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História Bloodsport - Desconfiança


Escrita por: Sunnyes

Notas do Autor


OIE desculpa o sumiço, mas eu sempre sumo não é mesmo
Bom, feliz ano novo pra todo mundo
Espero que esse ano eu não demore 5 semanas pra postar, né?
GENTE OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS, eles são muito importantes, sério
Enfim, vamos ao capítulo c:

Capítulo 9 - Desconfiança


Eu acordo num sobressalto. Me sento na cama lentamente, com a respiração desregulada. Engraçado, não me lembro de nenhum pesadelo. Mas não ficaria surpresa em ter um, considerando tudo o que eu vi ontem. Se eu não tivesse ligado para Kentin, talvez eu nem tivesse dormido. Passo a mão pelo meu cabelo, tentando entender o motivo do coração acelerado, quando meu irmão abre a porta e eu me assusto.

— Ei, maninha, tá na hora de... — Andrew diz enquanto abre a porta, e para quando vê que eu já estou acordada. — Opa, já levantou? Aliás, não, você está atrasada.Vai se arrumar que o Matt vai me dar uma carona, você pode vir também.

Ainda estou meio confusa, mas não discuto. Me levanto e vou correndo para o banheiro. Não demoro muito no banho, visto o uniforme e faço um rabo de cavalo. Passo na cozinha e abro a geladeira, estou morrendo de fome, mas pelo visto não vou ter tempo de comer nada.

— Ruby, a carona chegou — Andrew grita da sala. 

Não demoro muito e já estou no banco de trás. Já peguei carona com Matt algumas vezes, ele tem um Honda Civic 2009 prata que fede a cigarro. Ele é um dos únicos amigos do meu irmão que eu consigo suportar. Matt é bronzeado, o que é meio estranho para os padrões de Tenebris Bay, já que aqui está sempre nublado. Ele olha para mim com seus olhos castanhos pelo retrovisor.

— Ei, olha só quem está aqui — Matt sorri, revelando os dentes brancos, e imagino que ele não seja a razão pela qual seu carro fede tanto. Talvez ele devesse escolher melhor suas caronas. — Não te via faz um tempo, Ruby. Você está bonita.

— Nós estudamos na mesma escola — Comento, balançando a cabeça. — Você me vê todos os dias.

— Dá para você parar de dar em cima da minha irmã? — Andrew bate a porta do carro. 

— Desculpa, cara — Matt dá de ombros. — Eu só quis dizer que ela é bonita todos os dias.

— Não, não quis — Reviro os olhos, tentando conter um sorriso.

A verdade é que estou me sentindo lisonjeada. Não costumo receber muitos elogios. Não me acho feia, a questão é que eu não tenho nada que se destaque, que seja um diferencial. Nada de olhos claros, nada de cabelos sedosos. Gosto do meu corpo, mas com o clima da cidade quase não há chance de ninguém usar nada muito revelador. Resumindo, as pessoas nunca me acham bonita ou feia até prestarem atenção em mim, e elas nunca prestam.

— Chega, vocês dois — Andy resmunga. — Eca.

— Enfim — Matt olha por cima do banco, para poder me encarar diretamente. E então ele leva uma maçã verde até os lábios e morde. — Quer um pedaço?

Meu estômago ronca, então o escuto e faço sim com a cabeça. Ele me entrega a fruta e se vira para frente, dando partida no carro. Encaro a maçã. Que estranho, estou com uma sensação engraçada. É como se eu estivesse esquecendo de alguma coisa, mas não exatamente isso. Como se houvesse alguma coisa que eu simplesmente sei, mas estão escondendo de mim. O que é que... Então eu me lembro. Da conversa pelo telefone. Deve ser a maçã. Afinal, eu e Kentin conversamos sobre maçãs ontem. É só uma coincidência. Respiro fundo para manter a calma. Nada mudou, está tudo bem.

— Eu não comeria se fosse você, vai saber por onde essa maçã andou — Andrew ri.

— Andou pela minha boca — Matt responde, prestando atenção na estrada.

— É isso mesmo que eu estou dizendo — Meu irmão responde e eu dou risada. — Já era, tá envenenada.

 Rio mais um pouco e dou uma mordida. Sinto o sabor doce e levemente mais amargo e ácido que a de uma maçã normal. Involuntariamente penso em o que aconteceria se a maçã estivesse envenenada de verdade. Olho para a fruta novamente, depois para Matt pelo retrovisor. Seria possível? Talvez. Não sei se vou voltar a duvidar de alguma coisa.

