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História Blue - Capítulo Único


Escrita por: BellBell

Notas do Autor


CRÉDITOS E MÚSICA NAS NOTAS FINAIS

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Blue - Capítulo Único

As lágrimas pesavam meus olhos, pareciam cacos de vidro rasgando minhas bochechas, como facas afiadas caindo em meu colo.

Dizem que alguém que ama de verdade nunca abandona. Dizem que há um lindo céu azul; um paraíso depois da morte.

Mas as pessoas mentem.

Eu via Justin naquela maca e sabia que estava o perdendo aos poucos, que sua vida estava escorrendo como areia pelas minhas mãos.

Tudo aquilo me doía imensamente, saber que ele estava se esgotando, acabando

O meu coração não conseguia suportar toda aquela dor, batucava nervoso em meu peito, machucado e agonizando, tentando entender por quê.

E eu estava respirando uma enorme confusão de tristeza e desespero.

Meu coração batia desesperado dentro de mim, correndo, debatendo, estourando como milhares de milhões de pequenas bombas, explodindo preso no peito, me causando inestimáveis estragos. Eu vivia pura dor.

Minha garganta estava seca e, por ela, subia o gosto amargo do medo desaguando na minha boca, nos meus olhos haviam pequenas lágrimas, mas um sorriso continuava a brindar meus lábios. Eu queria que ele lembrasse de mim assim, sorridente, esperançosa, pois ele me dizia que eu era sua luz, e eu não queria que isso mudasse. Nunca. Muito menos agora.

Justin Bieber é um idiota. E meu amor por ele é avassalador.

— Eu amo você, Blue. — Escutei Justin sussurrando, enquanto seu sorriso parecia tentar me confortar.

— Eu amo você, Coração. — Devolvi, sorrindo com nossa brincadeira triste.

Love hits hard, I know

(Amor bate forte, eu sei)

All your lights are red, but I'm green to go

(Todas as suas luzes estão vermelhas, mas eu estou verde para ir)

Quando eu conheci Justin Bieber, no verão de 2013, eu imaginei que ele seria apenas um caso de amor passageiro, um amor desses que vem avassaladores, derrubam seus limites, te fazem se sentir num filme de romance adolescente, e depois vão embora, deixando nostalgia, não saudade.

Como eu estava enganada.

Justin Bieber me destruiu por completo, quebrou minhas barreiras e, em apenas duas semanas, me mostrou que o mundo era colorido, que a felicidade era verdadeira, palpável e beijável. Ele me ensinou a ver a alegria, e eu a vi, em todas as cores, a felicidade tinha cabelos loiros e um sorriso bonito.

A minha felicidade é fazer o coração de Justin bater mais forte.

Used to see you high, now you're only low

(Costumava ver você para cima, agora você está apenas para baixo)

All your lights are red but I'm green to go

(Todas as suas luzes estão vermelhas, mas eu estou verde para ir)

I want you

(Eu quero você)

I'll colour me blue

(Eu vou me colorir de azul)

Ele me ensinou que o mundo é colorido, me mostrou que a cor não depende dos nossos olhos, e sim de nossa alma.

Eu nasci daltônica, praguejada pela tritanopia. Para ser exata, minhas íris são incapazes de captar as cores azuis e amarelas, mas ninguém pode dizer que tem o mundo mais colorido que o meu, porque Justin é minha aquarela.

Ele me mostrou que o arco-íris é a gente que faz. Ele transformou meu ponto final em reticências; meus sinais vermelhos em sinais verdes. Meu cinza em azul.

E, a cada segundo, eu precisava dele, necessitava de seu sorriso como se precisa de ar para respirar, doía sua falta, doía saber que os olhos de quem me ensinou a ver estavam tão próximos de se fechar.

Porque eu o amo. Incondicionalmente, eu o amo, mais que meu corpo pode aguentar; eu o amo. Ele é meu tudo, minhas cores, minha alegria, meu rei, meu pintor. E amá-lo foi o melhor erro que eu já cometi, porque ele me ensinou o sentido de viver, o sol após a tempestade, me ensinou que a beleza do mundo é colorir a vida e brindá-la com alegria. Antes de Justin Bieber, eu era robótica, hoje, eu sou viciada. Viciada nele.

