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História Blue Moon (Em Hiatus) - Writing's on the wall - PART 1


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


OLá
quanto tempo?
huahsuasuausuahsua
não nos matem
aqui, é o primeiro de 3 especiais sobre o passado desse povinho.
Essa era a surpresa, gostaram? não?
Boa leitura.

Capítulo 22 - Writing's on the wall - PART 1


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Writing's on the wall - PART 1

As ruas do centro da cidade eram iluminadas pela luz dos altos postes, dissipando parte do breu caraterístico da noite. As casas e estabelecimentos ao redor se encontravam fechados em decorrência do horário, ocasionando assim zero movimentação de pessoas por aquele local. O bairro influente estava praticamente vazio a não ser por duas pessoas passando por ali.

— Eu quero visitar nossas mães. — um dos policiais, o mais baixo de cabelo negro azulado, falou enquanto caminhava ao lado do parceiro.

— Quer fazer isso só pelo que ouviu na denúncia? — o mais alto questionou.

— Não fica revoltado com isso, Won? — o outro soou indignado com a resposta que recebeu.

— Claro que fico, Hae. Ninguém merece ser tratado como lixo só por ser diferente em algum ponto ou por ter uma opinião divergente das demais. Mas sabe muito bem que sua mãe não vai ficar feliz em saber que foi visitá-la somente porque ficou chateado com um caso. — explicou calmamente, mostrando o óbvio a ele.

— Tem razão, me desculpe. — disse um pouco sem graça após tomar uma longa respiração. — Ela ainda iria me atazanar por eu não ter dado netos à ela. — suspirou pesadamente, lembrando-se das vezes em que isso lhe foi cobrado por sua progenitora. O Lee se arrepiou ao sentir um beijo em sua nuca. — Estamos no meio da rua. — suas palavras tinham tom repreensivo.

— Rua essa que está vazia às duas da madrugada. — o Choi deixou outro beijo, dessa vez na bochecha do seu amado. — Eu te amo, Hae, e sei o quanto você quer filhotes. Eu também quero, mas somos dois alfas jovens e ainda somos peritos criminais. Quer situação mais perigosa para se ter filhotes? — o beijou no rosto de novo e o abraçou por trás.

— Eu sei, mas nessas horas eu gostaria que não só meu rosto e minha estatura fossem de um ômega. — virou entre os braços dele, ficando de frente para o maior, enlaçou os ombros dele com os braços e inclinou-se para iniciar um beijo calmo.

— Nós já conversamos sobre isso. — murmurou rente aos lábios dele, os olhares grudados um no outro. — Você é perfeito do jeito que é, e existem outros meios, sabe disso. Não esqueça do nosso plano. — agora, foi ele quem tomou a iniciativa para o beijo, sentindo o Lee também sorrir ao lembrá-lo do pequeno sonho que vinham construindo juntos: iriam adotar duas crianças, seus futuros filhotes.

O beijo não tinha qualquer traço de malícia, era algo único para ambos, cheio de significados e promessas. Não tinham medo ou receio, não naquele instante, às duas da manhã, no meio da rua vazia, em demonstrar o amor que tinham um pelo outro, um sentimento tão puro que era tido como errado caso fosse vindo de pessoas de mesmo sexo ou classe, e aqueles dois, sem dúvida alguma, iam contra tudo que era predito como correto, afinal eram dois alfas.

Apesar de sua natureza ser alfa, a aparência de Lee Donghae fazia parecer o contrário. Os traços masculinos e delicados, o olhar brilhante e infantil, sem falar no jeito calmo e carinhoso, tudo a respeito dele levava os demais a terem pré-julgamentos quanto a sua classe e tal fato causava olhares tortos dirigidos para si. Até mesmo seu próprio pai tinha vergonha disso, afinal, como ele poderia ser um alfa quando tinha trejeitos de ômega e se parecia com um? Choi Siwon, por outro lado, não possuía esse problema, pois sua postura naturalmente séria, traços fortes, olhar penetrante e corpo musculoso faziam dele um exemplo vivo da classe alfa. Graças a isso, sempre era tido como um modelo a ser seguido não só durante o período escolar como na faculdade e, posteriormente, no trabalho.

Devido a esse e outros motivos, eles mantinham uma relação que já durava anos. Não eram marcados por não acharem que era o momento certo para isso. Ambos sentiam que algo iria mudar, que logo o dia de se unirem para sempre chegaria, mas deviam esperar e concordavam com isso. A marca protege os parceiros, especialmente ômegas, mas não era como se dois alfas ou dois ômegas não pudessem viver bem sem ela. Existiam casais de ômegas, betas e alfas que viviam muito bem sem serem marcados pelos seus parceiros. A marca uni as almas e mostra que são comprometidos: era com essa finalidade que a maior parte da população a tem. Infelizmente, uma parcela do povo achava que ela só servia para demonstrar domínio sobre alguém, tanto que haviam casos de estuprados que marcavam suas vítimas durante o ato e deixavam-na definhando, pois, após ser marcado, os parceiros devem ficar próximos para fazer com que o laço seja forte.

— Vamos voltar logo, quero ir para casa. — Siwon depositou um singelo selar na testa de seu companheiro quando o ar lhes faltou. Tomou a mão dele, entrelaçando seus dedos, e seguiram em frente. — Eles pensam que somos simples policiais para nos mandar fazer uma ronda? Vou exigir aumento. — Donghae riu do seu comentário.

Os dois caminharam daquela forma enquanto retornavam ao local que viatura estava estacionada. Alguém dobrou a esquina e veio caminhando a passos cambaleantes na direção oposta a eles.

— Olha. — Donghae indicou a pessoa ainda a metros de distância. — Será que ele está bem?

— É só um bêbado. Deve estar procurando o caminho de casa, como nós também deveríamos estar fazendo. — Siwon franziu o nariz, encarando a figura mancando. Não gostava de pessoas bêbadas, elas fediam em sua maioria e quase sempre queriam lhe agarrar, algo que o deixava irritado.

— Mas olha. — ele tornou a insistir, apontando para o sujeito que parecia mais um vulto, já que não era possível ver seu rosto. As pernas do estranho vacilaram, fazendo-o cair de cara na calçada, e isso foi o suficiente para que o Lee corresse em sua direção para ajudar. — Ei, você está bem? — perguntou, afobado, ao ajoelhar-se no chão. Com cuidado, virou a pessoa de peito para cima e, apoiando a costa dele com um dos braços, ajudou-o a sentar. Assustou-se ao se deparar com o rosto dele, donde vários machucados recentes se encontravam, além de uma quantidade de sangue escorrendo por seu nariz e boca. — Siwon, vem me ajudar, rápido. — chamou o maior que, até o momento, nem havia saído do lugar para acudir o sujeito.

Donghae voltou a encarar o ferido que respirava pesadamente escorado em seu braço. Após analisar atentamente o cheiro, soube ser um ômega. Também havia outras fragrâncias misturadas a sua, uma de um alfa e outra de uma ômega. Seus olhos castanhos mel pareciam um tanto vagos, a cabeça raspada por alguém que não teve o mínimo de cuidado estava cheia de lesões e ele aparentava estar preste a ter um colapso nervoso a qualquer momento. O policial perguntou-se o que diabos teria acontecido a ele para estar assim.

— Você que se vire. Já te disse que odeio bêbados. — o Choi estreitou os olhos a fim de mostrar seu desagrado, cruzando os braços em seguida.

— Que merda, Siwon! Ele não é bêbado, é um ômega e está machucado! Me ajuda logo! — gritou, aborrecido, para o outro.

Siwon mudou de postura no mesmo instante, correndo até os dois. Donghae ajudava o rapaz a se pôr de pé quando chegou perto deles, e, mesmo parecendo exausto, ômega tentou se soltar dele, quase caindo no processo.

— Calma, nós somos da polícia, vamos ajudá-lo. Qual seu nome? — o Lee se aproximou de novo, estendendo minimamente os braços com medo de que o ferido caísse pela fraqueza. O olhar vacilante do ômega estava cheio de medo e angústia enquanto encarava os alfas, e Donghae se sentiu mal por aquilo.

— Como chegou até aqui? — Siwon questionou quando segurou o ômega pelos braços para mantê-lo estável. Sua atitude, porém, assustou o mais baixo que tentou novamente se libertar e correr, mas foi de encontro ao chão. — Que merda. Para com isso, nós queremos te ajudar.

Os olhos do desconhecido se encheram de lágrimas devido ao tom utilizado pelo Choi. Vendo isso, Donghae tomou as rédeas da situação.

— Cala a boca, Siwon, e traz a viatura até aqui. — grunhiu para o namorado enquanto tornava a se agachar para ajudar o rapaz ferido. O Choi saiu dali chateado por ter sido repreendido daquela forma pelo próprio parceiro, mas também puto por ser culpa daquele ômega que apareceu do nada. — Ele já foi. Me desculpe por isso. Ele parece muito sério, mas é um amor de pessoa. Nós queremos te ajudar, vamos te levar ao departamento e cuidar de você. — garantiu num sussurro. O ômega aparentava estar mais à vontade consigo, mas ainda lhe olhava com certo receio. — Pode confiar em mim. — estendeu a mão a ele que ponderou durante alguns instantes antes de aceitar ajuda.

O alfa pegou o garoto nos braços sem dificuldade alguma e seguiu até a viatura parada a alguns passos de distância. Siwon, já a comando do volante, abriu a porta do passageiro, mas Donghae acabou indo para o banco de trás com o ômega que parecia ter dormido (ou teria desmaiado?)

— Vamos. — o Lee mandou, ignorando o olhar do maior sobre si.

Siwon acelerou em rumo ao departamento de polícia onde trabalhavam. Deveria ser o final do turno deles, porém estavam em um novo caso agora, e, pelo o que viu, não convenceria Donghae a deixá-lo na mão de outro colega, certamente iria até o fim com ele. Suspirou e apertou o volante em clara frustração. O trajeto se sucedeu no mais puro silêncio, o condutor observando o parceiro pelo retrovisor, este que estava tendo um cuidado extremo com aquele garoto. Os lábios dele se franziram numa linha reta.

Não é hora para ciúmes, Choi Siwon.

O carro estacionou em frente a grande delegacia. Eles rumaram departamento a dentro, e o casal entrou em sua própria sala. O ômega que já havia acordado encontrava-se cabisbaixo e encolhido no canto no sofá, não respondendo a nenhuma das tentativas de conversa dos alfas. Donghae suspirou alto, desistindo de tentar conversar e aproximou-se com a caixa de primeiros socorros, sinalizando que começaria a fazer os curativos.

