1. Spirit Fanfics >
  2. Blue Bird >
  3. Porque eu olho e vejo

História Blue Bird - Porque eu olho e vejo


Escrita por: rainfiorest

Notas do Autor


i love i love i love myself
i love i love i love myself
and you should love yourself more

Capítulo 19 - Porque eu olho e vejo


 

Porque eu olho e vejo

 

Pela primeira vez em semanas, Sakura conseguiu ter uma boa noite de sono.

Ela e Sasuke não tinham conversado muito mais. Sakura acabara por fazer um chá e beberam-no em silêncio. Depois ele foi embora e ela arrumou a confusão em que a cozinha ficara.

De madrugada, quando acordou, sentia-se mais leve. Encontrou-se com Kakashi para almoçar, já que no dia seguinte ele partiria em missão e só voltaria dali a algumas semanas. Desconfiou que os outros dois colegas de equipe também fossem, mas, quando lá chegou, só encontrou Kakashi.

— Kakashi-sensei — cumprimentou, sorrindo e sentando-se ao lado dele.

— Sakura. — o sensei sorriu também, erguendo uma mão em cumprimento. — Como te sentes?

— Bastante melhor. Hoje dormi bem. — o tom de orgulho com que o disse comoveu Kakashi. Sabia quão mal ela estava, pois passava exactamente pelo mesmo. Todas as noites sonhava com Obito e Rin, e todas as noites eram uma tortura.

Contudo, não tinha ataques de pânico, nem se tornara híper sensível ou paranóica, como ela. Sakura estava a passar por um mau bocado e isso preocupava-o cada vez mais. Desconfiava saber qual o problema dela, mas, não sendo qualificado para dizê-lo, apenas esperava que ela visitasse um psicólogo o mais rapidamente possível.

— Ainda bem, Sakura. — limitou-se a dizer, genuinamente feliz por aquela pequena vitória. — Alguma coisa mudou?

Viu a ex aluna debater-se contra si própria, os seus lábios abrindo e fechando sem saber ao certo se devia contar ou não o que tinha em mente. Sim, tinha acontecido alguma coisa.

— Sasuke-kun… — soltou, mas voltou a calar-se. Mordia o lábio inferior, nervosa.

— Ele fez alguma coisa? — encorajou-a.

Sakura acenou com a cabeça, as mãos agarrando no menu até quase o amarrotar. Suspirou profundamente, voltando-se então para Kakashi.

— Ele visitou-me ontem. — fez uma pausa, para observar a reacção do jounin; mas este conseguiu esconder bem a surpresa, ainda que já esperasse algo assim. — Devolveu-me a fotografia e exigiu a dele… — calou-se novamente.

— E deste-lha?

Sakura remexeu na sua bolsa, tirando de lá um embrulho, que pousou em cima do balcão. Kakashi olhou para ele apenas de relance.

— Planeava dar-lha agora. Ontem eu não… — mordeu novamente o lábio, e Kakashi percebeu que aquilo estava a ser realmente difícil para ela — Não reagi muito bem e não sabia o que fazer. Ele — franziu as sobrancelhas, olhando directamente para Kakashi — ele pediu-me desculpa.

O silêncio instalou-se, e entretanto o empregado perguntou-lhes o que queriam comer. Sakura pediu o do costume e Kakashi o mesmo. O sensei só voltou a falar depois de o empregado se afastar.

— Fico feliz, Sakura. — disse, sinceramente. Finalmente aquele Uchiha idiota fizera algo que não era completamente egoísta. Embora, tratando-se de Sasuke, não era difícil encontrar razões por que aquilo poderia ser benéfico para ele e pouco altruísta. Contudo, por Sakura, Kakashi preferiu acreditar na bondade emergente de Sasuke. — Fico mesmo feliz.

Sakura sorriu, aliviada. Um peso parecia ter-lhe saído das costas, e até a sua postura melhorara. Kakashi sentiu-se mal por lhe dar a má notícia.

— Mas Sakura — disse — Sasuke não vem almoçar connosco. Tsunade chamou-o para ir tratar de papelada.

— Ah… — a desilusão cobriu-a instantemente, e os seus olhos pousaram no embrulho — Bem, não faz mal. Entrego-lhe mais tarde. — guardou a fotografia — E Naruto?

— Atrasado.

 

x

 

Sasuke pareceu genuinamente surpreendido quando Sakura lhe apareceu à porta, dois dias depois. Na verdade, ela planeara ir lá antes, mas perdera a coragem. Desta vez conseguira, mas arrependeu-se assim que o Uchiha abriu a porta.

Ele estava com um ar bastante estragado. Nódoas negras, arranhões e pequenos cortes cobriam-lhe os braços e pescoço, e até tinha um olho negro.

