Eram 4h da madrugada quando acordei assustada, meu celular tocava feito loco no criado-mudo. Peguei o aparelho trazendo-o até a orelha, sem nem ao menos ver quem estava ligando.
- Alô? - perguntei fechando os olhos e afastando o celular dá orelha por conta da música alta no fundo. - Quem é?
- Chanyeol! - Uma voz embargada e meio roça que não reconheci, mas que me parecia muito familiar, se pronunciou no meio de toda aquela algazarra.
A ligação caiu. O que tinha sido aquilo? Quem em são consiência estaria me ligando a essa hora dá madrugada? Abri os olhos rapidamente quando ele me veio a mente, olhei o histórico de ligações e a minha suspeita fora confirmada. Merda.
"JUNGKOOK", as grandes letras reapareceram no visor do celular. O que ele teria aprontado agora? Atendi
Meio receosa, afinal, não é todo dia que você acorda as 4h da manhã com uma ligação, digamos assim, suspeita.
- Chanyeol, Chany... Chanyeol! - A voz consegui identificar agora como sendo de Jungkook cantarolava. A música de fundo estava agora mais longínqua - minha querida Chanyeol.
- Jungkook, você está bem? - me sentei na cama já acordada o suficiente para as preocupações vir átona.
- Eu estou ÓTIMO! - gritou fazendo com que eu afastasse novamente o telefone – você estava dormindo? – E começou a rir feito um retardado – É claro que estava dormindo. Eu te acordei – e contou de repente depois de alguns segundos calado.
- Onde que você está Jeon? – perguntei seria já ligando o notebook.
- você precisa relaxar mais! Parece até o Jin Hyung falando! – Pude ouvir o som de goladas, ele estava bebendo... de novo.
Suspirei, Jungkook não iria aprender a lição? Digitei o número de celular dele no campo de pesquisa do aplicativo do notebook. Eu iria descobrir onde ele estava, nem que eu precisasse ir ao inferno e voltar. Digamos que com todos esse anos sozinha, aprendi a fazer coisas que realmente me convém a ser úteis, tempo era o que eu mais tinha.
- Você está bêbado? – O perguntei
- Olha, Chany, eu não vou mentir pra você – disse com a voz embargada, tive de me esforçar para ouvir e entender o que ele tinha a dizer em seguida. – Eu senti saudades falta todos esses meses que você me manteve afastado. Eu te amo, Chanyeol, e mesmo que você não me corresponda, só quero que saiba o que sinto por você e o que sempre sentirei. Não foi minha culpa de a Victória me beijar, ele queria separar a gente, e conseguiu. Maaaaaaas – disse arrastado – você não está nem aí pra mim, só quero que tudo volte a ser como era antes.
"Eu te amo, Chanyeol", suas palavras giraram em minha mente, desnorteando-me por um tempo. Até mesmo bêbado ele conseguia dizer as coisas mais bonitas que já ouvi.
- E você sabe que bêbado só fala verdades! – Exclamou e logo em seguida deu um arroto.
- KOOKIE! – alguém o chamou ao fundo, ele gritou "uhuu, estou indo" em resposta. – Eu tenho que ir, Chan!
- Chan? – perguntei pra mim mesma.
- Só quero que saiba que você é vitoriosa, porque venceu todas as barreiras e seguiu em frente, ao contrário de mim. Me tornei um bêbado hipócrita, você não precisaaaaaaa mais de mim e isso me deixa tristeeeee!
Bingo! Encarei o endereço na tela do notebook sorridente, aquele idiota nunca desligava a localização.
- Estou indo te buscar, não saia daí – terminei a ligação antes que ele pudesse terminar de dizer "não".
Vesti uma calça, calcei um tênis, joguei um casaco por cima do ombro e desci as escadas na ponta dos pés, não iria ser uma bela surpresa minha mãe acordar e flagrar sua filha escapando a essa hora da noite. Andei até o lado de fora dá casa e no portão da garagem encontrando o carro dá minha mãe, liguei o carro que tinha encontrado em cima do balcão, onde ela costumava deixar as coisas pequenas como chave. O que diabos o Jungkook tinha na cabeça? Merda, só pode. Por que ele tinha que tornar as coisas tão difíceis assim?