— Won, pega os papéis para abrir o caso, por favor. — pediu sem nem olhar para o mesmo que estava de óbvio mal humor. Siwon bufou, mas fez o que disse. Assim que o alfa Choi deixou a sala, abriu a caixa, pegando os objetos necessário — Como se chama? — tentou de novo conversar, ainda sem obter resposta. — Eu entendo que esteja assustado, mas quero te ajudar. Então, se puder me responder, facilitaria muito. — ele cessou com a limpeza dos machucados e observou o rosto do ômega. Agora que estava limpo, analisou as feições dele. Mesmo debaixo daqueles machucados e inchaço, ainda era um rapaz bonito. — Siwon está estressado. — tornou a falar, na tentativa de deixá-lo mais confortável. — Ele queria ir embora para casa, mas ainda estamos aqui. Não fique assustado com ele. — sorriu para o de olhos castanhos mel e seguiu com os curativos, limpando os lábios ressecados dele.

— Hyukjae... — pronunciou num sussurro, a voz não tão rouca chegando macia aos ouvidos do alfa. O policial sorriu por receber respostas pela primeira vez naquela madrugada. — Meu nome é Son Hyukjae. — desviou o olhar, embaraçado com aquele sorriso encantador.

— Sou Donghae, Lee Donghae. É um prazer, Hyukjae. — viu o Son morder o inferior, mas a sombra do sorriso permaneceu nos lábios dele.

Ambos se sobressaltam, Hyukjae mais do que Donghae, com Siwon entrando e batendo a porta com certa violência.

— Aqui estão. — o Choi entregou os papéis ao namorado, recebendo um olhar raivoso do mesmo. — O que foi?

— Isso foi desnecessário, Choi Siwon. — ele respondeu, sério, notando que o ômega se retraiu automaticamente com a entrada pouco silenciosa de seu namorado. Amaldiçoou essa mania irritante do maior de não ter o mínimo cuidado ao abrir e fechar portas.

— Mas... — ele levantou as sobrancelhas, confuso com a declaração do mais baixo.

— Esquece. — suspirou e virou-se para Hyukjae que, mesmo assustado, observava a cena com curiosidade. O que esses dois alfas estão fazendo agindo dessa forma?, era o que se passava na cabeça do Son diante de tudo aquilo. — Ele se chama Son Hyukjae. — disse ao companheiro que anotou nas folhas em seguida.

— Qual a idade? — questionou, e Donghae encarou o ômega, sorrindo e rezando internamente para que ele respondesse as perguntas.

— Vinte e três. — Hyukjae respondeu, mal percebendo o sorriso de Donghae ter aumentado.

— Ômega de vinte e três anos encontrado ferido na rua por volta das duas da manhã. Qual a queixa? — Siwon parou de escrever e observou o ômega pela primeira vez. O maxilar marcado era um atrativo significante, os olhos pequenos e assustados, o desenho adorável dos lábios, a cabeça raspada agressivamente. Céus, quem teria feito aquilo com um ômega tão bonito?, pensou.

— E-eu não quero prestar queixa de nada. Uns caras me encurralaram na rua, eles já devem estar longe agora. E-eu não quero prejudicar ninguém. — explicou, pela primeira vez falando em alto e bom som.

— Ah, sim, claro. Um grupo de garotos estava te esperando no meio da madrugada com uma máquina de cortar cabelo especialmente para você. — Siwon comentou, rude e debochado.

O ômega arregalou os olhos, não pelo tom do alfa, mas por saber que ele estava certo. Sem saber o que falar, mordeu os lábios.

— Won, você está o assustando. — Donghae foi para perto olhar os documentos que o maior segurava, murmurando para só ele ouvir.

— Você diz isso como se eu fosse um monstro. — Siwon respondeu no mesmo tom, a chateação evidente em suas palavras.

— E é mesmo, seu sem coração. — riu do olhar ultrajado do outro e deixou um selo nos lábios do namorado. Voltou a olhar para o ômega, vendo-o corar por lhes estar encarando. — Desculpe. — coçou a nuca, embaraçado por ter esquecido por um segundo que ele estava ali.

— Tudo bem. — engoliu em seco, ajeitando-se no sofá em claro desconforto por ter presenciado a cena inesperada e íntima e pensando no porquê de aqueles alfas terem se beijado. Eles eram alfas, não eram? — Desculpe. — disse, chamando atenção do casal que dividia os papéis. — Obrigado pela ajuda, mas eu realmente não quero prestar queixa. Eu preciso ir embora. — encarou as mãos unidas sobre o colo ao invés dos policiais. — Desculpe se incomodei. — forçou um sorriso.

— Seja lá o que tenha acontecido contigo, não pode ficar calado. Nós vamos te ajudar. — Donghae insistiu, preocupado.

— Ele tem razão. — Siwon concordou, e Hyukjae se surpreendeu com o tom ameno que ele usou. Depois do que viu, pensava que o Choi era do tipo de alfa que se acha o centro do universo. Aquela voz rouca soava como uma música que lhe fazia relaxar.

— Não se preocupem. — tornou a fingir um sorriso e levantou do sofá. Seu corpo retornou ao estofado no mesmo instante por conta de uma forte tontura. Ambos os oficiais aproximam-se de si, preocupados. — Está tudo bem. Foi só uma tontura.

— Você está grávido por acaso? — Siwon perguntou, fazendo Hyukjae arregalar os olhos.

— Claro que não. — corrigiu-o rapidamente. — Eu só... não comi direito. — explicou-se, pondo-se em pé outra vez. — Obrigado de novo e desculpe atrapalhar.

— Mas ainda são quatro da manhã. — Donghae insistiu mais vez, lançando olhares furtivos a Siwon. Ambos queriam que o rapaz ficasse e prestasse a queixa, ele sabia.

— Tudo bem. — o Son acenou brevemente para os dois, seguindo para a saída da sala.

— Que droga! — Donghae resmungou, frustrado, minutos após o ômega ter ido embora. — Por que ele não prestou queixa?

— Está preocupado, é? — Siwon falou a fim de perturbá-lo, uma pitada de acidez em seu tom. — Não há nada que possamos fazer, ele não quis prestar queixa, e não podemos obrigá-lo. Pode ir atrás dele se quiser, eu vou para casa. — dirigiu-se à mesa com computador, começando a guardar seus pertences.

— Choi Siwon com ciúmes? O que é isso que meus olhos vislumbram? — o Lee riu, fazendo o Choi fechar a cara. O maior não responde a sua brincadeira, tirando o colete e pegando a chave do carro. — Won, isso é sério? — Donghae se apressou em se arrumar e ir atrás do namorado no estacionamento da delegacia. — Siwon! — gritou, sendo completamente ignorado pelo o outro a alguns passos de distância, já destravando a porta do carro. — Que merda. — resmungou antes de ocupar seu lugar no banco de passageiro. — Tem que dar esse ataque agora?

— Não estou fazendo nada, apenas indo para minha casa dormir um pouco. — sem olhar para o namorado, deu partida no carro.

— Siwonie. — chamou, manhoso. — Siwonie, olha pra mim.

— Estou dirigindo, Hae. — o menor revirou os olhos com o tom aborrecido e destravou o cinto de segurança, sentando-se sem delongas no colo dele. — Que droga você está fazendo? Eu estou dirigindo! — grunhiu, olhando da estrada para Donghae continuamente.

— O problema não é meu. — enfiou o rosto no pescoço dele, inalando a fragrância de seu parceiro. Alfas geralmente se atraem pelos perfumes naturais em sua maioria de ômegas e de betas em uma parcela, mas aqueles dois definitivamente amavam as fragrâncias um do outro. — Siwonie. — sussurrou, fazendo sua respiração bater na pele dele.

Um arrepio perpassou Siwon devido ao hálito morno de Donghae sobre aquela zona erógena. Forçou seu pé no acelerador, desejando chegar o mais rápido possível em casa. Sentiu o alfa mais baixo começar a deixar beijos molhados na extensão de sua garganta e apertou o volante com força pela segunda vez naquela madrugada.

— Hae, espere a gente chegar em casa. — pediu compassadamente senão sua voz o trairia. — Ou a gente vai morrer nesse carro.

— Você sabe dirigir, Siwonie. — sorriu rente à tez dele, divertindo-se com situação. — Por isso confio em ti para nos levar para casa. Agora, cale a boca. — ditou, autoritário, e o mordeu na ponta do queixo. Voltou para o pescoço, agora para maltratá-lo com chupões que mais tarde ficarão roxos, a fim de mostrar que aquele alfa era muito bem comprometido.

— Porra. — xingou num ofego ao sentir o outro desafivelar o cinto de sua calça. — Não faça isso, Hae. Só mais um pouco. — o acelerômetro constava que o veículo ultrapassava dos cem por hora, e Siwon se perguntou o motivo de morarem tão longe do trabalho.

Donghae começou a desabotoar devagar alguns botões da camisa de Siwon e arranhar o abdômen do mesmo que contraiu os músculos em resposta e agradeceu ao ver a residência no fim da rua. Sua atenção na rua estava quase no fim quando o Lee passou a rebolar de forma deturpada em seu colo e ofegar para lhe provocar ainda mais.

— Chegamos. — o Choi anunciou, desligando o carro e destravando as portas, suas mãos finalmente passeando e apalpando o corpo acima do seu.

— Coloque o carro na garagem, amor. — mandou, ainda esfregando-se no colo dele. Ele segurou o cabelo do outro e puxou com força, deixando todo o pescoço amostra para si. Deixou apenas um beijo no pomo de adão e soltou os fios do maior que se apressou em ligar o carro novamente e entrar na garagem da casa. Quando o portão se fechou atrás do automóvel, Siwon olhou para baixo e sorriu com a visão do membro de Donghae completamente duro sendo bombeado pelo próprio. — S-Siwonie. — gemeu ao pé do ouvido dele.

— Vamos para o quarto. — abriu a porta do carro para saírem, sendo segurado antes que se movesse.

Depois. — o Lee usou a voz de comando, seus olhos se mesclando de cor, e Siwon sorriu segurando-o pelos cabelos como foi feito consigo antes.

— Gosta disso, não é? — puxou a cabeça dele para trás, ganhando um sorriso lascivo. Esfregou o nariz pelo pescoço do Lee que se arrepiou e mordeu o lábio inferior ainda mantendo os movimentos no próprio falo. — Vamos logo com isso. — ditou no ouvido do parceiro e mordeu o lóbulo do mesmo.

