História Blood and Moon - A Predestinada - Desaparecido

No outro dia eu botei a primeira roupa que estava ao meu alcance, acabou por blusa branca, jeans claro e uma parca de lã cor de vinho. Olhei o relógio, já estava atrasada. Comi uma barra de cereal e sai correndo.

“Droga, porque ninguém me acordou?”

Peguei minha antiga bicicleta, já que minha mãe havia ido trabalhar. Ia ser interessante descer os morros de estrada de chão e me esfolar toda, mas já que não tinha outra opção.

Subi na bicicleta e pedalei o mais rápido que consegui. O dia estava frio, mas ensolarado. Eu pegava muita velocidade, meu coração estava quase saindo pela boca. Quando cheguei à escola ainda havia bastante alunos na frente da escola, mas eu não conseguia achar o freio da bicicleta, entendi que ela não tinha freio.

Passei lotada pela minha galera.

- Elli o que você está fazendo? – Perguntou Joenna preocupada.

- NÃO SEI!!! – Respondi alto seguido de um grito agudo. Eu ia me quebrar.

Eu ia bater em uma árvore.

- SOCORRO!

Então fechei os olhos e esperei o pior, mas ao invés de sentir a colisão com a árvore. Senti braços ao meu redor amortecendo a queda no chão. Passou-me pela cabeça que talvez fosse Casper, mas aqueles braços eram quentes de mais e aconchegantes, fortes e grandes.

Abri meus olhos e deparei com o rosto de Kaleb a centímetros do meu.

- Calma, é apenas eu que acabei de salvar seus ossinhos de serem totalmente esmagados. – Disse ele cauteloso.

- Eu sei quem é você Kaleb. Não se preocupe, não farei nenhuma histeria. Agora se não for muito, será que você podia sair de cima de mim? – Perguntei.

- Ah, claro desculpe.

Ele saiu todo desajeitado de cima de mim e me ajudou a levantar.

- O que faz aqui? – Perguntei. O estranho era que parecia que nos conhecíamos havia anos, também depois daquele encontro intimo com o verdadeiro eu dele, o que era de se esperar?

- Não vou mentir, deu para ouvir seu berro a quilômetros de distância daqui. – Ele disse meio sem jeito.

- Ah, foi isso. – Falei sem dar muita bola, mas Kaleb parecia estar ainda desconfortável. – Olha não precisa sentir vergonha de ser quem você é.

Ele ergueu o olhar novamente para mim.

- Desculpa por te atacar ontem, saiba que não é meu normal atacar pessoas, mas você estava com um cheiro peculiar e só depois que eu vi que era você Elli.

- Tudo bem, ainda bem que você percebeu a tempo. – Fiz uma pausa e então deixei uma enxurrada de perguntas afogá-lo. – Porque você está aqui? Porque sei lá, anda me seguindo? Quem você pensou que eu fosse? E pelo amor de Deus o que está acontecendo e como tudo isso pode existir? – A ultima pergunta foi mais pra mim do que pra ele.

- É percebe-se que você está perturbada. Não que eu queira te seguir, mas é que seu cheiro é especial, não sei como explicar, não quer dizer que eu queira te devorar, mas é um magnetismo quase mágico, é uma ligação que envolve não somente eu há outros que sente o mesmo por você. Estou aqui por motivos muito antigos, por uma briga de muitos anos atrás e pensei que você fosse um de meus inimigos, porque estava com um cheiro peculiar que só eles têm. E existo porque tenho que existir, se não existisse o mundo seria um tédio. – Kaleb terminou tentando aliviar toda tensão entre nós.

Eu estava um pouco paralisada, pensava que o tempo todo o problema era com esse lugar afastado das cidades grandes e da tecnologia, e, no entanto eu me enganara, o problema é comigo? Mas como? Isso nunca aconteceu antes, eu nunca fui um chamariz de criaturas, porque isso esta acontecendo?

- Elli tudo bem? – Perguntou Kaleb.

- Sim, eu esperava uma resposta diferente. Esperava que você dissesse que o problema era com esse lugar afastado de tudo, não imaginava que eu fosse um imã pra vocês. – Falei calmamente.

- Sinto por decepcioná-la... – Ele pausou por segundos. – É melhor eu ir, seus amigos estão quase chegando e não quero me misturar. Tchau Elli a gente se vê. – Nisso Kaleb saiu correndo sumindo entre as árvores da floresta.

