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História Bloodsport - Pontos Vermelhos


Escrita por: Sunnyes

Notas do Autor


OIE
Só quero deixar um aviso rápido aqui
Se você já acompanha essa fic e veio direto para esse capítulo, leia os outros dois primeiros antes, porque eu dei uma mudada neles. Sério, as mudanças foram enormes
Bem, é só isso mesmo
Espero que gostem :D

Capítulo 3 - Pontos Vermelhos


Fanfic / Fanfiction Bloodsport - Pontos Vermelhos

Depois de mais algumas horas de aula, estou em casa. Sam ficou no colégio para o teste de líderes de torcida, o qual eu tenho até vontade de fazer, mas não disposição. Nosso colégio é conhecido pelo nosso time de rugby, que é incrível. Mike Clark é o capitão do time, e ele é um completo babaca, que namora a irmã de Nathaniel, Ambre, que é capitã das líderes de torcida. Sim, o clichê perfeito. Digamos que os dois se completam, já que ambos não têm cérebro.

De qualquer forma, vou direito para o banheiro e tomo um banho quente. Quando saio, vou para a sala e sento no sofá para fazer meu dever de casa. Andrew ainda não chegou, então deduzo que ele está com seus amigos por aí. Coloco meus fones de ouvido e abro minha playlist em ordem aleatória, e o Spotify decide escolher justamente Of The Night, do Bastille. Meu estômago revira na hora. Kentin a detestava, porque tocava em todo lugar, então eu a cantava sempre só para irritá-lo. Com o tempo, ele começou a cantar também, então cantávamos na volta do colégio. Não acredito que isso foi há anos atrás. Quando a música termina, tiro os fones porque quero ficar em silêncio — o que não é difícil quando a casa está completamente vazia.

Estou bem acostumada a ficar sozinha, afinal, somos só eu, minha mãe e Andrew. Na verdade, não. Também tínhamos papai antes, mas, como eu disse, eu não sei exatamente onde ele está. Pelo que eu sei, ou seja, pelo que mamãe comenta às vezes, ele vive viajando, e eu imagino que ele trabalhe como jornalista ou algo assim. Durante muito tempo, tentei contato com ele, por cartas e telefonemas, mas ele nunca respondia da maneira que eu queria.

Lembro frequentemente de uma vez que o vi, no meu aniversário de 10 anos, que foi quando ele me levou para tomar sorvete. Ele também viu Andrew em seu aniversário naquele ano, mas estava na cidade vizinha e minha mãe levou meu irmão até lá para que passassem o dia juntos. Andrew, na época com doze anos, voltou para casa desolado, chorando muito. Mamãe disse que era porque havia pedido para ir embora com papai, mas ele não deixou.

Minha mãe teve de ficar a tarde inteira consolando Andrew, que não parava de chorar. Passei minha tarde com Kentin aquele dia.

O resto da semana passou rapidamente e foi bem normal. Sam entrou para as líderes de torcida, o que foi bem fácil, afinal, ela é incrível. Se não me engano, ela fez ginástica rítmica, então nem Ambre foi capaz de dizer que ela é ruim. Eu não conversei bastante com Kentin, somente no colégio e sobre nenhum assunto que realmente importava. Eu ainda não sei explicar o porquê, mas quero me aproximar dele. Provavelmente, tenho essa vontade graças ao nosso distanciamento, e agora parece um momento propício para tentar me reaproximar. Ao mesmo tempo, tenho certo ressentimento quanto a isso. Afinal, ele nunca deu motivos para se afastar de mim e eu nunca soube o que eu fiz de errado. E, sinceramente, durante nossas poucas conversas, ele parecia desconfortável. Como se gostasse de conversar comigo, mas não devesse. Assumi que era tudo coisa da minha cabeça, afinal, minha cabeça não anda tão bem ultimamente.

Quando eu menos esperava, já era sexta e eu estava em casa me arrumando para a festa de Troy. Estou passando rímel quando escuto alguém abrindo a porta da frente.

— Cheguei — Ouço a voz de mamãe.

— Estou no meu quarto, mãe — Aviso.

Estou pronta. Passei rímel e delineador, além de um batom vermelho que foi ideia de Sam. Detesto concordar com ela, mas ele deixou os meus lábios muito atraentes. Vesti uma blusa de manga comprida de gola alta, mas justa, além de uma calça preta e botas pretas. Deixei os cabelos soltos e meio bagunçados, porque simplesmente não consigo gostar deles arrumados. Nada mal, penso ao dar uma conferida no meu traseiro no espelho.