Donghae parou seus movimentos, abrindo tanto a camisa quanto a calça dele. A camisa aberta, o membro rijo implorando para ser liberto, a franja caindo sobre os olhos vermelhos, a expressão sensual e um sorriso lhe fazia ter os pensamentos mais impuros: era de fato uma visão dos deuses. Ele inclinou o banco para que pudessem ficar mais confortáveis e seguiu até o mamilo de Siwon, dando uma mordida forte, recebendo um gemido de aprovação. O maior dirigiu as mãos a sua bunda, colocou a direita por dentro da calça a procura de sua entrada. Ofegou ao sentir o indicador cutucando aquele lugar.

— Não, Siwonie. — a voz soou baixa e rouca. — Agora, é minha vez. — completou sorrindo, e Siwon respirou fundo, sentindo o membro pulsar por ainda estar detido pelo tecido da cueca. — Vamos. — desceu do colo dele, saindo do carro.

O Choi entendeu o que queria e abaixou a calça junto da cueca até a altura dos joelhos. Ele se pôs de quatro com a bunda empinada para Donghae que estava em pé na porta do carro esperando que se posicione. A penetração entre alfas é um tanto dolorosa, mas não é algo insuportável, somente em momentos, como na formação do nó, que pode se machucar, algo que ambos já sabiam como deviam proceder. Siwon se segurou na beira da poltrona do carro e levou uma das mãos até próprio membro, massageando-o.

— Pena que eu não trouxe aquilo. — Donghae sorriu e levou o rosto até as nádegas do maior, beijando gentilmente e separando-as para observar a cavidade anal se contrair ao forçar o primeiro dedo.

— Hae. — entredentes, repreendeu por não estarem usando nenhum tipo de lubrificante. Aquele contato incomodou.

— Desculpe. — pediu, sorrindo, mas sabendo que o outro realmente gostava daquilo, a dor e o tesão juntos podiam ser incríveis nessas horas.

Levou então a língua até aquele lugar tão apertado, rodeando o anel com a língua antes de tentar penetrar com ela. Siwon gemeu e xingou Donghae por aquilo ser tão bom, e o mesmo riu, esticando o braço e levando os dedos para Siwon chupar. Ele o fez com apreço, umedecendo seus dedos. Logo os puxa de volta e introduz o primeiro. Trincando o maxilar, Siwon arqueou as costas e se segurou agora com as duas mãos na beirada do banco. O Lee o observou com um sorriso no rosto e inseriu o médio, ganhando uma reclamação. Após alguns segundos, começou a movimentar os dois dedos ali e, quando ele aparentou ter se acostumado, introduziu o anelar e o mindinho juntos, surpreendendo o outro que acabou lacrimejando pela dor e o desconforto.

— Desculpe, Siwonie. — pediu, sorrindo.

Dado um tempo, Siwon empurrou o quadril para trás, indicando que podiam continuar. Donghae movimentou os quatro dedos ali e, com a outra mão, masturbou seu membro antes esquecido, espalhando pré gozo nele. Retirou os quatro dedos da entrada sem aviso e a observou se contrair.

Para de rir e fode logo, Donghae. — grunhiu em voz de comando. O menor soltou uma gargalhada pela sua frase e atendeu ao pedido, posicionando-se e adentrando de uma vez. — Porra! — Siwon apertou o banco e fechou os olhos, sorrindo. Donghae é “grosso”, e aquilo doeu, mas ambos conseguiam ser bastante sádicos na hora do sexo.

Donghae começou a se movimentar lentamente, a velocidade progredindo gradativamente até ponto de sua pélvis produzir ruídos altos ao se chocar rudemente contra as nádegas de Siwon. Atingiu um ponto em Siwon, fazendo-o gemer alto. Focou naquele ponto e continuou as investidas agressivas e precisas, afundando as unhas curtas no quadril dele enquanto o segurava ali. As estocadas eram sem piedade, e sentia-se cada vez mais próximo do ápice.

— S-Siwon... — de olhos fechados, arfou alto o nome do namorado.

— D-devagar... — com a voz perdida entre ofegos e gemidos baixos, pediu, referindo-se ao nó dele começando a se formar. Donghae precisava ir devagar ou lhe machucaria. — Hae...! — gemeu, desmanchando-se ali e sujando o banco do carro. Estava ofegante, e Donghae havia parado de se mexer após o nó ter se formado com suas últimas estocadas aproveitadas junto do aperto ao redor de si.

— Eu te amo. — sussurrou, entrecortado, no ouvido de Siwon que sorriu ao ouvir a declaração.

— Também te amo.

 

(...)

 

O som da movimentação dos ponteiros do relógio de parede e o folhear de papéis nas mãos dos policiais eram os únicos ruídos presentes no local. Naquela sala, as paredes pintadas de tons claros eram um tanto quanto desconfortantes por não haver nada mais que uma porta ali. Duas luminárias dispostas em cantos opostos no teto aluminavam o recinto, a mesa retangular de madeira, posicionada ao lado do largo espelho falso, tinha seus quatros assentos ocupados pelo suspeito e seu advogado de um lado e por dois oficiais de outro. Todos aqueles aspectos davam a aquele lugar a mais pura a sensação de aprisionamento e vigilância total.

— Peçam para o próximo entrar, por favor. — falando de forma categórica, Kim Minsu se dirigiu aos senhores a sua frente sem ao menos retirar os olhos das fichas em suas mãos.

— Não foi ele. — após ver o advogado concordar com a cabeça e seguir atrás de seu cliente porta a fora, Donghae declarou ao seu sunbaenim, ganhando um olhar de desdém do mesmo.

O Lee supriu sua vontade de soltar um muxoxo diante da atitude do seu sênior. O beta de cabelos platinados era o tipo de pessoa que todos detestavam: inconveniente, soberbo, que se acha o dono da razão e, como se não bastasse, um dos preconceituosos conservadores que condenavam sua relação com Siwon. Ele e o Choi não conseguiam imaginar pior pessoa para ajudá-los no caso do que o Kim.

— Pare de tentar adivinhar quem é o culpado. — disse, ríspido. Mais do que a repulsa que sentia do relacionamento de Donghae e Siwon, o beta ficava puto com departamento os vangloriando, denominando-os de novatos prodígios quando, ao seu ver, esses dois alfas só tinham uma sorte estúpida para resolver os casos que ficavam encarregados em tempo recorde.

Donghae revirou os olhos adiante do comportamento arrogante e pegou os papéis a sua frente. Surpresa estampou seus traços ao se deparar com as informações descritas na ficha do suspeito.

 

LISTA DE SUSPEITOS

Nº 02

Nome de Família: Son

Nome: Hyukjae

Sexo: Masculino

Idade: 23 anos

Classe: Ômega

 

Será ele?

Ele abaixou os papéis, lembrando-se do ômega ao qual ajudou junto de seu namorado a cerca de uma semana no meio da madrugada. Balançou a cabeça, desfazendo-se desse pensamento precipitado. Seria muita coincidência, entretanto, apesar de as informações baterem com o perfil do rapaz, era improvável associá-lo ao caso. Afinal, como aquele frágil ômega teria feito tal coisa?

O alfa surpreendeu-se por estar pensando naquilo. Estava defendendo alguém que não conhecia, por que? Ele nem tinha uma justificava que explicasse isso. Contudo, era como se aquele garoto, sem querer, houvesse mexido consigo. O que Siwon pensaria caso soubesse disso? Deuses, nem queria imaginar naquilo. Somente a possibilidade de viver sem o alfa era assombrosa.

Ele resolveu deixar o assunto que poderia ser um julgamento equivocado de lado por hora. A porta voltou a se abrir, e algo estranho irrompeu dentro de si: uma súbita angústia o afligiu e seu lobo abalou-se também por ver quem adentrava a sala. O ômega sentou-se à sua frente, ostentando uma postura completamente assustada e o advogado tomou o lugar ao lado dele. O medo exalava da fragrância de Hyukjae discretamente e entranhava em suas narinas de maneira absurda.

— Tudo bem, vamos começar. — Minsu anunciou, pegando os papéis que continham as perguntas a serem feitas, dispostos sobre a mesa. — Há uma semana, onde e com quem esteve por volta da meia noite? — perguntou em tom frio e encarou o suspeito.

Hyukjae permaneceu estático, seus lábios recebendo constante mordidas. Seu olhar vez ou outra caía em Donghae como se buscasse segurança nos olhos do outro.

— Ele estava em casa, oficial Kim. — o advogado foi quem respondeu.

— Ok. Ele é o suspeito, então que ele fale. Agora me responda, senhor Son. — exigiu autoritariamente, fazendo o mais novo se encolher mais na cadeira pelo modo que estava o tratando. — Qual sua relação com a mulher? Ela era sua mãe, não? Como e por quê fez aquilo tudo? — o beta estava ficando sem paciência pela falta de respostas.

Donghae ainda estava assimilando tudo aquilo, nem mesmo a voz debochada do Kim parecia lhe tirar do transe ao qual estava inserido. Por que aquele ômega estava sendo indiciado? Por que ele estava na lista de suspeitos? Eram tantas perguntas, e só o garoto era capaz respondê-las.

Voltou a si ao notar que o odor característico de medo começou a ficar ainda mais acentuado no lugar. Apesar de ser o único alfa ali, o advogado também parecia estar ficando apreensivo. O olhar de Hyukjae lhe mandava muitas mensagens ao mesmo tempo, dentre elas, o pedido mudo por ajuda era o mais claro.

— Ok. — Minsu colocou o relatório sobre a mesa, passando a ponta do indicador pelas palavras. — Aqui diz que você possui tendências suicidas e um quadro grave de depressão. Ah... — um sorriso arteiro brotou em seus lábios com o que leu. — Ainda por cima, tem traços de bipolaridade. Que tipo de pessoa você é? Foi por isso que matou sua mãe? Estava no meio de uma crise? Mas pessoas com depressão tentam se matar e não aos outros. Por que você fez isso, garoto?

O silêncio tomou conta do recinto novamente.

— Oficial Kim, essas informações são privadas e não dizem respeito a essa investigação. — o advogado falou por seu cliente.

— Silêncio. — Minsu disse entredente ao advogado que bufou de raiva por não poder fazer nada com policial petulante. Ele levou os papéis à altura dos olhos, mal notando quando ômega abaixou a cabeça para ocultar as pequenas lágrimas molhando seu rosto. — Ah, já esteve em clínicas psiquiátricas duas vezes por ter tentado suicídio. Então, dessa vez quando pretendeu livrar o mundo da sua existência, quis levar sua mãe junto?