Meu irmão e seu amigo começam a conversar sobre alguma festa, mencionando de algumas garotas e eu paro de prestar atenção automaticamente. Eu não preciso ouvir Andrew e Matt falando de suas transas casuais. Aliás, como eles conseguem? Acho tão estranho dormir com alguém dormir com alguém sem mais nem menos. Pelo menos, eu não consigo, e tive de aprender da maneira mais difícil. É uma longa história. Mas parece normal para eles, assim como parece normal para Sam. 

Matt estaciona na frente do colégio e, assim que nós três cruzamos a porta, o sinal toca. Corro até o meu armário para pegar meu caderno e meu estojo e sigo para a aula. Nas aulas que tenho até o almoço chegar, eu vejo todos os meus amigos. Sam, os gêmeos, Nathaniel e, é claro, Kentin. Nós dois apenas trocamos alguns olhares, mas só. Eu estou tentando levar as coisas com calma, como se nada tivesse acontecido. Se não fizer isso, acho que vou acabar enlouquecendo.

Eventualmente, a hora do recreio acaba chegando. No mesmo instante que é possível ouvir o sino, todos os alunos se levantam, impacientes, e deixam o professor falando sozinho. Não vou mentir dizendo que sou diferente deles. Saio da sala e inspiro o ar do corredor, que é um pouco melhor do que o de dentro do cômodo. Vejo os cabelos dourados de Sam e vou até ela, andando ao seu lado.

— Ei, Sam — A cumprimento.

— Oi — Ela olha para mim e devolve um sorriso. 

— Tudo bem? — Pergunto e logo estamos na cantina.

Eu pego a bandeja cinza e coloco nas barras de metal que ficam na frente das panelas com o nosso almoço.

— É, na medida do possível — Ela responde, fazendo o mesmo. — Está tudo meio estranho, sabe? 

— Pois é — Pressiono os lábios. — Eu não estou sabendo lidar muito bem com isso. Não sei o que pensar. Acho que ninguém saberia.

— E pensar que o assassino ainda está por aí — Sam balança a cabeça, pagando o seu almoço e logo depois eu pago o meu.

— A gente tem que fazer alguma coisa — Murmuro.

— O quê? — Sam se vira para mim, quase derrubando sua bandeja. Seus olhos estão arregalados — Ruby, você enlouqueceu? 

Abro a boca para responder, mas então meu cérebro processa o que eu acabei de dizer. Merda. Eu esqueci completamente que Sam não sabe nada sobre o lado sobrenatural de Tenebris Bay. Eu estava tão imersa em meus pensamentos que nem me toquei que ela estava falando sobre outra coisa. 

— É sobre um assassino em série que estamos falando — Ela psica, chocada. — O que é que poderíamos fazer?

— Nada, eu só... — Continuo andar, tentando pensar em uma saída. — É que os policiais parecem estar mais perdidos do que a gente.

— E o que você quer fazer, sair perguntando para todo mundo quem é o assassino? 

— Esquece, Sam, eu só estava pensando em voz alta. — A encaro, aumentando a voz. Ela me encara de volta, em silêncio. Seus olhos azuis me fitam, encarando cada detalhe. Ela está me avaliando, e eu detesto isso.

— Você está estranha. — Ela diz, finalmente, e anda na minha frente para se sentar ao lado de Alexy.

O meu olhar encontra o de Kentin. Ele está sentado no mesmo lugar que ontem, deixado um lugar vago ao seu lado e ao lado de Armin. É automático, como se fosse possível identificar seus olhos verdes no meio de uma multidão. Inspiro, tentando agir normalmente. Me sento no lugar vago e começo a comer, sem dizer nada. Mastigo um pouco da minha salada e percebo que todos estão em silêncio. Ergo os olhos e percebo Alexy me encarando.

— O que foi? — Pergunto, depois de engolir.

— Vocês duas brigaram? — Alexy indaga, meio desanimado.

Eu e Sam discutimos às vezes, mas nunca brigamos para valer, até porque eu não tenho tantas amizades com garotas justamente para evitar problemas assim. Deve ser por isso que Alexy está achando estranho.

— Não — Respondo, olhando para Sam que está cutucando seu purê com o garfo.

— Ruby está estranha demais. — Sam resmungou, sem olhar para mim.

— Você vai ficar brava comigo? — Franzo o cenho. — Eu só pensei alto.

— Não foi só isso, Ruby — Sam me encara com os olhos frios olhos azuis. — Sei lá, desde semana passada você está assim. Desde que os Cooperman morreram.

— Desde que o Kentin voltou — Alexy comenta.

