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História Blinding - Ato de amor


Escrita por: haruhana_

Notas do Autor


Demorei? Se sim, I'm sorry, eu estou atolada de coisas, tem a escola, meu trabalho, alguém avisa que esse negócio de se tornar adulta não é nada legal, por favor
But, whatever, não vou parar de postar aqui, só por isso, não é mesmo? ♥

Enfim, boa leitura *3*

Capítulo 6 - Ato de amor


Fanfic / Fanfiction Blinding - Ato de amor

13 de setembro.

Se me dissessem que em algum momento do ensino médio eu estaria no carro com a minha mãe indo visitar um amigo da escola eu o chamaria de, no mínimo, psicopata ensandecido.

Minhas mãos estavam suando, meu cabelo sentia a necessidade de ser remexido o tempo todo, como se de alguma forma algumas batidinhas de leve espantassem as mechas da minha testa – importunamente, segundos depois elas voltavam ao seu lugar original, me deixando possesso – e minha perna tremia freneticamente ao ponto de deixar minha mãe frustrada.

– Menino do céu, para de balançar essa porcaria de perna!

– Desculpa – pedi sem jeito. – Ainda demora muito?

– Acho que não.

A voz do GPS parecia ficar cada vez mais alta à medida que nos aproximávamos do destino final. Então, finalmente, foi anunciado que faltavam apenas duzentos metros para que eu pudesse descer daquele carro, sendo deixado completamente sozinho com Jungkook e, provavelmente, sua família, sem ninguém para me esconder atrás como fazia quando era pequeno.

Isso é aterrorizante.

– Acho que chegamos.

Fingindo estar completamente são e sem qualquer nervosismo percorrendo por todo o meu corpo, abri a porta do carro e a fechei com um pouco de força, recebendo um xingo breve da minha mãe.

– Que horas você quer que eu te busque?

– Eu não sei. Posso te ligar?

– Hmm, não sei... Promete que não vai me ligar muito tarde? Caso contrário eu venho aqui e te busco pela orelha, tá me entendendo?

– Tudo bem, eu já entendi.

– Vem cá dar um beijo na sua mãe.

Fiz como ordenado e esperei que ela fosse embora para que então eu pudesse me guiar pelas paredes do muro todo feito de tijolinhos, apertando o interfone logo em seguida.

Poucos segundos depois (o que me deixou surpreso) o portão foi aberto pelo Jungkook, que me envolveu em seus braços de forma extremamente doce sem ao menos saber o quão doce era, dando-me um abraço que eu consideraria desnecessariamente forte.

Cara, que cheiro bom. Tão bom quanto da vez em que nos esbarramos na aula de piano. Acho que preciso pedir emprestado esse perfume.

Se eu tivesse alguma coragem para tal, é claro.

– E aí, como você tá? – ele perguntou e eu não consegui proferir palavras tão rapidamente quanto quis por estar sugando toda a fragrância que rodeava o seu ser. Pensei por um momento que, se o fizesse, eu poderia estocar na memória todo o seu cheiro bom para quando eu quisesse senti-lo novamente. Provavelmente no meu quarto quando voltasse para casa mais tarde. Ou daqui a quinze minutos.

– Eu tô bem. E você?

– Também, também. Vamos entrar, meus pais estão loucos pra te conhecer.

Alguém louco para me conhecer? Que peculiar.

Me pergunto que tipo de propaganda Jungkook teria feito de mim para a família para que estivessem loucos para me conhecer. Eu não tenho nada de realmente excitante. Eu faço aula de piano, vou para a escola, ajudo meus pais em algumas tarefas de casa, ouço músicas não tão conhecidas pela maioria das pessoas e passo meu intervalo inteiro no banheiro masculino.

Como já dito, nada de excitante.

Senti sua mão se enroscar a minha com facilidade, como se já tivesse programado tal movimento com dias de antecipação, me guiando para dentro de sua casa.

Assim que pisara no chão amadeirado com os pés livres dos sapatos deixados na entrada, gerando sons quase imperceptíveis com as minhas meias enquanto andava, logo ouvi a louça sendo lavada e barulho de televisão ligada. Na cozinha. Eu não sei quanto ao resto do mundo, mas eu acho muito estranho ter uma tevê, nem que seja pequena, na cozinha. É como se colocassem uma banheira no quarto, uma cama na sala de jantar ou uma geladeira no banheiro.

– Mãe, pai, o Jimin chegou.

– Ah, olá, querido!

– Olá, senhora Jeon. – Ela se aproximou.

– Finalmente você veio, garoto! Já estava ficando cansada do Jungkook ficar tagarelando no meu ouvido sobre você o dia inteiro.

– Mãe...

– Então esse é o garoto? – Uma voz masculina se fez presente, assustando-me ligeiramente pela transição da voz aguda com a de tom incrivelmente baixo. – E aí, tudo bem?

