Pov Amber
- Está tudo bem com você? – Ryan perguntou.
Eu já tinha acordado e estava conversando com ele.
- Vai ficar.
- Olha, sei que sou amigo do Justin, mas ele não merece você.
- Eu sei. Mas o que eu não entendo é porque ele sempre tem que me agredir. Para ele é como se eu fosse um saco de pancadas, onde ele pode descontar sua raiva a qualquer hora.
- Ele não era assim. Ele já tinha mudado quando sua família foi morta, mas parece que agora ele está se revelando. É como se eu não o conhecesse mais. – Ele disse.
- Ele sempre foi um babaca, ele faz as burradas, mas eu sempre estou com ele.
- Você é uma menina muito especial.
- Quando fui violentada por Justin e Dylan, por todas ás vezes em que ele me machucou eu nunca parti, sempre fiquei colada aos seus pés... Para no final apanhar de novo. – Me calei por um instante. – Se não fosse por você e Chaz eu estaria morta agora, obrigada. – Sem vontade forcei um sorriso.
Ryan involuntariamente me abraçou. Era um abraço apertado onde quase nos tornávamos em um e eu estava precisando daquilo.
Levantei-me e peguei uma mala abrindo-a logo em seguida.
- O que você está fazendo?
- Eu não posso mais ficar aqui, estou morrendo, ficando sem oxigênio dentro dessa casa, eu vou embora. – Colocava minhas roupas na mala sem me importar em como estaria colocando-as.
- Amber, eu te entendo, mas você acha mesmo necessário ir embora?
- Sim, quando reencontrei Justin depois de dois anos afastados, prometi a mim mesma que eu estava mudada e que eu tinha crescido, mas sinto que estou á mesma do passado, totalmente destruída. – Ele me lançava um olhar de pena.
- Você sabe o que faz.
- Eu queria saber, mas não sei. Vai ser difícil, acostumei com vocês, me acostumei com ele...
- Amber...
- Mas se eu não for nunca foi evoluir, e eu cansei de viver em círculos, onde tudo se repete.
- Estou nessa com você. – Ryan depositou um beijo em minha testa e saiu do quarto, me deixando sozinha.
E naquele canto de quatro paredes eu chorei, chorei por que queria que minha mãe estivesse ali naquele momento para dizer palavras confortáveis á mim. Chorei pelas cicatrizes que eu tinha no corpo desde o primeiro dia em que o conheci. Estava derramando lágrimas pelas pessoas que foram vítimas de mim.
Estava chorando por que eu não sabia o que fazer.
Eu tinha perdoado meu irmão, mas eu não voltaria para sua casa.
Nesse exato momento não tenho ninguém para segurar a minha mão. Nem as vozes vieram me visitar.
Se eu quisesse sair disso, teria que enfrentar o mundo, precisava colocar minha cabeça no lugar e teria que parar de perder tempo com ele.
Se ele nunca teve tempo para pensar em mim eu também ocuparia minha mente com outra coisa.
[...]
Já tinha chamado o taxi, estava descendo a escada quando vejo Justin me olhar, pensei em passar reto, mas ele me puxou.
- Onde você pensa que está indo? – Brutalmente ele me pergunta.
- Estou indo embora.
- Você não vai sair daqui.
- Justin, por favor, eu te amo, mas você me faz mal.
- Não me interessa, desta casa você não sai. – Sinto meu braço ser puxado por ele. Meus olhos já estavam ardendo, teria que engolir, não choraria em sua frente.
- Já fui pisoteada de mais, se eu ficar mais um pouco nessa casa, sou capaz de tirar minha própria vida.
- Você é minha!
- Eu sempre serei sua, mas acontece que você nunca foi meu, durante muito tempo eu lutei para que você fosse capaz de me amar...
- Eu...eu...
- Em hipótese alguma diga isto da boca pra fora. Você ainda dirá estas palavras á alguém, mas não será eu a garota que vai recebê-las.
- Amber eu...
- Cala a boca e me escuta. – Suspirei. – Você sempre quis me matar, fisicamente você não conseguiu, mas psicologicamente eu já morri á tempos. A cada sangue derramado meu é um pedido de socorro. Aqui – Peguei sua mão e coloquei em meu peito no rumo de meu coração. – Tem um coração, mas ele está destruído, você o arrancou da pior maneira... – Ele segurou fortemente minha mão.
- Me des... Desculpe, eu não...
- Por favor, me deixe ir. – Não estava mais conseguindo controlar minhas lágrimas sentia que o choro iria vir a qualquer momento.
Não sabia o que eu iria fazer a seguir, seu olhar era tão profundo sobre mim que me fazia repensar se eu iria mesmo ou não.
Porém Justin soltou minha mão e uma lágrima escorreu de seu rosto quando ele veio para me abraçar.
- Não queria te fazer tanto mal assim, sinto que te prendo a cada dia que passa e você merece mais do que isso. Desculpe por não te ensinar a me amar do jeito certo... Fique comigo, me dê mais uma chance, a última. – Mais lágrimas foram derramadas.
- Tudo o que eu queria era ficar contigo, mas eu não aguento mais. Entenda, eu sempre fiz tudo por você, sempre fazia tudo o que mandavas, conceda a minha vontade, somente desta vez.
Ouço uma buzina e vejo o taxi chegando.
- Me diz para onde você vai.
- Não Justin. Eu quero recomeçar minha vida e desta vez não quero você dentro dela. – Levantei a alça da mala e arrumei a outra bolsa em meu ombro. – Até em breve Justin. – Virei-me de costas á ele e comecei a caminhar.
- Amber! – Me viro. – Eu te... Eu te a... Amo. – Ao escutar aquelas palavras meu corpo gelou, não estava acreditando que depois de alguns anos, finalmente escutei as três palavrinhas. Quis correr para os braços dele, porém me contive.
- Eu também te amo. Amo-te intensamente, verdadeiramente e muito mais do que a mim mesmo.
- Fica-te.
Não respondi apenas me virei e fui caminhando até chegar ao carro, o taxista pegou minha mala e as colocou no porta-malas enquanto eu entrava no veículo.
“Em hipótese alguma diga isto da boca pra fora. Você ainda dirá estas palavras á alguém, mas não será eu a garota que vai recebê-las.”
“Eu te... Eu te a... Amo.”
Sorri ao me lembrar disto...
E então a última imagem que vi dele era de um cara totalmente destruído pelas palavras.
A partir de agora será somente eu, como sempre foi e como sempre será.
"As pessoas superam o amor. Elas podem viver sem ele, elas podem seguir em frente. Amor pode ser perdido e encontrado de novo. Mas isso não vai acontecer comigo."
Sylvia Day
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