Lauren cumprira a promessa e ficara o dia inteiro e parte da noite fora, deixando Camila jantar sozinha. Talvez tentasse esquecer evitando tudo que lhe despertasse lembranças. Talvez pretendesse ficar longe durante meses, visitando-a ocasionalmente para tentar engravidá-la.
Camila cerrou os dentes. Anna estava certa. O único modo como sua posição estaria segura naquela casa seria tendo um filho nos braços. E se a duquesa pretendia voltar para casa, estaria pronta para ela. Camila chamou Iris, pedindo-lhe que lhe preparasse um banho e separasse sua melhor camisola. Em seguida, ela se sentou na beirada da cama e esperou, prestando atenção aos ruídos que vinham da porta ao lado.
O ponteiro do relógio se movia lentamente, hora após hora, e já era quase meia-noite quando se sentiu prestes a desistir. Talvez, se entrasse no quarto dela pela porta interna, ela encontrasse Camila em sua cama, se voltasse para casa.
Se.
Tinha de fazer alguma coisa, Camila percebeu, ou ficaria louca, pensando. Testou a maçaneta e, como acontecera na primeira noite, a tranca se abrira em sua mão. Empurrou a porta.
Lauren já estava lá, sentada na beirada da cama, com um copo de conhaque na mão, olhando pela janela.
— Lauren? — Ela ficou parada à porta, hesitando em prosseguir sem um convite para entrar.
— O que você quer, Camila?
O que ela queria? Por que Lauren tinha de tornar tudo tão difícil?
— Eu pensei.... Você gostaria de... Vai precisar de mim esta noite?
Maravilhoso. Ela se sentia como um serviçal, esperando para ser dispensada. A mais velha girou o conhaque no copo, e sorriu enquanto falava:
— Não esperava que você viesse. Mas se você insistir em ficar em pé à porta, certamente precisarei de você. A contraluz torna sua camisola totalmente transparente.
— Oh... — Ela deu um passo para frente, afastando-se da luz e fechando a porta às suas costas, e parou, confusa.
Lauren a estivera admirando, o que era um resultado satisfatório, e ela colocara um ponto-final naquilo ao fechar a porta.
— Posso fazer alguma coisa por você, Camila?
Sim, podia, mas ela não tinha certeza do que exatamente. Anna saberia o que fazer para lançar seu feitiço, mas nunca lhe explicara aquilo com detalhes. Ela insinuara que uma vez que as coisas chegassem ao ponto de se estar disponível, no quarto, não era necessária nenhuma mágica.
— Pensei, talvez, que se você tiver pressa para que eu conceba, seria aconselhável tentar mais de uma vez.
Lauren achou as palavras engraçadas e caiu na gargalhada, deitando-se de costas na cama, derramando o resto do conhaque sobre os lençóis.
— É mesmo? Muito bem, senhora. Eu gostaria de não ter ficado tão bêbada na taverna, porque mal consigo tirar as botas, e só Deus sabe como poderei lidar com você.
— E o seu valete?
— Eu o dispensei pelo resto da noite. Não é justo manter os empregados acordados a noite inteira só porque eu não tenho o bom senso de vir para a cama.
Ao menos aquilo era algo que Camila compreendia. Deu um passo à frente e se ajoelhou aos pés dela, tirando-lhe as botas e colocando-as de lado. Em seguida, subiu na cama e apanhou o copo de conhaque, colocando-o na mesinha de cabeceira. Lauren se sentou para observá-la, e Camila tirou o casaco da duquesa, levando-o para o armário e pendurando-o no cabide.
Quando ela voltou para tirar-lhe o colete, Lauren se afastou dela, de modo que ela teve de subir novamente na cama. Ela pendurou o colete junto com o casaco, sentindo os olhos da mais alta sobre si enquanto caminhava. Quando retornou, Lauren se movera para o centro da cama e estava apoiada na cabeceira, com um ar de displicência. Ela suspirou, subiu na cama mais uma vez tirando-lhe a camisa em seguida.
Lauren segurou as mãos dela quando Camila começou a lhe desabotoar a calça, e rolou, imobilizando-a sob si e segurando-lhe as mãos sobre a cabeça.
— Com o que você pensa que está brincando? — Ela olhou nos olhos de Camila com uma expressão dura.
— Já passa da meia-noite e você estava sentada, totalmente vestida, na cama. Presumi que precisasse de ajuda e estou providenciando.
— Não estou tão bêbada assim. Você daria um valete muito eficiente, senhora. Tem muita experiência?
Ela olhou para Lauren, indignada.
