História Blame It On Love - Goodbye.

P.O.V Dudi Abrahão

Depois que nossos pais ligaram, não tivemos mais tempo para o filme. Tivemos que explicar tudo para os meninos, e é claro: não foi nem um pouco fácil. Nunca tinha pensando que o intercâmbio acabaria tão cedo, e que meu sonho de ser modelo seria levado junto.

Flashback ON:

-Dudi, sei que você está empenhada. Sei também que você é uma das melhores modelos que a agência tem. Mas, infelizmente, teremos que cancelar o contrato de vocês duas.

-Como assim, Kurt? Do que você está falando? A gente volta logo, vão ser poucos meses... -falei, já desesperada.

-Me desculpe, eu realmente me sinto mal de falar isso para você. Mas, não tem o que fazer: a agência paga caro para ter vocês, desde fazendo ensaios fotográficos até fazendo propostas para propagandas. Não dá para simplesmente deixar vocês de lado para "descansarem"! Isso é um assunto sério, Dudi. Nós investimos muito em vocês, e não podemos continuar investindo não sabendo se vocês têm chances de volta.

-Mas eu já disse, Kurt!!! Eu já disse que a gente volta logo.

-Desculpa, Dudi. Não é assim que funciona. Vocês estarão fora da agência até voltarem para Los Angeles.

Flashback OFF.

P.O.V Melissa Leist

Faltava menos de 12 horas para eu deixar LA de vez...

Em minha cabeça eu planejava e inventava milhões e milhões de planos para ficar, qualquer coisa que pudesse me segurar ali por mais alguns dias... horas, que fossem. Mas eu não estava pronta para deixar o meu sonho de lado. O sonho que me fez ficar acordada horas pensando, planejando e ensaiando até o que diria no meu primeiro dia nesse lugar tão sonhado. Bom, nada saiu como eu planejava, coisas muito melhores aconteceram, e eu não mudaria nada, eu acho...

Pensando bem, acho que mudaria algumas coisas sim...

-Melissa! - ouvi uma voz que chamar, assim que saia da sala do diretor, para pegar a minha carta de transferência.

Virei-me e dei de cara com uma cabeleira ruiva e olhos castanhos me olhando.

-Oi... - falei segurando a respiração.

-Ouvi dizer que você e a Maria vão voltar para o Brasil, - ela disse e eu soltei o ar que segurava em meus pulmões.

-Pois é, é verdade! - falei, forçando um sorriso.

-Bom, eu só queria... - ela disse mas se interrompeu, notando que eu olhava para os lados, distraída. -Olha, isso não é fácil pra mim, ok? Então por favor, presta atenção. - ela disse e eu olhei para a mesma.

-Desculpa, o que você ia falar?

-Melissa, vim aqui para me desculpar com você, eu sei que eu fui uma vaca com você sem motivos... Na verdade tinham motivos sim, mas muito idiotas enfim, só não queria que você voltasse para o Brasil com aquela impressão de mim, sabe? Desculpa por tudo! - ela disse e eu ri, me sentindo culpada logo em seguida, ela estava me pedindo desculpas? Alguns flashbacks das primeiras vezes que conversamos vieram em minha cabeça:

-Sério que você está me pedindo desculpas? Natasha, sejamos francas aqui, eu quem fui a vaca da história pensando bem. Eu me deixei levar pela opinião dos outros sobre você, nem me dei o trabalho de te conhecer antes, ainda por cima quebrei seu nariz! - falei e ela riu.

-É, tá! Você foi mesmo uma vaca, mas eu também! - ela falou rindo e eu ri junto.

-Verdade!

-Ah, e eu nem fiquei brava com você por causa do nariz... - ela disse rindo - porque daí eu pude usar como desculpa para fazer uma plástica! - ela falou em forma de sussurro. - então obrigada!

-De nada! - falei fazendo uma reverência.

-Você é mesmo bem durona! Jack tem sorte em te ter. - ela falou.

