Narrador
6 meses atrás
Cavar. Cavar. Cavar. Abriu-se um espaço no chão para comportar um grande cofre.
- Se quem não deve achar... – Um homem de meia idade falou.
- As pessoas certas vão achar. – Uma voz aveludada da loira de olhos azuis preencheu o ambiente.
- Como pode ter certeza? – Ela foi questionada.
- Porque eu tenho que ter. – Disse firme voltando a pegar a pá para cobrir o objeto.
Dinah Jane POV
Atualmente
Tinha algumas fotos espalhadas pelo meu apê e não que eu me orgulhasse, porém Don estava me ajudando tanto, era difícil dizer não quando o jogo era divertido para os dois.
- Você viu minhas chaves? – Perguntei desorientada pelo horário.
- Isso parece com uma ponte para você? – Ele perguntou enquanto fazia um achocolatado e examinava as fotos.
- Não, é um túnel. – Disse verificando a que ele se referia. – Eu jurava que tinha as colocado na mesa.
- Nah, é definitivamente uma ponte. – Ele falou convicto. – Verifica debaixo da minha mochila.
- YAY. – Vibrei. – Você se importa de ficar trancado?
- Eu já vi isso antes. – Raciocinou e finalmente me deu atenção. – Eu deveria ter uma chave.
- Hm? – Fui pega de surpresa.
- Nós basicamente moramos juntos, deveríamos tornar oficial. – Ele propôs.
Eu fiquei hiper ventilando por alguns momentos até que meu cérebro fizesse uma tentativa de fuga.
- Eu sou uma bagunça, acho que não daria certo. – Disse arrumando meu casaco no corpo.
- Você não é. – Ele disse com uma cara de quem me pegou na mentira.
- Você ama se apartamento. – Falei num impulso idiota.
- Eu gosto do meu apartamento. – Ele disse chegando mais perto. – Eu amo você.
Então olhou com aqueles olhos verdes no fundo dos meus e deu aquele sorriso branco arrebatador.
- Uau, nossa. Uau. – Disse sorrindo para ele sem graça.
Eu não estava preparada. Quando eu ficaria preparada?
- Vamos conversar sobre isso depois. – Disse firme.
- Claro, eu amo conversar. – Disse já me afastando para alcançar a porta.
- Não depois que se tornará um nunca, eu digo mais tarde, mesmo. – Ele reafirmou.
- Eu posso fazer isso. – Disse e saí literalmente correndo de lá.
Lauren J POV
Sede do FBI – Sala da Viola
Entrei com a papelada em mãos e tiraria isso a limpo. Coloquei de frente para Viola e cobrei.
- Tem alguma razão de estar afastando Dinah desse caso? – Perguntei folheando as páginas bloqueadas.
- Esse é um caso confidencial. – Viola me informou cautelosamente.
- E o número está tatuado no corpo de Camila. – Disse firme.
- Karla. – Me repreendeu.
- Falta pouco para ela voltar a ser quem era. – Eu reafirmei.
- Por uma década Wagner Moura foi informante confidencial. – Ela começou a contar e apontou para a cadeira que eu logo tomei. – Eu era a encarregada dele. Escalão alto. Ele conseguia informações cruciais e inalcançáveis.
- Então o que aconteceu? – Fiquei curiosa.
- A ‘Ndrangheta começou a agir nos bairros. Moura não queria jogar limpo com eles, então ele começou a jogar conosco. Ele nos enrolou enquanto empilhávamos corpos.
- Vocês deveriam saber que estavam lidando com fogo. – Disse.
- Assim que eu descobri que não era mais confiável, tentamos detê-lo, indicia-lo, mas houve um vazamento, ele sumiu. – Continuou contando a história. – Ele voltou a aparecer uns dois anos, mas o arquivo está bloqueado por ser um grande constrangimento para todos. – Disse e fechou.
- Eu entendo, mas é o único caso do FBI no corpo dela. – Tentei faze-la entender.
O telefone dela tocou e a distraiu.
- Parece que Dinah descobriu uma nova tatuagem. – Me informou.
**
-O que temos? – Perguntei quando chegamos na sala de DJ.
- A primeira vista temos esse casco de tartaruga, mas percebi que os padrões pareciam menos com escamas e mais com corais. É uma pedra de Petoskey, a pedra oficial do estado de Michigan.
- Go Blue! – Sofi falou animada. – Sabem que ainda tenho o recorde de...
- Mais recepções em jogos consecutivos? – Vero terminou a frase tediosamente. – Não, você nunca mencionou isso.
- Parabéns Sofia, fico feliz. Orgulhosa. – Camila disse para a irmã que acenou positivamente e sorriu, já era um progresso.
- Vendo de perto, um dos padrões de coral da pedra é moldado propositalmente como o Condado de Alpena. E o padrão Alpena contém um endereço em uma comunidade não registrada no município de Draclyn.
- Oh. – Viola falou em reprovação.
- Qual o problema? – Camila perguntou.