Eu gostava do Jeon, isso era inevitável, e também sabia que não foi culpa dele o que aconteceu, mas as coisas eram mais difíceis de acertar do que pareciam. Mesmo duas semanas depois de termos esclarecido as coisas um para o outro, um receio ainda estava presente ali. E ele só iria se desaparecer com o tempo, eu sabia, confiança é algo difícil de se conquistar depois de perdido uma vez.
Nesse momento tudo o que eu conseguia pensar era em como Jungkook conseguiu chegar ali, pior, como conseguiu encontrar a existência dali. A rua que o endereço indicava era estreita, comprida e mal iluminada com algumas pessoas encapuzadas andando cabisbaixa. Lá no fim, quase virando a esquina via-se uma boate, de lá se vinha uma música alta que machucava meus ouvidos mesmo eu estando longe, agora eu entendia de onde vinha a mania do Jeon de escutar música no último volume. Incrível como ele ainda conseguia escutar alguma coisa, a esse ponto já estaria surda.
Estacionei o carro num lugar um pouco longe, afinal, não queria ser roubada enquanto resgatava o Jungkook bêbado caído em algum lugar daquele ambiente repugnante. Pensar em tudo que rolava ali me fazia ficar enjoada. Reuni os vagos resquícios de coragem que me restava naquele momento e atravessei a porta determinada, mas o lugar estava cheio de pessoas bêbadas e drogadas. O que eu não faria pelo Jeon. Atravessei uma fumaça de cigarro com maconha que pairava por ali e tossi. O que eu to fazendo dá minha vida? Pior, o que Jungkook está fazendo da vida dele?
No momento estava passando perto do bar quando o encontrei, ele estava com um copo que continha um líquido vermelho desconhecido e ria para o barman, claro, estava com cara de poucos amigos por ter que ouvir problemas dá vida alheias por toda a madrugada.
- Jeon Jungkook! – coloquei a mão em seu ombro, irritada.
Ele se virou com as sombrancelhas erguidas.
- Chanyeol, você veio mesmo! – Ergueu os braços logo apontando para o barman. – Ela veio mesmo, quem diria, não é Tom?
- Meu nome é Lee – o barman reclamou fechando a expressão.
- Isso mesmo, mas agora eu eu vou ter que ir Tom – ele disse ignorando o que Lee tinha acabado de dizer. Sacou a carteira do bolso, mas o impedi e eu mesma paguei a conta que estava bem alta, Jeon não tinha nem condições de lembrar o nome do cara que passou a noite despejando suas amarguras, muito menos pra contar dinheiro.
Jungkook se pôs de pé rápido e com a mesma rapidez se estatelou de joelhos no chão aos meus pés. Bufei irritada e passei seu braço por meus ombros e o ajudei a se locomover para fora dali, o que quase foi impossível pela quantidade de pessoas presentes. Eu tentei pedir licença mas ninguém queria colaborar então simplesmente sai empurrando tudo e todos a minha frente. Assim que conseguimos chegar ao lado de fora, Jungkook começou a fazer caretas.
- Eu acho que vou... – não conseguiu concluir a frase e se ajoelhou num avisto próximo vomitando.
Grunhi e tentei o ajudar-lo, mas ele me empurrou para longe e me caminhou em direção ao meio da rua.
- Vamos Jeon, vou te levar pra casa –toquei seu pulso mas ele puxou de volta antes que eu pudessem se fechar em torno do mesmo e o puxar.
- Não, Chany, eu não quero ir pra casa – bateu o pé feito uma criança – Eu quero curtir mais um pouco!
Fechei os olhos contando mentalmente já que toda aquela birra do Jungkook em junção com a música alta estava me dando dor de cabeça. Ouvi uma buzina alta e tudo pareceu acontecer em câmera lenta. Abri os olhos e uma luz forte iluminava o perfil de Jeon, não, não uma luz e sim um farol de carro.
- Jungkook! – Gritei, erguendo a mão.
E antes que pudesse o empurrar para longe, Jeon já estava...
Caído no chão...
Descorado.
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