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História Blind - Aposta Perigosa


Escrita por: Jackpot_

Notas do Autor


Boa noite, pessoal! o/ Ou seria boa madrugada?
Eu sei que eu deveria ter postado o capítulo novo na quinta passada, mas acabou que eu não consegui. Eu fiquei bastante enrolada com esse capítulo. Foi muito difícil de escrever. Bom, vocês vão entender quando lerem. Eu espero que esteja bom.

Boa leitura para todos! <3

Capítulo 45 - Aposta Perigosa


Fanfic / Fanfiction Blind - Aposta Perigosa

 

O corpo da vítima chegou ao Instituto de Criminalística e foi encaminhado para a sala de exames ainda dentro saco plástico preto para transporte de cadáveres.

Silencioso e sóbrio, o necrotério parecia um galpão com as venezianas fechadas. Sem nenhum letreiro ou placa indicativa.

Hyuna seguiu pelos corredores embalada pelo som de seus saltos altos, que ecoavam sobre o piso de linóleo luzente. As lâmpadas de teto fluorescentes acendendo-se uma a uma.

O local lembrava mais um escritório do Departamento de Trânsito do que um mortuário. Mas talvez essa fosse a intenção.

O escritório que Hyuna ocupava seguia a mesma linha de simplicidade, e contava apenas com o indispensável:

Os diplomas estavam pendurados nas paredes, e a escrivaninha de madeira se assemelhava a que os professores usavam nas escolas. As cadeiras eram do modelo mais comum disponível, e os arquivos eram empilhados e catalogados em uma estante alta e ampla.

Não havia nenhum objeto pessoal – o que fazia muito sentido.

As pessoas que a visitavam nunca estavam lá para uma conversa amistosa.

– E a família? – Hyuna prendeu o cabelo em um coque e vestiu o jaleco sobre as roupas cirúrgicas. Colocou as botas de lado e calçou um tênis.

– Doojoon me disse que estão a caminho. – Hyunseung a avaliou. Vê-la naqueles trajes o deixava fascinado. – Eles identificaram o filho pelas fotos da equipe forense. Você pode começar a necropsia. Caso haja necessidade, farei com que esperem um pouco mais pelo reconhecimento oficial.

– Obrigada, yeobo. Estou indo. – Hyuna sorriu e saiu em direção à sala de exames.

Hyunseung enfiou as mãos nos bolsos e mudou-se para a sala ao lado, de onde via e ouvia tudo o que a noiva estava fazendo através de uma janela de vidro temperado.

 

Hyuna checou a cobertura para calçados e vestiu o avental. Calçou as luvas, aproximou-se da mesa e rompeu os selos do saco plástico. Em seguida, apanhou uma câmera digital e fotografou o cadáver.

Era de suma importância observar as roupas do morto e a posição delas. Depois que fossem removidas, nenhuma evidência relativa a elas poderia ser documentada.

Como havia recolhido todas as amostras e evidências externas ainda na cena do crime, removeu o corpo do saco e o despiu com a ajuda de um auxiliar para examinar os ferimentos. Os pulsos e tornozelos ostentavam as marcas deixadas pelas cordas; causadas pela própria vítima em uma desesperada tentativa de se soltar.

Havia ainda nos pulsos marcas características de algemas. O padrão não deixava dúvidas a respeito.  

A lesão pérfurocortante no tórax havia sido feita de cima para baixo, conforme indicava a cauda da lesão – mais longa e afiada no fim do osso esterno.

O corpo foi limpo pelo auxiliar. Pesado, medido e só então colocado na mesa de autópsia para a sequência do exame.

Os tipos de mesas usadas variavam de local para local. A de Hyuna era de alumínio e inclinada, com as beiradas mais altas e várias torneiras e drenos – equipamentos usados para lavar o sangue acumulado durante a investigação interna.

Hyuna colocou um protetor facial de plástico no rosto e virou o cadáver de frente cuidadosamente. Em seguida, colocou um suporte embaixo das costelas dele – nada mais que um “tijolo” de borracha para fazer com que o tórax do morto ficasse para frente, e os braços e o pescoço caídos para trás. Posição que facilitava a abertura do tórax.  