- Draclyn é o problema. – Viola confirmou. – Fica perto do antigo oleoduto da ponte de Mackinac. Dez anos atrás eles estavam à beira da ruina quando muito dinheiro salvou a comunidade. Sempre suspeitamos de tráfico de armas, mas nunca provamos.
- Não entendo. Eles não estão vendendo armas, por que não prendemos? – Camila questionou.
- Draclyn tem fortes laços com grupos separatistas. Estão fora do sistema. São antigovernamentais e lei. O que torna o policiamento um pesadelo. – Sofi explicou para a irmã.
- Então como chegamos lá?
- Pacificamente. – Concluí. – Se reabrimos um caso que a comunidade se preocupa e usar como pretexto para investigar o endereço, não deve chamar muito atenção.
- Para mim está ótimo. – Viola validou a ideia. – Vou comunicar o xerife.
- Vou preparar o voo. – Dinah disse.
- Como? Avião? – Ouvi Camila questionando e me fez rir por dentro, mas apenas saí.
**
Estamos dentro de um jatinho, o voo bem turbulento e Camila tremia da ponta a cabeça, eu estava soltando gargalhadas internas, mas tive que manter uma postura confiante.
- Você não gostava de voar na sua vida passada, não? – Vero irritou a menor.
- Não, eu acho que não. – Ela respondeu.
Assim outra tremedeira começou e ela praticamente se agarrou em mim.
- Não me solta. – Disse em desespero.
- Eu tô aqui, não estou? – Falei retoricamente para passar confiança.
Ficamos assim, grudadas o tempo todo de voo e garanto não sei se foi mais difícil pra ela que estava em pânico ou pra mim que não conseguia controlar todas as minhas próprias turbulências causadas por ela.
**
- Lauren Jauregui, FBI. – Me identifiquei.
- Paul Bolton, xerife do condado. – Se apresentou. – Vocês pretendem ir a Draclyn, tem certeza?
- Nós assumimos um caso antigo. – Tentei manobrar. – Achamos que você gostaria de um novo olhar no caso do Mark Wyman.
- Esperam que eu acredite nisso? – Ele perguntou numa pose de macho alfa sentando em seu trono de ferro.
- Apareceram novas evidencias. – Fui enfática. – Se ajudar a comunidade a ter paz...
- Escutem. – Ele elevou a voz. – Isso não é um lugar seguro. Essas pessoas não reconhecem a sua autoridade. E muito menos respeitam vocês. São agressivos e sabemos que estão armados.
- Agradecemos o aviso. – Disse tranquilamente.
- Como está o sinal? – Sofi indagou enquanto saíamos.
- 1. – Vero respondeu.
- E só vai ficar pior. – O xerife chamou nossa atenção. – Sem sinal.
Dei apenas um sorriso e saímos.
**
Chegamos ao local, saímos todos do carro e tinha um homem de costas, numa horta.
- É aqui, 3196. – Camila afirmou.
- Com licença, senhor. – Chamei sua atenção, mas ele permaneceu. – Meu nome é Lauren Jauregui.
Nada, continuou mexendo nas plantas.
- O senhor mora aqui? – Insisti. – Eu estou falando com o senhor.
Então se levantou, bateu as mãos, tirou as luvas e virou-se.
- Eu não sou o jardineiro, se é isso que está perguntando. – Falou com um sotaque carregado.
Wagner Moura. Na minha frente. Saquei a arma e todos fizeram o mesmo.
- Não se mexa. – Todos ficamos em alerta.
- O que está acontecendo? – Camila perguntou, mas manteve a formação.
- Wagner Moura, você está preso. – Decretei.
**
Camila C POV
Fomos verificar a casa e ver o que encontrávamos. Mas a minha principal ação era ter uma chance de talvez saber pelo tal Wagner Moura, 2º na lista do FBI, se ele me reconhecia.
- Tá muito limpo, isso não tá me cheirando bem. – Sofia ponderou para Lauren.
- Vamos ver se achamos algo. – Ela disse e saíram.
Eu despistei até ficar a sós com ele.
- Você me conhece? – Perguntei até num tom meio inocente. – Já nos encontramos antes?
- Acho que eu me lembraria de você. – Ele respondeu rindo.
E então carros chegaram. E saíram na mesma velocidade, quando chegamos lá fora tínhamos sido roubados, os pneus estavam furados e o combustível vazando. Não tinha como sair dali.
- Esse é o seu plano? – Lauren perguntou irritada.
- Vocês não sairão de Draclyn vivos. – Ele afirmou calmamente.
Dinah J POV
Meu celular vibrou e eu vi que era Don. Tentei me distraí sobre o que tínhamos conversado, mas o assunto voltava porque eu sabia que realmente aquela conversa ia acontecer.
- Hey. – Falei atendendo.
- Escuta... – Ele me cortou.
- Eu realmente não queria ter essa conversa assim, mas é que talvez eu não tenha coragem. – Comecei. – Não é que eu não te ame, eu realmente gosto muito, muito de você, mas ainda tenho um certo bloqueio com isso de tornar oficial e...
