Eu sei que não comeu nada no almoço, nenhuma de nós comeu, o normal seria comer alguma coisa agora, você vai passar mal." Briguei.
"A comida daqui é muito gordurosa. Você sente sete quilos indo direto para as suas coxas em cada mordida." Ela revirou os olhos e passou as mãos por cima da bandeja onde estava o seu suco, e eu pedi um suco de morango sem açúcar pro garçom idoso.
"Ah vai tomar no seu cu, você tem um corpo bonito, pra que fazer isso? Que coisa mais ridícula." Esbravejei assim que o garçom se afastou.
"Olha você não entende, ok? Eu só não estou com fome." Ela falou, cruzando os braços irritada e frustrada.
"Desse jeito você vai ficar que nem uma lombriga seca igual a Vanessa." Falei erguendo as sobrancelhas.
"Talvez eu queira ficar igual a Vanessa." Ela falou como se fosse óbvio.
"Se falar isso mais uma vez na minha presença eu juro que te dou uns tapas." Ela riu, mesmo não tendo graça, ela sabia que assim ela iria esconder que ela realmente queria ficar daquele jeito.
"Tudo bem. Mas sério, no jantar eu como, não quero nada agora." Ela falou sorrindo.
"Tudo bem. O que disseram na loja? Vai poder trabalhar?" Perguntei, cedendo e mudando de assunto.
"Me disseram pra vir amanhã, a gerente me fez algumas perguntas e se eu trabalhar direito amanhã ela vai me dar o emprego." Ela sorriu animada, me fazendo sorrir também.
"Espero que esteja se lembrando que amanhã vamos na minha escola à noite pra decorar meu armário."
"Claro! É tradição, quando eu começar minha faculdade de artes cênicas você vai comigo enfeitar meu armário!" Ela falou agarrando seu suco e tomando um gole.
"Cênicas? Você me disse que ia fazer faculdade de Artes Plásticas!" Falei rindo pelo nariz graças a sua indecisão.
"À princípio foi plásticas" ri mais "mas agora acho que me daria melhor num curso de artes cênicas, sou boa mentirosa." Se gabou.
"Minha mãe quer que Cameron faça arquitetura."
"Todos sabemos que o máximo que eu Cameron vai conseguir na vida vai ser vender miçanga na praia." Ela arqueou as sobrancelhas "Esse menino não serve pra nada, nem suco essa criança sabe fazer!"
"Ah qual é, acho que ele convence a mamãe a deixar ele fazer artes cênicas com você." Sorri maliciosa pra ela.
"Para com isso!" Ela disse seria me fazendo rir "To falando sério, pode parar!"
Quanto mais ela tentava parecer seria mais eu ria da cara dela. Meu celular vibrou no meu bolso tirando minha atenção de Larissa, tirei ele do bolso e desbloqueei a tela para ler a mensagem do Cameron.
Cam: mamãe perdeu as bombinhas, passa na farmácia e traz uma pra mim, uma pra você e outra pra mamãe, por favor (16:26)
"A gente tem que passar na farmácia" falei ainda olhando pro celular enquanto digitava.
Você: mais alguma coisa? (16:27)
"Tudo bem então. Eu preciso mesmo comprar shampoo e condicionador, meu remédio para cólica e absorvente." Falou mordendo o meu bolinho que tinha acabado de chegar.
"Como consegue comer falando de menstruação?" Perguntei com a boca retorcida de nojo.
"É que não fazem só três anos que eu vazo sangue, diferente de algumas pessoas, eu me acostumei." Mordeu de novo.
"Eu nunca vou te entender." Ri vendo ela pegar o batom vermelho na boca e passar novamente "Se vai passar o batom de novo espere terminar de comer!" Disse ainda rindo.
"Escuta se eu quiser passar o batom todas as vezes que bater um vento no meu rosto eu vou fazer isso, me deixe em paz" ela disse com o dedo levantado na minha direção.
Cam: sim, mamãe quer que você traga remédio para dor de cabeça pro papai, remédio para dor muscular e o papai falou pra você levar energético pra ele. (16:31)
Você: pra que energético? (16:31)
Cam: eu só sou o garoto dos recados (16:32)
Depois de comer, Larissa deu uma parada "rápida", como ela mesma rotulou, na Macy's e levou quarenta e cinco minutos comprando dois pares de brincos coloridos de pena, um perfume, chapéu cor creme e um par de óculos da Dior por um preço baixo pra falar a verdade. "Sempre que você vê uma Macy's você compra coisas, é tipo uma lei" ela argumentou enquanto eu reclamava da demora indo pra farmácia, "e comprar é uma arte, e não se apressa a arte", completou.
"Vou pegar as minhas coisas para o meu Mar Vermelho e você pega os remédios do Cameron e dos seus pais." Larissa falou antes de correr pra sessão de esmaltes.