-Ah, até parece que você não leu no Twitter da Poison Bitch - falei e ela me olhou estranho, negando. - Jack e eu terminamos.

-Ah, que pena, vocês dois eram um ótimo casal...

-Mel, tá pronta? - Brian apareceu, me abraçando pelos ombros, logo sorrindo para Natasha e eu sorri. -Então vamos!

Brian e eu estávamos indo para a praia surfar com as pranchas novas dele, na praia na frente da casa do mesmo.

(...)

Ele parou o Jeep na frente da casa e eu arregalei os olhos, enquanto saía do carro e o acompanhava até a entrada. O mesmo se abaixou e tirou uma chave da boca de um anão de jardim, e abriu a casa.

-Wow, você nunca me disse que era rico! - falei olhando a casa, que era enorme, e muito bem decorada.

-Porque eu não sou. Meus pais são! - ele disse se virando para mim e piscando.

-Isso é coisa que gente rica fala! - falei o acompanhando até andar de cima, onde entramos em um quarto lindo, que havia uma menina deitada na cama olhando tv.

-Oi! - uma garotinha morena com os olhos extremamente azuis falou sorrindo.

-Já disse pra você não entrar no meu quarto sem permissão! - Brian falou pegando ela no colo e a colocando no chão.

-Tá, que seja! A culpa não é minha que você estragou a minha tv e eu preciso olhar minha série! Quem é ela? Sua namorada? Finalmente deu jeito na vida e parou de ser um galinhão? Já tava na hora né? - ela disse e sorriu. -Você é muito bonita, qual o seu nome? O meu é Brenda! - ela disse sorrindo e eu ri.

-Melissa! Mas eu não sou namorada dele! Somos apenas amigos, até parece que namoraria um chato como esse! - falei e ela sorriu.

-Gostei de você! - ela disse rindo. -E você, trate de arrumar minha tv, não quero deixar o Damon esperando pro nosso encontro! - ela falou apontando para Brian, que apenas revirou os olhos e a garotinhas saiu.

-Desculpa pela minha irmã, ela acha que é casada com aquele cara da série de vampiros! - ele disse abrindo o armário e pegando duas pranchas.

-Você é um chato mesmo, nunca tinha me trazido na sua casa, nunca tinha me falado que tinha uma irmã, que tipo de amigo você é? - falei e ele abriu a capa de uma das pranchas e eu assobiei - Que de mais, onde você comprou?

-Um amigo do meu irmão é um dos dono da Rip Curl - ele disse.

-Você tem um irmão? - perguntei e ele revirou os olhos.

-Tenho.

-Porque você nunca me contou esse tipo de coisa? Na minha cabeça você era órfão e morava de baixo da ponte! - falei rindo e ele riu.

-Digamos que meus pais e eu... não temos uma boa relação, e dai eu não pago muito em casa, longa história! - ele disse e abriu a outra capa da prancha, me fazendo arregalar os olhos.

-Eu não acredito! - falei olhado para a prancha, que era degradê azul com umas pirâmides douradas e escrito "Melissa" em letras fininhas douradas.

-Mandei fazer para você, porque eu lembro como você ficou arrasada quando a sua quebrou. - ele disse e eu o abracei.

-Muuuuito obrigada mesmo Brian, muito obrigada! - falei ainda abraçada no mesmo. -Vou sentir muita saudade de você! - falei brincando com o seu cabelo.

-Eu também vou, - ele disse me abraçando mais forte.

-Agora vamos inaugurar as pranchas! - falei sorrindo e ele sorriu.

(...)

Depois de surfar por mais de uma hora, e ter pego as melhores ondas que eu já tinha pego aqui, sentei na prancha e fiquei boiando ao lado de Brian, apenas observando as ondas mais do fundo se quebrarem, algumas desaparecerem e outras virem mais fraquinha ao nosso encontro, fazendo a prancha se mexer em sintonia com a água. Se tinha uma coisa que eu ia sentir muita falta aqui da Califórnia, era o mar... era parecido com o do Rio, mas tinha algo que me fazia amar mil vezes mais.