Olho para Kentin rapidamente, nós trocamos olhares cúmplices e meu coração acelera. Ah, não.

— Viu? — Sam aponta para nós dois. — É disso que eu estou falando.

— É claro que eu estou diferente, eu estou com medo — Digo, tomando muito cuidado para que a minha voz não falhe. — Você mesma falou que tem um assassino por aí.

— É como se vocês estivessem escondendo alguma coisa — Ela diz, baixinho, e junta as sobrancelhas lentamente.

Eu congelo. Meu corpo quer se virar para olhar para Kentin, mas se eu fizer isso, vou parecer ainda mais suspeita, então me contento em olhar de Sam para Alexy, que me encaram com um misto de preocupação e desconfiança. Armin está jogando em seu console e Nathaniel não está presente. 

— Vocês acham que nós temos alguma coisa a ver com aquilo? — Pergunto, as palavras saindo devagar.

— Não é o que eu estou dizendo — Sam balança a cabeça.

— É o que você está pensando — Acuso, e sinto minhas bochechas esquentarem.

Estou com raiva. Ela é a minha melhor amiga, eu confio nela, como ela pode desconfiar de mim? Eu mal consigo matar um inseto, jamais chegaria perto de machucar uma pessoa. E ela não conhece Kentin, ela não pode acusá-lo dessa maneira. De repente, sinto dedos quentes envolvendo minha mão por debaixo da mesa. Fico sem reação por alguns instantes, assustada com o toque, mas quando os dedos de Kentin se encaixam nos meus, consigo me acalmar um pouco. 

— Nós não temos nada a ver com isso. — Ele diz, e é a primeira vez que escuto sua voz hoje.

— Então vocês não estão escondendo nada? — Alexy pergunta.

Aperto com força a mão de Kentin. Estamos falando baixo, me sinto em um interrogatório. Eu não quero mentir. Estamos escondendo algo? Sim. Tem alguma coisa a ver com as mortes? Sim. Como explicar que não somos assassinos? 

— Eu não quero me entrometer, mas... — Armin coloca o PSP em cima da mesa.

— Mas você vai. — Murmuro.

— Ontem vocês estavam dizendo que tinham que conversar — Armin ignora meu comentário. — E ontem à noite você ligou para mim e para o Alexy, mas, quando nós ligamos de volta, você não atendeu.

— Você ouviu a nossa conversa? — Digo, incrédula.

— Vocês estavam falando alto, não foi exatamente minha intenção. — Armin responde.

— Ruby me ligou também — Sam inclinou a cabeça.

— Eu só queria conversar com alguém — Bufo. — Obrigada por não estarem lá.

— Conversar sobre...? — Alexy ergue os ombros, esperando uma resposta.

E então eu não aguento. Olho para Kentin, suplicando por ajuda com os olhos. Eu sabia que algo assim acabaria acontecendo. Infelizmente, ele parece tão perdido quanto eu.

— Nós precisamos contar. — Eu peço, por fim. 

Pensando bem, é a única saída, não podemos ficar escondendo isso para sempre. Kentin pressiona os lábios e solta minha mão. Me sinto diferente, de repente.

— Discutimos isso — Ele resmunga. 

Eu queria ir para um lugar onde pudéssemos conversar sobre isso à sós, assim decidindo se revelamos para os outros ou não, mas se sairmos da mesa agora... Tenho a impressão que seria ainda mais suspeito para eles.

— Contar o que, droga? — Sam levanta a voz. — Só contem de uma vez.

— Não é simples assim — Retruco.

 — Ai meu Deus — Alexy diz, do nada, levando as mãos até a boca. — Ruby, você está grávida?

Sam leva as mãos à boca e Armin arregala os olhos, todos me encarando horrorizados.

— Não! — Grito.

Todos soltam o ar, suavizando as expressões.

— Você quer mesmo contar para eles? — Kentin pergunta, com o cenho franzido.

— Eles precisam saber — Dou de ombros, com medo de como eles vão aceitar.

—Tudo bem — Kentin cede. — Mas precisamos conversar em um lugar longe de... Bom, de todo mundo.

— Você percebe o quão ruim isso soa? — Armin ri, irônico.

— Vocês querem saber ou não? — Digo, impaciente.

Meus amigos se entreolham, considerando a opções internamente.

— Bom, papai e mamãe vão estar na Young's — Alexy diz. — Podemos ir para casa.

— Pode ser — Sam murmura.

Armin balança a cabeça, concordando.

Olho para Kentin, que dá de ombros, visivelmente nervoso.

Isso vai ser muito, muito difícil.
 


Notas Finais


Espero que tenham gostado ♥


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