Posteriormente, puxou um gravador portátil do bolso e fez uma descrição geral do corpo com todas as características que serviam para identifica-lo. Uma vez que a vítima não tinha tatuagens ou marcas de nascença, limitou-se ao restante: Etnia, sexo, cor e comprimento do cabelo, cor dos olhos e, uma vez que tinha acesso ao RG, idade exata ao invés da aproximada, além das anormalidades externas. Tirou uma amostra de sangue e coletou material para toxicologia.

Concluída a etapa, passou para o exame interno.

Começou com uma incisão larga e profunda, em forma de Y, feita de ombro a ombro, passando pelo osso esterno até o osso púbis. Soltou a pele, músculos e tecidos moles com um bisturi e puxou o retalho torácico para cima do rosto, expondo a caixa torácica e os músculos do pescoço. Fez dois cortes de cada lado da caixa torácica, dissecou os tecidos que estavam por trás com um bisturi e afastou a caixa torácica do esqueleto.

Com os órgãos expostos, não demorou a avistar o que parecia ser um saco plástico coberto de sangue, exatamente onde o coração deveria estar. Hyuna retirou o objeto estranho e depositou-o em uma bandeja. Voltou-se para o corpo novamente e fez vários cortes. Descolou a laringe, o esôfago, artérias e ligamentos. Afastou a ligação dos órgãos da medula espinhal.  Afastou a ligação da bexiga e do reto e puxou o órgão inteiro para fora a fim de disseca-lo para investigação adicional.  

Durante a dissecção, examinou e pesou os órgãos. Retirou amostras de tecidos e também cortou os vasos sanguíneos principais para examiná-los. Abriu o estômago, e examinou e pesou o conteúdo – o que podia ser útil para descobrir a hora da morte.

Quando terminou, transferiu o suporte das costas para detrás do pescoço do cadáver e posicionou-o como se fosse um travesseiro – tudo para facilitar a remoção do cérebro.  Já sabia qual havia sido a causa mortis. Soube no momento em que colocou os olhos no corpo. Mas ainda precisava buscar outras evidências de trauma.

O processo variava dependendo do caso, e era bastante detalhado. Como perita forense, Hyuna dedicava-se a um procedimento complexo e aprofundado para se assegurar de que os indícios seriam coletados e documentados corretamente.

Assim, fez uma incisão com o bisturi, passando atrás de uma orelha e através da testa até chegar à outra orelha antes de dar a volta. Dividiu a incisão e afastou o couro cabeludo do crânio em dois retalhos. O corte da frente ficou sobre a face do morto, e o de trás sobre a parte de trás do pescoço.

Hyuna cortou o crânio com uma serra elétrica para ossos para criar uma “tampa” que podia ser levantada e expôs o cérebro. A dura-máter (membrana de tecido mole que cobre o cérebro) permaneceu presa à base da tampa craniana, e ela cortou a conexão do cérebro com a medula espinhal e o cerebelo. Depois, retirou o cerebelo do crânio para ser examinado.

Baseado em uma questão de praticidade, nada voltava para o lugar. Então, ao terminar o exame, “jogou” os órgãos de volta no abdômen e tórax – Incluindo o cérebro, que devido a consistência mole, não podia ser recolocado na cabeça, ou escorreria pela fenda aberta no crânio. – Fechou e costurou os retalhos do tórax e recolocou a tampa do crânio, mantendo-a no lugar pela aproximação e costura do couro cabeludo.

– Limpe tudo. – Hyuna olhou para o auxiliar. Jogou fora a máscara, o avental, as luvas e o propé. Vestiu o jaleco novamente, deixou a sala e concluiu a papelada.

Em seguida, acompanhou a família da vítima para que fizessem o reconhecimento oficial do corpo.

Quando finalmente voltou para o escritório e recostou-se no noivo, percebeu que mais de cinco horas haviam se passado. Eram quase oito e vinte da noite.

– Belo jeito de aproveitar um sábado, você não acha? – Hyunseung passou o braço pelos ombros dela, puxou-a para mais perto e beijou-a no topo da cabeça. Sabia que estava exausta.