Mamãe apareceu na porta, com os cabelos castanho-claros presos num coque e o olhar cor de mel cansado. Ela vestia seu terno feminino, que combina tanto com ela. Ela ainda tem o seu jeito jovial, apesar dos seus quarenta e dois anos. Mamãe abre um sorriso acabado.

— Você está tão bonita — Ela me fita. 

— Você também — Eu digo, e sou sincera quando faço isso.

— E eu estou tão cansada — Ela anuncia, colocando a mão no rosto como se estivesse com dor de cabeça. — Cadê o Andy?

— Ele já está na festa para onde eu estou indo, na casa do Troy Green — Dou uma última olhada no espelho da minha penteadeira. — A Sam e o Alexy também vão. E o Kentin.

— O Kentin? — Ela franze o cenho. — Que surpresa boa. Faz muito tempo que eu não escutava o nome dele, como ele está?

— Está ótimo, ele passou as férias em um acampamento militar. Você tem que ver como é que ele voltou de lá, ele... — Começo a contar, me empolgando subitamente quando ouço uma buzina. Fico chateada, porque queria continuar a história e ver a reação da minha mãe. — Te conto em outra hora, acho que é a Sam. Não precisa esperar acordada.

— Divirta-se — Ela me dá um abraço apertado e eu sinto o cheiro do seu perfume com um pouquinho de suor. Seu dia foi longo. — Ah, e Ruby — Ela olha para mim, no fundo dos olhos. — Pede para o seu irmão tomar cuidado, tudo bem? Você sabe como ele é.

— Pode deixar. — A  asseguro e vou em direção a porta. — Te amo, mãe.

— Eu também te amo, querida.

Tranco a porta e guardo a chave em meu bolso. O Opala de Sam está reluzindo, mesmo com toda a névoa e a noite escura. Alexy está no banco de trás e o banco do passageiro está vago, e é onde eu me sento.

— Você está linda — Sam diz, ela está numa blusa marrom decotada e a sombra da mesma cor destaca seus olhos azuis.

— Olha quem fala — A fito, empolgada. — Quantos corações vai partir hoje?

— Alguns, quem sabe — Ela pisca para mim.

— Alguém mais está arrasando — Alexy comenta assim que eu fecho a porta.

— Obrigada — Eu sorrio.

— Por que você está agradecendo? Eu estou falando de mim — Ele diz, sério, e eu e Sam damos risada.

Acho tão irritante o fato de garotos só colocarem uma blusa e jeans e já estarem prontos para qualquer ocasião, assim como Alexy agora, enquanto as garotas têm que se preparar até emocionalmente para isso.

Sam dirige por cerca de dez minutos e logo estamos na frente da casa de Troy, que fica ao lado de um parque, tem dois andares e um jardim incrível se não fosse pelas pessoas bêbadas vomitando nele.

— Ah, a adolescência — Inspiro fundo antes de sair do carro.

Vou te contar como são as festas de estudantes do ensino médio: a música é alta demais (depois de algumas horas os vizinhos vão ligar para a polícia para reclamar sobre o barulho), há bebida demais e há gente estúpida demais. Essa combinação é bem perigosa, e essa festa não está nada diferente. Há alguns membros do time de rugby tentando acertar bolinhas de pingue-pongue dentro de copos espalhados por uma mesa, há muitos casais trocando beijos e  apalpões pela casa inteira, há algumas pessoas dançando espalhadas pelos cômodos. 

— Sejam bem-vindos — Um garoto o qual eu reconheço como Troy Green aparece na porta, sorrindo. Ele é o típico jogador de rugby, alto e musculoso, além de convencido e idiota. Seus cabelos loiros já estão suados e, pela sua cara, ele já está um pouco bêbado, dá para ver pelas bochechas rosadas. Ele entrega um copo de bebida para mim e para Alexy e Sam. — A casa é de vocês. — Ele coloca a mão ao redor dos meus ombros e me aperta.

Assim que sua pele encosta na minha, sinto algo. Não sei exatamente explicar o quê, mas é como uma angústia, algo que gela até os ossos, mas apenas por uma fração de segundo. Provavelmente sua mão estava gelada por conta do copo. É tão rápido que apenas ignoro.

— Nossa e de todo mundo, pelo jeito — Alexy ergue as sobrancelhas, olhando em volta.