- Elli! – Leslie correu na minha direção e me abraçou. – Você está bem?

- Estou não se preocupem.

- É pelo jeito deve estar mesmo, quem era aquele que te salvou hein? – Perguntou Joenna maliciosamente.

- Um amigo. – Acho. Completei mentalmente.

- Que amigo! Uau, Elizabeth Glandier vive rodeada de gatos. Será que este roubara o lugar de Casper Auduwen? – Joenna perguntou brincando.

- Que lugar é esse? – Perguntou Josh não entendendo o que só mostrava o quão tapado meu amigo era.

- Ué o lugar no coração da nossa querida Elli. – Ela continuava com seu típico sorrisinho maliciosa.

- Não há ninguém no meu coração. E Kaleb é só um amigo. – Falei rindo pra ela com desdém.

- Wow, nome forte, soa bem animal. – Joenna disse.

“É pode ter certeza.” Eu apenas sorri para eles.

- Ei o que foi isso na testa? – Perguntou Mason.

- É apenas um corte.

- Não ficou sabendo do acidente que ela teve com a picape? – Perguntou Joenna.

- Como você sabe? – Perguntei a ela.

- Ora bobinha quase todo mundo já sabe.

É as vantagens e desvantagens de morar em cidade pequena.

Cheguei à sala de aula com as mãos suando e com estomago virado no avesso. Mas eu precisava falar com Casper. E a primeira coisa que fiz foi olhar a classe em que ele sentava e estava vazia. Senti uma frustração enorme.

- Ele não veio.

Virei-me para Josh e ele estava entrando na sala.

É fazia sentido ele não vir, hoje o dia estava ensolarado e se ele estivesse aqui mais cedo tenho certeza que Kaleb não apareceria.

A manhã passou voando, logo o sinal tocou para irmos embora. Vi a surpresa de minha mãe quando me viu aproximar de seu carro.

- Ei mãe porque não me acordou hoje?

- Pensei em te deixar dormir, depois daquele acidente imaginei que iria estar muito cansada, afinal o seu despertador tocou mas você nem deu bola. – Ela disse amável.

- Ah tudo bem, mas acontece que tive de vir não podia faltar hoje.

Quando cheguei em casa tia Sarah me ligou dizendo que não precisava de mim na mercearia, acho que todo mundo pensava que eu era uma fracote, por isso estavam me dando repouso do acidente.

Eu estava triste, o baile seria no dia seguinte e nem par eu tinha. Que saco. E toda essa história de vampiros e lobisomens estava me deixando com dor de cabeça, eu precisava saber toda essa história direito. Comecei a refletir sobre o que Kaleb me disse, principalmente da briga dele com esses inimigos com certeza era a família de Casper, quem mais seria? Então, agora tenho certeza de que estou certa. A última cliente que atendi antes de fechar a mercearia foi Amélia e foi esse o cheiro que ele sentiu em mim. Mesmo sabendo que é verdade, preciso ouvir de Casper, não sossegarei até ele disser isso pra mim.

Que droga, eu já tinha traçado rumos para meu futuro, para minha vida e com toda certeza não havia nada sobre vampiros. Só podia ver um espaço vazio e negro à minha frente, estava difícil de saber o que aconteceria daqui pra frente.

Subi de volta para meu quarto e lá adormeci.

Quando acordei já era noite, fui à cozinha e mamãe fazia bolinho de camarão.

- Elli, preciso falar com você. – Disse mamãe em um tom sério o que era estranho.

- Sim?

- Bom eu andei pensando e cheguei à conclusão de que você anda um pouco desconectada de tudo, agindo um pouco estranha querida. Desculpe por falar assim, mas estou um pouco preocupada você nem conversa mais direito comigo, anda muito afastada de mim. Tem algum problema acontecendo com você Elli? – Falou mamãe me fitando nos olhos.

Sabe creio que mães têm super-poderes. Como ela adivinhou que estou com problemas?

- Não mamãe, está tudo bem, não tem com o que se preocupar.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Ok, só quero que saiba, se precisar eu sempre estarei aqui. E a proposito eu te amo filha.– Falou retomando seu tom alegre.

- Eu te amo mamãe.

Depois de jantar fui me deitar, afinal o amanhã prometia...