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História Blind - Luz e Escuridão


Escrita por: Jackpot_

Notas do Autor


Boa tarde, pessoal!

Boa leitura para todos! <3

Capítulo 44 - Luz e Escuridão


Fanfic / Fanfiction Blind - Luz e Escuridão

 

Ele escutou estalos de casulos secos sob seus sapatos quando se encostou ao lado de uma imensa Bay Window. A tinta estava descascando, complexas teias tomavam seus cantos e espessas camadas de pó apagavam toda a sua diafaneidade. Ele estava em um antigo galpão frigorífico, uma edificação isolada no meio de uma dezena de depósitos vazios e/ou abandonados. – desolação total e conveniente.

Ele baixou os olhos para a mesinha de plástico onde havia disposto o equipamento selecionado para a conclusão de seu projeto. Estendendo a mão, apanhou uma chiara e a segurou com a ponta para cima. Em seguida, apanhou uma faca e deslizou a lâmina em todo o comprimento da chiara em um ângulo de 20°, fazendo movimentos de fora para dentro.

Sabia que existiam outros métodos, bem como aparelhos que amolavam uma lâmina facilmente, mas o modo clássico continuava sendo sua opção básica.

Checou o relógio. Havia se passado tempo o bastante. O momento havia chegado.

Com muita calma, puxou uma das luvas de suas mãos e examinou a lâmina com a ponta dos dedos. Satisfeito com o fio, abriu um sorriso débil e girou sobre os calcanhares.

Finalmente a festa. E como ansiava pela reação deles... Oh sim, cada vaso sanguíneo em seu sistema ebulia de excitação.

 

...

Mesmo naquela tarde clara sob o sol, aquela zona da cidade parecia quimérica. Como uma tomada saída de um filme de suspense sombrio.

 As edificações lançavam sombras escuras sobre o galpão, e estavam manchadas pela ação do tempo e pelo acúmulo de pó.

– Lá vamos nós de novo. – Hyunseung parou diante da inscrição sanguinolenta, exatamente ao lado da porta de metal que dava acesso ao galpão.

Hyuna e Doojoon o acompanhavam.

“Eu matei Lee Mi Young, e matei esse também. Agora vocês acreditam? Eu ainda estou à solta.”

Fazia aproximadamente duas horas que a delegacia havia recebido uma denúncia anônima de assassinato. Uma viatura havia sido enviada para o local, e os policiais haviam contatado a central quase que imediatamente, chocados pela noção do culpado.

– É... – Hyuna inclinou a cabeça levemente para o lado, observando o que considerava ser uma epígrafe. – Sem dúvida é o nosso criminoso. Mesma caligrafia... Ele realmente sabe como chamar atenção.

– Me pergunto se vamos encontrar algo desse tipo toda vez que ele cometer um assassinato... – especulou Doojoon, sentindo os músculos do pescoço tensionados.

– Vamos ver o que os outros dirão quando virem isso. – disse Hyunseung, referindo-se aos detetives teimosos aos quais chamavam de colegas. – É melhor entrarmos. Como da última vez, deixe que Hyuna e eu entremos antes da equipe forense. Pessoas demais podem contaminar a cena.

– Vão em frente. – Doojoon maneou a cabeça e afastou-se alguns passos para que os amigos passassem. – Mas o que quer que eu faça em relação a isso? – apontou para o cadeado.  

Hyunseung se aproximou e soltou um suspiro.

– Cadeado barato vendido em qualquer loja. Impossível de rastrear.

Hyuna balançou a cabeça.

– E duvido que haja uma digital, mas como somos obrigados a checar para poder entrar... – ela deixou a frase no ar e abaixou-se. Abriu a valise e pegou o material de que precisava. – Vamos acabar logo com isso.

Quando ela se levantou segurando um borrifador plástico de mais ou menos 300 ml e uma lanterna Polilight, alguns dos homens presentes se aproximaram e inclinaram o pescoço para ver o que mais havia dentro da valise.

Alicates, colírio, pinças, pipetas, bisturis, espátulas, algodão, envelopes, peneiras, pincéis, tesouras, sacos de plástico e papel, iodo, silicone, etc...

Nunca haviam pensando que a detetive carregasse todas aquelas coisas, e ainda que estivessem cientes da posição dela, a constatação acabou chocando-os um pouco.