Nós conversamos um pouco e dançamos também. Quando estou começando o quarto copo de cerveja, resolvo dar uma volta por aí. Vejo Andrew sussurrando algo no ouvido de uma garota, que dá risadinhas em resposta. Sinto uma leve pena dela. Saio da sala de estar, passo pela de jantar, pela cozinha e logo estou nos fundos da casa. Estranho, eu queria encontrar um banheiro, mas acabei aqui. Tem uma piscina iluminada e ninguém está aqui — talvez pelo frio que está fazendo. Olho par a varanda e vejo alguém sentado no banco de madeira.

— Kentin? — Eu chamo, e o garoto ergue sua cabeça para me ver. Me aproximo e seus olhos verdes me fitam em silêncio. — O que você está fazendo aqui, sozinho? Você chegou agora? Não está com frio? Está congelando aqui fora.

— Oi para você também, Rubs — Ele sorri de canto de boca e dá um espaço no banco para que eu me sente ao lado dele.

Eu hesito. Ele está estranho. Por que não foi nos cumprimentar?

— Eu acabei de chegar — Ele explica, levantando as mãos.

Eu me sento. Kentin está vestindo uma blusa branca e uma jaqueta preta por cima, além das suas calças de estampa militar. Ele sempre foi um garoto bonitinho, mas agora ela está simplesmente... Lindo. Antes ele parecia mais uma criança, magrelo daquele jeito, apesar de ser mais alto do que eu e aqueles óculos...

— Para onde foram os seus óculos? — Eu pergunto, franzindo o cenho.

Ele dá um risada curta.

— Eu uso lentes agora. — Ele explica, me encarando nos olhos. Seus olhos são verdes cristalinos, como o mar. Parecem vidro.

— Por que eu nunca reparei nos seus olhos antes? — Essa pergunta eu não deveria ter feito em voz alta, mas a cerveja está começando a deixar tudo meio embaçado. Não estou acostumada a beber como Andrew está.

— Eu não sei — Ele sorri, uma mistura de timidez e diversão com a situação. — Por que não?

— Na verdade, acho que reparei uma vez sim — Comento, tentando buscar na minha memória o dia que estávamos em sua casa e ele tirou os óculos. Fiz o mesmo comentário que agora.

Eu olho para ele. Eu olho para os seus lábios, que são muito bonitos também. Muito atraentes.

— Eu nunca tinha te visto de batom, sabia? — Kentin continua, sorrindo timidamente, e eu volto a encarar seus olhos. — Fica... legal.

— É? — Eu faço um biquinho, no qual ele demora um pouco o olhar. — Eu só uso para ir em festas, e você não foi em nenhuma comigo. Por que você está nessa festa aqui, aliás?

— Eu não sei, achei que seria uma boa. — Ele se volta para a piscina.

Eu olho para ela também, que está limpinha. Não deixo de pensar como é um gasto desnecessário tem uma em casa quando a cidade tem um clima de merda. Estou com frio e meu estômago está começando a revirar. 

— Por que você mudou tanto? —  Minha voz sai como um sussurro.

A Ruby sóbria está realmente muito irritada agora. O que eu estou fazendo? Em sã consciência, eu nunca faria isso. Pelo menos, não em um momento assim. Parece que eu estou... invadindo ele. Nós são somos mais íntimos, nós não fazemos mais esse tipo de pergunta um ao outro, nós não nos devemos esse tipo de explicação. Mas ele está tão perto, parece tão acessível. Ainda assim, não me sinto perto o suficiente. Por que eu estou agindo assim?

Ele vira seu olhar para mim e meu coração acelera. Não consigo decifrá-lo.

— Por que você está fazendo tantas perguntas? — Ele dá um sorriso desconfortável. — Acho que você bebeu um pouco. Você deveria entrar e...

— Não — Eu balanço a cabeça, ainda olhando para a água. — Não. Responde.

— Você também mudou, Ruby. — Ele diz, confuso. — Muito. 

— Se você não tivesse se afastado, mal teria notado as mudanças. — Baixo o olhar para as minhas mãos. — Você era meu melhor amigo, sabe.

— Rubs... — Ele começa, mas depois para. Ele fica em silêncio e então se levanta, olhando para o parque, para além das cercas.

— O que foi? — Me levanto também.

E então eu vejo, e eu não sei bem o que vejo. Perto de uma árvore, há dois pequenos pontos vermelhos brilhantes. Primeiro acho que são vaga-lumes, depois pequenas luzes. Mas então eu sei o que vejo. Um arrepio sobe a minha espinha.

É uma pessoa, parada ali. E os pontos vermelhos, na verdade, são olhos.



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