História Blown - In love

~Lee SunMi on.

Nos seus olhos eu podia notar toda a fúria que o mesmo sentia enquanto apertava meu pescoço, mas no momento em que disse que estava fora de qualquer plano que ele tivesse em mente, os seus olhos refletiam a sua total confusão e até mesmo a tristeza. Meus olhos lacrimejavam sem parar pela forma como eu estava alterada e eu tinha uma vontade incontrolável de sair correndo dali.

-Como é que é?-Mino pergunta desacreditado. Respirei fundo e tentei me controlar ao máximo para ser firme em minhas palavras. A minha decisão estava tomada, depois de todo aquele horror que eu ouvi eu não poderia continuar ao lado de Song MinHo. Foi horrível ter que escutar a dor do irmão de JaeHo.

~FlashBack on.

Estranhamente o que o Mino falava sobre JaeHo não me parecia a verdade por completo, havia uma sensação dentro de mim que exigia que eu descobrisse mais do que ele falava. Talvez eu estivesse seguindo em meu pesadelo? Talvez, mas eu tinha o sentimento de que havia muita poeira debaixo do tapete de Song MinHo.

Eu mal consegui dormir, pois todos os piores pensamentos possíveis perturbavam minha mente. Eu estava aflita por não ter notícias de JinHwan e ao pensar no pior eu me desesperava.

Quando os raios de luz solar começaram a iluminar o Céu, levantei-me de minha cama e comecei a me arrumar. Eu iria atrás de respostas e mesmo não sabendo onde ele ficava, eu sabia bem como chegar lá. Fui até o meu closet e digitei a senha do cofre, eu havia guardado parte deste dinheiro por muito tempo. Mesmo acreditando que eu poderia viver uma vida estável ao lado de Mino por muito tempo, coisa que eu já não tenho tanta certeza agora, eu sempre economizei o dinheiro que ganhava nos golpes, pois nunca se sabe quando você precisa de algo. Eu não acho que o SeungYoon me falaria onde ficava o ponto de comércio do Mino, a menos que eu lhe desse algo em troca desta informação.

Peguei uma mochila e coloquei alguns maços de dinheiro, e saí de meu quarto. Como era muito cedo, eu duvidaria muito que Mino já estivesse acordado ou que já estivesse fora de seu quarto. Meu único problema seria se o JiWon estivesse na sala e perguntasse onde eu estava indo. Desci as escadas nas pontas dos pés praticamente e para o meu alívio não encontrei ninguém até sair de casa. Chegando em algumas ruas depois da casa de Mino, liguei para SeungYoon e pedi que viesse me encontrar.

Ele não demorou muito para chegar e logo que me viu entrando no carro, naquela rua, o mesmo já estranhou.

-Onde fica o ponto em que o Mino comercializa as drogas?-Pergunto sendo o mais direta possível.

-Como?-Ele arregala os olhos.

-Me leve até lá.-Falo e jogo a mochila em seu colo.

Fico impressionada com a falta de ética e grande ambição de alguns, sendo assim, capazes de trair alguém muito perigoso. Eu poderia não estar me importando com o que o Mino faria com SeungYoon, caso ele descobrisse que foi o mais novo que me levou até a verdade, mas eu não deixaria que Mino descobrisse o SeungYoon, seria muita falta de humanidade de minha parte.

SeungYoon aceitou o dinheiro sem que eu precisasse insistir muito e me levou até o interior de Gangnam, onde parou frente a um galpão, suponho.

Saí receosa do carro e pedi que SeungYoon fosse embora, na volta eu poderia chamar um táxi.

Olhei em volta para ver se não tinha alguém me seguindo ou algo do tipo, vendo que não havia ninguém, comecei a dar passos largos e apressados até a porta do local, aquele galpão parecia abandonado e ao ver que a porta estava destrancada, entrei no mesmo e me deparei com com um interior completamente bagunçado. Latas e garrafas de bebidas espalhadas pelo chão, sofás e poltronas destruídos, móveis aos estilhaços e, manchas de sangue no chão. Aquele lugar poderia ter sido como o inferno para alguém em algum momento, só de andar por aquele local eu sentia calafrios e o clima pesado.

