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História Blood rose - Capítulo único


Escrita por: CLSugar

Notas do Autor


Olá <3 Não, eu não desisti da outra fic, mas queria muito postar essa, mesmo que não tenha ficado tão boa
Espero que gostem, boa leitura~
Ps.: Eu não sei se isso é um gatilho, mas se você tem depressão, é uma pessoa sensível ou está passando por um momento muito difícil, talvez essa não seja a melhor fic para você
Ps².: Eu não incentivo a prática de automutilação ou do suicídio, isso é apenas uma obra fictícia.

Capítulo 1 - Capítulo único


Fanfic / Fanfiction Blood rose - Capítulo único


E mesmo de longe, ele ainda o amava. Depois de 3 anos, ele ainda o amava. Jimin se levantou do banco na quadra lotada, seus colegas de classe saiam aos montes, afobados por chegar logo ao ponto de ônibus. Jungkook passou por Park Jimin, ele ria com seus amigos, ignorava a existência do ruivo, como se não tivessem tido nada, como se ele fosse nada. Ele não costumava agir assim... Memórias de dias ensolarados e do som de risadas ao lado do moreno invadiram a mente caótica de Jimin, ele sentiu os olhos umedecerem, seu coração transbordava de um vazio imenso. A brisa suave do começo da primavera fez cócegas em seu pescoço. Caminhou lentamente até o portão, observando o moreno abraçar mais uma garota, sua mão baixava pela cintura da loira aguada, o ruivo se sentiu nauseado, e com toda a dignidade que lhe restou, acelerou os passos e, ao sair do campo de visão de todos, correu na direção oposta ao ponto. A grama verde no caminho lembrava-lhe os desenhos animados que via quando criança. Uma pequena borboleta pousou sobre seu dedo quando ele se sentou embaixo daquela mesma árvore que Jungkook gostava tanto. Uma lágrima grossa escorreu pela pele delicada e Jimin se assustou. Havia tanto tempo que ele não chorava, a sensação lhe era estranha, quase como se nunca a tivesse sentido. O ruivo observou os outros alunos irem para casa, e a rua foi aos poucos se tornando tão vazia quanto ele, o sol baixava cada vez mais ao horizonte, deixando o céu alaranjado, até que por fim desapareceu, dando lugar à escuridão de uma noite sem luar. A brisa foi se tornando cada vez mais fria e intensa, como se não quisesse sua presença ali. Jimin sentiu calafrios, e, contra sua vontade, se levantou e caminhou em silêncio até sua casa e se trancou em seu quarto, se entregando aos cuidados da senhora tristeza, sua única companhia quando os amigos estavam longe. Ele odiava ficar sozinho. A misteriosa dama de mãos gélidas acariciou dolorosamente o corpo cansado de Park Jimin, que depois de muito chorar, adormeceu. Em seus sonhos, Jungkook lhe dava uma rosa, como aquelas que recebeu do moreno em seu 16° aniversário. Ele o beijou e sorriu. 
- Hyung...- Jimin balbuciou ao acordar. 
Ele sorria, acordara disposto, em paz consigo mesmo, como há muito tempo não se sentia. 
O ruivo beijou sua mãe e lhe entregou a carta que escreveu meses antes, depois de tanto lutar contra sua decisão, e pediu que abrisse somente no dia seguinte. 
Já fora da casa, olhou-a mais uma vez, sentiria falta daquele lugar, mas tinha que ir. Por todo o caminho, Jimin buscou salvar cada detalhe, a cor das flores da praça, o cheiro de café da padaria, que tanto lembrava sua mãe. Passou pelos portões da escola e abraçou cada um dos meninos, se demorando em Namjoon. Entregou-lhe uma carta e sorriu. A cor sumiu do rosto do garoto, os olhos negros de Namjoon ameaçaram transbordar lágrimas a muito adormecidas. O ruivo ficou na ponta dos pés e depositou um beijo na bochecha do companheiro de pequenas aventuras, uma enxurrada de lembranças acertou Namjoon em cheio, duas lágrimas rolaram, ele não podia acreditar.