Donghae desviou sua atenção de Hyukjae pela primeira vez, encarando descrente Minsu assim que ouviu o que ele havia acabado de dizer.

— Oficial Kim, isso é antiético. Peço que se redima ou serei obrigado a abrir um processo em nome de meu cliente contra o senhor. — o advogado se levantou e Minsu também o fez mesmo, batendo as mãos na mesa, o que deixou o acusado ainda mais assustado a ponto de seu choro se tornar mais copioso.

— Tira ele daqui. — Hyukjae pediu em meio a soluços a Donghae que sentiu tremenda raiva do beta.

— Pare de tentar convencê-lo a te liberar! Você é suspeito de homicídio e ocultação de cadáver, e todas as provas apontam para você! — Minsu ganhou um empurrão do advogado ao berrar com Hyukjae.

— O Siwon, por favor. — implorou ao Lee, as palavras quase incompreensíveis pelo tom embargado. — Deixa o Siwon ficar aqui. — suplicou, e Donghae correu para afastar o advogado e Minsu antes que eles começassem se atracar.

— Minsu, saia! — gritou com seu sunbae, ganhando um olhar incrédulo do mesmo.

— Eu também cuido desse caso! — rebateu aquela afronta vinda de seu hoobae.

— Eu não ligo. — o alfa tinha seus olhos vermelhos. — Pode ir falar para a chefe se quiser. Só saia daqui.

O Kim encarou o Son. Este abaixou a cabeça no mesmo instante, tentando limpar as lágrimas que insistiam em descer por sua face.

— Ômega nojento. — Minsu fez questão que Hyukjae ouvisse. Mais lágrimas caíram dos olhos ambares, dessa vez lágrimas de tristeza, fazendo-o pensar que tudo que aquele beta tenha dito talvez fosse verdade. — Agora, vai lá chamar teu alfa, já que não tem capacidade de resolver as coisas sozinho!

Donghae respirou fundo enquanto observava o beta sair furioso da sala.

— Me desculpem. — pediu a ambos. — Eu já volto. — e assim deixa a sala de interrogatório, saindo em disparada a procura do Choi.

— Hae, o que houve? Por que está todo descabelado? Aconteceu alguma coisa aqui? — ao encontrá-lo, Siwon olhou ao redor a procura de algum tumulto.

— Não. Vem comigo. — foi sucinto e, com o outro ao seu encalço, saiu correndo de volta a sala de interrogatório. — Antes de entrarmos, quero que apenas me ajude no interrogatório e no que for preciso. — viu Siwon concordar sem entender muito bem e abriu a porta, dando passagem para o namorado. Notou o olhar dele preso na figura trêmula do ômega e depois, confuso, lhe olhar enquanto fechava a porta atrás de si. — Desculpe a demora. — disse, e ambos os alfas foram em direção a Hyukjae.

— O que houve? — Siwon perguntou, tentando entender a situação.

— O seu investigador é um lixo de pessoa. — o advogado não se importou com formalidades ao falar de Kim Minsu.

— Minsu começou a ofendê-lo, e eu o expulsei daqui. Hyukjae pediu para que você assumisse o lugar dele no interrogatório. — explicou resumidamente, sorrindo para o Choi.

Siwon não sabia o que pensar diante de todas aquelas informações despejadas de uma vez a não ser no quanto estava surpreso por reencontrar aquele mesmo ômega acuado de uma semana atrás. Ele não tinha ficado amedrontado com sua presença da última vez? Então, por que, de tantas pessoas, ele havia pedido justo a si para substituir Minsu? E por que diabos seu lobo agitado com isso?

— Pode ajudar? — a voz de Donghae o trouxe de volta a realidade.

— Claro. — Siwon piscou antes de responder. Pegou um copo com água e aproximou-se do ômega para dá-lo. Hyukjae aceitou e segurou o copo com as duas mãos devido o tremor, acabaria derramando a água se não o fizesse. — Está mais calmo? — repousou a mão no ombro dele. Hyukjae usava um moletom branco bastante largo e calças jeans, estando totalmente coberto, fazendo-lhe suspeitar do porquê disso.

— Sim. — murmurou, encarando o Choi de esguelha. Todos retomavam aos seus lugares, prontos para recomeçarem o interrogatório. — Kangin hyung, pode me deixar sozinho com eles?

O pedido do suspeito surpreendeu a todos, mas somente os policiais conseguiram se manter imparciais diante do choque.

— Tem certeza? — Kangin questionou, ainda receoso.

— Sim, eles são bons. — garantiu, uma pitada de inocência em suas palavras.

— Não diga nada que possa ser mal interpretado e usado contra você. — Kangin sussurrou no ouvido do mais novo, vendo-o acenar com a cabeça positivamente e deixou a sala.

— Seu namorado? — Siwon perguntou, e Donghae o encarou com um olhar inquisidor.

— Um amigo. — Hyukjae respondeu baixo, quase num sussurro.

— Podemos começar? — Donghae interrompeu, antes que a conversa tomasse outro rumo.

Siwon assumiu a postura séria, pegando os documentos e analisando tudo. Uma certa apreensão o atingiu ao ler sobre a estadia do mais novo em sanatórios e os motivos da internação. Donghae prosseguiu com as perguntas, Hyukjae sempre respondendo-as um tanto evasivo. Siwon manteve seu olhar observador sobre o Son, analisando o quanto ele aparentava estar mais magro e também com novos machucados, os lábios pareciam sempre ressecados, o cabelo começava a crescer, mas as marcas ainda eram visíveis no couro cabeludo. Os pequenos olhos cor de mel estavam opacos, talvez por tristeza, por medo, eram muitas as opções.

— Não conseguimos muita coisa. — Donghae falou em um tom que sabe que apenas seu namorado ouvira. Hyukjae aparentar estar muito mais calmo e a vontade com a presença de ambos ali, o que deixava-os despreocupados.

— Então, vamos acabar logo. — Siwon respondeu no mesmo tom, sem tirar os olhos de Hyukjae.

O Son começou a se remexer na cadeira, apreensivo, o medo aparentemente o afligindo novamente. Hyukjae olhou de um lado para o outro e se inclinou sobre a mesa como se fosse contar um segredo aos alfas.

— Não me chamem de louco, por favor. — pediu, olhando-os triste e continuou, dessa vez num sussurro: — Eu sei onde ela está.

 

(...)

 

— Inferno! — Siwon jogou as pastas do caso sobre a mesa de centro e sentou no sofá, desgrenhando o cabelo num ato de frustação.

O alfa estava uma verdadeira pilha de nervos, sentindo-se um verdadeiro incompetente por não achar nenhuma nova evidência que pudesse causar a revira volta que tanto ansiava para seu caso. Todas as provas coletadas até o presente momento apontavam que Hyukjae era o culpado, inclusive o encontro naquela madrugada, o garoto machucado e sujo de sangue, nada mais nada menos que isso. Embora fosse o que realmente aparentava, tinha certeza de que os promotores de justiça estavam tirando proveito do exame psicológico do ômega (se é que estava correto) para incriminá-lo. Algo lhe dizia que o ômega era inocente por mais que apresentasse comportamento instável em alguns momentos, era como se seus instintos lhe dissessem (ou melhor, afirmassem) que não fora ele quem havia causado a morte daquela ômega.

— Won, tenha calma. — Donghae sentou-se ao lado dele e passou a massagear os ombros tensos do mais alto. — Nós vamos achar uma nova pista logo.

— Quando é esse logo, Hae? — perguntou, mentalmente exausto, ainda com a cabeça entre as mãos. — Estamos há quase um mês trabalhando nesse caso e não encontramos nada que possa ajudar a situação do Hyuk. Pelo contrário, o que temos mostra que pode ter sido realmente ele quem matou Soyoung.

— Hyukie não matou a mãe dele. — o Choi lhe encarou de esguelha. — E você sabe disso. Ele tem um pavor nítido de alfas, isso ficou claro quando trouxemos ele para delegacia naquela noite que o ajudamos.

— Eu sei, eu sei. Mas a promotoria fez questão de descartar a hipótese de maus tratos domésticos. Os vizinhos confirmaram sobre Hoyoung jamais ter levantado um dedo contra o filho e também falaram que Hyukjae por vezes acabava machucando a si próprio. — virou o rosto em direção ao do mais baixo e esperou como se o Lee fosse lhe dizer de repente que havia encontrado a prova que iria inocentar o ômega.

— A promotoria está fazendo o jogo dela, está fazendo parecer que Hyukie faria aquilo quando na verdade não faria.

— Enquanto não tivermos provas que comprovem isso, não passará de uma mera suposição, Hae. — esfregou o rosto. — O defendendo cegamente desse jeito sem ao menos ter uma prova faz até parecer que está apaixonado por ele. — comentou debochado pelo estresse. Donghae abaixou a cabeça como normalmente fazia ao ficar nervoso e torceu a calça da farda. — Donghae, você... — não concluiu a frase, pasmo com o que acabou de descobrir.

— Sim, Won, você está certo. — murmurou, cansado de esconder isso e decidindo ser franco de uma vez por todas. — Mas não tenho culpa se meu maldito lobo reagiu a ele! — o olhou, suplicante. — Eu não quero que entenda errado, nada entre nós dois mudou. Eu continuo te amando, e sabe disso. Sabe, não é? — sorriu, o lábio inferior tremendo pelo possível choro e insegurança. Céus, não podia perder Siwon, ele era seu porto seguro. Era forte sim, mas apenas com ele ao seu lado. Não conseguia (e muito menos desejava) imaginar sua vida sem o alfa. A falta de reação do Choi estava lhe dando nos nervos. — Eu te amo, Siwonie. Por favor, eu-

— Hae, por favor, cala a boca. — e mesmo a frase tendo soado grosseira, a voz de Siwon estava amena. — Eu só estou... confuso e surpreso. Quero dizer, — um meio sorriso adornou seus lábios. — achei que estivesse te traindo por meu lobo ficar agitado perante ao Hyuk. — riu da cara de espanto do Lee. — Eu também sinto a mesma coisa, Hae. Por que acha que fiquei estranho depois que o interrogamos sobre o desaparecimento da mãe dele? Depois que de ele ter pedido a você para que eu ficasse no lugar de Minsu no interrogatório? Ele confia na gente, Hae, confia mesmo, e o “meu maldito lobo” — usou as palavras do parceiro. — se sente bem com isso.

Donghae piscou algumas vezes, tentando processar as palavras de Siwon. Por um instante, ficou o encarando como se ele fosse uma criatura esquisita até finalmente perceber que estava falando mesmo sério.