-O que faz aqui?-Escuto uma voz atrás de mim e logo gelo, pronto, eu fui pêga. O medo me consumia até porque eu estava colocando a minha vida em risco ao “trair” Song MinHo, já que ele acredita que quem desconfia dele e investiga, o trai.

Me virei lentamente e me deparei com um garoto alto, com cabelos loiros e rosto muito bonito, apesar dos cortes e hematomas.

-Vo-você mora aqui?-Indago.

-Não, o meu irmão morava aqui.-Ele fala.

-Você é o irmão do Kim JaeHo?

-Sim.-Ele fala e posso sentir a tristeza em sua voz, algo que inexplicavelmente fez meu coração se apertar.-Mas você não respondeu a minha pergunta. O que faz aqui?-Pensei se deveria responder, afinal eu não sabia se de fato ele era irmão de JaeHo, talvez o Mino tenha me descoberto e o colocou em minha cola. Mas algo nele não me parecia ser ofensivo para mim.

-O que eu estou fazendo aqui?-Desvio os olhos dele.-Eu…eu estou investigando a morte de seu irmão.

-E você é algum tipo de investigadora da polícia ou algo do tipo?

-Na verdade não, mas estou investigando…

-Olha, eu não sei porque está aqui, mas não use isso como uma piada ou brincadeira…

-Eu não estou brincando. Estou falando sério. Eu estou aqui para descobrir o que aconteceu com Kim JaeHo.

-E por que está investigando, se não é da polícia? Por que a morte de meu irmão te interessa?-Eu não havia notado quando ele tinha começado a ficar exaltado, mas agora o garoto gritava e tinha seu rosto vermelho.

-Porque eu vi seu irmão sendo torturado antes de morrer.-Falo e engulo em seco.-Se eu descobrir os detalhes de sua morte, pode ser que eu tome um novo rumo em minha vida.

Notei sua expressão confusa e até eu estava confusa naquele momento, mas eu sabia que existia algo a mais na morte de JaeHo e descobrir isso poderia haver algum efeito em minha vida.

-Qual o seu nome?-Ele indaga.

-SunMi. Lee SunMi.

-Quem estava torturando meu irmão, SunMi?-Ele vem até mim e pega em meus ombros, fazendo com que eu reparasse em seus olhos marejados. O seu desespero era mais que evidente e sua dor também, o que me fazia me arrepender de ter vindo até aqui e tocar na ferida alheia.

-E-eu não vi seu rosto direito, só vi.-Minto e sinto suas mãos relaxarem em meus ombros. O garoto desabou no chão, com as mãos cobrindo seu rosto, mas não era possível esconder seu choro alto e intenso.

[...]

Depois de acalmá-lo e conversar com o irmão mais novo de JaeHo, descobri o que de fato havia acontecido com JaeHo e sua família. Eu me sentia traída por Mino naquele momento, ele ousou mentir para mim e ao pensar nisto, a minha raiva crescia cada vez mais.

Joon Hyun, irmão de JaeHo, havia perdido toda a sua família e seu lar em um incêndio, como se já não bastasse perder seu irmão, perdeu a família inteira. O garoto de dezenove anos estava sem rumo ou perspectiva alguma de vida neste momento e estava vivendo naquele galpão. Seus cortes e hematomas foram causados por uma briga de rua, onde o garoto estava bêbado ao tentar fugir de sua dor, e acabou sendo mal interpretado e espancado.

O garoto sabia da profissão de seu irmão e de todas as coisas erradas que ele fazia, mas não entendia o porquê de seu irmão ter sido assassinado, e eu não poderia dizer o motivo, já que isso entregaria o Mino e em seguida eu mesma. Eu me sentia mal por estar mentindo para Joon Hyung ao dizer que era apenas conhecida de JaeHo e que não havia visto o rosto do torturador de seu irmão, mas eu não poderia ir além disso. Contar a verdade para ele, iria tanto prejudicá-lo quanto à mim. O garoto procurava por justiça, mas ao saber que JaeHo vendia drogas, os policiais da região começaram a levar o caso como “um traficante a menos”.