-Nem acredito que você vai mesmo. - Brian disse, enquanto brincava com a água.

-Nem eu... - falei, deitando na prancha e olhando para o céu.

-E não tem nenhuma chance de você voltar?

-Você quer ouvir a Mel realista ou a Mel otimista?

-A otimista...

-Bom... então talvez não esse ano nem ano que vem, mas talvez quando for maior de idade.

-Eu pedi pra ouvir a Mel otimista! Era pra você falar "não se preocupa, vou voltar logo!" - ele disse jogando água em mim.

-Não vou mentir pra você, quando minha mãe decide uma coisa, não tem volta, é o que tá decidido e pronto! - falei batendo na água. - E dai vai ter o ENEM, a faculdade... ainda nem sei o que vou fazer da vida, mas quem sabe eu não venha fazer faculdade aqui ou sei lá!

-É... quem sabe? - ele disse ainda brincando com a água. - Ah, eu não ia falar isso hoje, já que eu esperava você dizer que ia voltar no natal ou antes, e... - ele disse meio enrolado.

-Falar o que? Não me venha com histórias nostálgicas que vão me fazer chorar... já é difícil de mais ter que dizer tchau.

-Lembra quando você disse que era para eu ficar com a Dudi para fazer ciúmes no Cam e tal? - ele disse e eu assenti.

-Aiiii você gosta da Dudi! - falei alto - Que de mais, imag... - falava mas ele me interrompeu.

-Mel, eu gosto de você! - ele falou alto e eu arregalei os olhos. - Eu devia ter te dito antes, quando você veio falar comigo aquele dia por causa do Jack... - ele dizia mas eu o interrompi,

-Brian, eu... - mas fui interrompida antes.

-E eu disse que queria te pegar pra fazer ele sofrer, mas dai te conheci e tal e parei de pensar naquela ideia idiota? Pois é, mas eu não parei completamente de pensar na ideia, mas de um jeito diferente, porque dai não seria para torturar o Jack ou algo do tipo, mas sim porque me apaixonei por você, Melissa! Me apaixonei de verdade, e ainda sou. E eu sei que você acabou de terminar com o Jack e precisa de um tempo sozinha, mas eu precisava dizer isso, porque você é minha melhor amiga, e guardar isso de você estava me matando, você não tem noção! - ele disse olhando com aqueles olhos azuis esverdeados.

-Brian... - falei sorrindo e acariciando o rosto do mesmo.

-Não precisa dizer nada... Eu só não aguentava mais guardar isso pra mim.

Ficamos em um silêncio um pouco constrangedor por uns minutos, observando o por do sol, até que eu falei, para quebrar o gelo:

-Já está ficando escuro, acho melhor irmos, nem arrumei minha mala ainda. - fiquei de bruço na prancha e comecei a nadar para a beira da praia.

(...)

Me joguei no sofá e fiquei olhando pro teto por uns minutos, até Dudi sair da cozinha gritando no telefone com alguém.

-Tudo bem! Se você não nos quer agora, futuramente não venha chorar atrás de contratos conosco!- Ela gritou.-  Eu já estou de saco cheio desta agência, está me entendendo? E agora, como você mesmo disse alguns meses atrás, já estamos com parte do caminho andado, já podemos voar sozinhas! Aposto que outras agências já estão de olho em nós! Se você não pode esperar alguns messes por nós, nós também não esperaremos alguns mesmos por você.- ela disse forçando uma risada. -Passar bem, Kurt.

-Nossa, quanta agressividade! - falei rindo e levantando para pegar uma fruta na cozinha.

-Kurt disse que não pode renovar o nosso contrato se não estivermos nos Estados Unidos nesse meio tempo. Passei no escritório da agência hoje, e ele disse a mesma coisa que agora. - ela disse revirando os olhos. - Mas quer saber? Vamos achar uma agência melhor e maior!