— Sim, vestindo e despindo doentes. Posso abrir um botão tão bem quanto qualquer um de seus empregados, Vossa Graça. Mas não foi isso o que você quis dizer, foi? Eu vim até aqui esta noite porque pensei que você desejava que começássemos de novo. Ontem à noite, no baile...
— Não quero que você fale disso.
— Não, mas planeja me repreender por toda a eternidade por isso, sem ouvir uma palavra em minha defesa. Ontem à noite, no baile, o seu irmão me disse para ir encontrá-lo na biblioteca ou revelaria certos fatos a você.
— E você foi para a biblioteca...
— Eu não sabia o que mais poderia fazer. Pensei que talvez houvesse um candelabro ou um abridor de cartas, algo com o que eu pudesse atingi-lo para que ele me deixasse em paz.
— E você encontrou a mim, em vez disso?
— E me esqueci, por um momento, do meu motivo para ir até a biblioteca em primeiro lugar. Os seus beijos são muito... — Ela fez uma pausa, corando — perturbadores.
Os olhos verdes de Lauren escureceram e ela ouviu sua respiração acelerar.
— E quais são esses fatos dos quais o meu irmão sabia e que você tinha tanto medo de me contar?
Ela fechou os olhos e começou:
— Quando você estava em Londres... — Ela sentiu o corpo de Lauren ficar tenso contra o seu. —, eu não sabia onde você estava ou quando voltaria.
— Mas na minha carta...
Ela arregalou os olhos.
— Que carta? Eu não recebi carta alguma. Não fazia ideia de aonde você tinha ido, ou do motivo.
O corpo da duquesa ainda estava tenso, mas a pressão nos pulsos dela relaxou.
— Acho que estou começando a entender. Continue.
— Seu irmão se tornou meu amigo. Ele foi gentil, e eu fiquei lisonjeada. E não percebi, no começo, que ele estava ficando próximo demais.
— E o quão próximo, exatamente, ele ficou?
Ela respirou fundo e percebeu que o marido estava tenso.
— Ele tocou no meu cabelo. No meu tornozelo. E me beijou. — Ela disse a última frase apressadamente, esperando que Lauren não notasse. — Eu me tranquei no quarto e não quis vê-lo de novo. No dia seguinte, ele partiu e você voltou.
— E foi isso que aconteceu entre vocês e que você estava com medo de me contar.
— Ele disse que você acreditaria no pior, e que você só me queria pelo filho que eu poderia lhe dar, e que eu não devia me importar com o que você sentia.
— Ele disse que eu não a desejava? — Lauren riu novamente, e ela ergueu os olhos, espantada.
— Ele é seu irmão, e eu sou uma recém-chegada a esta casa. Como poderia diferenciar mentiras de verdades?
— Quer dizer que o meu irmão a enganou, e você arriscou a sua honra tentando esconder isso de mim. Eu lhe pedi uma vez, Camila, que não mentisse para mim sobre o que há no seu coração. Existe mais alguma coisa que você queira me contar?
Ela mordeu o lábio. Se a verdade fosse demais para Lauren suportar, então que fosse assim. Ela começou:
— Quando eu era criança, minha mãe morreu, e o meu pai perdeu a casa da família. — Ela começou a falar-lhe metodicamente sobre as circunstâncias da queda de sua família, e lhe disse tudo o que acontecera até sua chegada à mansão.
E Camila sentiu o corpo dela relaxar contra o seu, e seus próprios nervos se acalmarem, ao perceber que a verdade aparecia e o desastre não acontecia.
A voz de Lauren estava controlada quando ela tornou a falar:
— Agora, exijo que me conte a verdade. Você foi mandada para cá contra a sua vontade para se casar. E não importa para a sua família com quem seja, desde que você esteja segura. Eu não encontro satisfação em lutar para ficar com uma mulher que deu seu coração a outro. Se a noite anterior não tivesse acontecido, se eu não a tivesse tocado, se você fosse livre para ir e ele a aceitasse.... Você iria procurar Lorde Jauregui?
— Não. — A voz dela era pouco mais que um sussurro. — Eu fui uma tola, e ele tirou proveito do fato. Pode me mandar embora, se você quiser, Laur, mas não me mande para ele. Ele é mau, e eu preferiria ir para o bordel a ir para o seu irmão.
O tom de Lauren era seco:
— Muito bem. Você não prefere o meu irmão ao bordel. E onde eu fico? Meu irmão acha que passei dez anos frequentando os pardieiros da Europa sem aprender a apreciar uma linda mulher quando encontro uma sob o meu próprio teto.
— Linda?! — A palavra ecoou na mente dela.
— Camila. — Lauren sorriu e tocou o lábio dela. — Há uma estátua em um museu de Paris, uma estátua de uma deusa grega. Eu a visitei frequentemente, já que a mera visão dela me fazia querer escalar o pedestal e lamber o mármore. E quando você fica em pé na soleira da porta, com a luz iluminando o seu corpo, eu percebo uma semelhança impressionante.