Revirei os olhos e procurei o remédio para dor de cabeça do meu pai, o que não foi tão difícil achar, o difícil foi achar as bombinhas.
Toda a minha família por parte de mãe tem asma, eu e meu irmão também temos, mas diferente do resto da família, eu, Cameron e minha mãe temos ataques mais frequentes. Eu, por exemplo, tenho toda vez que tenho crise de Autofobia. Por isso não posso ficar muito tempo sozinha em casa e as pessoas evitam sair enquanto estou dormindo. Caso eu acorde e tente me matar, de novo.
Peguei três bombinhas e segurei em uma das mais enquanto pegava os remédios pros meus pais. Tentei pensar um pouco no motivo de Ashton querer energéticos e remédio pra dor muscular. Até onde eu sei, ele n faz academia e nem nenhum tipo de esforço físico.
Segurei com a outra mão os remédios e fui pra fila do caixa. A farmácia estava vazia e Larissa logo apareceu segurando vários esmaltes e as coisas que disse que compraria.
"Mais alguma coisa?" A moça de cabelos enrolados perguntou.
"Sim, o energético do meu pai, você pega pra mim, Lari?" Ela assentiu e sumiu nos corredores.
Enquanto esperava Larissa, olhei um quadro com manchetes de jornal, como eu quadro de avisos escolar. Tinha duas manchetes sobre a foto que o professor tinha tirado sobre o suposto assassino, uma dizendo que ele estava entrando com uma ação conta o jornal local e a outra contava sobre a foto. Tinha a foto de uma garota do lado, as palavras 'Ainda Desaparecida' escritas em cima da foto e embaixo da foto estava escrito o nome da garota. Laura Espinosa. Ela era bonita, tinha cabelos loiros e o rosto era redondo, a manchete ao lado de sua foto dizia que ela estava sumida desde 2004, diz que a família não tem mais esperanças pra acha-la.
"Angel! Eu peguei o único que tinha!" Larissa falou correndo na minha direção tirando minha atenção da foto da menina "O que estava lendo?"
"Nada de mais. Vamos logo pra casa antes que a minha mãe encha o saco. Já passa das cinco e ainda precisamos comer" Disse enquanto pagava.
Fomos andando pra fora da farmácia e compramos sanduíches no Mc Donald's mais próximo, comemos o mais rápido possível e chamamos um táxi. Quando ele finalmente apareceu já passa das seis da tarde, e eu sabia que minha mãe ia me encher a paciência. Não culpo ela, eu tinha ainda vários livros pra guardar, os materiais da escola eu tinha que arrumar, e ela ainda queria que eu dormisse cedo.
"Geralmente temos muito trânsito nesse horário, as pessoas estão voltando pra casa todas ao mesmo tempo, vai demorar um pouco" ele explicou.
Eu concordei e encarei a janela, na outra faixa os carros já estavam parados e buzinando freneticamente, e não demorou muito pra pararmos também.
Larissa ficou os sessenta minutos que ficamos parados mexendo no celular, o meu havia acabado a bateria, nem tinha essa opção. Chegamos em casa quase oito horas da noite e eu já sabia o que me esperava do outro lado da porta.
Assim que abri a porta de casa encontrei um ser humano alto, com o cabelo preso em um coque, COBERTO de tatuagens aleatórias e cara de quem arrancaria minha cabeça com os dentes. Do lado estava o ser que eu mais temia naquela casa, minha mãe, com cara de demônio enquanto usava seu moletom felpudo rosa bebê, o que geralmente lhe dava um ar mais carinhoso e delicado, mas agora só parecia que ela tinha pegado roupas na sessão infantil.
"Eu nem pensaria em chegar em casa tarde, mãe" ela me imitou andando na minha direção "eu não vou demorar, mãe" disse imitando de novo.
"Ah, tia Gina, qual é? Nem está tão tarde! São apenas oito horas!"
"Larissa vai pra casa."
"Não precisa ser grossa com ela, sabia?" Falei.
"Larissa, vai!" Ela gritou e Larissa correu porta a fora "E sobre você! Nós vamos ter uma conversa depois, vai tomar uma banho! Agora!" Ela gritou comigo "Você também vai tomar banho!" Ela gritou agora com Cameron que entrou na sala pela garagem.
Subi as escadas irritada e joguei as sacolas na cama. Entrei no banheiro e fiz questão de lembrar que isso tudo era culpa minha. As recentes brigas com a minha mãe, a mudança de casa, o jeito que ela vem me tratando, isso é tudo porque ela sabe o que realmente aconteceu com John. Não sei se isso é um tipo de punição, ou coisa do tipo, a única coisa que sei é que ela só está piorando as coisas. Pra variar.
Depois de enxaguar o cabelo, me enrolei nas toalhas e fui para o meu closet. Tirei um short cinza parecido com um pijama e um blusão branco, fiquei com o cabelo na toalha e calcei os chinelos.