~FlashBack off.

-Eu estou fora de sua vida e de seu plano baixo.-Repito. É óbvio que existia o medo de sua reação dentro de mim, mas a minha raiva era ainda maior. A raiva de alguém, que além de mentir para mim, foi capaz de fazer coisas monstruosas. Matar a família de alguém já era horrivelmente de outro mundo, imagine fazer com que o dono da família fizesse isto?! Se Song MinHo soubesse da dor de Joon Hyung e escutasse sua dor, ele pensaria no mal que havia causado por causa do dinheiro. Ele deixou um garoto de dezenove anos sem família e sem um lar, por meras notas de dinheiro!

-Você não seria capaz…-Ele se coloca de pé e passa a me encarar no chão.

-Eu não posso continuar a amar um monstro.-Me coloco de pé com dificuldade e logo sinto dores em minhas costas, assim como em meu pescoço e cabeça.

Mino estava em choque total, com seus olhos arregalados e eu sabia bem que o mesmo estava imerso em seus pensamentos, tentando entender se aquilo era real de fato. Eu também estaria neste estado se estivesse em seu lugar, até porque é muito difícil acreditar que alguém totalmente boba pode se rebelar em algum momento, mas eu já havia me preparado para ir embora deste lugar.

Eu deveria deixar aquele escritório antes que Mino decidisse fazer algo para me impedir ou que os meus próprios sentimentos dessem para trás, eu não queria ter que dar para trás por meus sentimentos aflorados por Mino, por meu amor inexplicável por ele ou até por querer ter um final feliz com o mesmo.

Sendo assim, deixei aquela casa e entrei no táxi que já me esperava, eu havia preparado tudo para deixar tudo para trás de fato. Pedi que me levasse até um hotel em uma parte isolada de Seoul, onde eu me manteria o mais afastada possível de Mino, até para não me arrepender e correr para seus braços.

Senti meu celular vibrar no bolso de minha calça jeans e presumir ser Mino, então deixei que o mesmo tocasse o quanto quisesse, pois eu não iria atendê-lo. Ao chegar naquele quarto de hotel, deixei minhas coisas em um canto e decidi ir tomar um banho para tirar todas aquelas coisas ruins de meu corpo.

Quando saí do banho, vesti roupas quentes e me joguei naquela cama de hotel. Involuntariamente eu limpava as lágrimas que deslizavam por meu rosto com frequência, tudo o que estava acontecendo estava deixando meus pensamentos e sentimentos em uma bagunça total, nem eu mesma acreditava que havia feito o que fiz.

Levei um susto ao ter meu celular vibrando ao meu lado e decidi atendê-lo quando vi que se tratava de ZhouMi. Ele havia passado o dia inteiro tentando falar comigo, mas eu não o atendi sem mesmo conferir quem me ligava. O mais velho queria se encontrar comigo esta noite e alegava estar sentindo minha falta, escutar suas palavras faziam com que eu me sentisse melhor, mas mesmo assim eu neguei o nosso encontro, eu não tinha emocional para me encontrar com ele ou com qualquer outra pessoa.

“-Onde você está?”-Ele pergunta.”-Eu posso vê-lá?”

“-Eu não estou em casa e acho melhor não me encontrar com você, eu posso tornar nosso encontro em um pesadelo.”

“Pesadelo será se eu apenas deixar que sofra sozinha e não puder vê-lá.”-Ele fala e uma sensação de conforto me abate.”-Você pode até não me contar o que se passa com você, mas por favor, não evite que eu fique perto de você.”

Eu já tinha mais lágrimas em meus olhos e não entendia minha fraqueza naquele momento, palavras tão simples nunca fizeram tanto efeito em mim. Talvez porque eu nunca as tivesse escutado com tanta sinceridade.

“-Eu tenho algo que preciso lhe falar, eu pensei muito sobre isso enquanto estava longe. Pode ser cedo demais, mas eu não quero assustá-la”.-Ele fala.”-Pode não ser o momento certo e você pode não estar com cabeça para isto, mas talvez o fato de eu estar apaixonado por você conforte seu coração e a faça acreditar que não está sozinha”.