- Não é um túnel, é um arco. – Ele me cortou.
- Isso é uma metáfora? – Tentei captar, ele estava me dando um fora?
- Não, é literalmente um arco. A tatuagem. Eu descobri. – Ele disse empolgado.
Abri o arquivo onde tinham as fotos, procurei pela em questão e realmente pude ver o arco.
- Pensa no seu bairro e em historia. – Ele me deu uma pista. – Onde estou?
- A sociedade histórica do Brooklyn. – Falei.
- Isso, venha me encontrar, tem mais uma pista, podemos desvendar juntos. – Falou.
- Não, não, não. Eu peço que a equipe investigue isso amanhã, você não pode... – Tentei alerta-lo. – Don...
- Eu já estou aqui, vou tentar descobrir. – Ele falou.
- Don, não! – Falei séria.
- Eu te aviso quando descobrir. – Disse e desligou.
Lauren J POV
Wagner era um cara de muitas palavras e aquilo já estava me irritando.
- Só para deixar claro: Você tem o direito de ficar calado. – Disse um pouco ríspida, e passei andando na sua frente.
- Vocês não têm ideia no que estão se metendo. – Ele falava animado. – E quanto a você pintada? Me digam como me acharam e eu deixo vocês viverem.
- Nós te achamos. – Camila reafirmou. – Por que se importa com “como”?
- Ninguém fora de Draclyn sabia. – Ele provocou.
- Alguém de fora sabia. – Ela retrucou.
- Chega Camila. – Disse em tom sério.
Andamos em silencio até que algo chamou atenção dela.
- Abaixem-se! – Ordenou.
Logo começou uma troca de tiros intensa. Conseguimos atingir alguns, Camila ficou com Wagner. Um rádio soou “ Calma, está chegando reforços.”.
- Vou pegar o rádio. – Falei. – Ok. – Falei com o mesmo em mãos. – Precisamos sair da estrada.
- Mas como saberemos de onde e pra onde vamos? – Sofi questionou.
- Não sei, mas não podemos ficar expostos.
- Para aquele caminho. – Camila apontou.
Eram torres, talvez nossa melhor chance.
- Não, e se for uma armadilha? – Sofi questionou.
- Não podemos voltar, nem seguir pela estrada.
- Mas vai que seja, vamos correr um risco e isso pode nos matar, Camila. – Sofi apelou.
- As tatuagens nos trouxeram até Moura, com certeza não foi para nos matar.
- Vero... – Sofi insistiu.
- Não é minha decisão. – Ela respondeu.
- Vamos. – Disse e puxei Moura no meu encalço.
**
Após muita caminhada chegamos ao local, abandonado.
- Ok, e agora? – Sofi questionou.
- Talvez tenha algo nos grafites, alguma pista. – Camila respondeu.
- O que é isso? Uma caçada? – Moura debochou.
- Calado. – Vero o repreendeu.
Camila pisou e sentiu algo oco, chegou à conclusão de tinha algo ali, as tabuas eram nitidamente mais novas que as outras. Me aproximei e tentei remove-las, com algum esforço consegui.
- Quanto ganha um agente do FBI? – Wagner perguntou. – 50 mil? 80? Quer mesmo morrer por 80 mil por ano? Talvez eu não devesse falar com os músculos da missão.
Eu estava fazendo um esforço danado para remover as porcarias das tabuas para um cara ficar zunindo no meu ouvido.
- Quem tem o cérebro aqui? – Ele perguntou. – Você? – Apontou para Camila. – Quanto ganha?
Então conseguimos tirar uma espécie de cofre metálico protegido por um cadeado de combinação 4. 4 letras.
- Tenta algo relacionado a Karla. – Sofi tentou.
- Nós demos. – Falei. – Tenta... – Lembranças da nossa infância vieram à minha cabeça. – Tenta Shaw.
Não deu.
- LMJM. – Vero falou.
- Quê? – Sofi ficou em dúvida.
- As iniciais da Lauren. – Vero explicou. – As torres ficam logo acima do sobrenome dela. Tem que ter alguma ligação.
Então deu certo. Abriu. Tinha um mapa desenhado na parte de dentro da tampa, como um mapa do tesouro. Então algumas coisas jogadas. Encontramos escondidos armas e dinheiro, coletes.
- O que é isso? – Questionei.
- Nossa maneira de sair. – Camila concluiu.
Nos organizamos e nos munimos. A comunicação deles por rádio demonstrou que conseguiram rastrear a gente. Ou melhor, Moura.
- Deve ter algum rastreador. – Sofi falou.
- Procure. – Ordenei.
- Relógio. – Camila pegou o mesmo e encontrou.
- Vamos despista-los agora. Me dê. – Peguei da minha mão.
- Me leva com você. – Ela pediu com expectativa.
- Vero... Vem comigo. – Eu disse olhando nos seus olhos.
Fui com meu coração sofrendo, mas era o melhor pro momento.
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