- Isso é...? - Namjoon questionou, sentindo um nó na garganta.
Não conseguiu terminar a frase, e ficou ali parado, esperando que Jimin risse ou lhe perguntasse se enlouqueceu, mas a resposta não veio. Em vez disso, palavras sem sentido deixaram a boca do ruivo.
- Sim, me desculpe.
Namjoon baixou a cabeça. Não queria acreditar. 
Jimin sentiu o coração doer ao ver o melhor amigo chorar, mas apenas seguiu em frente, não havia sentido em adiar e tornar doloroso aquilo que naquela altura era inevitável. Ele caminhou vagarosamente pelo pátio vazio da escola, ninguém ia à escola nas sextas-feiras do último mês de aulas. Park sempre odiou sextas-feiras, sabia que se sentiria solitário aos sábados de manhã se seu pai acordasse de ressaca, e nos últimos anos isso tinha acontecido bastante. O gramado mal cuidado em frente à cantina abrigava pequenas flores coloridas, como as que ele costumava levar aos montes para casa quando era pequeno, sempre admirava as cores vibrantes das florzinhas que sua mãe nunca gostou. Um sorriso brincou brevemente em seus lábios, sua mãe nunca demonstrou carinho como as outras mães, ela jogava fora os cartões feitos na escola e as flores recolhidas na rua. O sorriso se desfez ao chegar até a porta azul do 3° ano, Jimin tentou verdadeiramente estender e aumentar ao máximo o caminho de 6 metros até a sala, sabia que iria chorar, mas não podia ir sem fazer aquilo, então respirou fundo, talvez tentando retirar alguma coragem do ar, e entrou na sala. Tudo estava como sempre: as carteiras enfileiradas, o pó do giz acumulado na frente da sala, as janelas fechadas. Encontrou Jungkook sentado em seu lugar, sozinho na sala de aula. Estranho. Esperou por alguns minutos, mas ninguém veio, sem sinal de loira aguada ou dos amigos de Jungkook. Olhou para o pequeno envelope perfumado em suas mãos e engoliu em seco. O plano era deixar a carta no caderno do moreno e ir embora, mas ele não sairia da sala se os amigos não estivessem lá, teria que encará-lo. Jogou a mochila sobre a carteira ao lado da janela e foi até o lado oposto da classe, sua sala nunca lhe pareceu tão grande. Ele se aproximou do moreno, e com o último fio de coragem que lhe restava, fez sua voz sair de sua garganta.
- Bom dia... - Jimin não demonstrou nada, queria dizer que o amava, não podia, não ali, não agora.
Jungkook olhou surpreso para ele.
- Bom dia, Jimin - disse rapidamente. 
E o que restara do coração do ruivo  se despedaçou, mas era difícil dizer se a causa foi o tom indiferente do moreno ou a forma como pronunciou seu nome, ele nunca o havia chamado pelo nome. Sem saber ao certo o que dizer, Jimin apenas ficou ali parado, encarando os olhos negros indecifráveis do outro. Jungkook ergueu uma sobrancelha, havia um ponto de interrogação estampado em seu rosto. Ainda sem reação, o ruivo levantou o braço em um movimento quase robótico, oferecendo a carta a ele. A confusão no rosto do moreno era cada vez mais evidente.
- Tem algo que quer me dizer, Jimin? - ele perguntou.