— Você sempre me surpreende, Choi Siwon. — acariciou o rosto do alfa, conseguindo arrancar uma risada dele.

— Digo o mesmo, Lee Donghae. — depositou um selar demorado na boca bonita a sua disposição.

— Mas o que faremos agora? — perguntou um tanto desanimado ao voltar sua atenção para os papéis espalhados na mesa de centro.

— Eu não sei, eu realmente não sei. Falando desse jeito, nem parecemos os novatos prodígios que o departamento tanto se orgulha... — suspirou alto. — Não faço a mínima ideia de onde e o que procurar, e precisamos achar algo logo para Kangin usar para a defesa do Hyuk. Não sei mais quanto tempo Hyuk vai aguentar com tudo isso.

— Você acredita no que ele disse, não é mesmo? — o questionou. Siwon lhe confirmou com um aceno de cabeça. — Hyukie está falando a verdade, Won.

— Eu quero acreditar nisso, quero acreditar que ele não seria capaz de se machucar só para criar um cenário diferente para poder nos enganar, mas-

— “Mas” nada! — Donghae o interrompeu, aborrecido. — É isso que a promotoria está fazendo com o júri, está o manipulando para que Hyukie pague pelos crimes do pai.

Siwon nunca sentiu a farda policial pesar tanto. E se realmente Hyukjae fosse um manipulador? E se tudo que houvesse lhes contado não passasse de uma mentira? Será que fez questão de criar uma conexão entre eles para justamente os transformar em suas marionetes? Eram tantas perguntas e não haviam respostas para nenhuma delas. Seria mesmo aquele ômega acuado e aparentemente frágil no final das contas um assassino?

Donghae compreendia a dúvida de seu parceiro, afinal, as lacunas que haviam naquele caso deixariam qualquer um confuso. Porém, essa não era a primeira vez que vira o culpado jogar a culpa em outra pessoa para sair impune, e, com certeza, Hyukjae não era o manipulador da estória. Agora, só restava encontrar a pista chave para comprovar isso e torcer para que tudo o que ômega lhes disse seja verdade.

Os alfas foram arrancados de seus devaneios com o barulho alto de celular vibrando contra a madeira. Siwon apalpou os bolsos, constatando que seu celular permanecia ali e logo sinalizou para que Donghae fosse procurar o dele. O Lee caminhou até a outra mesa e pegou o smartphone, franzindo o cenho ao ver um número desconhecido em destaque na tela antes de enfim atender.

— Alô? Quem é? — perguntou sem rodeios.

— Donghae?

Um arrepio perpassou a espinha do alfa, deixando-o visivelmente tenso. Sua reação chamou a atenção do Choi que se aproximou curioso para saber o que estava acontecendo. O mais baixo apertou o aparelho entre os dedos ao passo que suas sobrancelhas se ergueram em sinal de surpresa e preocupação. O sussurro vindo da outra linha e a respiração descompassada o deixaram em estado de alerta.

— Hyukie, o que foi? Aconteceu alguma coisa? — falou, mudando de tom no instante seguinte.

— Coloque no viva voz. — Siwon ditou, igualmente preocupado após ter descoberto que era o Son mais novo falando. Apesar dos outros, exceto Kangin, não saberem disso, ambos haviam dado seus números e haviam instruído a ele para que ligasse caso precisasse de algo. — Hyuk, está tudo bem? Por que está desse jeito?

— Siwon? — o ômega aparentou ter ficado mais aliviado por saber que o outro alfa também estava ali. — Por favor, me tirem daqui. Eu não posso ficar nessa casa. — a voz baixa vinha acompanhada de soluços baixos como se ele estivesse os abafando com a mão livre.

— Nós não podemos fazer nada quanto a isso. — o Lee, sentindo-se um derrotado, encarou o parceiro que também parecia partilhar esse sentimento. — São as ordens, você precisa ficar aí enquanto as audiências do tribunal continuam.

— Não! Vocês precisam me tirar daqui agora. Eu... — um verdadeiro pânico exalava de suas palavras. — Alguém... alguém está me perseguindo.

Hyukjae não precisou dizer mais nada além disso. O impacto de sua frase fez com que Donghae e Siwon se movessem no automático, fazendo-os se dirigirem apressados até a viatura. Os dois não ligaram se a saída repentina e duvidosa do departamento iria causar algum problema mais tarde, a única coisa que estava clara para eles enquanto dirigiam em alta velocidade pelas ruas da cidade era que o ômega podia estar em perigo.

Siwon apertava fortemente o volante, aquilo já parecia fazer parte da sua rotina. Ao chegarem na residência, os alfas saíram afobados do carro, correndo em direção a porta da frente. Todas as janelas tinham suas cortinas fechadas como se não houvesse ninguém ali, deixando a casa um tanto sombria embora fosse dia, mas conseguiam captar com seus olfatos apurados uma fragrância adocicada. Hyukjae estava lá dentro, não restava dúvidas. Tocaram a campainha e, depois de um tempo sem resposta, começaram a bater na superfície de madeira.

— Está trancada. — disse Donghae, tentando forçar a maçaneta.

— Saia da frente. — Siwon avisou, e o namorado se afastou. Com um chute, conseguiu inutilizar a maçaneta, fazendo com que a porta se abrisse.

Tudo estava silencioso quando os policias adentraram a casa. Apesar da calmaria, ambos tinham um mal pressentimento quanto a isso.

— Ele está lá em cima. — após fechar os olhos e inspirar fortemente o ar a procura de um certo cheiro, Donghae localizou o ômega.

Eles, então, sacaram suas armas e as deixaram a postos, já esperando algo acontecer. Subiram as escadas em passos cautelosos em rumo ao segundo andar. Tudo ainda permanecia muito quieto, porém logo suas audições aguçadas captaram o som de choro. Eles trocaram olhares por um momento e seguiram o mais calma e silenciosamente possível. Se alguém estivesse tocando em Hyukjae, decerto não veria o próximo dia nascer.

— Está vindo daqui. — Siwon murmurou ao outro, já se preparando para arrombar mais uma porta e com a arma posta em posição.

Donghae sinalizou com um movimento de mão para Siwon ir para o outro lado da porta, que, aparentemente, estava trancada. Ele girou a maçaneta, ouvindo o click, e seus olhos se arregalaram com a cena estarrecedora diante de si. Seus os braços caíram inertes ao lado do corpo e as pernas perderam a força, fazendo-o cair de joelhos, os olhos se enchendo d’água.

— Hyukjae! — Siwon gritou e passou por um Donghae petrificado em estado de choque, afinal, não tinha uma maior estrutura emocional quanto a do Choi.

O quarto no segundo andar da casa tinha o teto baixo e não possuía forro, deixando as vigas de madeira que estruturavam o telhado amostra. Haviam dois lençóis amarrados para formar uma espécie de corda, uma ponta estando presa a uma das vigas e a outra, em um laço em volta do pescoço de Hyukjae. O banco onde esteve se mantendo em pé estava caído no chão, deixando seu corpo suspenso no ar. Um sorriso fraco, devido as amarras em torno de sua garganta, brotou em seus lábios ao ver os peritos ali.

— Que merda, Hyukjae! Por que você fez isso? — Siwon chorava enquanto tentava manter o corpo do ômega o mais alto que conseguia para evitar o aperto do laço no pescoço dele. — Donghae! Donghae, não é hora para ficar assim! Você tem que me ajudar! — gritou para o outro que chorava em silêncio. — Donghae! Me ajuda a salvar Hyukjae, por favor... Eu não consigo sem você. — sua voz estava perdendo a potência por conta do choro. — DONGHAE! — usou o tom de alfa para tentar chamar a atenção dele.

O timbre imperativo tirou Donghae daquele estado paralisado. O comando fez com que seu corpo finalmente fosse guiado pela descarga de adrenalina correndo por sua corrente sanguínea, fazendo-o levantar-se rapidamente e correr até eles. Ele pegou o canivete que Siwon carregava no bolso e cortou brutalmente o lençol.

O corpo de Hyukjae caiu sobre eles, levando-os ao chão. Siwon o abraçou forte contra seu peito, ouvindo suas tossidas para recuperar o ar e tratou de puxar Donghae para aquele momento de afeto também.

— Não faça mais isso, por favor. — Siwon disse a Hyukjae em meio ao choro que cessava aos poucos. — Você também. — dirigiu-se dessa vez a Donghae. — Nunca mais me deixe preocupado assim. — não sabia para quem exatamente disse isso, mas servia para os dois.

Donghae se aconchegou nos braços de Siwon e olhou para Hyukjae que chorava baixo, apertando a camisa do Choi, quase enterrando o rosto ali. Levou a mão até a bochecha dele e fez uma carícia lenta, atraindo a atenção do Son para si, os olhos ambares vermelhos pelo choro.

— Me desculpe, Won. — sem parar o carinho e sem desviar o olhar dos orbes marejados a sua frente, desculpou-se com o maior que ainda mantinha os três corpos juntos naquele abraço. — Vamos embora. — sorriu para acalmar Hyukjae que permanecia um pouco receio com suas palavras. — Você vem com a gente. — garantiu a ele e saiu dos braços de Siwon, ajudando-o a levantar e logo fazendo o mesmo com Hyukjae. — Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Vamos cuidar de você. — olhou para Siwon que retribuiu seu sorriso cumplice e aproximou-se de Hyukjae, esticando o pescoço para deixar um beijo na testa dele e seguindo com os outros dois para fora da casa.

Como era de costume, Hyukjae estava com um moletom preto que tinha o dobro do seu tamanho e uma calça jeans, as roupas que sempre cobrindo todo seu corpo. Por que ele usa essas roupas?, o Choi se perguntava. Não estava frio, nem nada do tipo. Siwon ainda tinha que sanar aquela sua dúvida que sempre o cutucava quando se encontrava com o Son, mas aquele não era o momento.

Fecharam a casa do jeito que foi possível e seguiram para o carro. Hyukjae havia colocado o capuz do moletom, e os alfas iriam perguntá-lo o motivo para isso, mas, como ficou entre eles até entrarem no carro, ambos decidiram deixar esse assunto para depois.

— Você vai ficar na nossa casa. — Siwon anunciou a Hyukjae enquanto botava o cinto e colocava a chave na ignição. Donghae, no banco do passageiro, sorriu com a ideia. — Se estiver tudo bem para você, claro. Também podemos te levar pra delegacia se qu-

— Não! — Hyukjae o interrompeu, afobado. O casal lhe encarou devido sua resposta quase desesperada, e encolheu-se no banco traseiro, envergonhado. — Desculpe. — murmurou. — Mas eu não quero ir para a delegacia. Aquele beta não gosta de mim.