-Ah, que pena... - falei dando de ombros e mordendo a maçã. - Gostava de trabalhar com o Kurt.

-Mel, você entende que isso é tipo o fim da nossa carreira por um tempo, né?

-Dudi, por favor, temos 16 anos, não é o fim! E eu não sei você, mas nem tenho certeza se vou querer ser modelo no futuro! - eu disse sentando. - Vai ter mesmo aquela festa de despedida?

-Melissa!

-Maria Eduarda?

-Para se mudar de assunto! Claro que é o fim das nossas carreiras, pelo menos por agora! E se nos chegarmos daqui uns meses e...

-Dudi, tenho quase certeza de que eu não vou voltar daqui uns meses. - falei olhando pra baixo. -Você sabe como minha mãe é.

-Então, essa é a questão! Nossas carreiras estão acabadas! Eu fico falando pra mim mesma que serão só alguns meses, e que eu vou voltar logo, mas eu sei que não... Só que eu gosto de ser modelo e gosto da agência.

-Não tem nada que possamos fazer agora.

-Você não sabe, porque nem se deu o trabalho de ir hoje lá no escritório falar com o Kurt.

-Então a culpa é minha?

-Parcialmente sim, Melissa!

-Cala a boca, Dudi! Se você quer tanto ser modelo, e se for pra ser vai ser, agora esquece isso! - falei e segurei as lágrimas. -Agora pensa na parte que vai doer mesmo... Nos estamos indo embora. Estamos dando tchau para o nosso sonho, nossos amigos... Isso dói mil vezes mais do que o lance de modelo. - falei e ela levou para cima, tentando "colocar" as lágrimas se volta no olho para não chorar.

-Verdade... odeio despedidas, acho que devíamos cancelar a janta de hoje.

-Também odeio despedidas, porque nelas sempre se deixa para trás aquilo que aconteceu, e somos obrigadas a seguir em frente, numa página nova... - falei suspirando. -Mas pior que despedidas é não ter nenhuma porque dai parece que estamos abandonando as memórias.

-Mas estamos...

-Eu sei, mas com a despedida é mais fácil abrir uma página nova e começar outra história. - falei com lágrimas nos olhos.

-Mel, não tô preparada para começar uma nova história! Me apeguei de mais a essa, por mais merda que o final seja... Não era para ser o final agora, cadê o "felizes para sempre"?

-Também me apeguei de mais... - falei.

Quando vi, nós duas estávamos chorando litros.

-Brian disse que me ama. - falei de uma vez, não aguentava mais segurar aquilo.

-Que?

-Exatamente o que você ouviu. Ele me ama... - falei e chorei.

-E você não...

-Não sinto o mesmo, só me apeguei de mais a ele como me apeguei a nossa história aqui em Los Angeles. Ele me lembrava das coisas boas do Brasil, mas agora só consigo lembrar das coisas ruins daqui. - falei.

-Se você quiser eu falo uma coisa ruim de lá, - Dudi falou e eu assenti. - A Julia e o Augusto estão lá.

-Merda. Obrigada por me lembrar...

-Ah, Minhas meninas! - Ouvimos uma voz atras de nós. Margot.-Vou sentir tanta saudades de vocês, meus amores!

-Do que ela tá falando, nem parou em casa desde que chegamos! - Dudi falou baixinho em português e eu ri.

-Vamos sentir sua falta também, Margot! - falei por educação, sorrindo.

-Falsaaaa! - Dudi disse em português novamente

-Vou sentir falta de reclamar por ela não estar em casa e também de ela não ter nada que não esteja vencido na geladeira! - falei e rimos.

-Bom, meninas, acho melhor vocês se aprontarem para a janta de vocês. - ela disse e assim fizemos.

P.O.V Dudi Abrahão

-Não acredito que vocês irão amanhã.... e tudo que vivemos? Você não vai me esquecer, não é mesmo? -Hunter me fazia chorar toda vez que eu olhava para ele. Vinha sendo meu melhor amigo, conselheiro. Não acreditava quando pensava que deixaria tudo para trás.