Alheia a tudo aquilo, Hyuna calçou um par de luvas, borrifou o cadeado com DFO – produto químico que reage com os aminoácidos presentes em impressões digitais – e acendeu a Polilight. Depois, fez o mesmo com o puxador da porta.

– Nenhuma impressão digital. Apenas uma mancha deixada pela luva. Nada que possa ser útil para nós. – declarou, e então olhou para os policiais que encaravam sua valise. – Vocês aí – quando eles se viraram, continuou –, já que estão tão desocupados, livrem-se desse cadeado.

Obedientemente, os homens balançaram a cabeça e se afastaram para pegar as ferramentas necessárias no carro.

Hyunseung abriu um sorriso brioso enquanto a noiva guardava o material de volta na valise e desfazia-se das luvas. Sempre apreciava vê-la atuando em campo.

– Será que você vai ficar pior depois que se casarem? É um pouco difícil, mas eu não duvido de nada. – provocou Doojoon, prevendo que o fato de tê-la como esposa talvez fizesse do amigo um homem muito mais orgulhoso. Tanto dela quanto de si mesmo.

Hyunseung riu pelo nariz.

– Quem sabe.

– Eu não me importaria se ficasse. – Hyuna trancou a valise. Piscou de um olho e sorriu, presunçosa.

Um policial retornou com um alicate hidráulico e quebrou o cadeado. Olhou para Doojoon e aguardou pela orientação seguinte.

Doojoon entendeu o sinal.

– É suficiente. Chame os demais e investigue as imediações. Deixe que os detetives se encarreguem do resto.

Hyunseung agarrou o puxador e empurrou a pesada porta. As dobradiças enferrujadas rangeram com o movimento.

– Um frigorífico desativado. É irônico, não acha? – Hyuna olhou em volta.

Hyunseung apontou uma lanterna e a acendeu.

– Um pouco. – respondeu distraidamente, analisando o ambiente com cuidado. Havia várias bay windows, mas nenhuma luz. A imundice que as tingia simplesmente bloqueava tudo.

A notícia de que o assassino que estavam caçando havia cometido um novo ataque não o havia abalado ou espantado. Mas o havia deixado um pouco intrigado.

O velho galpão possuía muitos pontos em comum com a fábrica de tecidos, e a coincidência inevitavelmente levantou um questionamento:

Havia um sentido naquilo ou tudo não passava de uma questão de praticidade?

O ambiente todo era rançoso. Uma terrível mistura de mofo e fungos. Mas havia também o inconfundível perfume que flutuava na cena primária anterior – que podia ou não ser uma pista.

Com exceção de uma pequena mesa de plástico ao lado de uma das janelas, o espaço estava vazio.

Hyuna e Hyunseung olharam para o chão e sorriram involuntariamente. Estava impecavelmente limpo 

– Como esperado... ­

– Mas o que... – Hyuna estreitou os olhos, pegou o pulso dele e apontou a lanterna para frente. – Bom, essa é nova. – ela avançou um passo e fixou os olhos na seta escarlate que assinalava em direção a uma porta dupla de inox. – E ele usou mais sangue dessa vez...

Hyunseung maneou a cabeça e seguiu a indicação. Calçou as luvas e tocou a superfície de aço para confirmar suas suspeitas.

– É um freezer.

– Não me surpreende. – Hyuna baixou a valise um instante e calçou um novo par de luvas. – Estou pronta.

Hyunseung puxou as portas e o ar gélido os atingiu. Havia um misto de suor, medo e outros fluidos corporais.

O corpo da vítima estava no canto, encurvado. Adiantando-se, Hyuna posicionou-se ao lado dele.

Hyunseung olhou em volta. O freezer estava desligado, o que significava que a porta havia sido fechada com o único intuito de conservar a baixa temperatura.

Mas não fazia sentido que o sistema ainda estivesse funcionando, fazia?

Só havia uma explicação possível: O criminoso havia dado um jeito no sistema de resfriamento em benefício próprio. E aquela conclusão apenas acrescentava mais peso a hipótese de que tudo levava a um plano maior.

– Seung-ah, talvez você queira dar uma olhada nisso. – a voz de Hyuna o trouxe de volta.

– O que houve? – Hyunseung se aproximou e parou às costas dela, só então dando-se conta de que a camisa da vitima estava empapada de sangue. O semblante contorcido em uma última expressão de pavor, os olhos arregalados e vidrados. Os lábios pálidos, colados. Sem vida.  