— Oh... — Camila se moveu sob o peso dela.
— Eu a estou deixando constrangida?
— Não — murmurou.
Lauren soltou os pulsos dela e rolou para o lado, deitando-se junto a Camila, sua mão descansando no quadril dela, que podia sentir o calor do toque da duquesa através do tecido.
— Claro que você tem muitas outras qualidades que acho admiráveis.
— Mesmo? — Ela suspeitava que Lauren a estivesse provocando, mas não sabia dizer o motivo.
— Você tem uma mente rápida e um raciocínio agudo. Mão firme com os empregados. Você entende o que é necessário para administrar uma grande casa, e faz isso melhor do que minha mãe jamais o fez. Você não se desmancha em lágrimas quando sou agressiva demais, mas tem um temperamento forte. Se não fosse por uma tendência irritante de esconder segredos de mim para o meu próprio bem, eu diria que você beira à perfeição no que eu procuro em uma esposa.
— Oh...
Lauren correu o polegar pela curva do lábio dela.
— E você diz que acha meus beijos perturbadores?
Ela podia sentir a própria pele corando com o calor.
— Eu não conseguia pensar em mais nada.
Lauren se inclinou para a frente e tocou os lábios dela com os seus.
— Mas, decerto, eles são bem comuns se você confunde os beijos do meu irmão com os meus.
— Tive tão poucos dos seus beijos para poder comparar...
A mais velha se inclinou para a frente mais uma vez, e agora demorou mais um pouco, e Camila abriu os lábios para ela. O beijo a invadiu como água que penetra o solo. Camila provou de seus lábios e de sua língua, e suspirou contra a boca da esposa, estendendo os braços para ela, puxando-a para mais perto, para sentir o coração dela batendo contra o seu.
— Melhor? — Lauren suspirou contra o ouvido dela.
— Sim. Mas... — Como poderia lhe dizer aquilo sem magoá-la? Ela se interrompeu.
— Chega de segredos, esposa. Diga-me o que você está pensando.
— Mas não como ontem. — Ela se interrompeu novamente. — E você não me beijou quando nós...
— Eu não podia beijá-la. Não me atrevi. Eu queria você além da razão. Com uma palavra, você poderia ter arrancado o coração do meu corpo e me deixado para morrer. Olhei para o seu corpo e soube que não poderia evitar responder a ele, mas estava com medo de compartilhar minha alma com você. Como agora.
E os lábios dela desceram sobre os de Camila e afastaram todos os pensamentos, e ela se agarrou a Lauren enquanto ela bebia da doçura de sua boca, e a deixava faminta por coisas que não conhecia ou compreendia. E o beijo lhe desceu pela garganta, movendo-se para seus ombros e para a curva de seus seios, e ela lutou contra o tecido da camisola, até que Lauren o afastou e cobriu seu mamilo com a boca, acariciando-o com as mãos e com a língua até ela gemer.
Lauren recuou para beijar-lhe a têmpora, e ela sussurrou:
— Sim. Esta é você. É isso que eu quero.
— E isso é tudo? — Lauren estava rindo dela de novo, mas ela não se importou. — Quando existe muito mais do que isso?
Existe, o corpo dela gritou. Existe.
— Então, eu quero que você me dê tudo.
A duquesa tomou o rosto dela nas mãos, e tornou a sorrir.
— Fui uma tola em deixá-la sozinha, mesmo por um momento. — Ela acariciou o corpo de Camila por baixo da camisola, e a lateral de sua perna. O sorriso dela se desvaneceu, mas o brilho em seus olhos era diabólico. — E o meu irmão tocou apenas o seu tornozelo?
— Por cima da meia-calça — respondeu Camila. — Eu caí. E ele disse que me examinava para verificar se eu estava ferida.
— Claro que sim. Eu também diria algum absurdo do tipo para colocar as mãos sob a sua saia.
— Sob a minha saia?
Lauren descera para o pé da cama e segurava o tornozelo dela entre as palmas das mãos.
— E qual seria o tornozelo machucado? O esquerdo ou o direito?
— Eu não lembro.
— Ambos, então.
Correndo as mãos pelas pernas dela, segurando-a pelos joelhos e abrindo-os. E seus beijos chegaram aos joelhos dela, o que era interessante, mas não tão interessante quanto o que suas mãos estavam fazendo com a pele sensível da parte interna das coxas dela. E sua língua deslizava pela pele delicada, mas seus dedos haviam chegado ao ponto onde as pernas dela se uniam, e...
— Oh, meu Deus...
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.