— Sasuke-kun, o que é que te aconteceu? — perguntou, preocupada.

— Ahh, estive a treinar com Naruto. — ele abriu mais a porta, dando-lhe entrada; sabia que, agora que ela o vira, jamais se iria embora sem primeiro curá-lo. E, de certo modo, ele até agradecia que ela o fizesse. — Que fazes aqui?

Sakura não soube bem como responder, por isso simplesmente ignorou a pergunta e entrou. Ordenou-lhe que se sentasse — o que ele obedientemente fez, após fechar a porta — e tomou o caminho, que já lhe era familiar, até à casa de banho.

— Vocês ainda se vão matar um dia destes. — censurou, regressando com o kit de primeiros socorros. — E vai sobrar para mim cuidar do resto. Levanta os braços, deixa-me ver essas equimoses.

Curou facilmente os ferimentos mais pequenos, mas apenas desinfetou e colocou um penso nas que, apesar de não serem graves, eram mais complicados. Não que não pudesse curá-las também. Mas não era nada urgente e, de certo modo, serviria de lição para ele ter mais cuidado.

— Ah, obrigado. — agradeceu Sasuke quando ela terminou. Sakura pousou as mãos nas ancas, suspirando. — Agora — o Uchiha olhou-a intensamente — porque é que vieste aqui?

Sakura deixou-se cair numa cadeira, evitando o olhar dele. Lentamente, retirou a fotografia da mala e pousou o embrulho em cima da mesa. Sasuke olhou para ele por um momento, inexpressivo, antes de voltar novamente a olhar para Sakura. Franziu o sobrolho.

— Onde é que estava?

— Em minha casa.

— Como? Karin correu a casa toda à procura dela.

— Não — Sakura abanou a cabeça — ela procurava a minha. Que estava no meu quarto, bem em cima da secretária. Sinceramente, era bastante escusado ela ter virado a casa de pantanas por algo que estava mesmo à vista.

Sasuke não reagiu, mas, quando o fez, foi com um sorriso de deboche.

— Precisava de marcar território. — respondeu serenamente — Para saberes que lá esteve alguém. Só assim iriam procurar especificamente por alguém nos arredores de Konoha, e só assim me encontrariam.

— Não bastava levar a fotografia? — surpreendentemente, Sakura estava bastante calma. Talvez já tivesse desistido de se irritar com os jogos de Sasuke. Ou talvez sentisse que aquela era a sua oportunidade de colocar tudo em águas limpas.

Sasuke encolheu os ombros. — Tínhamos de ter a certeza que a mensagem passava.

Sakura suspirou, pousando o queixo no punho.

— Para ser franco — retomou Sasuke, após algum silêncio — Quando a mandei aqui, não tinha a certeza se ia voltar ou não. Por isso, a confusão foi tanto uma pista quanto uma provocação.

Ela assentiu. Aquilo era exactamente a cara de Sasuke. Ele tornara-se bastante mesquinho desde que partira; mostrara isso nas vezes em que se tinham encontrado. Contudo, desde que regressara, tinha vindo a melhorar bastante nesse e muitos outros aspectos. Se não tivesse, não estariam ali a conversar naquele momento, e Sakura não teria sequer passado da porta.

— Eu tinha a fotografia em casa dos meus pais — confessou, quando achou apropriado fazê-lo — Não sei porquê, mas achei que lá ficava mais segura.

Ambos olharam para o embrulho castanho. Sasuke pegou-lhe, avaliando-lhe o peso antes de desembrulhar. Quatro rostos cumprimentaram-no quando olhou para a fotografia. Não havia nada de diferente entre esta e a de Sakura, mas, de alguma forma, sentia-se aliviado por ter a sua de volta.

— Porque é que tiveste a minha tanto tempo? — perguntou ela, despertando-o.

— Porque não tinha a minha. — voltou a pousá-la na mesa. — Nem sabia onde estava.

— Como soubeste?

Sasuke encolheu os ombros. E Sakura soube que ele jamais responderia a essa pergunta. Contudo, não precisaria de fazê-lo — só três pessoas lhe podiam ter dito.

— Sasuke-kun — chamou. Ele ergueu apenas ligeiramente os olhos para ela. — Ontem… estavas a falar a sério?

— Sim.

— Sobre quereres voltar ao que era antes?

— Sim.

— Sobre quereres perdão?

— Sim.

— Sobre…

— Sakura. — interrompeu-a, firme, olhando-a agora directamente nos olhos — Falei a sério sobre tudo.

Sakura mordeu o lábio, anuindo. O coração batia mais depressa do que devia e sentiu os olhos ficarem húmidos também — mas não de raiva nem de tristeza.

De alegria e de esperança.