Tal qual Lee Mi Young, as mãos estavam amarradas, atadas com grossas cordas, bem como os tornozelos. Forçadamente submisso e impotente à face da morte.

– Isso. – Hyuna afastou o tecido cuidadosamente e apontou para uma incisão ao longo do osso esterno do jovem, mas o que mais chamou a atenção de ambos foi o fato de estar costurada.  – Lesão Pérfurocortante. Agora sabemos de onde veio o sangue usado pelo elemento. No entanto, as extremidades do corpo estão azuladas. Ou seja, mesmo sem isso, a hipotermia o teria matado. – ela baixou os olhos para a incisão. – Sutura em X... Esse não é o fio adequado, e os pontos não estão simétricos. Contudo...

– Ele tentou. – Hyunseung completou o pensamento.

Hyuna maneou a cabeça e guardou as amostras que havia recolhido para enviar ao laboratório. O protocolo exigia que o fizesse, ainda que soubesse que não os ajudaria em nada.

Hyunseung saiu do freezer e andou pelo amplo espaço à luz precária da lanterna. Cobriu lentamente a área, para frente e depois para trás. O que o assassino havia deixado dessa vez? Sabia que havia alguma coisa. O elemento andou pelo local, varreu o chão. E muito provavelmente cuidou para não carregar nada que pudesse incriminá-lo. Podia vê-lo de pé olhando pelas janelas. Fantasiando sadicamente.

Aproximando-se da mesinha, abaixou-se e apanhou o pedaço de papel preso sob o que parecia ser um interruptor de pressão de óleo de motor.

Como previsto.   

“Está frio.” – dizia a pequena nota.

 

...

– Sinceramente... – Doojoon franziu o cenho e encarou o saco de evidência no qual o papel havia sido colocado. Sua fisionomia evidenciava o quanto estava aborrecido. – Qual é o problema desse cara com canetas? É quase como se fosse alérgico. – ele suspirou e encarou a segunda evidência, recolhida em um saco separado. – Mais uma peça automotiva... Definitivamente há uma mensagem aqui. Uma que ainda não entendemos. Não acho que seja uma assinatura.

– Talvez a resposta venha quando a perícia nos der o retorno disso. – Hyunseung estava olhando para a noiva, que acompanhava a remoção do corpo. – Alguma ideia de quem seja a nossa vítima?

– Ah sim. – Doojoon virou-se para ele. – Hyuna encontrou a carteira enquanto você fazia a grade, estava embaixo do cadáver. Com certeza a central já localizou a família dele a essa hora. Segundo as informações preliminares, ele estava desaparecido. Foi visto pela última vez na universidade, no meio da tarde de quinta. Hoje é sábado, então...

– Temos uma margem de trinta/quarenta horas.

Doojoon maneou a cabeça.

– O que mais me espanta, no entanto, é a mudança de escolha dele. Porque um homem? Que eu saiba, a maioria dos assassinos seleciona suas vítimas baseado em um padrão.

– Exatamente. A maioria, sim. Mas não todos. – Hyunseung o olhou nos olhos. – Enquanto a maioria dos assassinos sexuais prefere vítimas ou do sexo oposto ou do próprio sexo, alguns podem ser classificados como bissexuais, ou “bi sanguinários” nesse caso. O sádico e extravagante Albert Fish, por exemplo, extraía tanto prazer de estuprar e castrar rapazes quanto de torturar e canibalizar garotinhas. Trinta anos antes, na década de 1890, um monstro igualmente depravado rondava pelo interior da França atacando vítimas de ambos os sexos. Ele já caiu no esquecimento, mas seus crimes foram ainda mais chocantes que aqueles de seu contemporâneo, Jack, o Estripador. Seu nome era Joseph Vacher, e em contraste com certos psicopatas, cuja aparência agradável não permite entrever suas mentes perversas – como Ted Bundy e Jeffrey Dahmer, por exemplo –, a aparência física de Vacher era tão repugnante quanto sua alma.

– Como assim? – Doojoon inclinou a cabeça levemente para o lado. As explicações do amigo nunca falhavam em deixa-lo curioso.