Anything it takes to make you stay

(Qualquer coisa que faça você ficar)

Only seeing myself

(Apenas me vejo)

When I'm looking up at you

(Quando estou olhando para você)

Eu preciso dele para viver, para ver beleza nas coisas, para enxergar as cores que o daltonismo não me permite. Precisava dele para deixar a toalha molhada em cima da cama, para amarrotar meus lençóis, assistir reprises no domingo. Quem iria me fazer companhia no almoço, pegar as chaves de casa quando eu esqueço, falar bobagem sobre outras bobagens, impedir-me de cozinhar em paz e me amar se ele for embora?

Eu nunca poderia encontrar outra pessoa como Justin Bieber.

Ele era meu tudo.

Justin me mostrou a felicidade, me ensinou a enxergar alegria onde eu só podia ver dor. Quando ele descobriu que eu era daltônica, perguntou-me se aquilo me incomodava e eu apenas lhe disse que me sentia triste ao ouvir dizerem que o céu é azul. A palavra azul me dóia, pois era uma alegria que eu nunca teria acesso. Mas ele me deu a chave para acessar, apelidou-me de Blue, e agora, toda vez que a palavra azul saltava da boca de alguém, Justin vinha-me à cabeça e um sorriso vinha a meus lábios.

Mas, isso significava que se ele se fosse agora, a dor em ouvir a maldita cor me doeria mil vezes mais.

Era óbvio que eu precisava dele em cada detalhe.

E, mesmo com medo de perdê-lo, eu mantinha um sorriso falso de esperança. Era como manter as luzes acesas mesmo quando não há ninguém em casa. É um disfarce, uma proteção.

I can't say no

(Eu não consigo dizer não)

Though the lights are on

(Apesar das luzes estarem acesas)

There's nobody home

(Ninguém está em casa)

— Eu amo você, Blue. — Ele repetiu, doce, quebrando o silêncio que já reinava por muitos minutos.

— Eu amo você, Coração. — Sussurrei ao dizer, aumentando meu sorriso, mas em dobro o ritmo das lágrimas.

Fitei perdidamente as paredes cor-de-rosa do quarto de hospital, era estranho estar naquele quartinho rosa-bebê, visivelmente infantil, mas Justin havia insistido que o quarto não tivesse tons amarelos, azuis ou derivados destes, disse que eu ficaria mais confortável se as paredes fossem de uma cor que eu pudesse ver.

Me rachava o coração vê-lo cuidando de mim tão carinhosamente quando ele era quem precisava de cuidados, mas, como eu poderia ficar confortável com o sentido da minha vida quase falecendo na maca à frente?

Justin tem um tipo de arritmia cardíaca: a bradicardia. Seu coração não tem um ritmo certo, e, em seu caso específico, ele funciona quase em câmera lenta. A doença pode sim ser controlada com remédios, mas caso não sejam ingeridos, o paciente pode sofrer uma morte súbita.

Justin teve um ataque, eu quase morri de desespero quando estávamos assistindo nossa reprise de domingo na TV e meu noivo se lançou ao chão, contorcendo-se com espasmos e cravando as próprias unhas no peito esquerdo. Eu vi a dor em seus olhos, o medo em seus gritos surdos, eu vi que a dor que lhe tombava era tão forte que ele tentava arrancar seu coração para aliviá-la. Mas não era sequer comparável com a dor de pensar que ele morreria.

Desde então, Justin está internado, e eu estou definhando na poltrona colada ao seu leito.

Swore I'd never lose control

(Jurei que nunca perderia o controle)

Then I fell in love with a heart that beats so slow

(Então eu me apaixonei por um coração que bate tão devagar)

Dizem que alguém que ama de verdade nunca abandona. Dizem que há um lindo céu azul, um paraíso depois da morte.

Mas as pessoas mentem.

Porque para mim, só existe azul em Justin, com Justin. Ele é meu azul, meu amarelo, meu arco-íris e minha tinta. Como pode me haver tudo isso sem ele? Por que a morte é tão miserável? Por que Justin Bieber tinha que ter me comprado aquela maldita aliança?

