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História Blindness - Ouça


Escrita por: belovedgrey

Notas do Autor


Hello, amorecos ♥

Mais um capítulo quentinho saindo do forno ^^

- É um dos meus capítulos preferidos, talvez por ser o mais triste e como sou dramática de carteirinha, justo! Este capítulo é inteiramente focado na Britney e em seu relacionamento com Jason, que fará sua primeira aparição. Lembrando que ele será o vilão da história, então se preparem, haha!
- Obrigada, obrigada e obrigada pelos comentários. Eles me fazem muito feliz ♥

No mais, desejo uma excelente leitura, espero que gostem!

Capítulo 4 - Ouça


Fanfic / Fanfiction Blindness - Ouça

Sabem o que o monge beneditino, Dom Pérignon, proferiu após ter inventado o champanhe? “Venham rápido!”, ele disse, “Eu estou saboreando as estrelas!”.

O requintado e borbulhante Perrier Jouët tinha sido a escolha mais louvável da noite e a companhia necessária para comemorar o dia igualmente aguardado, até então, da sua vida: Honeymoon, baby.

Regada a um pequeno chalé localizado em uma cidadezinha ao sudeste do estado americano do Alasca, Juneau, pétalas de rosas espalhadas estrategicamente pela cama e lágrimas, ela obteve a primeira amostra grátis do péssimo esposo que Jason Trawick revelara ser ao longo dos anos.

Dentre tantas opções, fora ele o responsável pelo destino da viagem. Sabia o quanto Britney não suportava lugares frios, além do mais, Veneza sempre foi o itinerário perfeito para celebrar o grande dia. Importante patrimônio da humanidade, Venezia é história pura e transmite nos mínimos detalhes toda a glória de ter sido uma das cidades mais influentes da Europa séculos atrás. Ela podia imaginar-se passeando pelos canais em uma gôndola charmosa e desbravando um dos pedacinhos mais românticos do mundo ao lado do seu amado.

Ou então, na melhor das hipóteses, adoraria ter exposto seu biquíni cor-de-rosa favorito em uma das praias de águas cristalinas em Messênia, na Grécia.  Visitar a Olímpia, onde eram realizados os antigos Jogos Olímpicos, ora o Templo de Apolo Epicuro, seria uma saída exótica e tentadora, cujas lembranças poderiam ser diferentes das que perduram hoje.

No entanto, ela cedera às vontades alheias por ingênua devoção e apreço que mantinha ao matrimônio e acabou surpreendendo-se. De antemão, é preciso frisar que uma das qualidades que mais a encantou nele fora sua originalidade, contudo, de modo algum imaginou que ele fosse leva-la ao pé da letra e deixá-la sozinha na noite de núpcias.

Desastre iminente à vista.

A sequência de imagens repetia-se em câmera lenta a sua frente desde então. O toque insistente do celular em meio a sorrisos e brindes à vida lamentável que os aguardavam em segredo. A mudança de semblante após uma pausa para atender a chamada e o pedido de desculpas pronunciado de maneira sórdida e dissimulada. Ele saindo porta a fora, abandonando-a junto às lágrimas de decepção. Naquele dia, algo havia morrido dentro dela e mal sabia que era seu coração.

Até que a morte nos separe.

A fim de estancar a dor que deveras sentiu, optou por beber descontroladamente até ser atingida por um coma alcóolatra e ser encontrada desmaiada no assoalho gélido de madeira do pequeno chalé, 10h posteriores à sua partida. Mas engana-se quem pensou que ele havia sido o herói da vez. Cade e Strawberry, seus melhores amigos, foram os responsáveis por resgatá-la e mesmo três anos depois do ocorrido, ela ainda não tinha encontrado um meio de agradecê-los a altura.

Infelizmente, a realidade que lhe cerca era bem diferente da que gostaria um dia de ter vivenciado e sentada ali, no banco de passageiros de um táxi, com a cabeça encostada na janela entreaberta do carro, o remorso lhe invadia tão rapidamente e constante quanto o vento bagunçava seus cabelos.

Estava sendo envolvida por uma onda nostálgica que parecia não ter fim. Reencontrá-lo não ajudara em nada, a não ser pela cruel veracidade da sua existência patética que ela se deparou ao concluir que nenhum dos seus sonhos haviam se realizado. Vê-lo tão bem e aparentemente feliz lhe deixava deprimida. Jamais quisera testemunhar sua tristeza, pelo contrário. Acontece que Justin foi o seu primeiro e único amor. Encarar a profundidade daqueles olhos tomados por um azul cegante e assisti-los deixar escapar indiferença, faziam-na transbordar tristeza. Todos os planos que outrora formularam juntos, ele conseguiu coloca-los em prática. Detalhe: por acaso, há muito ela não fazia mais parte deles e somente agora havia se dado conta.

“Roubaram-me tudo, Stinky.”