– Maravilhoso. Sinceramente, eu não poderia imaginar nada melhor. Eu não queria mesmo um final de semana relaxante...

Hyunseung sorriu e selou os lábios dela.

– Você trabalhou duro. Daqui a pouco vamos para casa.

– Oh, aí estão vocês. – Doojoon apareceu na porta e então aproximou-se deles. Havia conduzido a família da vítima ao estacionamento.

– Tudo bem, oppa? – Hyuna perguntou diante do semblante carregado do amigo.

– Tudo, é só a velha história de sempre. Eles estão estarrecidos, arrasados e com sede de justiça. Mostrar o corpo aos familiares é a pior parte da nossa função, eu acho – ele balançou a cabeça. – Pode me fazer um resumo do seu laudo? Você comentou que não seria bom falar nada na frente da família hoje. Porque o cuidado?

Hyuna passou uma perna sobre a outra e apoiou seu peso contra o peito de Hyunseung.

– Apenas julguei que não seria o momento adequado para informa-los de que o filho teve o peito aberto com uma faca e o coração arrancado da caixa torácica ainda vivo.

Doojoon emudeceu com o choque. Abriu e fechou a boca duas vezes, mas nenhum som saiu.

– Que? – balbuciou.

– A vítima estava no segundo estágio de hipotermia. Ou seja, ainda consciente, embora provavelmente confuso. Na concepção dele, tudo aconteceu de uma hora para outra. O osso do esterno foi praticamente destruído para que o assassino tivesse acesso ao coração. Os órgãos estavam pálidos, o que indica a hemorragia que, diga-se de passagem, já dava sinais óbvios desde que o encontramos. Veias importantes foram rompidas de um modo que só seria possível se o assassino tivesse agarrado o órgão e o puxado para fora. E foi o que ele fez. Essa foi a causa mortis.

– Ele ficou com o coração...? – Doojoon coibiu uma careta de asco.

– Sim, e deixou isso no lugar – Hyuna enfiou a mão no bolso do jaleco e puxou um pendrive. – Estava envolto em um saco plástico.

– E o conteúdo?

– Não vimos ainda. Não tivemos tempo. – respondeu Hyunseung.

Doojoon levantou os olhos para o teto e soltou um suspiro.

– Com certeza não é nada muito grande...

Hyuna afastou-se do noivo e apontou para o notebook em cima da mesa.

– Peguem e saiam. Vocês podem usa-lo. Eu vou me trocar para irmos.

Doojoon sorriu, apanhou o notebook e saiu para o corredor. Hyunseung o seguiu e encostou-se à parede.

– Eu seguro, você coloca o pendrive. – Doojoon apoiou o notebook sobre o antebraço e segurou a tela a fim de promover estabilidade.

– Vamos lá... – Hyunseung plugou o dispositivo na entrada USB e esperou que o sistema operacional o reconhecesse.

De repente, a tela ficou preta.

Hyunseung franziu a testa, e estava prestes a levar as mãos ao teclado quando uma imagem apareceu na tela. Ele ficou paralisado e imediatamente sentiu o sangue correr frio nas veias.

Era Hyuna.

Os cabelos estavam soltos, e a expressão em seu rosto, séria. Usava óculos escuros, calças pretas e uma camisa branca. Hyunseung lembrava-se daquele dia. O dia da necropsia de Lee Min Young – a qual também havia assistido.

Hyuna caminhava em meio a uma movimentada calçada, e o fundo consistia em cidadãos comuns.

Hyunseung encarou a foto buscando em suas memórias qualquer sinal de aproximação ou movimentação suspeita na ocasião.

Nada. E então aconteceu.

Hyuna começou a derreter. A desfazer-se diante de seus olhos.

Os fios de cabelo deslizaram e se misturaram à pele, a testa caiu, o nariz se dissolveu, os óculos caíram e os olhos se reviraram e fecharam. Sangue começou a escorrer das órbitas, tingindo o rosto de vermelho.

Hyunseung sentiu todo seu corpo tremer e quase gritou.

O sangue cobriu toda a imagem e, por um momento, ele teve a impressão de que vazaria da tela. Logo, o som de uma gargalhada saiu pelos alto-falantes. Uma gargalhada cruel, e ao mesmo tempo feliz. A gargalhada de um psicopata.