Coloquei a mão na maçaneta da porta e respirei fundo antes de abrir, prometi a mim mesma que apenas deixaria ela falar e não discutiria, se não causaria mais problema do que eu já tinha.
Desci as escadas e o garoto das tatuagens ainda estava lá conversando com Cameron, mas a mamãe não estava ali.
"Mamãe está no quarto?" Perguntei andando até a geladeira.
"Sim, e se eu fosse você agradeceria por isso" Cameron respondeu sentado no balcão. Andei até ele e me sentei ao seu lado.
"O que eu achei estranho foi que nós chegamos 5 minutos antes de você e da sua amiga" o garoto das tatuagens falou "a propósito, meu nome é Nate" ele estendeu a mão que mais parecia uma luva de beisebol e eu a apertei.
"É complicado" meu irmão respondeu.
"Não, é que ninguém pega no pé do Cameron, só no meu. O que é injusto."
"ANGELINA?!" Ouvi a voz da minha mãe gritando do corredor.
"Já vou indo, sorte com sua mãe!" Nate falou passando as mãos em uma chave que estava em cima do balcão ao meu lado.
Minha mãe desceu as escadas com os cabelos molhados amarrados em um rabo de cavalo e um moletom limpo, roxo claro dessa vez, quase lilás. Ela andou na minha direção e parou.
"Eu falei pra não chegar tarde"
"E eu não cheguei, cheguei às sete"
"Quase oito! Como eu ia saber se você não ia se embebedar de novo e matar a Larissa dessa vez? Ou quem sabe matar a si mesma?" Vi o queixo de Cameron cair e eu mordi a parte de dentro das bochechas pra não falar nada que a deixasse com mais raiva.
Cameron simplesmente se levantou do balcão e subiu, sem minha mãe nem perceber.
"Você tem ideia do que, pra mim, ficar o dia inteiro sem saber aonde está?"
"Mãe eu tenho dezessete anos, você sabia que eu tinha saído com a Larissa, então pra que esse drama todo?"
"Drama? Eu não sei se você se lembra, mas da última vez que você não me ligou uma vez se quer o dia todo, você acabou em um hospital e a família Gimmer acabou em cemitério!"
"Como eu posso não me lembrar? Você me lembra disso a cada cinco minutos toda vez que Ashton não está perto!" Me levantei.
"Você ainda acha que pode gritar comigo como se estivesse com razão? Angelina poupe-me!"
"Poupe-me você das suas acusações! Eu nunca quis que Jenny morresse, muito menos que John se matasse! Tanto que eu tentei impedir!"
"E acabou sendo rotulada a 'heroína' de Chino Hills por uma coisa que seria o mínimo depois de tudo o que fez! Você foi a responsável pela morte dos filhos dos Gimmer, você e Larissa! Eu te falei desde o começo que essa garota ia te afundar, e agora estamos em um lugar completamente diferente, tendo que reconstruir nossa vida inteira só por você não pensar nas consequências das coisas que você faz!" Ela gritou andando pra escada "Você me decepciona, Angelina. E não é pouco." Terminou subindo o resto das escadas.
Uma lágrima desceu pelo meu rosto e eu tentei disfarça-lá. Mesmo com ninguém ali eu não queria chorar. Não queria chorar pelas palavras da minha mãe. Eu queria provar que eu era o forte o suficiente pra aguentar tudo que ela tivesse pra me falar. Não provar pro meu irmão, ou pra ela, eu queria provar pra mim mesma que eu conseguia aguentar tudo aquilo. Afinal ela estava certa de me acusar por aquilo tudo.
As lágrimas não pararam de cair depois da primeira, sentei no chão encostada no balcão e apoiei meus cotovelos nos joelhos, que estava altos, e coloquei minhas mãos contra os meus olhos, que já pareciam estar cobertos de areia. Só quando meu estômago começou a doer Cameron desceu, bem devagar.
"Angel?" Perguntou se aproximando.
Não respondi, ouvi os passos dele ficarem mais rápidos e logo senti seus braços fortes em volta de mim. Ele começou a afagar meu cabelo, como quando éramos pequenos e eu estava com medo da tempestade lá fora. Ele beijou o topo da minha cabeça e disse que tudo ia ficar bem, tudo voltaria ao normal. Mas eu sabia que era mentira.
Depois de um tempo em silêncio no andar de baixo, eu finalmente parei de chorar. Cameron passou as mãos pelas minhas bochechas úmidas e beijou a minha testa.
"Eu te amo. Ash também te ama. É mesmo que você não acredite, a mamãe também te ama. Ela só está brava, ela precisa de um tempo. Dê esse tempo pra ela que tudo vai ficar bem."
Eu permaneci em silêncio. Ele não me perguntou mais nada depois, apenas afagou meu cabelo até eu dormir com a cabeça em seu peito coberto por uma camisa branca limpa e com seus braços em volta do meu corpo.
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