Temia por chegar a casa e encontra-lo a sua espera. Em oposição aos outros casais, Britney não suportava tê-lo por perto. Era angustiante. Nunca podia ser ela mesma, sem máscaras ou fantasias como se tivesse sido posta em uma eterna festa de Halloween. Definitivamente, a melhor parte de ser casada com Jason Trawick era ouvi-lo pronunciar a seguinte frase:

– Preciso viajar a negócios. Volto em quatro dias. – e depositava um beijo áspero em sua fronte.

Ele constantemente realizava viagens à Miami ou New York em nome do escritório Hudson’s, mas ambos sabiam que não passava de um disfarce para todas as suas traições. Certa vez, até tentou descobrir quais eram as mulheres que ele se relacionava, porém, suas energias já andavam em baixa e não mereciam ser gastas com um ser tão deplorável. Vivera todos esses anos ignorando a frieza cujas pessoas a sua volta costumavam chamar de casamento. Todavia, nem sempre era possível.

Perdida em melancolias, mal percebera que finalmente havia chegado a Thousand Oaks. Retirou da sua pequena bolsa de mão US$35,00 dólares e deixou o carro, agradecendo cordialmente ao simpático taxista. Respirou fundo, digitou os dígitos de segurança e adentrou a mansão, caminhando sem pressa pelo curto caminho de pedras brancas que a levava até o portão da frente, abrindo-o lentamente.

Pelo horário, todos na casa já deviam estar dormindo, inclusive seu pequeno anjinho, o que a fez lamentar todos os infortúnios da noite. Ao menos se tivesse ficado em casa, teria jogado Lego com o Preston e arrancado boas risadas daquele que é o único capaz de fazê-la sorrir.

Subiu as escadas lentamente, exausta. Antes de se dirigir aos seus aposentos, entrou sorrateiramente no quarto dele, deixando-lhe um beijinho de boa noite. Gostaria de poder adormecer ao seu lado na cama, mas Jason provavelmente acordaria a sua procura e queria evitar mais uma discussão no histórico do ‘casal’.

Fechando a porta com cuidado, deslocou-se até o final do corredor, chegando ao seu quarto. Jogou os saltos em um canto e colocou a bolsa acima da cômoda. Para seu espanto, uma figura sombreada pela luz do abajur a sua esquerda assustou-a. Era ele. Nas mãos tinha um livro, Five Days in Paris – Danielle Steel.

– Posso saber onde estava? – indagou, colocando o livro de lado.

– Você me assustou. – desconversou ao acender a luz.

– Responda a minha pergunta. – levantou-se. – Cheguei de viagem ás 19h e pelo que posso ver, – aproximou-se dela e segurou-a pelo pulso, a fim de verificar o horário. – Já passa das 22h.

– Aceitei o convite da Strawberry e fomos jantar no Perch, satisfeito? – mentiu e afastou-se rapidamente.

– Katie é uma péssima companhia. – resmungou. – Você é casada e mãe de um garotinho, deveria se dar o respeito e ficar em casa, a nossa disposição.

Ela gargalhou em escárnio, tomada por um jorro de raiva.

– É uma piada? – perguntou, a voz repleta de ironia.

– O que disse? – lançou-lhe um olhar de repreensão.

– Nada.

– Como eu havia suspeitado. – andando em círculos a sua volta, observava-a com atenção. – Que mancha é essa?

– Tombei em uma garota na saída do restaurante.

– Sempre desastrada. – sorriu, tirando-lhe uma mecha de cabelo que teimava em esconder parte dos seus grandes olhos castanhos.

– Sim. – Britney estremeceu com seu toque. – Vou tomar uma ducha rápida. – distanciou-se novamente.

– Não precisa. – ele rebateu, com segundas intenções. – Estava com saudades. – abraçou-a por trás, beijando-lhe o pescoço.

– Jason, por favor. – disse, tentando sair do seu abraço.

– Por que diabos está agindo como uma vadia? – aumentou o tom de voz.

– Eu só não estou no clima... – encolheu-se, temerosa.

– Me poupe, Britney. – apertou-a ainda mais, soltando um pequeno gemido. – Quero fodê-la esta noite, meu amor. – sussurrou.

– Agora não... Nós-nós-s, nós precisamos conversar. – insistiu, os olhos marejados.

– Temos todo o tempo do mundo para conversarmos. – falou, abrindo o zíper de seu vestido.

Como das outras vezes, ela se viu obrigada a satisfazê-lo sexualmente, enquanto as lágrimas encharcavam seu rosto. Precisava ter coragem e pedir o divórcio. Não aguentava mais sujeitar-se a esse tipo de situação repugnante. Sentia ânsia e ódio, tudo ao mesmo tempo. A cada toque de suas mãos, seu corpo enrijecia em resposta.

Contudo, temia o que poderia acontecer ao fazê-lo ouvir tal palavra. Jason Trawick não era um cara muito paciente. Perdera a conta de quantas vezes já o viu explodir por diversas circunstâncias, inclusive as que não tinham nada a ver consigo, mas ainda assim a usava como válvula de escape.

Pensou por acaso em Justin e no quanto se sentiu protegida ao vê-lo sair daquele táxi para defendê-la, quando não tinha obrigação nenhuma de fazer isso. E agora, escutou seu próprio marido proferir tais palavras imundas. “Fodê-la.”. Isso lhe destruía tanto por dentro...