– Sim, senhor Jeon. – Me sentia um idiota me comportando tão formalmente. Não eram muitas as ocasiões em que me portava de tal forma, então quando o fazia sentia-me como se não fosse verdadeiro.

– A gente vai pro meu quarto, tá bom?

– Fazer o quê?

– Ele vai me ajudar com a lição de casa de piano. Eu falei pra você umas quinhentas vezes – Jungkook afirmou frustrado.

Sua mão novamente se fez presente entrelaçada a minha, levando-me até, ao que tudo indicava, seu quarto. Ao chegarmos no cômodo a voz um tanto distante de sua mãe se manifestou:

– Não fechem a porta!

– Então – começou ele, fingindo que o fato de sua mãe ter achado que nós dois poderíamos fazer coisas indecentes não o afetara –, com o que quer começar?

– Eu não sei. O que achar melhor.

O ouvi indo um pouco para frente e sentando no banco do piano. (Que era bem largo, por sinal.)

Tê-lo ali ao meu lado tão inofensivo se assemelhava à sensação de mil agulhas injetando líquido tranquilizantes por todas as minhas veias. Porque, pela primeira vez na vida, eu não era o único a se sentir vulnerável na presença de pessoas alheias.

Dava para sentir. Dava para apalpar o quanto estava se esforçando para entregar uma perspectiva mais bela de si mesmo; que estava sempre entregando gentileza de bandeja como se apenas me ter ali fosse uma honra imensurável.

E, não vou mentir, estava adorando.

Jungkook, completa e surpreendentemente indeciso, passou por vários tópicos até se decidir o que gostaria de treinar. Eu me achava um pouco indeciso, mas com ele meus conceitos de indecisão foram atualizados. Chegava até a ser irritante.

Não tive qualquer aluno na minha vida – já tentei ensinar minha mãe a tocar a introdução de uma das suas músicas preferidas uma vez, mas ela desistiu nos primeiros dez minutos –; eu não tinha qualquer parâmetro de velocidade de aprendizado na minha mente a não ser o meu. Mas não posso contar comigo, já que faço aulas desde pequeno, desde quando meus olhos ainda tinham vontade de funcionar e não eram preguiçosos.

Lembro-me bem superficialmente quando eles começaram a pregar peças em mim, atrapalhando-me de enxergar meus brinquedos com clareza, sempre borrando minhas mãos quando tentava olhá-las. Uma péssima sensação.

No meio de uma explicação meio atrapalhada sobre o porquê de ter de tocar cada nota daquela música com determinados dedos, uma sensação engraçada e assustadora entrou em mim, vindo de baixo para cima, fazendo-me pular no lugar. Demorou quatro lambidas até eu perceber que se tratava de uma língua áspera de gato alisando os dedos dos meus pés sem descanso.

– Deus do céu, que susto – disse após o espanto deixar o meu corpo.

– Ah. – Sua voz se distanciou minimamente ao abaixar-se para pegar o gato. – Ela tem mania de lamber as pessoas.

O animal foi depositado sobre o meu colo. Os pelos macios presentes a faziam parecer que não tinha qualquer membro, a transformando em uma, literalmente, bola de pelos.

– Pode passar a mão – Jungkook afirmou.

– Ah, tá – respondi nervoso, camuflando tal sentimento com um riso. – É que eu nunca tive contato com gatos.

– Sério? – Senti sua expressão de espanto na própria voz de tão intensa a sua reação.

– Uhum.

Jungkook falou o quanto gostava de gatos e sobre como ele sempre teve animais felinos. Até mesmo quando era criança.

– Jungkook, hoje seu irmão vai vir jantar em casa – a voz feminina invadiu o quarto de repente.

– Tá bom.

Assim que o som dos passos se dissiparam eu não me aguentei em perguntar:

– Você tem irmão?

– Hm? Tenho. Ele é médico. Quer dizer, ainda é um interno, mas é médico.

A presença de sua mãe no cômodo me fez lembrar sobre o que ela falara para o filho quando viemos para o quarto.

Eu estava morrendo de vontade de perguntar a ele sobre aquilo, sobre a sua mudança de escola, tudo. Queria ter algo em comum com ele, queria desenvolver um laço com alguém que entendesse o que passo.

Mas, é claro, eu não podia perguntar algo tão importante do nada. Ele iria, no mínimo, me chamar de enxerido e me expulsar de sua casa. É o que eu faria, pelo menos.

– Por que a sua mãe... Hm... Você sabe.

– O quê?

– ... Por que ela pediu que não fechássemos a porta naquela hora?

– Ah, isso.

Falei besteira? Fui rápido demais? Será que estou sendo muito invasivo? Sou um covarde por estar perguntando algo apenas para não questionar sua homossexualidade diretamente? Meu Deus, tantas perguntas para nenhuma resposta.

– Você promete não contar p... Ah, tanto faz. Acho que todas as escolas já devem saber. Então, eu não sei se você tem algo contra ou não – começou –, mas eu sou gay.

