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História Blind - Give a little time to me


Escrita por: Nash_the_Fox

Notas do Autor


Eu deveria ter entregue esse capítulo desde quarta ou quinta, mas juro a vocês que passei 4 dias tentando consertar meu notebook, gente? ¬¬
Enfim, muito obrigada aos comentários lindos e tbm aos novos favs <3
Vocês são tudo umas cheirosas! :3

Capítulo 7 - Give a little time to me


Fanfic / Fanfiction Blind - Give a little time to me

– Charles?

– Hm?

– Charles!?

– O quê?

– Charles, pelos céus, você não está prestando atenção.

– Eu estou sim, Moira.

– Então o que foi que eu acabei de perguntar? – A bailarina o olhou desafiadora, mas quando viu que o moreno realmente não iria dizer coisa alguma, riu debochada. – O que você está pensando? Não me diga. Claro que é sobre o Lehnsherr, não é?

Charles suspirou fundo quando percebeu que os olhos da amiga ainda estavam sobre ele enquanto esperava por uma resposta. O devaneio que havia se metido tinha o levado para longe, por Logan, por Erik, por toda sua vida e, em uma reação em cadeia que não havia tido como controlar, se pegou pensando em como seria sua vida daqui a dez anos. Bailarinos tem um prazo de validade, seja mais cedo ou mais tarde.

– Então, quando você vai vê-lo? – Moira perguntou insistindo no assunto, já que ele ainda continuava calado. – Vamos, pare de ser chato e me diga de uma vez.

– Eu realmente não sei.

– Como não?

– Ele deveria ter aparecido ontem de acordo com o recado que mandei por Logan. Enfim, apenas Deus sabe o que se passa na cabeça daquele homem. Como eu deveria saber? Nem mesmo Logan apareceu para me dizer algum recado idiota qualquer.

– Não fale dele dessa forma.

– “Não fale dele dessa forma” – Charles repetiu sarcástico. – Erik me atormenta por praticamente um mês, manda aqueles presentes idiotas e de repente quando me mostro aberto para um encontro ele me deixa plantado. Viu? Foi por isso que eu quis distância. Raven disse que eu era um dramático, mas eu já sabia de tudo.

O bailarino levou dois dedos para a ponte do nariz com um leve apertão. Ele realmente estava tão incomodado com aquilo? Se um ponto que a irmã tinha razão era que deveria deixar de ser dramático, mas não por ter razão quanto a atitude do ruivo e sim por estar chateado por algo que já sabia que iria acontecer.

– Eu vou pegar outro cappuccino – disse com uma careta e foi até o balcão do Le Jonquille. Passou por Jean que o chamou para perto, mas apenas lhe deu um abraço e voltou a ler. Fez o pedido e preferiu esperar por ali mesmo, se voltasse para a mesa e Moira continuasse a insistir no assunto do magnata ele acabaria se estressando com a amiga. E detestava a possibilidade.

Voltou para a mesa três minutos depois tentando pensar em algum assunto que desviasse a conversa para outro rumo, mas acabou estagnando no caminho quando viu que Logan estava conversando com Moira. A amiga havia se levantado da cadeira e conversava sorridente com o segurança que também estava em pé usando o terno preto de sempre.

O engraçado é que apenas quando ele pôs o copo em cima da mesa e puxou a cadeira para poder-se sentar foi que Logan o percebeu. Sorriu imaginando uma possibilidade que ele não fosse a vítima do Lehnsherr e pudesse viver em paz como vivia antes de tudo isso.

– Charles, você está disponível? – O segurança fez a pergunta assim que ele tomava um gole do novo cappuccino.

– Não, não estou. – O bailarino mentiu na cara dura. Ele não sabia se havia sido sua cara, sua voz ou simplesmente seu péssimo talento para atuação, mas ele sabia que o outro não havia mordido a isca.

Herr Lehnsherr quer conversar com você.

– Então diga a ele que eu estou ocupado.

– Está ocupado fazendo o quê?

– Bem, – Charles olhou ao redor como que procurando uma desculpa, puxou o braço de Logan, olhou as horas pelo relógio de pulso que ele usava e finalmente disse – tenho que encontrar uma velha amiga, Ororo Munroe. Veja já está na hora.

– Mas Charles você não vai lá apenas no sábado? – Moira questionou duvidosa, mas logo se retraiu por um instante quando o bailarino a olhou severo.

– Ororo é minha amiga e eu vou lá quando eu bem entender, Moira. – A última palavra saiu com uma entonação que beirava a ameaça.

– Charles, olha... Erik disse que queria conversar contigo de qualquer forma. – O segurança percebendo que também estava sendo alvo do olhar severo, completou – Não olhe assim para mim, eu não tenho culpa de nada. Ele me disse que deveria leva-lo até ele, o que você vai responder, não é comigo mais.