Depois, tão abruptamente quanto começou, a tela ficou preta outra vez e a gargalhada cessou.

O protetor de tela do Windows 8 reapareceu.

Hyunseung sentiu tamanho ímpeto de ódio que quase pegou o notebook das mãos de Doojoon e o jogou no chão.

– Isso é impossível! – gritou, não sabia o que fazer. Com pouco, deslizou para o chão completamente sem ar. Como se estivesse afundando e não conseguisse nadar de volta à superfície.

Que merda havia sido aquela?

Seu coração batia contra as costelas como se quisesse explodir. Podia senti-lo mesmo na garganta.

Atônito, esticou as pernas e segurou a cabeça com as mãos trêmulas.

– Hyunseung, que diabos está errado?! – Doojoon colocou o notebook no chão e o segurou pelos ombros.

– Hyuna... Hyuna é o próximo alvo... – ele explicou rapidamente o que havia visto.

Doojoon sentiu o estômago se contrair e apertou os ombros do amigo. Mesmo confuso, estava convicto de que tudo não passava de uma ameaça vazia e sem sentido.

O mundo explodiria antes que Hyunseung desse ao psicopata uma brecha para um sequestro.

– Calma. Sua voz está horrível. Ele não vai pegá-la. Não há a mínima possibilidade de que você deixe que aconteça. Ele só está tentando mexer com a sua cabeça. Não caia no jogo dele.

Hyunseung respirou fundo, passou as mãos pelo rosto e levantou-se. Doojoon estava com a razão. O assassino o havia assustado momentaneamente, mas só. Nada mais. E a audácia custaria caro.

Quando a noiva saiu para o corredor e perguntou sobre o conteúdo do pendrive, não escondeu a verdade dela – que inicialmente empalideceu, mas logo evoluiu do choque para a raiva.

– É muita coragem a dele! – Hyuna soltou uma risada de escárnio e cerrou os punhos. – Então aquele desgraçado tentou me usar como uma peça? Porque se foi esse o motivo de tanto empenho e dedicação ficarei exultante quando ele descobrir que falhou. Eu não caio nessa. Ah... – ela colocou as mãos na cintura e soprou a franja para cima em um gesto de óbvia frustração. – Eu vou mata-lo! Mesmo que eu o mate, Deus me dará seu perdão.

Quanta petulância. Petulância suficiente para que se acabasse rindo. Não sentia uma gota de medo, mas não havia um limite para a sua irritação. Queria gritar de ódio.

Olhando para o corpo rígido e o cenho franzido, Hyunseung e Doojoon foram incapazes de conter um sorriso.

– Yeobo – Hyunseung pegou a mão da noiva e a beijou no rosto. –, vamos para casa. Nosso trabalho aqui está feito.

Hyuna o encarou pelos dez segundos que se sucederam, respirou fundo e acalmou-se. Nada aconteceria. O maldito imbecil não valia uma enxaqueca.

– Vamos – ela sorriu, selou os lábios dele e o abraçou pela cintura. – Merecemos mesmo isso.

Doojoon riu pelo nariz e balançou levemente a cabeça enquanto se encaminhavam à saída.

Típico. Os dois eram sempre assim.

No estacionamento, despediu-se e os avisou de que o pendrive seria enviado à um dos técnicos da delegacia. E com a promessa de que ligaria caso uma nova pista aparecesse, também seguiu seu caminho. Não havia pecado em esperar pelo resultado das analises em casa. Haviam feito tudo o que podiam. 

 


Notas Finais


Bem pessoal, por hoje é só! Como sempre, obrigada por lerem! Espero que tenham gostado! <3

O próximo capítulo saíra logo! <3

Até breve, meus queridos leitores! <3

Kissu ~ <3


Ps: A minha leitora 2hyun18 começou a escrever mais uma fic, dessa vez com 2hyun como protagonistas, e me pediu para divulga-la, então, segue o link para quem quiser dar uma olhada:

https://spiritfanfics.com/historia/trouble-maker-2hyun-hate-6738743


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