— Minsu? — Siwon perguntou, espiando rapidamente pelo espelho retrovisor e voltando a olhar para rua, levando-os para o local antes citado. — Não se preocupe com ele.

— Ele não faria nada com você. Ele só late, não morde. — Donghae esclareceu.

— Para o bem dele. — Siwon resmungou.

Apesar da voz baixa, Hyukjae ouviu o comentário e sorriu minimamente com o jeito dele para consigo, pois imaginava que o outro o odiasse e quisesse o ver atrás das grades. Um pensamento totalmente equivocado, mas que agora não passaria mais em sua cabeça.

Dentro de alguns minutos, o carro já estava estacionando dentro da garagem do casal. Siwon optou para que saíssem lá dentro para evitar que alguém visse Hyukjae. Os alfas entraram na casa com o ômega ao seu encalço, este estando num misto de envergonha e encantamento por estar ali.

— Desculpe a bagunça. Não temos muito tempo para arrumar. — Donghae coçou a nuca.

— Não precisa ter medo. — Siwon se aproximou do menor ainda um pouco desconfortável. — Não faremos nada com você. — o garantiu, sorrindo fraco. — Vamos. — descansou a mão na região do cóccix dele, guiando-o até as escadas. Ao chegarem no andar superior, ele observou discretamente que o Son estava a massagear a garganta. — Aqui é o quarto de hóspedes. — abriu a porta e deu passagem para o menor, vendo-o passar por si e analisar o pequeno quarto.

— Won, vamos deixá-lo no nosso quarto. Esse aqui está mofento. — Donghae reclamou ao passo que maior olhou o relógio em seu pulso.

— Você tem razão. — concordou com o outro. — Já faz meia hora que saímos, precisamos voltar ou vão suspeitar.

— Tudo bem, eu posso ficar aqui. — Hyukjae sorriu ao falar acanhado.

Um sorriso genuíno, um belo sorriso gengival que fazia com que seus olhos fossem praticamente esmagados pelas bolsinhas sob eles e seu nariz ficasse mais destacado.

Um sorriso que os peritos acharam o mais lindo do mundo.

— Traga ele. — Siwon seguiu para a porta no fim do corredor, entrando no cômodo.

— Vem. — Donghae o chamou, estendendo a mão para o ômega, seu gesto sendo aceito. Assim, o Lee fechou a porta do quarto de hospedes e seguiu para o seu próprio. Ao entrar, deparou-se com o namorado andando de um lado para o outro, pegando roupas e mexendo nas gavetas. — O que está fazendo? — perguntou, curioso.

— Ele deve tomar banho, não? — falou sem parar o que fazia, olhando-os brevemente na porta do quarto. — Estou separando algumas roupas para ele. Vou pegar uma calça e uma cueca sua, Hae. As minhas não servem nele. Pelo menos, minha camisa serve já que ele usa roupas largas. — falou como se Hyukjae não estivesse ouvindo.

O Son corou com a conversa dos policiais e, inevitavelmente, riu daquilo. Estava se sentindo bem como não sentia há muito tempo. A primeira coisa que sentiu ao entrar naquele lugar foi o cheiro forte dos alfas, entranhando em suas narinas. A mistura das fragrâncias naturais dos dois era simplesmente perfeita ao seu ver. Sentia-se seguro naquele ambiente, podia arriscar dizer que até mesmo se sentia feliz.

— Pode pegar o que quiser na cozinha. — Donghae avisou, vendo-o sorrir concordando. Soltou a mão dele e abaixou o capuz que o outro usava até o momento, segurando o rosto dele entre suas mãos. — Nós vamos cuidar de você, é uma promessa. — segredou serenamente e, sem aviso, selou os lábios dele. Pelo rubor acentuado nas bochechas dele, soube que ele era capaz de se enfiar em um buraco se visse um naquele momento.

Sem retirar as mãos do rosto de Hyukjae, Donghae encarou de esguelha Siwon que deveria estar, no mínimo, puto consigo por aquele ato inesperado. Mas, tão surpreendente quanto sua ação anterior, foi vê-lo se aproximar com uma tolha em mãos e a entregar ao ômega após segurá-lo pelo queixo, inclinando-o para cima e também roubar um selar dele.

Hyukjae afastou-se minimamente e levou a mão aos lábios, observando o casal à sua frente que claramente estava se divertindo com suas reações. Ansiava ter a possibilidade de viver com eles, não negava essa ambição ingênua e egoísta, mas era precipitado. Conheceram-se em circunstâncias nada simples e estavam num momento delicado. Ele desejava viver plenamente o que seu lobo sentia naquele momento e sentiu desde o dia em que conheceu aqueles dois.

Uma pena que isso nunca seria possível.

Afinal, ainda havia seu pai.

Hoyoung seria um incomodo na vida deles também caso passasse a viver com os dois. Inconscientemente, levou as mãos em direção ao pescoço, onde o tecido do lençol havia apertado, lembrando-se do motivo para ter feito aquilo e abaixou a cabeça.

— Não pense nisso. Não pense em nada por enquanto, apenas fique aqui. Nós temos que voltar para a delegacia, mas vamos voltar logo para cuidar de você. — Hyukjae olhou para Siwon quando ouviu suas palavras e em seguida para Donghae que sorriu para si. Eles haviam mesmo lhe impedido de tirar sua vida.

— Obrigado. — agradeceu, não só por esse, como também por outros motivos que nem mesmo ele sabia dizer quais eram.

— Sabe nossos números, qualquer coisa você liga. Nós voltamos logo, tome banho e vista a roupa que deixei ali na cama para ti. — Siwon despediu-se com um breve aceno e saiu do quarto, indo esperar o namorado na viatura.

— Não faça nada que vá se arrepender. — Donghae aconselhou, seguindo atrás do outro.

O ômega ficou a encarar a porta fechada por um tempo, pensando no que o mais baixo dos alfas disse. Caminhou em direção a cama, pegando a roupa que lhe foi designada e não conseguiu evitar levá-las ao nariz, inspirando forte a fragrância grudadas nela. Sorriu, seguindo para o banheiro para fazer sua higiene e esperar que os dois retornassem.

Durante a volta para a delegacia, o sorriso bobo não deixava os lábios do casal por um segundo sequer, as lembranças da reação meiga do ômega ao terem roubado dele um selinho tomando conta de seus pensamentos durante o trajeto inteiro.

Um suspiro aliviado escapou simultaneamente da boca de ambos quando chegaram em sua sala. Por sorte, ninguém no departamento havia dado por falta dele naquele meio tempo. Sem perder mais tempo, voltaram a se focar no caso.

— Mas como? — Siwon murmurou, indignado, analisando aqueles mesmos papéis pela milésima vez. — O julgamento final é na segunda. É quase impossível acharmos algo a tempo!

— Nós vamos conseguir, nós precisamos. — Donghae falou com determinação apesar de suas palavras terem um resquício desespero.

Os dois voltarem a concentrar-se em todas as informações que tinham do caso, ficando enfurnados na sala deles em meio há diversos relatórios por horas. Um silêncio quase angustiante, resultado da necessidade máxima de análise, foi a única companhia deles durante o decorrer do tempo. O toque de celular de Siwon soou pelo recinto, interrompendo aquele zunido irritante em seus ouvidos. Ele retirou o aparelho do bolso e, ao ver o número do telefone residencial da sua casa em destaque no visor, atendeu a ligação, já pondo no viva voz.

— Aparece, seu vagabundo! — o grito ecoou da saída de áudio. Apesar de abafado, Siwon conseguiu identificar a voz e, sem Donghae ver, grampeou a chamada.

Aquela era voz de Son Hoyoung.

— Ele está aqui. — o sussurro desesperado de Hyukjae fez com que os alfas sentissem o sangue ferver pelo medo evidente dele. — Ele veio atrás de mim. — outro sussurro, dessa vez vindo acompanhado por soluços.

O telefone fixo localizava no corredor do segundo andar, próximo a escada, e eles deduziram que o Son mais velho se encontrava na cozinha por ouvirem barulho de coisas se quebrando.

— Eu vou te matar! Você não vai escapar de novo! — o tom do alfa exprimia todo seu descontrole. — Eu vou te enterrar ao lado da puta da sua mãe! — gritou.

E lá estava a evidência que os peritos tanto precisavam para concluir seu caso.

— Hyuk, desligue, saia correndo e se tranque no quarto! — Siwon o instruiu rapidamente. — Nós estamos indo. — dito isso, um ruído veio da outra linha, indicando que o ômega desligou.

Siwon e Donghae deixaram a sala, correndo pelo departamento em claro desespero em busca de sua chefe. A estranha movimentação do casal atraiu atenção dos demais oficiais do local que os encararam com curiosidade, alguns dele já imaginando o motivo da afobação deles.

— Aonde vocês vão com tanta pressa? — os alfas frearam a corrida quando uma certa figura apareceu no meio do seu caminho. De todas as pessoas do departamento, o beta era quem eles menos queriam esbarrar nesse instante em que cada segundo contava.

— Não te interessa, oficial Kim. Agora, saia da frente. — Donghae tratou de despachá-lo, porém, como o esperado, o sunbae não obedeceu sua ordem.

— É algo sobre o caso, não é? Digam logo, esse caso é meu também. — pressionou, perdendo a paciência.

— Hyukjae está na nossa casa e alguém acabou de invadi-la. Agora, saia da frente de uma vez! — Siwon acabou soltando pela pressa, logo se arrependendo de ter feito isso.

— E por que o suspeito está na casa dos peritos? — Minsu se dirigiu a ambos, lançando a eles um olhar inquisidor.

— Hyukjae não estava seguro naquela casa. — Donghae rebateu no mesmo tom, perguntando-se por que diabos como alguém como o oficial Kim ainda continuava naquele caso. — Ele nos ligou dizendo que estava sendo perseguido, então está na nossa casa por hora enquanto procuramos outro-

— Meio irônico seu precioso Hyukie — o Lee trincou o maxilar ao ouvir o jeito que platinado proferiu o apelido que dera ao ômega. — pedir para ser realocado no mesmo instante em que o advogado do pai dele nos reportou o sumiço de Son Hoyoung.

— O segundo suspeito está desaparecido? — Siwon franziu as sobrancelhas, estranhando essa nova informação, sua mente já formulando cenários.

