História Blue Bird - Pássaro azul

A chuva começa a cair, o vento sopra forte, os trovões iluminam a escuridão do céu. No terceiro andar do grande prédio hospitalar, exatamente no vigésimo nono quarto, encontrava-se Jeon. Deitado a cama com a respiração lenta e fraca, o seu semblante suave, agora, estava carregado de emoções... As tristes, o corpo pesado e relutante não queria morrer. No silêncio da tarde podia-se ouvir atentamente o som do grande aparelho cardíaco, a pequena linha subia e descia, devagar e calma, as gotas de soro caiam uma por uma, sustentando um corpo que nem se quer sabia que estava ali. Os olhinhos fechados, pobrezinho, nem a chuva que amava tanto poderia escutar...

Do outro lado se encontrava Park, estirado no chão com o corpo gélido, o pássaro azul em nenhum momento o deixou só, pelo contrario, cantou aquela linda melodia que Park jurou ser para ele e para o amado. Era suave, era calma, era essa a melodia... Os pingos de chuva adentravam o cômodo da sala molhando as resistentes pernas, por dez longos e ‘’eternos’’ minutos, não é possível se ouvir absolutamente nada, o silencio toma o mundo, era como se ‘’ele’’ entendesse o sofrimento. Primeiro os olhos abrem com dificuldade,  as pernas sentem a água e as mãos por fim o levantam.

Era estranho, ou talvez não, uma dor o preenchia, seu coração sentia... O pássaro azul cantou. Como se entendesse e quisesse chamar a atenção de Park, voou, voou janela a fora, mesmo na chuva forte, voou. O homem parado com a mão no peito o apertando em busca de paz correu, correu em direção a rua, embora parecesse louco em acreditar, sabia que ele, aquele lindo animalzinho o traria de volta... O seguiria ate o fim do mundo se assim fosse necessário.

Com as mãos fechadas e pedindo a Deus que o amor de sua vida estivesse bem, caiu, correu e correu, não importa onde, o encontraria de qualquer forma. O pássaro azul no céu a voar, piava fortemente enquanto ditava o lugar, fazendo curvas e mais curvas, demoraria, mas quem se importa?

‘’Há exatamente quatro anos atrás Jeon Jungkook deixou o homem que amava, e ainda ama, para trás. Park Jimin o homem que não mediu palavras e nem o orgulho, perdeu aquele que mais o fazia feliz ‘’Os melhores dias viram... ‘’ diziam as pessoas esperançosas por uma falsa ilusão, mas não veio, por nenhum sequer dia ambos foram felizes, sorrisos falsos já faziam parte de sua rotina. Mas Jeon nunca o deixava de observar, sim! Por um instante cogitou a idéia de ir ara longe e, talvez, nunca mais voltar, sim! Ele sabia que avia feito uma promessa... E diferente de Park, não priorizava o seu orgulho, mas sim o seu amor. Durante quatro longos anos, o observou de longe, cuidadoso, sabia sua rotina e seus deveres que continuavam os mesmo, o cuidou escondido... Queria o vê-lo bem, feliz, sorrindo...

Sua vontade era de ir ate ele e o abraçar fortemente e dizer que o amava, mesmo com todo seu irritante orgulho que o sobe a cabeça, mas não ouve tempo, pois Jeon teve recaídas a doença da tristeza, a matadora de almas, a depressão. Sem vontade de comer, dormir ou fazer qualquer outra coisa que seja, ele adoeceu, e lá naquele escuro quarto, Jungkook ‘’morreu’’. ‘’    

 Park parou junto ao pássaro, que se acolheu em uma arvore, em frente a um hospital, medo, medo era o que o tomava, as pernas tremulas não o obedeciam, tinham medo de cair novamente. Era triste, doía, mas precisava ir, precisava de Jungkook ali, precisava de seu amor.

Por fim, entrou, perguntou e subiu, a cada passo um suspiro pesado, a cada passo um coração despedaçado... Enfrente a porta do quarto, hesitou.

Sua mão tremula enfim tomou coragem, abriu... Abriu e via cena mais destruidora de sua vida, Jeon Jungkook, o amor de sua vida, com fios e mais fios por todo corpo, seus batimentos fracos, o barulho infernal do maldito aparelho ecoava por seus ouvidos. A primeira lagrima, a segunda, terceira, quarta... Desabou.

Chegou perto, ao seu lado, observando atentamente todos os seus traços, os que tanto amava. Segurou em sua mão e ditou as palavras e, lá de fora na grande árvore, o pássaro azul olhava.

- Eu fui um tolo cego. Não dei o valor que tanto merecia, eu me deixei envolver por esse maldito que é o orgulho. Eu me distanciei de você... Deixei que o que eu mais temia acontecesse... Te perder. Sei o que fiz e admito, estava errado! Mas eu sei o que sinto por você... Te procurei incansáveis vezes, chorei e por um segundo pensei em desistir, mas veja cá estou eu, molhado e arranhado neste quarto de hospital, mais uma vez chorando por você, o grande amor da minha vida. Você Jeon Jungkook me mudou, insistiu e fez eu me apaixonar, agora, por favor, não me deixe só... Eu não viverei sem você... É como a lua sem as estrelas. Você me completa, me faz ser quem eu sou. Eu te amo! Amo, amarei e sempre, sempre vou amar... Não importa se não me perdoar, eu irei cuidar de você e arcar com o coração partido, eu só quero te ter ao meu lado para sempre... Não importa quanto tempo demore, eu nunca vou desistir do teu amor.

‘’De acordo com a mitologia grega, humanos foram originalmente criados com quatro braços e uma cabeça com dois rostos. Temendo um poder grandioso, Zeus dividiu em duas partes, condenado os humanos a passar suas vidas tentando encontrar sua outra metade. ‘’

Os olhos do adormecido tremularam, abrindo-os lentamente, tentou sorrir... Com poucas forças apertou a mão de Jimin e ditou mudo ‘’Eu te amo’’, e por fim ouve-se um ruído ensurdecedor... O aparelho cardíaco agora marcava zero.

Park gritou em desespero, foi segurado e sedado... Não podia, Jeon não podia morrer.

O misterioso pássaro azul, estava esperando um perdão sincero, que o orgulho fosse jogado no lixo e desse espaço só para o amor, ele depositou toda sua fé naquelas duas pessoas e, agora, teve o esperado... O amor falou mais alto.

- Jimin! Jimin! Park Jimin... Acorde! Esta me assustando! – falou Jeon sacudindo o namorado.

Assustado, com os olhos marejados, Park levantasse e agarra Jeon em seus braços, sussurrando baixinho as mais lindas declarações, pedindo desculpas por sua forma tão rude, o implorando para que nunca o deixasse. Um beijo do mais puro amor.

- Calma... Foi apenas um sonho. –  sorriu.

E da janela podia-se ver, o pássaro azul sumindo no ar, mas desta vez... Deixando a eterna felicidade.