-Claro que eu não vou te esquecer, Hunter! Como você pode pensar em uma coisa dessas? Skype, Twitter, Insta, WhatsApp.... sempre conectados, juntos! -limpei as lágrimas que escorriam com rapidez. -Vou voltar logo, prometo. Mais cedo do que você imagina, estarei aqui, do seu lado de novo.

(...)

Todos estavam na casa de Margot, pois era a noite anterior de nossa viagem de volta para o Brasil. Não era uma festa, só uma janta de despedida.

Depois de um tempo, as meninas da agência foram embora: provavelmente tinham uma festa, e não poderiam perder a oportunidade de chamar atenção. Então, sentei-me com os meninos no sofá, e chamei todos para virem junto. Mel tinha chamado algumas pessoas da escola também, que, mesmo que não tivéssemos tanta intimidade, fizeram nosso intercâmbio melhor.

-Gente, eu queria dizer umas coisinhas aqui, antes que comecem todos os textos e discursos de despedidas. -falei, gritando para todos me ouvirem. -Então, esses meses que passamos aqui foram perfeitos. Tudo que eu e a Mel presenciamos desde que chegamos em LA foi incrível. Nunca pensei que esse lugar me marcaria tanto, mas marcou. Me dói o peito pensar que amanhã o nosso sonho acabará. Poucos sabem, mas eu e a Mel, quando pequenas, tínhamos o sonho de fazer o intercâmbio para cá. E que, antes de virmos, eu nem conseguia olhar para a cara dela! Nós nos odiávamos, mas largamos tudo no Brasil: a nossa família, amigos, escola, namorados... tudo para fazer nosso sonho se tornar realidade. Se me falassem que tudo isso aconteceria em tão pouco tempo, eu não acreditaria! Conhecemos os meninos em menos de 24 horas, do pior jeito de todos! Mesmo eles me levando para o hospital, acho que tanto eu quanto a Mel criamos um amor especial por eles. Cada um de vocês, meninos, tem um lugar especial no nosso coração. Eu sei que todos vocês devem ter ficado chateados comigo, pela minha mudança de comportamento nas últimas semanas. Eu só quero dizer: me desculpem, por favor. Se eu soubesse que aquelas seriam minhas últimas semanas com vocês, eu NUNCA teria passado tanto tempo com as meninas da agência, eu nunca teria feito as coisas que eu fiz. Eu não aproveitei ao máximo o tempo que tinha com vocês, e peço desculpas, do fundo do meu coração. Por que afinal, só percebemos o que é realmente importante para nós quando perdemos. E aí, não tem mais volta. Bea e Hailee: vocês sempre serão especiais para nós. O que falei para os meninos vale para vocês também. Pessoal da escola: vamos sentir saudades, juro que voltamos logo. Amamos muito todos vocês, e quero dizer que nada nem ninguém vai mudar isso. Vocês são os melhores presentes que esse ano poderia ter nos proporcionado! Eu sei que esse discurso tá brega, tá? Mas eu estou pensando em cada palavra com o coração.

Quando parei de falar, olhei em volta e vi todos com lágrimas nos olhos. Eu estava sentada do lado de Cameron e Hunter, e os dois me abraçaram, sendo seguidos por todo mundo.

Sentamos novamente em nossos lugares e seguimos uma ordem: cada um falava o que sentia em relação à nossa volta. Cameron não parava de me olhar, em todos os discursos, e, por impulso, coloquei minha cabeça em seu ombro. Eu sabia que era errado, sabia que não deveria fazer aquilo. Mas eu queria aproveitar todos os segundos que tinha, e sabia que meus sentimentos não tinham ido embora.

Por último, quando todos estavam preparados para irem embora, Cameron se levantou:

-Sentem um pouco aí, galera. Preciso falar umas coisas agora, por que não terei coragem de falar depois.