— Há três dias ao que aparenta. — o Kim cruzou os braços em frente ao peito. — Hoyoung desaparecendo e Hyukjae pedindo de repente para ser realocado? — falou com ar de soberba. — A única explicação plausível que tenho e que provavelmente nossos superiores também vão ter é que o suspeito não aguentou mais toda a pressão e silenciou a única pessoa que o testemunhou assassinando Soyoung.

— Hyukjae não matou a mãe dele! — o Choi se meteu na frente do Lee quando este ameaçou avançar no Kim.

— Onde estão as provas que compravam isso, perito Lee? — o sunbae questionou seu hoobae, sorrindo arteiro para só deixá-lo ainda mais irritado. — Apresente-as para que os demais também encarregados do caso as analisem.

Donghae emudeceu.

— Nós ainda... Estamos-

— Ora, então é tudo uma mera hipótese? — interrompendo Donghae, Minsu deu alguns passos, encurtando a distância entre eles. — Agora, Donghae, me diga: se Son Hyukjae realmente não matou Yoo Soyoung, como ele sabia a localização do corpo da vítima?

— Foi ele quem presenciou a cena, não o pai. — respondeu, convicto. — O que ele disse nos últimos interrogatórios bate com essa informação.

— Será mesmo? — Donghae sentia suas írises negras se mesclarem com a cor vermelha da natureza de alfa devido a sua raiva. — Se fosse o caso, ele naturalmente poderia ter confessado isso a nós.

Acha mesmo que Hyukjae diria isso enquanto vive sob o mesmo teto de um agressor?! — o Lee rugiu, empregando a voz de comando. Estava cansado de ver todos defenderem aquele alfa imundo que desde o início se fazia de inocente. O departamento inteiro parou para olhar quando seu tom agressivo ressoou pelo local. — Ele tem medo de alfas. E sabe o porquê, sunbaenim? O pai dele o agredia física e verbalmente! Ele apareceu ferido pelas ruas depois de uma testemunha anônima vir denunciar abusos domésticos contra um ômega. Eu chequei as câmeras de segurança do departamento, sabia? — riu debochado. — Essa testemunha era Yoo Soyoung, que horas mais tarde foi declarada como desaparecida pelos vizinhos.

— Isso é uma mera coincidência. — Minsu descartou todo o veredito do hoobae. — Vocês realmente acreditaram no que ele disse? Não viram o exame psicológico dele? O rapaz é perturbado, não mediria atos para se adaptar ao cenário a fim de parecer inocente. Os vizinhos dele disseram que ele machucava a si próprio com frequência, lembram? Não acham que uma situação como essa não seria o suficiente para ele precisar se ferir e fazer um teatrinho para que vocês, meus queridos hoobaes, fossem manipulados para ficarem do lado dele, hã? — o beta cuspiu as palavras, quase enfiando o dedo no rosto do Lee que praticamente espumava de ódio. — Além disso, — acalmou o tom. — o que garante que a vítima não se referia a si mesma ao invés do filho que é o possível agressor?

— Você está sustentando seus argumentos fazendo chacota da condição psicológica do suspeito, oficial Kim. — ficando entre eles, Siwon tentou manter a calma por Donghae e também por si enquanto proferia tais palavras. — E isso não é de agora. Devo relembrá-lo que precisei substituí-lo na sala de interrogatório pelo suspeito ter ficado coagido diante de tua má conduta e comentários preconceituosos, Minsu sunbaenim?

Minsu riu, fazendo pouco caso das palavras do Choi.

— Engraçado dizer isso, perito Choi... — o platinado caminhou ao redor deles, analisando o casal de cima a baixo com um olhar desgostoso. — É sempre assim, não é? Siwon sempre toma a frente, sempre tem voz, sempre o defende e fala por ti, Donghae. Não me surpreende que seja o passivo e submisso dessa — franziu o nariz, gesticulando para ambos. — relação de vocês. É assim até mesmo no trabalho. Que tipo de alfa é você, perito Lee? Sequer sabe se impor. E você, perito Choi, não tem vergonha de estar com alguém como ele? Ah, espere... A bunda desse projeto de pseudo alfa é suficiente para uma boa foda, hm? Não é à toa que esteja com ele. Pelo menos para isso ele serve, não é? Mas não se engane, ele só tem essa cara de ômega, ele não é isso ou beta e nem nunca será. Deve ser por isso que querem tanto proteger o garoto perturbado, para usá-lo quando entrarem no cio, já que nenhum dos dois consegue ajudar eficientemente o outro nessas horas. — ergueu o queixo, rebaixando-os com aquele ato. — Sinto nojo de vocês.

— Ora, seu...! — Siwon segurou Donghae. Aquele havia sido o cúmulo para o Lee, o beta não só cutucou sua ferida mais antiga, como também insultou seu relacionamento com o Choi, além de ter insinuado que ambos iriam se aproveitar de Hyukjae para aliviar suas necessidades básicas. Ele odiava (e, céus, como odiava) aquele tipo de pessoa que critica e ofende os outros apenas por serem como são, como se aquilo fosse fazê-la superior quando na verdade só mostrava o quão ignorante eram.

Mas o que está acontecendo aqui?!

Não só os três, como também os outros oficiais no recinto, abaixaram a cabeça, afetados perante a voz de comando. Ninguém saiu impune dessa, os betas e até mesmos os alfas; todos sem exceção ficaram censurados com aquele tom feminino potente e a aura amedrontadora. Os barulhos de saltos indo de encontro ao piso se aproximaram do centro da confusão, mas ninguém ousava fazer um movimento sequer.

Peritos Choi e Lee, oficial Kim, qual o motivo desse túmulo? — Park Kyungri, uma alfa na casa dos trinta anos, chefe do departamento de polícia, exigiu saber, ainda empregando a voz de comando ao falar com seus subordinados. Ela era a única mulher que trabalhava ali e ninguém se atrevia a desafiar a filha dos ex militares mais renomados do país, não quando a mesma havia passado treinamento pesado desde a adolescência e havia mostrado sua verdadeira força ao derrubar um alfa de quase dois metros (seu atual braço direito) sem dificuldade alguma. — Respondam! Ou será que preciso forçá-los isso?

— Chefe, Hyukjae está correndo perigo. Peço que libere uma pequena equipe para nos auxiliar. — Donghae tomou a frente para falar.

— Eles ultrapassaram a linha do profissional, chefe! — Minsu os acusou. — Eles estão se relacionando com aquele ômega!

— Ora, seu-

— Calem a boca! — Siwon rosnou e, antes que qualquer coisa fosse dita, tocou a gravação. Aquilo pegou a todos de surpresa, deixando-os boquiabertos com o conteúdo do áudio. — Não queriam uma prova? Aqui está. Enquanto estão aí duvidando de mim e de Donghae, Hyukjae está correndo perigo.

— Peguem a equipe que precisarem e vão. Tragam-no para a delegacia. — a Park liberou, e o Donghae e Siwon saíram correndo. — Sang. — chamou seu braço direito pelo primeiro nome. O homem moreno de dois metros aproximou-se. — Acompanhe os peritos. — o alfa assentiu, seguindo atrás do casal. — E você, oficial Kim. — dirigiu-se ao beta antes que ele pensasse em escapar. — Na minha sala agora. — decretou e caminhou de volta para sua sala, sendo seguida por um Kim Minsu completamente puto.

Depois de convocarem os policiais necessários, a equipe saiu nas viaturas em direção a residência do casal alfa. As sirenes ecoavam pelas ruas, avisando que o caminho deveria estar livre para a passagem da polícia. Ao estacionarem e entrarem na casa, eles se dividiram em duplas e se espalharam pelos cômodos com armas a postos.

Donghae e Siwon seguiram até o quarto onde haviam deixado Hyukjae. Ouviram palavras de ódio e gemidos abafados que ficavam mais altos conforme se aproximavam de lá. Eles estavam lá, não restava dúvidas. Donghae foi o primeiro a entrar no quarto, deparando-se com Hoyoung sentado sobre o tronco do filho, as mãos pressionando o pescoço dele. Hyukjae já estava começando a perder a consciência, mas, ainda assim, lutava para se soltar.

O ômega viu dois vultos avançarem sobre seu pai, tirando-o de cima de si e lhe livrando de ser morto por asfixia. Ele tossiu e puxou o ar várias vezes, levando oxigênio para seus pulmões. O choro antes preso escapou pela garganta de Hyukjae enquanto, fugindo daquele tumulto, se arrastou até o canto do quarto e se encolheu, ainda tentando se reestabelecer e observando os dois alfas agredindo aquele que deveria lhe amar. De repente, vários policiais adentraram o quarto e, após afastarem Donghae e Siwon, algemaram o Son mais velho.

O casal se aproximou o ômega e o abraçou cada um de um lado, tentando acalmá-lo.

— Se pensa que vai fugir como aquela puta da sua mãe tentou, está muito enganado! — o homem berrava a ponto de ser visto a saliva espirrando de sua boca. — Ela tentou te proteger, seu bastardo, e, agora, está onde está! — Hyukjae se encolheu mais nos braços dos peritos ao ouvir as ameaças. Então, os peritos começaram a ligar os fatos: a denúncia feita por Yoo Soyoung, para ela mesma e também para o filho que acabou sofrendo por tentar defendê-la, a morte dela e as roupas extremamente largas que Son mais novo usava. Agora, com a camisa de Siwon, era possível ver hematomas de diversos tons, além de cicatrizes profundas nos pulsos, provavelmente de suas tentativas de suicídio anteriores. — Eu vou te achar onde você estiver, seu vagabundo. Eu vou te matar e todos que estiverem no meu caminho!

— Son Hoyoung, você está preso pelos crimes de homicídio quadruplamente qualificado de Yoo Soyoung, ocultação de cadáver, tentativa de homicídio, agressão verbal, física e psicológica contra um ômega e violação de domicilio. — disse Sang, imobilizando um Hoyoung agitadíssimo.

— Tirem-no daqui! — Siwon exigiu, e os policiais obedecem a ordem. — Vai ficar tudo bem. Já acabou. — sussurrou, deitando a cabeça de Hyukjae em seu peito e apertando o abraço.

— Finalmente acabou. — Donghae completou, beijando a têmpora de um Hyukjae chorando copiosamente.

 

(...)

 

Hyukjae sentia medo constantemente, medo de que, a partir do momento que os alfas passassem pela porta daquele maldito quarto branco, Donghae e Siwon fossem largá-lo ali e nunca mais voltar. Quando aquele receio surgia de tempos em tempos, ele chorava. Era um choro forte como se uma dor terrível o acometesse. Ele pensou muitas vezes em tentar suicídio novamente devido a sua extrema insegurança, e foi assim durante os primeiros dias naquele lugar.