Ele a jogou na cama, após despi-la por completo e abriu seu cinto, baixando a bermuda. Inclinando-se acima dela, esticou-se para pegar um preservativo no criado-mudo. Beijou-a rapidamente nos lábios, penetrando-a logo em seguida, sem pieguices ou qualquer aviso prévio, fazendo-a soltar um grito abafado de dor. As estocadas aumentavam e diminuíam conforme ele quisesse, à medida que apertava seus seios. Britney sequer esboçava qualquer reação prazerosa. Fechava os olhos, orando para que ele gozasse de uma vez e a deixasse em paz.

Dito e certo.

Não demorou muito e ele soltou um gemido alto, desabando sobre ela.

– Você costumava ser mais fogosa antigamente. – comentou, levantando-se em um salto e indo em direção ao banheiro. – Ah e não me leve a mal, está um pouco acima do peso. Deveria voltar a dançar, ajuda a manter a forma. – gritou.

– Pode deixar, logo, logo não vai precisar ver a mim e a minha barriga saliente. – rebateu.

– Oi? – perguntou, ao retornar para cama.

– Deixa pra lá.

– O.K. – deitou-se, apagando a luz do abajur ao seu lado. – Levante-se e desligue as luzes. Você sabe que odeio dormir na claridade. – ordenou. – E antes que eu esqueça, queime esse livro da Danielle Steel, é horrível. 

Britney assentiu.

Necessitava de um banho demorado. Sentia-se suja. Trancou-se no banheiro e vomitou toda a água com gás que havia servido de jantar para ela no Perch, encostando-se a parede congelante atrás de si.

Permitiu-se chorar como há muito não fazia. O corpo nu encolhendo-se instantaneamente a procura de uma proteção que no momento ela sabia que não poderia ter. Não tinha a quem recorrer. Seus melhores amigos a essa hora deviam estar na centésima dose de vodca com alguma mistura extravagante. Jamais seria tão egoísta a ponto de atrapalhá-los. Jamie e Lynne Spears, por outro lado, exaltavam Jason Trawick tanto quanto exaltam Deus. Este, será que existe? Ultimamente tinha sérias dúvidas, pois todo o resquício de felicidade que chegava de paraquedas em sua vida, partia sem precedentes, tão rápido quanto à velocidade da luz.

Para falar a verdade, ela precisava de algo bem simples. Amor. Encontrar alguém que a fizesse escutar a voz do seu coração, aquele que fora quebrado em certa lua-de-mel, antes mesmo de escutar qualquer outra. Precisava de tempo, tempo para reencontrar a si mesma e poder encarar os olhos azuis que com tamanha prepotência acompanhada de doçura lhe fitou mais cedo, à altura e dizê-lo que sim, os velhos planos foram concretizados de um jeito torto e tardio, mas foram e que ela se tornara uma grande mulher, talvez desastrada a ponto de esbarrar em uma garota ruiva, quebrar saltos caríssimos da Gucci e entrar em táxis ocupados por fantasmas do passado, contudo, mais forte que ontem.

"Eu ainda sou aquela velha conhecida, Stinky."

 

(...) Escute!

Estou sozinha numa encruzilhada

Não estou em casa, na minha própria casa

E eu tentei e tentei

Dizer o que está em mente

Você deveria saber

Oh

Agora estou farta de acreditar em você

Você não sabe o que eu estou sentindo

Sou mais do que aquilo que você fez de mim

Segui a voz que você me deu

Mas agora eu tenho que achar a minha própria voz (...) – Listen, Beyoncé.


Notas Finais


Pergunta de sempre: gostaram? ^^

Críticas são sempre bem-vindas, desde que construtivas. Comentários me fazem sorrir, comentem, por favor, é ideal saber a opinião de vocês. Amo interagir ♥

Sobre o conteúdo do capítulo, alguém se segurou para não atacar o Jason?! D: Sou muito malvada, no entanto, me dói escrever a Britney sendo tratada dessa forma, af. Só de imaginar o coração parte ao meio. Ele é ou não é um filha da puta? Vamos socá-lo, eu deixo!
O que acharam das confissões da Britney sobre o Justin, casamento e afins? Nossa princesa vive um momento difícil aqui na fic, mas logo, logo ela será surpreendida pela vida, haha ♥ (não posso contar mais nada) u.u
E o divórcio? Estaria ela decidida mesmo a dar o primeiro passo? Se sim, qual a reação do Jason? rsrs

Por fim, vamos falar sobre um assunto importante: Apesar da história ser fictícia, devemos nos atentar para relacionamentos abusivos. A Britney claramente está em um e quero explicitar o quanto é difícil pôr um ponto final nele. Ela se sente ameaçada e constantemente em perigo e isso é muito, muito triste. A sociedade, infelizmente, ainda é muito machista e homens como o Jason são encontrados de vento em poupa.
Estarei sempre tentando encaixar temas sérios como este na história, pois nada deve ser feito por fazer. O bacana mesmo é quando se pode encontrar uma mensagem por trás ♥

Kisses e até semana que vem!


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