— Bem — levantou-se, atrapalhada, e dirigiu-se à porta — Eu tenho de ir embora. Sasuke-kun, por favor tem mais cuidado contigo. — abriu a porta, voltando-se para ele. Sasuke ainda estava sentado, olhando-a de longe com um misto de nada e de curiosidade — Kakashi-sensei amanhã não vai estar cá. Mas podemos ir almoçar juntos, não? — surpreendentemente, o Uchiha acenou afirmativamente; Sakura procurou rapidamente ignorar o choque, considerando que estava mesmo a contar que ele recusasse. — Sugoii. Vou perguntar ao Naruto se quer vir também.

Depois saiu, deixando Sasuke sozinho com as suas mazelas e a sua fotografia. 

 

x

 

Mas no dia seguinte Sakura não apareceu para almoçar. De manhã, ao sair de casa, um grupo de crianças passou a correr por ela a jogar à bola. A bola atravessou-se no caminho dela, assustando-a, e acabara a ter um ataque de pânico bastante único. Enrolada em si própria, tremendo e gemendo, teve de ser levada à força para o Hospital pelos paramédicos.

Mas Sasuke e Naruto não sabiam disso e, enquanto Sakura estava adormecida numa cama de hospital, eles esperavam por ela no Ichiraku Ramen. As horas passaram, até desistirem de esperar por ela e comerem.

— Não parece nada da Sakura-chan faltar assim — comentou Naruto, preocupado. — Será que aconteceu alguma coisa?

— Tenho a certeza que ela avisava. — respondeu Sasuke, mal humorado.

Só mais tarde, quando Naruto regressava a casa, é que um mensageiro de Tsunade lhe contou o que se passara.

— Teme! — berrou, arrombando a porta de Sasuke e entrando violentamente — Sasuke! Sasuke! — O Uchiha apareceu na cozinha, irritado, preparado para expulsar Naruto a pontapé e ensiná-lo a parar de arrombar portas. — Sasuke, a Sakura-chan está no hospital!

Sasuke não reagiu. Qual era o problema? Ela trabalhava lá, não trabalhava?

— Não, seu idiota — Naruto agarrou-o pela gola da camisola — Ela está doente!

 

x

 

Um quarto de hora e os dois já estavam no hospital. Naruto berrava, exigindo ver a amiga, enquanto Sasuke mal conseguia impedi-lo de agredir os enfermeiros. Ninguém queria deixá-los ir ver Sakura.

— Kuso! — praguejou o Uzumaki, deixando-se cair numa cadeira, desolado — Ela ainda ontem estava bem…

— Não, não estava.

Naruto levantou rapidamente a cabeça, surpreendido. Sasuke manteve uma expressão neutra, devolvendo-lhe um olhar firme.

— Como assim? — interrogou Naruto.

— Incrível como estás com ela todos os dias e não percebes, Naruto. — Sasuke massajou as têmporas, saturado — És um idiota… — Naruto continuava a olhá-lo, ansioso, pedindo que explicasse o que se passava — Ela emagreceu imenso nos últimos meses. E acho que não andava a dormir bem.

— Como é que podes saber disso e eu não? — indignou-se o loiro.

Sasuke suspirou. — Porque eu olho e vejo; tu só olhas. — fez uma breve pausa, para dar ênfase às palavras — Kakashi sabia o que se andava a passar.

— Mas ele não está aqui agora, pois não?

Sasuke olhou para Naruto, e encontrou fúria no rosto dele. Decidiu que não adiantava de nada provoca-lo mais. Toda a situação era já suficientemente má para Naruto.

 

x

 

Só no dia seguinte deixaram-nos visitar Sakura. Sasuke quisera ir para casa, mas Naruto decidira passar a noite no hospital e o Uchiha acabara por fazer-lhe companhia.

Quando chegaram ao quarto de Sakura, esta estava sentada, os braços amarrados ao corrimão da cama e com um tubo que ia desde o seu braço até a um saco. Surpreendeu-se ao vê-los ali.

— Naruto, Sasuke-kun… — murmurou, incapaz de assimilar bem a presença deles — Que fazem aqui?

— Que pergunta mais idiota, Sakura-chan! — enfureceu-se Naruto. — O que te aconteceu? Que se passa?

— Ah, Naruto, não é nada de grave…

Mas o colega não estava a ouvi-la. Irrompeu numa centena de perguntas, ora preocupado, ora furioso, desmanchando-se em todo um monólogo sobre a importância de confiar nos amigos e que devia ter dito alguma coisa se estava mal. Sakura escutou pacientemente até ele se calar. Só então ele reparou que ela estava a chorar.

— Sakura-chan — apressou-se a abraçá-la — Desculpa, Sakura-chan, não queria piorar.

— Não, Naruto-kun, tens razão. Eu devia ter-vos contado.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...