História Blood, Sex and Rock'n'Roll - Do céu ao inferno.

Flashback 2

Mircalla’s P.O.V

“Estava no quarto, com minha amada deitada sobre mim após nosso momento de amor. Eu a mantinha confortavelmente com meus braços ao seu redor e era maravilhosa a sensação de ter aquele anjo ali comigo. Tão linda, tão doce, delicada e frágil a minha menina. Eu queria poder congelar esses momentos assim com ela. Minha vida mudou muito nesses últimos meses em que passei aqui com a família. Parece pouco tempo para tanta intensidade porem, não pude segurar o que senti assim que botei meus olhos nela na noite em que cheguei.

Para minha total felicidade, Laurina também detinha dos mesmos sentimentos. Ela era uma garota solitária, vivia apenas em companhia de suas governantas no castelo, a tamanha  intensidade de nossa aproximação foi inevitável e irresistível.

Suspiro enquanto olho para ela, velar seu sono tem sido uma das minhas coisas favoritas em séculos. A aperto mais em mim dando-lhe um beijo na testa,...  Ah! Se soubesse o que está planejado para acontecer. Algo que minha mãe adotiva tanto espera, o momento certo. Algo que tira meu sono e perturba minha mente, algo que preciso resolver rapidamente antes da minha mãe tirar de mim a única felicidade real que tive desde que morri e retornei como imortal. Tentar conversar com ela seria inútil. Eu a conheço, iria me achar fraca por sentir tal sentimento.

Passo a mão nos cabelos cor de raios de sol de Laurina, desço para seu rosto, pele tão macia. Adoro o fato dela se sentir tão a vontade perto de mim. Ela dormia tão tranquilamente. Pego em seu colar de ouro com pingente em formato de gato negro com olhos de rubi e sorrio inconscientemente lembrando-me do dia em que lhe dei esse colar. Foi também o dia em que lhe contei sobre mim, sobre a verdadeira eu, uma vampira. Ela não apenas me aceitou como também declarou o amor recíproco que sente.

_Droga! – Eu reclamava para as paredes do quarto.  _ Eu não posso perdê-la, e algo deve ser feito. Quem sabe Matty poderia me ajudar.

Como se por transmissão de pensamento, um barulho se fez na janela do quarto e atraiu minha atenção. Era ele.

_ Psiu! Ei maninha! – Matty dizia baixinho me chamando pendurado na janela, no topo da torre do castelo. Janela do quarto de minha Laurina.

Devagar, consegui sair da cama de fininho sem acordar minha amada que dormia aninhada em meu peito. Ela se mexeu um pouquinho, mas continuou em seu soninho gostoso.

_ Hey maninho, o que faz aqui? – Falei cuidadosamente, para não acordar o anjo que deixei deitado na cama.

_ A mãe me mandou pra avisar que chegou a hora Mircalla. Prepare tudo para amanhã à tarde, arrume um pretexto para tirar ela do castelo, invente um passeio, um piquenique enfim, para que possamos botar em prática o plano de seqüestro – Meu irmão dizia apressado, fazendo aspas com as mãos quando pronunciou a palavra seqüestro. Meu estomago se revirou.

Quando ouvi aquelas palavras, fui invadida por uma sensação de desespero descomunal. Andei de um lado pro outro no quarto passando a mão nos cabelos tentando pensar.

_ Matty, eu não to agüentando mais essa situação. Toda vez ela nos obriga a participar dessa palhaçada.

_ Eu também não agüento mais Panterinha, mas você sabe que é difícil contestar ela. Já tentamos antes, já mostramos a ela que não queremos mais ser coniventes com essa tal coisa que ela faz, que nem sabemos direito o que é. – Bufei. Não sabemos bem do que se trata, mas sabemos que essas moças seqüestradas, não voltam para suas casas nunca mais.

_ Irmão, por favor você tem que me ajudar. – Eu dizia tremendo em desespero, não conseguindo mais conter a tempestade que chovia em meu interior. Matty me olhava tentando entender a razão do meu estado.

_ O que está acontecendo maninha? – Ele me perguntava, pulando da sacada da janela e entrando de vez no quarto tocando-me nos ombros.

_ Eu estou apaixonada por ela Matty. Não é só um joguinho, desta vez não é só essa maldita encenação teatral para os planos de Dean. Eu estou perdidamente apaixonada por Laurina, e você precisa me ajudar a arrumar uma maneira de impedir nossa mãe. Eu não posso perder ela Matty .. eu não posso. – Sem conseguir conter as lágrimas que vinham, apoiei a cabeça no peito do meu irmão, com as mãos no rosto. Matty me consolou num abraço afagando  meus cabelos.

_ Pode deixar irmã, juntos pensaremos em alguma coisa pra resolver isso, tenha calma. – Disse ele levantando minha cabeça segurando-me pelo queixo, dando um sorriso de lado e secando minhas lágrimas carinhosamente.

_ Obrigada Matty. – Mais solucei que falei.

_ Hey, fique tranqüila. Sabe, a Dean me mandava aparecer nas redondezas e fazer rondas para averiguar se o plano corria bem. De longe eu observei que sua aproximação com a moça estava diferente desta vez. Maninha, a tempos eu não te via sorrir tanto assim. E se ela é importante mesmo pra você, eu vou te ajudar.”

                                                                               ...

Juntos pensaram durante o andar daquela fria madrugada e bolaram um plano que iriam botar em prática já logo pela manhã. Laurina permanecia isenta da situação, até o raiar do sol. Infelizmente, os acontecimentos não se seguiram como o planejado. Foi naquele marcante ano, em que Mircalla foi aos dois extremos de sua vida de uma só vez. Foi do céu ao inferno. Apaixonou-se e teve reciprocidade. Se permitiu viver esse amor o quanto pôde, decidiu lutar por esse amor, pra em seguida acabar perdendo as duas pessoas que mais amou na vida de uma vez só. Dean Karstein, a mãe abusiva, mandona e perversa, descobriu o plano de Mircalla sobre fugir com Laurina, e os intercedeu no caminho plantando uma armadilha. Soltou toda sua ira em cima deles. Mircalla não se lembrara de outra ocasião em que tenha visto a mãe tão brava. Will, seu próprio irmão adotivo, enfiou uma estaca de madeira em Matty friamente a mando dela, o acusando de traição por ter ajudado a irmã, que viu tudo e não pôde fazer nada. Os capangas de Dean a seguraram e tomaram dela a sua doce Laurina. Mircalla tentou o máximo lutar contra a situação, mas eram muitos e sua mãe usou de sua magia negra para contê-la, enquanto a fazia ver o amor de sua vida ser assassinada na frente de seus olhos.

Como se não bastasse, Dean amaldiçoou o amor delas e determinou que daquele momento em diante, Laurina iria reencarnar de tempos em tempos e viver sem a Mircalla. A garota vampira, foi aprisionada a força em um caixão sendo deixada a mercê do tempo, petrificando, sofrendo de fome, sofrendo a dor da perda de seu irmão, a perda do amor de sua vida e perdendo a si mesma. Vivendo, sem estar vivendo, em um tormento que perdurou décadas e décadas, ate a chegada da segunda guerra mundial onde por feliz acaso, uma explosão do conflito abalou o solo onde estava enterrada, facilitando assim sua fuga. Saiu de lá jurando a si mesma, pacientemente tramar sua vingança e jogar toda sua raiva que crescia mais a cada dia e a deixaria jorrar em cima de todos os envolvidos ao que aconteceu.