História A Nerd - Capítulo I.

Los Angeles, 9 de Março de 2013.

- Então, meus queridos...como vai a escola de vocês? - Papai pergunta.

- Ah, vai bem! - Meu irmão se pronuncia. E eu começo a tremer.

- AyuMi? Está tudo bem? - Pergunta o mais velho da casa, preocupado.

- Sim, Papai...e-está tudo bem...eu...eu só vou no meu quarto ver se não esqueci de nada... - Subo correndo e atropelando as escadas. Fechando a porta rapidamente e ofegante. Vou diretamente pro criado mudo e pego a minha bombinha.

Ouço batidinhas na porta. Grito um entra e me sento na cama, ficando de costas para a pessoa que está entrando.

- Que foi, meu amor? - Ouvi uma voz doce, é Mamãe.

- Nada...só senti uma falta de ar...

- Oh, minha filha...vem cá... - Diz me puxando pra um abraço. Tento me segurar pra não chorar alí mesmo. - Sabe que qualquer coisa você pode me contar, viu?

- Ok, Mamãe...conto sim mas está tudo bem mesmo. - Saio do abraço e sorrio pra ela.
Descemos, Papai deixou meu irmão e eu na escola, é logo seguiu seu caminho para o trabalho.

Logo após que Mamãe me abana e manda beijo, ouço comentários de longe.

- Olhem lá, a irmã-feiurinha do coreaninho...

- Oh, mas já chegou?

- Acho que correram ela de casa de tão feia que ela é

E começam as risadas?

E o que eu faço? Ignoro...ou saio correndo e me escondo em um lugar.

6 horas depois.

Arrumei minhas coisas rápido e saí correndo.

- AyuMi! - Reconheço a voz. - Me espera!

- Aish, Orabeoni! Venha rápido!

- Cheguei... - Ofegante. - Aigoo, AyuMi.. pra quê correr tanto assim?

- N-nada...só quero ir logo pro banheiro... - Minto.

- Mas tem banheiro aqui!

- É que...não me sinto confortável aqui, ok? Não me pergunte mais nada!

Logo Appa chega e embarcamos para irnos para casa.

9 da noite. Jantar.

- Bom, eu tenho uma notícia boa e outra nem tão boa assim... - Fala enquanto se limpa com o pano.

- Nos conte, querido! - Mamãe fala tocando na mão de Papai.

- A notícia boa é que fui promovido para um cargo melhor na empresa. - Ele sorri.

- Ah, que bom querido! - Mamãe se levanta e o abraça, enchendo o de beijinhos.

- E a ruim, Appa? - Pergunta meu irmão.

- Aish, Jimin-ah! - Dou uma cotovelada nele.

- Bom...não é que seja uma notícia ruim...é que nós vamos ter que nos mudar daqui...

- Para onde que vamos então?

- Vamos ter que voltar para a Coréia.

Foi aí que começou o inferno...

Seul, 1 de Setembro de 2017.

- Filha? Acorda! Já está na hora. - Ouço uma voz serena e logo abri meus olhos, era minha Mãe me chamando para o café de antes da aula, como sempre passando a mão nos meus cabelos.

- Ai, Mãe! Poxa...só mais uns 5 minutinhos... - Falo sonolenta. Mas pulo da cama com o grito da minha Mãe.

- Nananinanão! Já acabou o fim de semana, então acabou a moleza! Levanta! - Falou alto, já de pé e batendo palmas para me alertar.

- Ta bom, Mãe, calma! - Levanto as mãos tentando acalmá-la e indo em direção ao banheiro.

Tomei meu banho, escovei meus dentes e fui para o quarto só de roupas íntimas mesmo, logo colocando meu uniforme, que agora é diferente, no fundamental era amarelo e azul marinho, agora que passei pro ensino médio, é bordô e preto com a camisa branca.

Vocês devem estar se perguntando quem seria essa menina, que no caso sou eu! Sou Park AyuMi. Sou Filha do Editor-Chefe da Revista The Most, Choi Seung Hyun e da também Editora, Park Bom.

Vocês devem está se perguntando também quem que eu puxei pra ser assim "encorpada", que na línguas dos brasileiros, quer dizer "gostosa". Puxei o meu Pai, que é coreano-brasileiro. Parte da família dele é brasileira. Minha Mãe é apenas coreana, mas também puxei a beleza dela.

Eu sou uma coreana-brasileira de 17 anos, sim, nasci no Brasil, tenho cabelos escuros ondulados, olhos também escuros e visivelmente magra.

Assim que terminei de me arrumar, fui pra cozinha tomar meu café que eu amo tanto. Sou fã de café! E dos fortes!

- Você não devia tomar tanta tintura assim. - Ih, lá vem a Mãe reclamar logo de manhã.