-Parece que alguém está inspirado! -falou Taylor, rindo.

-Ou apaixonado, não é mesmo? -disse Nash, fazendo todo mundo rir.

-Enfim, eu queria dizer que vou sentir muita falta de vocês duas. Queria também informá-las que dava para ver vocês dançando e cantando High School Musical do nosso quarto. -falou Cameron, e todos riram. -Dudi, eu não tenho nem palavras para dizer o que estou sentindo agora. Você sabe que é muito importante para mim e.... -ele fez uma pausa, provavelmente pensando no que iria falar. -Ah, quer saber? Que se foda o discurso! -gritou, me puxando para seu colo e me beijando. Desta vez, eu não recusei: eu precisava daquilo mais que tudo.

Seu beijo era quente. Sua língua explorava cada centímetro de minha boca, e minha mão percorria cada parte de sua nuca, o fazendo se arrepiar. Nosso beijo não transmitia desejo: transmitia a saudade que estava por vir. Por conta do choro, admito que o beijo estava com um gosto horrível: não com aquele maravilhoso gosto de menta que Cameron Dallas sempre tinha. Mas nada importava. Nada dessas coisas importavam, só que eu estava com ele. Talvez esse beijo tenha sido o melhor de todos que eu já tinha dado com ele, mesmo com todos os contras, pois sabíamos que seria o último. Mesmo que não percebêssemos no momento, lá dentro do peito nós sabíamos que o amor acabava ali. Agora, outro capítulo de nossas vidas seria escrito, outros amores seriam encontrados. Aquele seria o último beijo, o beijo que apagaria definitivamente o romance.

P.O.V Melissa Leist

Depois do "discurso” do Cameron e daquele super beijo dele no final, Jack me olhou de canto e de aproximou, e eu não pude conter o grito.

-Não chega perto de mim! Não de uma de Cameron Dallas e me agarre! - gritei e Jack riu. - É sério. Vou te dar um chute se  você chegar perto de mim pra isso!

-Mel, eu só quero conversar... - ele disse tocando no meu braço de leve e me fazendo arrepiar.

-Jack, vou te dar um chute se você encostar mais um dedo em mim. - ameacei tirando a mão dele do meu braço.- Não temos nada o que conversar, sai fora.

-Melissa, eu...

-É serio, não quero mais ouvir uma palavra sua. - eu disse e saí.

Sentei naquele murinho que dividia nossa casa, ou melhor, a casa da Margot, com as dos meninos, e fiquei lá sentada como eu sempre fazia quando estava com preguiça de ir até a praia e precisava de um minuto pra mim, até que senti um movimento e Brian sentou ao meu lado.

-Eu não quero que as coisas fiquei estranhas entre nós, eu sei que você não sente o mesmo que eu sinto por você, mas eu não posso perder a sua amizade.

-Você não perderia minha amizade nem se implorasse por isso. – falei sem olhar para o mesmo, porque não queria que me visse chorando.

-Eu sei, você é um chicletinho sabia?- ele disse me fazendo rir 

-Brian? – perguntei, finalmente virando e o encarando, - Será que você pode encarnar aquele psicólogo de novo e me ajudar a lidar com a dor de ter que ir?

-Mel, não pense nisso como uma dor, porque é inevitável, agora cada um vai seguir os seu caminho por um tempo e vamos fazer novas memórias e novas histórias pra contar, esse capitulo acabou, mas agora você vai ter uma página novinha em folha e ainda, muitos outros capítulos pela frente... Não é o fim, na verdade, não é nem o começo ainda.

- Gostei da referencia, então você assistiu Grease? - perguntei chorando e rindo ao mesmo tempo. 

-Este é um daqueles capítulos que acabam tristes nos livros, mas você vai ver, o próximo vai ser o interessante!- ele disse sorrindo com os olhos marejados

- Eu realmente espero que você esteja certo. – eu disse e o abracei forte.