O prédio histórico tinha um ar obscuro com toda sua imponência, seus quatro andares construídos num estilo clássico com características da época em que a raça humana ainda existia e não havia guerras. Havia varandas em todos os quartos, porém o Son preferia ficar apenas deitado. Tinha medo de estar ali, pois não se considerava louco e tinha medo dos outros pacientes daquele lugar, ao seu ver, tenebroso.

Em momentos de pura angustia e solidão, os pensamentos inoportunos enchiam sua cabeça. A presença dos alfas lhe fazia falta mais do nunca nessas horas. O quarto branco parecia sufocante sem tê-los ali consigo, onde havia apenas uma modesta cama de casal, um guarda-roupas de pequena estatura, um criado mudo próximo a cabeceira da cama e uma escrivaninha que ele ficava imaginando qual era a utilidade dela, já que não possuía lápis ou nada para escrever, muito menos papel, por estar listado entre os vários objetos considerados perigosos pelos médicos.

Sua internação não foi algo ele ou os alfas planejaram, mas que a justiça solicitou. No dia da última audiência no tribunal, Hyukjae encontrava-se num estado lastimável: aparentava ter entrado em estado de choque desde o dia que o pai tentou matá-lo, estava pálido, não queria comer. Mesmo sob os cuidados dos peritos, ainda assim era algo com que a justiça se preocupava, principalmente na hora de repassar aquelas empresas a ele.

O Son mais novo se sentia vazio, remoendo-se por aquele egoísmo estúpido que lhe fazia divagar a respeito dos dois policiais. Céus, parecia tão absurdo pensar neles naquela maneira, os alfas eram comprometidos um com o outro! Mas não era como se simplesmente conseguisse ou fosse parar de desejar ouvir o tom calmo deles ao falar consigo, de ansiar em ver o sorriso encantador e as covinhas de Siwon, de se lembrar em como se perdia no olhar infantil de Donghae, de imaginar-se nos braços fortes do Choi, de sorrir involuntariamente com o jeito meio avoado que o Lee tinha de vez em quando e, claro, de sempre recordar da sensação dos lábios daqueles dois, do pequeno selar que haviam trocado, que o deixou sem palavras e com o coração acelerado. Vez ou outra, levava a ponta dos dedos aos lábios como se esse ato fosse confortá-lo de não ter os dois ali, ou melhor, de poder sair dali com eles, pois odiava aquele lugar. Eram tantas coisas que pensava que, por vezes, acabava passando a noite em claro com a angústia incessante dentro de seu peito.

Felizmente aquele temor foi se esvaindo aos poucos ao notar que, conforme os dias passavam, Donghae e Siwon apareciam lá para lhe ver como haviam prometido. Às vezes mais cedo num dia, às vezes mais tarde em outro, mas sempre indo quase que religiosamente para fazer uma visita.

Após Son Hoyoung ser preso, os alfas lhe contaram em uma das visitas, outras atrocidades foram descobertas a respeito dele. Seu pai abusava constantemente dos empregados da casa, ameaçava demiti-los caso tentassem denunciá-lo e também ameaçava vazar fotos intimas que ele mesmo tirava sem que as vítimas percebessem. Todos os assédios e agressões tinham um padrão: foram todos contra ômegas. Houve também queixas por parte de funcionários de sua empresa, novamente ômegas, que afirmaram ter sido assediados e tocados sem consentimento, mas tinham medo de denunciar por receberem ameaças de ter seus empregos retirados ou também ameaças de morte de sua família.

Tudo para manter aquela imagem de alfa poderoso.

E, agora, ele estava arruinado, condenado a mais de trinta anos de prisão. Todo aquele império que antes comandava passou a ser de Hyukjae que, mesmo não querendo nada ligado a aquele homem, acabou aceitando a “herança” e colocou a administração da empresa nas mãos de seu advogado que o deixava sempre a par de tudo.

Com o passar do tempo, a cabeleira negra de Hyukjae estava de volta. Suas visitas sempre diziam o quanto as madeixas escuras e compridas eram lindas, deixando-o um tanto encabulado com os elogios que não estava acostumado a receber. E foi em uma dessas visitas que Donghae e Siwon o sugeriram algo peculiar ao seu ver: uma lista das coisas que desejava fazer quando saísse dali.

— Mas isso é bobo demais. — disse por fim após ter analisado os rostos sorridentes deles em busca de sinais de brincadeira. Mesmo tendo completado apenas dois meses naquele lugar, sua melhora era mais do que evidente.

— Não é bobo, é algo importante. — Donghae o corrigiu meio emburrado com sua resposta.  Em seguida, continuou: — Para você... e para a gente. — a última parte saiu praticamente num sussurro.

Havia conversado com Siwon, e ambos decidiram que conquistariam aquele ômega. Mal sabiam que Hyukjae já estava completamente apaixonado por ambos. Ainda assim, nenhum dos três tinha a coragem para pedir algo mais concreto. As visitas eram cheias de risos, conversas e, vez ou outra, carinhos, mas eles preferiam evitar contato físico, pois temiam irritá-lo. Se soubessem que isso era tudo que o outro mais desejava: ser tocado e poder sentir fragrância dos alfas.

— Diga logo qual é o primeiro. — Siwon pegou o bloco de notas e uma caneta que sempre levava consigo.

Sentado na beira da cama, Hyukjae mordeu o inferior e observou seus pés descalços. Espiou por sob a franja, vendo Siwon sentado na cadeira da escrivaninha e Donghae, na extremidade da cama, observando-lhe.

— Trocar meu nome. — viu os alfas se entreolharem curiosos. — Quero usar o sobrenome da minha mãe e também mudar o primeiro. — estava incerto de contar aquele desejo aos alfas. — Quero recomeçar quando sair daqui, quero... renascer. — ergueu o rosto, sorrindo. Sua ação pareceu contagiá-los, fazendo-os sorrirem abertamente para si. Aquilo aqueceu seu coração, o que acarretou suas bochechas coradas enquanto se encolhia um pouco na cama pela vergonha.

— Que tal Eunhyuk? — Siwon disse, vendo Donghae sorrir com sua sugestão.

— É um nome muito bonito. — Donghae completou.

— Quem sabe? — respondeu, divertido.

— Vamos ao segundo item. — Siwon seguiu tomando nota, esperando o segundo desejo do ômega.

— Terminar de cursar Farmácia na faculdade e arranjar um emprego. — falou, pensativo. — Já era para ter terminado, mas acabei trancando o curso por... vocês sabem. — ajeitou a franja ultrapassando os olhos num ato nervoso.

— Quer pintar o cabelo também? — olhou para Donghae para ver se estava falando sério. — Você ficaria bonito de cabelo colorido. Já pensou em ficar loiro?

— Não liga para isso, Hyuk. Hae tem uma pira para ficar pintando o cabelo toda hora. — Siwon interviu apesar de ter achado essa ideia interessante. — Não o viu quando passamos no teste de admissão da polícia. Ele estava com cabelo loiro queimado ia até os ombros, daí foi para o platinado, castanho, o arco-íris inteiro até chegar nesse azul escuro quase beirando o negro. — viu Hyukjae rir, provavelmente imaginando o que disse.

 — Cala a boca que você não é a pessoa mais apropriada para dizer isso, Choi Siwon. — o azulado estreitou o olhar.

— Eu vou pensar nisso. Talvez seja bom mudar um pouco. — Hyukjae puxou uma mecha da franja, imaginando-a em outra tonalidade.

— Algo mais? — Siwon tornou a perguntar.

— Eu... — ponderou por um instante, questionando-se se aquilo seria para uma boa indireta para o casal ou se era estupido falar aquilo.

— Pode falar. — Siwon incentivou.

— Nós vamos te ajudar a conquistar tudo o que desejar, Hyukie. — Donghae emendou, quase afobado. — Estaremos com você sempre que precisar e-

— Hae, para e deixa o Hyuk falar. — o outro interrompeu o namorado, ciente que ele acabaria dando com a língua nos dentes caso não o fizesse. Uma declaração ali e do nada assustaria o ômega, não duvidava.

Hyukjae sorriu com o jeito deles e também feliz, agora convicto dos desejos que iria realizar com aqueles dois.

— Quero... encontrar as pessoas certas, casar, ter filhotes. — soltou. Esperava que eles fossem rir de sua cara por ser tão obvio e lhe darem um fora, mas a reação que teve foi completamente a oposta. O choque no rosto dele era gritante, mas o hilário foi ver Siwon simplesmente cair desmaiado no chão. — Pelos deuses! — Hyukjae se levantou num pulo para ajudar o alfa e Donghae fez o mesmo, caindo na gargalhada em seguida. — Por que está rindo, Hae? — ele estava muito assustado com aquilo, mas Siwon parecia que estava voltando a si. — Você está bem? — segurou o rosto do alfa entre as mãos, olhando-o dentro de seus olhos e foi surpreendido com um selo rápido.

— Você já tem as pessoas certas. — Donghae sussurrou, observando Siwon se sentar com um Hyukjae completamente corado entre suas pernas. — Choi Siwon desmaiando com uma declaração subliminar. — deixou-se cair no chão para rolar de tanto rir dele.

— Você me assustou. — Hyukjae disse a Siwon. — Vocês dois. — elevou o tom para chamar a atenção do outro alfa que se sentou novamente e enxugou as lágrimas que desciam pelo acesso de risos.

— Desculpe. — Donghae pediu entrecortado.

Siwon havia tido uma queda de pressão realmente, por isso o Lee riu tanto, pois ele era o mais forte emocionalmente ou deveria ser. Imaginava como seu alfa estaria no dia do nascimento de seu primeiro filhote. Sorriu com o pensamento, vendo-o fazer um carinho friccionando a barba na parte que estava amostra do pescoço e ombro de Hyukjae que estava desfrutando daquela aproximação. Seu lobo se sentia completo com aqueles dois.

— Por que está sorrindo? — a voz do Choi o despertou de seus devaneios.

— Apenas pensei em algo. — contornou do assunto e se aproximou dos dois, selando os lábios de Hyukjae novamente num gesto puro de demonstração de carinho. Findou o beijo e se direcionou para a Siwon, repetindo o ato.

Hyukjae sorriu e aproveitou para sentir o cheiro de Donghae.

De fato, ele já tinha as pessoas certas.


Notas Finais


Esperamos voltar em breve.
Depois desses 3 especiais, tudo volta ao normal, com muitas bombas....
deixa eu "calar minha boca"
pra não dar spoiler.
beijos no coração e até o próximo.


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