Wow. Wow. Eu nunca na minha vida ouvi alguém falar tão convictamente sobre a própria sexualidade. Apenas pelo seu tom e modo de falar eu podia dizer o quão orgulhoso era de ser quem era. Eu nunca na minha vida seria tão destemido dessa forma.

– Os meus pais sabem disso e levam numa boa, sabe? Mas a minha mãe insiste em achar que qualquer amigo meu é meu namorado.

– Entendo. – Eu me sentia um idiota por ser a única coisa que eu pude dizer. Porque, no final de tudo, quando finalmente consegui que ele abrisse as portas da sua sexualidade para que pudéssemos abranger mais o assunto e nos tornássemos mais íntimos, eu simplesmente disse entendi.

. ⚬ ☽ ✩ ☾ ⚬ .

Meu plano inicial era ir embora assim que terminássemos de treinar piano, mas a voz pedinte e miseravelmente fofa do Jungkook me fez ficar até o jantar.

Eu nunca gostei de comer em público. A ideia de que as outras pessoas me vejam engolindo e mastigando as coisas me dá uma agonia que não consigo explicar o porquê. É como medo de criança, ela não sabe por que, e às vezes nem do que tem medo, ela só tem.

O jantar, por mais que minha mente estivesse tramando planos contra mim, foi tão simples quanto uma refeição em minha própria casa. Pessoas conversando, passando comida de um lado para o outro e rindo.

Entretanto, por mais que fosse parecido com um jantar em minha casa, aquele momento tinha um que a mais. Jungkook parecia ser livre para dizer quase tudo o que quisesse. Parecia que qualquer coisa que dissesse não faria sua família rejeitá-lo completamente. Ele não precisava pensar três vezes antes de dizer alguma coisa, ele só dizia.

O irmão de Jungkook era praticamente uma cópia de si mesmo, mas com muito mais humor para oferecer. Às vezes falava difícil quando entrava no assunto do seu trabalho no hospital, mas no geral era tão legal que eu queria, por um momento, ser ele.

Após o jantar eu agradeci a refeição e pedi que Jungkook fosse para o lado de fora comigo. Eu não conhecia nenhum centímetro daquele lugar e precisava de ajuda para que alguém me guiasse para fora daquele cheiro forte de fritura. Liguei para minha mãe e, não vou mentir, foi engraçado como Jeon ficou super fascinado com o modo que eu fazia as coisas com o aparelho.

Sentados na pequena escada que dava para a porta da sua casa, vejo que nossas mãos estão entrelaçadas. Eu estava tão concentrado na necessidade de ligar para minha mãe – com medo que ela aparecesse do nada e me puxasse pela orelha até em casa – que mal tive tempo para notar que sua mão era quente e a ponta dos seus dedos encostavam nos ossinhos dos meus, movendo-se tão lentamente sobre eles que apenas se todo o resto do mundo parasse eu poderia notar com clareza.

– Jungkook, você quer sair comigo? – Meu cérebro ri de si mesmo por ser tão estúpido. Não é o que eu queria dizer. – Digo, na excursão. Andar comigo, sabe?

– Claro.

Gente, tão rápido assim?, penso comigo mesmo. As coisas nunca foram fáceis para mim em nenhum momento, então eu esperava que fosse extremamente complexo e recheado de palavras insinuativas que pudessem significar tanto “sim” quanto “não”, mas daí Jeon Jungkook vem e estraga todos os meus planos? Quem ele pensa que é?

– Quando eu estava na minha escola antiga, depois que as pessoas descobriram que eu era gay, ninguém mais quis falar comigo. Quer dizer, eu não tinha tantos amigos assim para dizer que ninguém mais quis falar comigo, mas mesmo assim me machucou. – Ele está entrando nesse assunto por conta própria. Acho que ele leu a minha mente mais cedo e soube que eu queria isso. – Jimin, você é a única pessoa, fora a minha família, que reagiu tão bem assim.

Sua voz estava mais baixa. Era nítido o quão tocado estava pela minha reação. Eu também, obviamente, queria contar a ele sobre minha orientação sexual. Queria conversar por horas e horas sobre as dificuldades, sobre histórias engraçadas, qualquer coisa. Mas, infelizmente, como sempre acontece, minha boca não permitiu que eu dissesse sequer uma palavra relacionada ao assunto.

Minha mãe chegara três minutos depois que Jungkook contara um pouco da sua história sobre como fora praticamente expulso do armário por um babaca qualquer que o vira beijando um garoto na escola. Tão inocente, tão lindo.

É incrível imaginar que um ato de amor possa irritar algumas pessoas.


Notas Finais


Gente, vai me dizer que isso não é um puta passo pro Jimin
É OU NUM É
desculpa ;-;

Favoritem e comentem para eu saber o que estão achando ♥
(e eu prometo responder os comentários do capítulo anterior assim que possível c:)


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