O ruivo sorriu, tinha muitas coisas a dizer, porém pouca coragem para forçar as palavras para fora, então permaneceu em silencio, um sorriso artificial cobria suas lágrimas como uma máscara. Infelizmente, Jungkook conhecia muito bem esse sorriso, e sabia que depois disso lágrimas sempre rolavam. Havia se passado tanto tempo, mas ele não sabia se aquele tempo fora o suficiente para conseguir ver Park Jimin chorar sem esboçar nenhuma reação, então decidiu se levantar, e mesmo se odiando por ser tão covarde, ele queria fugir.
- Bom, eu vou indo, então... - e se virou na direção da porta. 
Mais uma vez, Jimin sentiu que seu coração transbordava e por um breve momento cogitou deixar o moreno ir embora. Talvez fosse melhor assim, mas se fizesse isso, estragaria sua última chance. Que se foda,  pensou, e antes de pensar no que isso resultaria, puxou o braço do mais alto com força, fazendo-o se virar para si.
- Na verdade, eu tenho - disse, sua voz tremulava - Você é um idiota e tem péssimo gosto para garotas, é um perdedor por não pensar em ninguém além de si, cresça, Jungkook.
Jimin esperou uma expressão de confusão, desdém e até mesmo desprezo, mas o que viu ali o chocou bastante: um sorriso. O moreno sorria e olhava para as mãos de Jimin. 
- A rosa é para mim? - ele perguntou calmamente. 
O ruivo apenas confirmou com a cabeça. Jungkook tirou a flor branca da mão de Jimin e a cheirou.
- Eu adoro esse cheiro - disse - Sei que tenho muitas garotas perto de mim, mas você sempre foi minha borboleta favorita, Jimin... Nenhuma delas me traria uma flor e me xingaria com tanta sinceridade. 
A boca de Jimin se abriu em um "o" perfeito. Já ia indo embora, não podia acreditar que ele fora tão egoísta a ponto de usar pessoas e classificá-las em uma lista de favoritos. Isso era a cara dele. Um passo atrás do outro, Jimin passou pelo moreno e procurou em sua memória qualquer coisa que descrevesse o que sentia, mas por um motivo ainda desconhecido para ele, não encontrou. Ele pegou sua bolsa e apressou os passos, mas Jungkook correu até a porta e a fechou, se apoiou nela e abriu a carta. Se permitiu sentir o perfume do ruivo mais uma vez, conhecia cada mania de Park Jimin, uma das suas favoritas sempre foi deixar seu cheiro em presentes, camisas e cartas.
- Kookie... Pode ler isso de noite? - Jimin usou a voz mais manhosa possível. 
O moreno corou. Fazia tanto tempo que não ouvia o ruivo chamá-lo assim... Olhou para os lábios cheinhos do garoto e engoliu em seco, queria beijá-lo. Um sorriso malicioso se formou em seu rosto, Jimin sentira nojo de si mesmo por admitir que gostava do que aquele sorriso significava, então apenas esperou. 
- Eu posso ler essa noite... - Jimin respirou aliviado - Mas eu quero algo em troca...
O ruivo prendeu novamente a respiração, sabia que gostaria disso, mas não sabia se era real ou mais um dos jogos infantis de Jungkook, permaneceu estático, sabia que se desse um passo sairia correndo. 
- Diga... - disse o ruivo.
O sorriso do moreno aumentou, deixando Jimin mais corado. Cada pelo do ruivo se arrepiou quando Jungkook deixou um beijo em seu pescoço, e ele fechou os olhos com força. Mas o beijo que esperava não veio.
- Não faça nenhuma besteira, Jimini... - disse, em um sussurro sedutor - Você pode não saber, mas eu tenho maneiras de te trazer de volta se você resolver fugir... E eu garanto que vou lhe punir se fizer isso... 
E com um sorriso malicioso, deixou Jimin sozinho na sala. O ruivo sorriu triste, Ah, Kookie... Dessa vez você não pode me trazer de volta..., pensou. 