O bailarino revirou os olhos contrariado, mas sabia que iria de qualquer forma. Por bem ou por mal ele tinha que resolver aquele assunto de uma vez.

– Pode ser, mas eu não volto até aquela casa. – Disse, decidido.

– Tudo bem, ele está no carro. – Logan apontou a direção com um meneio de cabeça e ele foi automaticamente, só percebendo que não havia nem se despedido da amiga quando ouviu um “Até outra hora, Moira” atrás de si.

 

O carro negro estava bem a sua frente e quando, por um momento, ele se encontrou estático sem saber se iria abrir a porta traseira, viu que Logan se movia para fazer por ele. Mas o Xavier rejeito o gesto com a cabeça.

Então, respirou fundo, entrou no carro e fechou a porta atrás de si. Erik estava lá com a barba ruiva bem aparada, usando um costume de três peças azul-petróleo e camiseta branca por baixo. Charles não pode evitar de sorrir ao ver as ruguinhas no canto dos olhos verdes e perceber que estava com saudade delas.

– Olá, Erik. Como vai? – O bailarino disse e completou sem rodeios – Por que não apareceu ontem?

– Eu peço seu perdão, Charles.  Emma me manteve ocupada demais resolvendo os problemas de um contrato e quando eu percebi havia passado e muito da hora.

– Tudo bem – o moreno respondeu sincero. Ele não poderia ter certeza se era esse o real motivo ou se era uma mentira qualquer, então preferiu não perder a cabeça com algo que, em relação a sua paz de espírito, significava tão pouco.

– Hoje nós poderíamos...

– Eu estou ocupado. Preciso visitar uma amiga. – Informou. Mas naquele mesmo momento algo mudou, Charles não sabia se era sua simples vontade ou se havia sido o sorriso amarelo que o ruivo tinha dado com a maior cara de decepcionado. Então, respirou fundo e completou – Se desejar, você pode vir comigo. Não tem problema.

– Tem certeza? – Quando o bailarino confirmou com a cabeça, o magnata avisou – Então, é só dar o endereço para Logan. Ele nos leva até lá.

– Não.

– Não?

– Nós vamos a pé, precisamos passar em alguns lugares antes. – Charles sorria como que escondendo algo, mas que mal conseguia evitar de não pôr a verdade para fora. Abriu a porta e saiu do carro esperando que o Lehnsherr fizesse o mesmo.

Logan os olhou curioso querendo entender o que estava acontecendo, mas não perguntou ou disse nada. Porém, deu um meio sorriso satisfeito quando o bailarino foi até o ruivo, tirou o paletó que ele usava e jogou nas mãos dele.

– Venha busca-lo em algumas horas, Logan.

– Eu, não...

– Não se preocupe. Eu cuido do seu chefe. Vá beber café com a Moira ou fazer o que você bem entender. – Quando o carro preto desapareceu de vista, Charles viu que o ruivo tinha os olhos verdes nele e acabou rindo.

– Eu realmente não entendi o porquê do paletó.

– Você realmente não precisar dele.

– Então, o que agora? – Erik inquiriu curioso.

– Apenas me siga.

 

A primeira parada dos dois foi em um sebo. O lugar era abarrotado de estantes e mesas repletas de montanhas de livros. E era, com certeza, um dos lugares preferidos de Charles. Quando tinha a oportunidade ele adorava gastar horas a fio em meio a poeira acumulada procurando algum grande clássico ou simplesmente uma nova história que chamasse sua atenção. Em algumas vezes, tinha gastado tanto tempo em meio as montanhas de escritos que um ou outro comprador o confundia com um vendedor desatento e ia perguntar por indicações. Na grande maioria dos casos ele tinha a resposta por certa e acabava fazendo uma venda para o proprietário.

O homem, muito mais velho, sorriu para ele detrás do balcão assim que pôs os pés na loja e Charles deu um aceno com as mãos enquanto ia automaticamente em direção aos livros.

– O que procuramos aqui? – Erik perguntou do seu lado.

– Qualquer coisa que chame a atenção.

– Você sabe que se quiser algum livro podemos ir numa boa livraria. Não precisa comprar livros de segunda mão.

O bailarino revirou os olhos com tanta força que teve certeza que o outro acabou percebendo o gesto, mas não disse nada. Então, Charles viu que o magnata se afastou aos poucos lendo os nomes nas bordas dos livros, e que mesmo relutante de toca-los e ficar empoeirado, teve um deles que chamou tanta atenção que ele o tirou da estante.

– Encontrou alguma coisa boa? – O moreno questionou.

– Anna Karennina. Já leu?

