História Blue Eyes - Capitulo 02

Abro os olhos preguiçosamente, as cobertas macias acalentava meu corpo seminu, o cansaço e o stress das noites em claro por causa das provas se mostravam agora, já que sinto como um caminhão houvesse me atropelado.

Encaro o teto de madeira em cima de mim por mais ou menos três minutos esperando que minha mente acordasse por completo e me explicasse o porque o teto de meu quarto ser de madeira, já que meu amado lar é uma casa de Alvenaria. Puta Merda! Arregalo os olhos e me levanto de pressa me xingando internamente por não ter percebido de imediato que aquele não era meu quarto.

O local parecia como um quarto de uma cabana, além dos tetos, as paredes, os móveis e até o chão eram de madeira, tudo parecia artesanal e o cômodo estava muito bem arrumado, havia um tapete de pele cobrindo boa parte do chão, além de que a coberta a qual me cobria também era a pele de um animal desconhecido. Caminho rapidamente até o guarda roupa procurando alguma coisa que me sirva já que não encontrei minhas roupas e ficar andando apenas de boxer não era uma de minhas opções no momento.

Abro o pequeno guarda-roupa artesanal encontrando apenas peças menores do que meu numero, por sorte após muito procurar encontro uma calça moletom preta e uma camisa branca grande, vou até o bainheiro e me troco rapidamente.

Mesmo estando um pouco anestesiado por causa do sono, eu conseguia pensar plenamente, e foi em um desses pensamentos perdidos que percebi algo que me intrigou totalmente, eu deveria estar assustado e a adrenalina deveria já ter tomado minha corrente sanguínea fazendo meu coração palpitar desfreado, pois eu não tinha a mínima ideia de onde estou, mas estranhamente a única coisa que eu sentia era calma, um sentimento tão pacifico que parecia não provir de mim, além que o perfume do local me passava uma sensação de proteção, era meio amadeirado e másculo. Imediatamente a imagem do enorme Lobo negro se projeta em minha mente, tão próximo e ameaçador:

- A mordida. –sussurro para mim parando em frente ao espelho.

Observo o curativo feito do lado esquerdo de meu pescoço, e tomado pela curiosidade retiro um esparadrapo de um dos lados do curativo deixando à amostra a mordida, estava limpa, apenas um pouco avermelhada e inchada, mas nada comparada a uma mordida de lobo:

- É uma arcada dentaria humana.  – informo para ninguém além de mim mesmo.

Sentei-me sobre a cama novamente, antes eu queria ir embora sem nem olhar para trás, mas eu era a droga de um curioso nato e não conseguiria ir embora sem sanar minhas duvidas. Precisava urgentemente de um cigarro, mas sabia que não encontraria em lugar nenhum já que nem minhas roupas estavam ali. Ouvi vozes pela casa e me arrisquei sair do quarto.

Foi apenas eu pisar para fora do cômodo que percebo que estava enganado, aquela não era uma simples cabana utilizada por um dos caçadores. Havia um corredor extenso com várias portas iguais a do quarto onde eu estava, desci as escadas lentamente ainda surpreso pelo tamanho da casa:

- Jungkook devolva isso para o Jimin agora. – escutei alguém dizer próximo de onde eu estava.

- Mas Omma, ele fica me irritando com isso. – ouço a voz infantil resmungar.

Paro próximo ao batente da porta do local que vejo ser uma enorme cozinha, a criança de cabelos negros, olhos penetrantes e pele clara possuía agora um bico em seus lábios finos por ter levado bronca de sua...:

- Vejo que você acordou. – diz o garoto loiro ao perceber minha presença. – O café já está pronto, você deve estar com fome. – ele sorri apontando para uma mesa farta ao nosso lado. – Aproposito meu nome é Luhan.

... Omma? :

- Jongin, Kim Jongin. – apresento-me confuso.

- É um prazer Jongin, sente-se e coma a vontade.

Sento-me em uma das cadeiras e começo a comer os doces que estavam á minha frente, eu estava com fome e como ele mesmo ofereceu, quem sou eu para recusar:

- Está tudo bem meu anjo, agora peça desculpas. – percebo outro garoto entrar no local, este era um pouco mais baixo que Luhan, tinha os cabelos negros e olhos felinos acompanhados de um sorriso quadrado em quanto observava a pequena criança ao seu lado, que tinha um bico em seus lábios e os olhos ainda úmidos denunciando um choro recente.

- Jungkook. – escuto o tom de aviso de Luhan para a criança que agarrava uma de suas pernas.

Vejo Jungkook aproximar-se do outro garoto menor que si, esse tinha os cabelos castanhos e bochechas cheinhas:

- Me desculpa Jimin. – Jungkook entrega para ele um boneco o qual não consegui ver direito, e Jimin abre um doce sorriso onde seus olhos praticamente se fechavam. – Vamos brincar?

Ambos saem correndo para outro lugar e apenas com a saída destes percebi os olhares dos dois presentes apontados em minha direção:

- Prazer eu sou o Baekhyun. – se apresenta o moreno sentando-se ao meu lado.

- Jongin. – disse simples.

Ohei para o outro e percebi sua barriga arredondada, se fosse uma mulher eu diria que estava gravida, mas como era um homem para minha sanidade mental preferi pensar que ele estava escondendo uma bola embaixo de sua camisa:

- Vocês sabem me dizer o que aconteceu? Como vim para aqui? – pergunto diretamente já querendo ir embora, havia comido o suficiente e não queria mais ver homens escondendo uma bola em suas camisas trazendo ainda mais perguntas a minha mente perturbada, sem contar que meu corpo parecia implorar pela nicotina.