- Ah, Mãe! Fica relax, tá? - Dou uma piscada pra ela e rio da cara de tédio dela.

- Eu falo isso pro seu bem, AyuMi! Deixa de ser teimosa! - Disse quase gritando.

- Tá, Mãe! Não precisa avisar pros vizinhos também. - Mordo meu sanduíche.
Ouço uma risada de longe. Park Jimin. Meu irmão "capeta".

- Está rindo do quê, pedaço de gente? - Pergunto já incomodada.

- De nada, ué! Não precisa ficar bravinha, maninha. - Diz rindo mas logo fica sério. - É eu sou mais alto que você.

- Fo- - Fui interrompida.

- Olha o palavrão! - Alerta Papai. - Bom dia, família! - Se sentando na cabeceira da mesa.

Bufo e continuo tomando o meu café.

- Vamos crianças, estão prontas? -  Diz Mamãe se levantando da mesa.

- Sim, Mamãe! - Digo. Pego um outro sanduíche, logo saio da mesa pegando a minha mochila preta. Não sou gótica mas também não sou patricinha, então não gosto muito de rosa. Caminhamos até a garagem e entramos no carro.

Chegamos na escola e respirei fundo. Comecei a subir as escadas do pátio, percebi olhares pra mim, principalmente do grupo de sete meninos, cujo apelidados de "Bangtan Boys", sendo que não fazem nada além de dar em cima das líderes de torcida e zoarem os nerds...Ah, esqueci...eles fazem parte do time de basquete daqui da escola, o Seul Lions Basketball. É, por isso que são tão famosos assim.

Logo quando passei por eles, Jimin chegou no JungKook.

- E aí, cara! - Comprimenta com um toque, logo Jungkook olhou pra mim e segurou o riso.

Não era um sorriso normal, e sim um sorriso debochado.

Olhei pra baixo. Porquê? Porque eu sempre fui apaixonada pelo JungKook, desde que cheguei de Los Angeles mas nunca demonstrei e nunca vou demonstrar, já basta o inferno que é estudar lá...

Sempre me zoaram pela minha aparência, por eu ser diferente das outras, menos Jimin. Jimin ficava quieto, ele é meu irmão e ao invés de ele me defender mandando aquele bando de malandros parar com aquilo, não, ele seguia o baile, bem quieto, na dele, até fugia de dia mas todo mundo sabia que eu era irmã dele. Me zoam até hoje mas antes eu usava aparelho odontológico daqueles com os arames para da boca e óculos de grau fundo de garrafa, redondo ainda. Eu não me importava em me arrumar. Na verdade, eu não sabia me arrumar, eu sempre usava duas trancinhas uma de cada lado e meia-calças pretas. Mas teve um dia que me zoaram tanto quando eu estava voltando pra casa, junto com aquele grupinho de garotas chatas, as líderes de torcidas, as Lionleaders. Papai não pôde me buscar nesse dia. Jogando piadinha ainda. Jennie. Sim, Kim Jennie. Filha do presidente da Empresa da revista The Most, que é o Tio Namjoon. Cresci com essa filhinha de Papai.

Flashback on:

"- Olha se não é a estrangeirinha da classe?

- Isso tá mais pra estranhinha!

E dão risadas enquanto me seguem. Apressei meus passos. Como estava calor, eu já estava suando.

- Ei, tá fugindo do quê? Ficou com medinho, é?

Lágrimas escorrem mas minhas bochechas.

Finalmente cheguei em casa, subi correndo para o meu quarto, tranco a choro. Choro muito.

Por quê que tem que ser assim?"

Flashback off.

Hoje estou mais ajeitada...eu acho. Uso apenas o aparelho, não mais com aqueles arames na volta da boca. Mudei o óculos pra um mais da moda e pinto as unhas. Pronto. Mas ainda não larguei as minhas meias pretas.

- Hummmm, olha só quem chegou... - Disse debochando da minha cara e saiu rindo com as outras. Segura, AyuMi, segura! Eu tava louca pra virar meu refrigerante naquele cabelo dela. Passar molho de salsicha e tomate naquela roupinha de líder de torcida, que por sinal quase mostrava do rabo. Que nojo!

- Liga não, minha amiga. Não vale à pena. - Do nada Chanmi chega em mim. Tão fofa essa menina!

- Tudo bem, Chan! Obrigada. - Abaixei a cabeça dando atenção a minha merenda. Nós estávamos no recreio.

Levantei pra levar minha bandeja mas bati de frente com alguém. Eu ia cair mas esse alguém me segurou na cintura. Abri meus olhos e eu tava cara a cara com um garoto olhando fixamente pros meus olhos e logo em seguida pra minha boca...

O que?...