– Claro. – O bailarino respondeu enquanto mexia ele mesmo numa das pilhas e puxava um livro para si. – Mas é uma boa ideia. Vou leva-lo sim.

Quarenta e cinco minutos depois e Charles tinha cinco livros de autores e tamanhos diferentes em uma pilha que levava até o caixa.

– Não esperava encontra-lo essa semana. – O velho dono comentou.

– Nem eu, mas está prestes a fazer um mês da última vez e eu estava por perto, não pude desperdiçar. – Quando viu que o outro já tinha calculado o preço total da venda, o moreno perguntou – Quanto ficou?

– Quarenta e...

A frase não foi completada porque Erik estendeu uma nota de cinquenta no balcão de madeira e disse:

– Fique com o troco.

Erik. – Charles disse o nome como quem diz um palavrão. – Essa é minha compra. Eu pago. Escolha seus livros que você paga.

O ruivo fez uma careta não entendo o que o bailarino dizia.

– Você tem consigo um Anna Karennina que eu escolhi.

– E você o deu a mim. É meu livro, logo eu pago.

– Por que você... – Mas o Lehnsherr percebeu que não adiantava mais reclamar quando sua nota havia sido estendida de volta na sua direção e Charles tirava dinheiro de um dos bolsos da calça para pagar o homem.

– Até outra hora, Xavier. – O homem da loja disse com um sorriso. – Apareça mais vezes, você faz falta quando não está por aqui ajudando os outros compradores.

– Eu bem que queria, mas quando não são os ensaios, é algum problema que minha irmã me mete e tenho que resolver, ou seja, ou fico o dia ocupado ou estou cansado demais para andar até aqui. Até outra hora, senhor Setrakian.

– Até.

Quando já estava alguns passos longe da loja, Erik insistiu para levar os livros e Charles o entregou três deles, não antes sem dizer:

– Apenas porque temos que parar em outro lugar.

 

Cerca de dez minutos depois, os dois pararam em frente a uma confeitaria e o cheiro de pães e bolos os atingiu em cheio. A aparência fofa e delicada em cores claras era aconchegante e o bailarino indicou uma mesa no canto enquanto avisava que ia fazer o pedido direto no balcão.

Charles voltou alguns minutos depois e sorriu quando uma garota magrela de cabelos castanhos correu para abraça-lo. Eles trocaram algumas palavras, mas logo ela foi embora carregando uma bandejinha com bolo de chocolate.

– Eu nem te perguntei se você queria algo, Erik. Você quer?

– Não, obrigado. Eu estou bem. – O magnata fez uma pausa para umedecer os lábios e tinha uma cara de quem estava prestes a fazer uma pergunta, mas não conseguiu porque uma atendente chegou com um saco enorme cheio de pão doce.

Dessa vez após muita insistência, Erik conseguiu pagar a conta singela da confeitaria, mas não antes sem ouvir o moreno contrariado:

– Tudo bem, mas não fique convencido.

 

Mais dez minutos andando e eles pararam em frente a um casarão branco e cinzento que tinha aparência de velho. Logo umas crianças apareceram na janela, deram gritinhos animados quando os viram parados ali e Charles entrou pelo pequeno portão da propriedade sem cerimônia alguma.

Um menino de cabelos ruivos e cacheados veio correndo na frente dos outros, abraçou o bailarino pela cintura e sem dizer nada pegou o saco de pães doces e correu com ele. Charles riu e falou alto:

– Sean! Divida os pães com todos!

Então, uma mulher negra e de cabelos brancos apareceu no meio das crianças e o deu um abraço apertado.

– Eu não sabia que você apareceria hoje, querido. – A mulher disse e deu um sorriso quando viu os livros que ambos os homens carregavam – Anna Marie vai ficar tão feliz. Estava ontem mesmo dizendo que precisava de livros novos. Obrigada, Charles.

– Por absolutamente nada, Ororo.

– Obrigada, senhor...

– Erik. Me chame de Erik. E eu não fiz nada, foi tudo ele.

– Se o Charles te trouxe junto é porque significa algo. De qualquer forma: Obrigada, Erik.

O ruivo deu um meneio e quando menos percebeu já havia perdido o bailarino para uma montanha de crianças que se ocupavam em chama-lo para brincar, contar algo de interessante, mostrar uma novidade ou, simplesmente, jogar conversa fora.

Quando Ororo apareceu mais uma vez e lhe ofereceu uma xícara de café, Erik acabou aceitando e a seguiu até a cozinha. Uma mesa comprida de madeira escura e cheia de cadeiras envolta ocupava boa parte do espaço e ele escolheu a vaga mais próxima de si para acomodar-se.

– Então, de que lugar conhece Charles?