– Ele tinha um lado do rosto paralisado, o olho direito emanava um fluxo constante de pus e os lábios eram retorcidos e cheios de cicatrizes. Essas deformidades eram o resultado de um ferimento autoinfligido aos 24 anos, quando – depois de atirar em uma mulher que o rejeitara – apontou o revólver para si mesmo e disparou contra a própria cabeça. Sua aparência era inquietante o bastante para fazer com que as pessoas se sobressaltassem ao vê-lo. Vacher, com a autopiedade característica da maioria dos psicopatas, diria mais tarde que fora levado a cometer seus crimes hediondos porque o mundo era perverso com ele. Uma afirmação questionável, uma vez que suas tendências sádicas haviam se manifestado muito antes da tentativa fracassada de suicídio que tornara suas feições tão repulsivas.

– Quanto antes?

– Nascido em 1869, ele tinha grande prazer em torturar animais quando criança e apresentava um interesse precoce por sexo, típico dos futuros serial killers. Na escola, gostava de introduzir seus pequenos colegas a masturbações mútuas. No final da adolescência, ele ingressou em um mosteiro, mas foi logo expulso por encorajar a mesma prática, bem como sodomia, entre os monges novatos.

– Isso é repulsivo.

– Pois é – Hyunseung balançou a cabeça ao mesmo tempo em que Hyuna parava ao seu lado. –. Foi após sua passagem pelo Exército – durante a qual aterrorizou seus colegas soldados com explosões de raiva quase homicida – que ocorreu o incidente que o deixou desfigurado por toda a vida. Rejeitado por uma moça a quem propôs casamento, ele a alvejou três vezes e depois apontou a arma para si mesmo. A jovem sobreviveu, assim como Vacher, que foi internado em um sanatório e diagnosticado com “mania de perseguição”. Por incrível que pareça, foi declarado curado depois de menos de um ano e recebeu alta em abril de 1894. Um mês mais tarde, embarcou em uma das mais terríveis campanhas homicidas da história. Armado com facas, tesouras e um cutelo, tirou a vida de um mendigo e vagou pelo interior em busca de vítimas para matar.

Doojoon chacoalhou a cabeça. A maneira como a escória perambulava pelo mundo desde os tempos mais antigos às vezes o impressionava.

– Como e quando isso acabou?

Hyunseung sorriu.

– Em agosto de 1897, ele foi preso depois de atacar uma jovem chamada Marie-Eugenie Plantier, que catava pinhas na floresta. Ao ouvir os gritos, o marido e os filhos de Marie foram correndo socorrê-la. Subjugado, Vacher foi detido e acusado de atentado violento ao pudor. Os policiais não demoraram a perceber que tinham o famigerado “Estripador” nas mãos. Depois de oferecer uma confissão doentiamente detalhada, por escrito, de todos os 11 assassinatos, ele foi levado a julgamento em 1898. Vacher apresentou todas as desculpas possíveis para suas atrocidades, de insanidade temporária a um impulso incontrolável induzido por um caso de raiva na infância. O juiz não se convenceu. Condenado, Vacher foi executado na guilhotina em 31 de dezembro de 1898. Entretanto... – ele assumiu um tom mais sério e voltou-se para o galpão. Os olhos alertas. – Não sei se esse é o caso aqui.

– Você está se perguntando se o assassino pegou o jovem pelo simples prazer de matar ou se o pegou como uma peça, não está? – Hyuna seguiu os olhos dele. – Ou quem sabe ambos.

– Isso aí.  Ele não está agindo aleatoriamente. E com a nota, deixou bem claro que sabia da descrença do nosso pessoal. Ele vem nos espiando.

– Você ainda acha que pode ser um dos nossos? – indagou Doojoon, agora muito mais propenso a aceitação da possibilidade.

– Talvez... O que eu sei com certeza é que as denúncias anônimas continuarão chegando. E que não será nada fácil apanha-lo. Há um planejamento detalhado pautando cada assassinato. De novo, nada é ao acaso. Precisamos descobrir as motivações e os objetivos dele. É um quebra cabeças. Ele está se divertindo enquanto larga as peças para nós e espera que montemos o quadro. Está nos desafiando, e eu tenho a impressão de que esse será um longo caso. Provavelmente o maior que já tivemos.

 


Notas Finais


Bem pessoal, por hoje é só! Como sempre, obrigada por lerem! Espero que tenham gostado! <3

O próximo capítulo saíra logo! <3

Até breve, meus queridos leitores! <3

Kissu ~ <3


PS: A minha leitora 2hyun18 está escrevendo uma fic com o Jimin e a Tiffany como protagonistas e me pediu para divulga-la, então, segue o link para quem quiser dar uma olhada:

https://spiritfanfics.com/historia/party-6578559


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