O tratamento de Justin era caro, o problema cardíaco dele tinha milhares de peculiaridades, tornando cada pílula tomada por dia uma fortuna, cada visita ao médico, um assalto a nossa poupança. Mas nós vivíamos bem, não passávamos dificuldades, muito menos fome, vivíamos uma vida sem luxo, porém sem faltas. Eu recebia bem trabalhando como veterinária, e Justin era um professor numa creche. Tudo era equilibrado.

Até que Justin resolveu me comprar um anel. Um anel que colocou sua vida na corda-bamba.

I know you're seeing black and white

(Eu sei que você está enxergando em preto e branco)

So I'll paint you a clear-blue sky

(Então eu vou te pintar um céu azul)

Without you I am colour-blind

(Sem você eu sou daltônica)

It's raining every time I open my eyes

(Está chovendo toda vez que abro meus olhos)

Para pagar a fortuna que custou a aliança de brilhantes, ele começou a tomar remédios genéricos, no lugar dos originais, até mesmo usando doses menores, ignorando as exigências do médico, além disso ele estava trabalhando mais do que devia, se esforçando mais do que podia.

O sorriso de Justin ao me entregar a jóia foi o mais radiante de todos. Maior foi a minha felicidade ao ver o brilho em seus olhos, eu não me importava se o anel era de ouro ou de papelão. Eu me importava com ele. Com a boca dele colada na minha.

E naquele momento eu soube que não havia outra resposta para seu pedido de casamento do que sim; negar seria um crime contra mim mesma, seria dizer não a felicidade.

Eu queria aquele homem, queria sempre, para sempre. Nosso amor era eterno. Cada palavra nos unia mais e cada beijo era como correntes que nos prendiam juntos. E senti-lo derramar-se dentro de mim enquanto tinha seus olhos fixos nos meus, era assinar nossa sentença, nossa promessa de amarmos um ao outro acima de nós mesmos. Uma jura impossível de descumprir.

Mas, agora, a dor avassaladora dentro de mim gritava aguda, berrava tão alto que as ondas de som podiam me esmagar contra a parede. Gritava, dizendo em sua voz de navalha que eu não poderia viver para sempre com Justin, que a morte o tiraria de mim antes de subirmos ao altar para ouvir o até que a morte nos separe.

Não parecia justo.

Não era justo. Nós nos amávamos acima de tudo, cuidávamos um do outro como se só aquilo importasse, éramos os mais felizes do mundo. E me agoniava saber que eu estava o perdendo. Por quê? Só podia ser uma obra do próprio diabo, como uma coisa tão cruel e dolorosa assim podia acontecer com pessoas tão inocentes? Nós nunca fizemos nada de ruim! Nunca fizemos nada além de nos amarmos!

Por quê?

A agonia rasgava meu peito, o sorriso forçado já havia desaparecido, meus olhos afogavam-se em lágrimas, doíam com a força com que elas saíam, desesperadas, agonizantes, cortantes feito metal. Me engasguei entre um dos soluços de choro, sentindo a falta de ar espremer meus pulmões. Corri desesperada para a janela, buscando ar, buscando vida, buscando o céu cinza.

Dor.

Agonia.

Desespero.

Tudo isso, junto, pesados, batendo-me, rasgando-me.

E um único som se fez no ambiente, tão cortante que ofuscou o barulho sôfrego do meu choro.

— Eu te amo, Blue. — Foram suas palavras murmuradas antes do som agudo e contínuo da máquina que monitorava seu coração gritar que aquilo era o fim.

Eu te amo, Coração. — Minha voz baixa soou junto à uma brisa fria que acertou minhas costas enquanto eu estava sentada no parapeito da janela. Mas ele não ouviu. E eu também não ouvi mais nada, apenas o escorregar do meu corpo lançando-se para fora do prédio, e meus olhos, perdidos, apagaram-se enquanto eu encarava o límpido céu. E ele até mesmo me parecia... azul.

 

So I'll paint you a clear-blue sky

(Então eu vou te pintar um céu azul)

Without you I am colour-blind

(Sem você eu sou daltônica)


Notas Finais


Beta Reader @TridentDoDallas
Sinopse @_Corashawn
Link da música https://youtu.be/ozKWaCgQxeI
Songfic inspirada na música Blue — Troye Sivan feat Alex Hope
A fic ficou maravilhosa, eu sei.


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