Depois das aulas, Jimin vagou sem rumo por algum tempo, procurou resgatar todas as boas lembranças que tinha daquela escola. Lembrou-se de um dia em específico, o dia em que conhecera Namjoon. Esbarrou por acaso com ele na primeira semana de aulas. Naquela época, eles eram tão felizes. O problema é que Jin hyung sempre assombrava essas memórias. Uma lágrima desceu por seu rosto. Kim Seokjin estava morto. Jimin sempre acreditou que os mortos deveriam ser lembrados apenas quando a dor se fosse, seria um insulto lembrar com tristeza de alguém tão bom e gentil como Jin. Passou pelos portões de vidro da escola, o sol estava perto de se pôr. Ele desceu o primeiro degrau e sentiu seu braço ser puxado com brutalidade. 
- Prometa que não vai fazer nenhuma besteira, Park Jimin - a voz de Jungkook era séria. 
O ruivo riu debochado se soltando da mão do moreno.
- Você leu a carta, não foi? - ele indagou, nenhum sentimento rondava sua voz.
O mais alto balançou a cabeça positivamente. 
- Então sabe os meus motivos e sabe que não é besteira - uma lágrima discreta escorreu pelo rosto do moreno, mas Jimin prosseguiu - nesses três anos, eu nunca lhe pedi nada, nem ao menos reclamei ou interferir enquanto você quebrava um a um o coração de meninas inocentes, nem mesmo lhe incomodei quando quebrou o meu.
O ruivo agora tinha a voz embargada, os olhos marejavam. Droga, pensou. Não queria chorar na frente dele. Não ali, não agora. Respirou fundo, e com uma calma de origem desconhecida, continuou.
- Eu preciso fazer isso, Kookie, preciso ir. Não faz mais sentido continuar uma existência sem cores. E eu não estou triste, não estou fora de mim. Há tempos não me sinto tão em paz, não estrague isso também. 
Com a ponta da manga da camisa branca, enxugou as lágrimas do moreno e se virou, descendo os degraus com pressa. Virou a rua ao lado oposto do ponto de ônibus e andou calmamente até chegar ao gramado verde que abrigava aquela árvore, que embora odiasse admitir, também era sua favorita. Respirou fundo, o cheiro de dama da noite invadiu suas narinas, ele sorriu. Abriu a bolsa e tirou de lá uma rosa branca, um potinho de analgésicos e uma pequena faca prateada. Virou o potinho de analgésicos na mão e os engoliu com certa dificuldade. Naquela altura, a noite já caíra graciosa, enegrecendo o céu. Jimin olhou para cima e observou o céu, ele não estava estrelado como antes, Amanhã com certeza vai chover, pensou. Lembranças felizes invadiram sua mente e lágrimas escorreram de seu rosto, já estava começando a se sentir sonolento, o coração batia arritmado no peito, o rosto empalidecera e gotas salgadas de suor escorriam pela fronte. O ruivo perdera a noção de quanto tempo havia passado, mas sentia seu peito doer, sabia que logo perderia a consciência. Pegou a faca prateada e passou-a com força no pulso, fazendo um corte vertical profundo na pele branca. A pele queimava, uma dor aguda lhe invadiu e lágrima grossas se misturaram com o suor em seu rosto, que se tornava cada vez mais pálido. Jimin se segurava para não gritar, nunca sentira tanta dor. Notou o sangue que escorria do corte, a rapidez com que o líquido deixava seu corpo lhe assustava. Pouco a pouco, seus sentidos foram se tornando entorpecidos. A visão turva lhe permitiu ver a bela rosa branca ser tingida de vermelho e com as forças que lhe restaram, ele sorriu. Vermelho sempre fora sua cor favorita. Naquela altura, Park Jimin já não se parecia com um menino de 18 anos, toda a cor deixara seu rosto, molhado de suor e lágrimas. Até mesmo os lábios rosados se tornaram pálidos, combinando perfeitamente com arroxeado que sombreava os olhos opacos, quase sem vida. Sentiu o coração bater mais devagar, agora Kookie nunca poderia trazê-lo de volta. 
Sua mente lhe traía, e sentiu um toque quente na pele fria. O moreno correra até ali depois de muito pensar. Sabia que não tinha o direito de interferir, mas seu egoísmo não lhe permitiu deixar sua borboleta favorita voar, já era tarde. Uma confusão de vermelho e verde se formava ao lado do corpo encolhido do ruivo. A visão o chocou, aquele não se parecia com Jimin. Lágrimas e mais lágrimas deixavam seus olhos e ele pedia desculpas por ter sido um idiota, mas nenhuma palavra deixara sua boca. Jimin já não tinha consciência do que acontecia, e a pouca sensibilidade que lhe restara ao tato, lhe permitiu sentir as lágrimas do outro tocarem seu rosto. Jimin olhou para o lado, Jin sorria gentilmente, estendendo a mão, seu cabelo dourado brilhava... O moreno o apertou contra si, mas Jimin não sabia que ele estava ali. 
- Me... d-desculpe... O-omma... - o ruivo proferiu, com o último sopro de vida em seus pulmões.
Ele abriu a boca, queria dizer que fizera aquilo por amor e que seu hyung estava lhe chamando, mas as palavras não saíram. Sua visão se enegreceu, seus pulmões não lhe obedeceram... Sentiu o coração desacelerar, o braço não doía. Park Jimin se afogou em um mar de águas calmas, e passou um bom tempo imerso em escuridão. Memórias de quando era apenas um garotinho passavam em sua mente, quando o pai ainda morava em casa, quando ainda era sóbrio. Viu toda sua infância passar, até se tornar adolescente. Viu seu primeiro amor e o primeiro beijo, roubado de Jungkook. Viu sua mãe sorrir tomando café na velha xícara manchada e sua avó sorrir ao lhe dar um doce, viu Jungkook tocar seu corpo e Namjoon rir com ele nos intervalos da escola. Sentiu o coração paralisado se tornar leve e sorriu, uma sensação estranha lhe tomou, decidiu chamar isso de paz. 


Notas Finais


Não ta lá aquelas coisas, mas eu realmente queria postar alguma coisa, bloqueios de criatividade acabam comigo...
Espero que tenham gostado, kissus~


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