O magnata observou calado a mulher por alguns instante e decidiu que não havia nada a esconder. Ela levou a bebida até seu lugar e se sentou em uma cadeira próxima.

– Do trabalho dele. – O ruivo respondeu.

– O balé?

– Sim. Ele é ótimo no que faz.

– Nunca tive a oportunidade, mas eu tenho certeza que sim. – A mulher deu um suspiro e se acomodou na cadeira reta como se estivesse prestes a falar algo muito importante – Espero que você cuide bem dele. Charlezinho é um menino de ouro.

Erik engoliu em seco ao ouvir aquilo. Encarou a negra e com um olhar decidido ela disse que o bailarino era bom demais para que qualquer pessoa o magoasse.

– Eu sei. – respondeu, convicto.

Ao voltar para a sala minutos depois, ele encontrou Charles em meio a uma roda de sete ou oito crianças escutando atentamente a história que o moreno contava. Uma das meninas estava sentado em seu colo – de cabelo preto, vestido amarelo e olhos puxados – olhava para ele de um jeito muito torto, mas ainda sim maravilhada como se fosse a melhor história possível.

O sorriso satisfeito que o Xavier tinha naquele momento era uma das coisas mais bonitas que Erik já tinha presenciado. Tanto que ele pode se esquecer de tudo que era e admirá-lo genuinamente por um instante e pensar em como o queria para si.

– Erik. – O chamado do bailarino o tirou do devaneio.

– Sim?

– Você tem alguma história para contar?

– História? Não, não. Deixo esse trabalho com você.

– Vamos lá, não é tão difícil.

E quando todas as crianças já o olhavam daquele jeito pidão que apenas uma criança sabe fazer, o magnata respirou fundo percebendo que não tinha como fugir.

 

 

– Charles? – Erik chamou vendo Logan de longe próximo ao carro, já o esperando. Após algumas horas com as crianças e mais meia hora de caminhada haviam feito de volta o caminho para o Le Jonquille.

– O que? – O Xavier questionou, apenas para ficar paralisado no instante seguinte. A mão direita do ruivo se aproximava da sua face e o tocava com cuidado como se fosse algo que pudesse quebrar a qualquer instante. O bailarino jamais saberia de onde encontrou forças, mas se afastou com um passo para trás e disse – Não.

– Por que não?

– Erik... – Charles engoliu em seco enquanto pensava na resposta adequada que poderia dar. Queria poder dizer a verdade e contar tudo o que sentia, a confusão que o tirava do sério durante os dias e fazia com que ele se perdesse em devaneios idiotas, mas não podia. Porque sabia que com seu jeito romântico esperava como resposta algum tipo de jura de amor eterno e um homem como Lehnsherr nunca seria capaz daquilo. Por isso, mentiu – Eu quero apenas sua amizade. Eu sinto muito se houve alguma confusão, mas espero que esqueça o passado. Você é um homem interessante e eu gostaria sim de ser seu amigo, mas nada além disso.

Talvez ele estivesse guardando todo o talento teatral que um ser humano pode ter para aquele momento e por isso nunca conseguiu ser um ator, mas sentiu-se aliviado quando o magnata deu um aceno com a cabeça entendendo o que ele quis dizer. Então, esperou quieto pelo o que o outro diria a seguir. Entenderia se o ruivo nunca mais quisesse proximidade de forma alguma e desaparecesse de vez.

– Ok. – Erik então deu um meio sorriso e completou – Posso te acompanhar na sua próxima visita para o orfanato? Claro, se não for incomodo.

– Incomodo algum. Eles vão adorar.

– Que bom, prometo aprender histórias melhores para a próxima vez. – Logan então se aproximou com o paletó azul e quando o ruivo o vestiu, disse enquanto entrava no carro – Até logo, Charles.

– Até logo, Erik.

E ao ver o carro se distanciar, o pequeno Xavier sorriu pensativo. Era verdade que ele e Erik sentiam uma conexão muito forte rolando, mas talvez ele estivessem entendido errado. Toda aquela confusão sobre beijos e amassos deveria ter sido apenas consequência da má interpretação deles. Não podia negar que achava o homem ruivo muito atraente, mas se sentir daquela forma não era uma obrigação de se aproximar da pessoa.

Mas, talvez, só talvez, o magnata estivesse certo desde o início e fosse seu destino sair de coração partido daquela história toda. Se fosse o caso, não havia muito mais o que ele pudesse fazer a não ser esperar.


Notas Finais


Capítulo fofo? :3
Enfim, espero que tenham gostado dele. Comentem, deem dicas, sugestões, críticas, reclamem, etc sobre o que vocês quiserem, adoro mais que tudo ouvir a opinião de vocês <3 Monte de beijos da Nash e até o próximo! o/~


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