- Você desmaiou e te trouxemos para cá, ficou dois dias desacordado, mas foi um alivio para nós ao ouvir da curandeira que era apenas exaustão. – Luhan respondeu-me brevemente.

Não me surpreendi ao ouvir que fiquei dois dias desacordado, já que havia passado mais de três noites em claro estudando, entendi que não conseguiria as respostas que eu queria, me levantei para ir embora, eu realmente precisava de um cigarro e tinha total consciência que quando eu voltasse Taemin iria me matar:

- Onde vai? – perguntou Baekhyun.

- Obrigado por me abrigarem, mas preciso ir embora.

Observo ambos se olharem assustados:

- Por que não fica mais um pouco? Acabou de acordar depois de dois dias, acredito que não seja muito bom sair andando por ai. – diz simpaticamente o loiro e reviro os olhos internamente pela desculpa dada.

- Eu preciso ir.

Dou-lhe as costas e saio à procura da saída, não queria ser arrogante, mas havia percebido que ambos queriam me segurar ali e sinceramente eu não queria saber o porquê disso.

Ao sair pela porta um choque percorre meu corpo Onde caralhos eu estou? É a pergunta que rondava minha cabeça. Era como uma vila antiga, havia vários tipos de pessoas andando de um lado para o outro, crianças brincavam e cantavam, alguns adultos conversavam, podia se ver outras casas de madeiras espalhadas, mas estas bem menores da que eu havia acabado de sair e o mais louco de tudo isso, essa vila se encontrava bem no meio da Floresta, soube disso ao ver as arvores espalhadas pelo local, além do cheiro de terra molhada e o ar limpo diferente do lugar que eu vivo.

Sinto todos os olhos se virarem para mim em quanto tento descobrir qual caminho seguir, alguns me olhavam curiosos, outros com olhares maliciosos:

- Olha, olha. – um homem alto e com aproximadamente uns 35 anos bloqueia meu caminho. – Nem haviam me avisado que tinha gente nova na matilha.

Reviro os olhos ao perceber seu olhar malicioso em cima de mim, tento conter uma careta de nojo, seus olhos escuros me avaliavam por inteiro e por um momento senti medo e receio abaixando minha cabeça, estranhei minha reação, eu não era daqueles que abaixava a cabeça e tremia de medo, eu era aqueles que rolavam os olhos dizia alguma coisa irônica e saia andando:

- E não tem, já estou indo embora. – digo sorrindo debochadamente tentando recompor minha postura.

- Eu acho que não. – percebo que ele usa um tom diferente do que o anterior e paraliso.

Ele segura uma de minhas mãos e me puxa contra ele:

- Por que não vem comigo, prometo que irá gostar.

Meu corpo começa a tremer ao ouvir seu tom de voz malicioso, apertei os punhos querendo bater naquele desgraçado e fico ainda mais pasmo ao perceber meu corpo reagir de forma totalmente diferente da minha racionalidade. Eu tremia, minhas mãos suavam, meus pés acompanhavam o outro seja lá para o lugar que iriamos, minha cabeça continuava baixa e meus olhos lacrimejavam, eu conseguia ouvir minha voz ecoar na minha cabeça e xingar vários puta merdas por meu corpo não obedecer meus comandos:

Novamente sinto meu pulso ser puxado, me tirando do aperto do outro, braços abraçam a minha cintura possessivamente e ao sentir novamente o cheiro amadeirado imediatamente relaxo, sentindo um alivio tomar meu ser:

- O que pensa que está fazendo Jinwoon? – ouço a voz grossa perguntar próxima ao meu ouvido.

- Eu que lhe pergunto Alfa, pensei que ômegas livres pudessem escolher seus parceiros por livre espontânea vontade. – diz o outro ironicamente erguendo uma sobrancelha.

- Acredito que ele não tenha ido por livre espontânea vontade. – responde do mesmo modo.

- Ele lhe disse algo? Bom, acredito que viu errado Kyungsoo. Apenas deixe-o comigo e vá cuidar dos seus assuntos.

Sinto o nariz do tal Kyungsoo se esfregar em meu pescoço inalando meu perfume e inconscientemente inclinei mais a cabeça lhe dando ainda mais acesso a região:

- Sinto muito lhe enformar Jinwoon, mas esse ômega é meu.

Beijos são depositados em meu pescoço e não entendia o porquê de me sentir tão anestesiado e a sensação de ter os lábios do outro em contado com minha pele estava me deixando excitado. Kyungsoo lentamente retira o curativo de meu pescoço deixando a amostra à mordida. Observo Jinwoon bufar e se afastar:

- Por que saiu da casa? – perguntou deixando um beijo sobre a mordida.

- E-Eu... – não consegui responder por tentar segurar um gemido.

Ter seus braços me abraçando, seu perfume, seus lábios depositando selares em uma parte tão sensível e sua voz rouca próxima ao meu ouvido não me deixavam raciocinar e apenas guardei as palavras desconhecidas, alfa, ômega e matilha em minha mente. Inesperadamente, sinto seus braços me virarem dentro do abraço e só então meus olhos conseguiram analisar o outro, Kyungsoo possuía grandes olhos, lábios grossos e rosados que contrastavam com sua pele clara, ele era um pouco menor do que eu, ao velo rapidamente poderia lhe julgar ter uma beleza fofa, mas ao analisar seus traços a virilidade presente me fez corar:

- Jongin. – ouço-o me chamar. – Eu sou Kyungsoo.

Ele fecha os olhos inspirado o ar e ao abri-los, me perdi em sua imensidão azul:

- Seu Alfa.