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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter twenty one


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


OLaaaar

Boa leitura!

Capítulo 25 - Chapter twenty one


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter twenty one

As pálpebras se remexeram para então revelar os orbes negros segundos depois. Quando Hyunwoo acordou, o ambiente ainda conservava-se escuro, embora o sol começasse a raiar no horizonte. O sono pesava em seus olhos, mas preferiu ficar acordado, aproveitando a moleza, repousado na cama macia na qual estava. Ele espreguiçou-se no colchão e inspirou fundo no processo, notando algo, até então, despercebido para si.

Fragrâncias misturavam-se naquele recinto, junto a elas, o cheiro de sexo recente. Ele não precisou puxar o ar novamente para identificar a quem pertencia tal perfume natural, reconhecia muito bem aquele aroma. Delicioso e inebriante. Permitiu-se inalar forte de novo para saborear e notar o quão delirante era a maneira como os cheiros estavam a se mesclar ali.

Hyunwoo mudou de posição, enfim ficando de frente para Hoseok. Um sorriso de canto surgiu em seu rosto. Assim como a si, o outro estava totalmente descoberto, num verdadeiro esplendor nu. Seu olhar correu pela figura debruçada ao seu lado e a analisou da cabeça aos pés minuciosamente, passando por cada curva daquele corpo belíssimo. O sorriso aumentou ao se deparar com algo inusitado: uma tatuagem, localizada parte na nádega direita, parte no início da coxa.

Ele não reparou quanto tempo ficou admirando-o, mas o outro começou a se remexer conforme a claridade se tornava mais presente com a ascensão do sol. Fingiu que dormia para não alarmá-lo, atento a cada movimento acontecendo a seu lado.

Apesar de todo o cansaço, Hoseok acordou com a luminosidade invadindo o lugar. A angústia irrompeu dentro de si quando percebeu que não era o único ali, logo seguido do pânico por temer saber de quem se tratava. Sem ter noção de onde estava ou qual dia era aquele, examinou o local, ainda absorto no torpor de quem acaba de acordar, para obter mais informações.

Sua mente reconheceu os móveis caros e característicos de um dos vários quartos na mansão dos Lee, mais especificamente, a suíte de Jooheon. O alívio foi quase imediato, embora a preocupação ainda estivesse presente. Ele juntou toda a coragem que lhe restava e virou o rosto para o lado oposto.

Um turbilhão instaurou-se em seu âmago, afinal, não esperava encontrar Shownu junto consigo na cama. O rosto enrubesceu ao ligar fatos: os arranhões, mordidas, roxuras, marcas de dedos (suas) presentes na pele do Son, as roupas espalhadas pelo quarto, que pertencia ao seu irmão. Após isso, o sentimento de amargura veio. Como poderia ter se deitado com um alfa, aparentemente, comprometido? Mas, céus, era tão confuso o que sentia no momento. Ao mesmo tempo em que queria que isso acontecesse, as circunstâncias não deveriam ser essas.

O alfa não sabia se deveria relevar ainda que estava desperto. Em sua mente, o dilema de falar com Hoseok, explicar a ele o que havia acontecido, algo raro que era terem entrado no cio no mesmo período. Fora isso, precisava ter uma conversa decente com ele, pois, desde a viagem, não trocavam mais do que meia dúzia de palavras, tendo aquele clima de estranheza sempre presente.

— Por que eu fiz isso? — Shownu espiou e viu o momento em que Wonho se levantou, pegando suas roupas espalhadas pelo chão. — Que merda, era o ômega dele... — e quando ele olhou para trás, assustou-se por perceber que estava a observá-lo. As lágrimas dele ficaram a si evidentes naquele momento.

— Por que está chorando? — Shownu perguntou.

Hoseok tornou a virar o rosto, escondendo o rubor que surgiu nele. Era inevitável não apreciar a estrutura forte e definida deitada na cama, nua a sua frente. Vestiu-se como pode e caminhou em direção à porta, andando meio desajeitado.

— Você acabou de sair do cio. — falar aquilo não o impediu. — Ainda é muito cedo. É perigoso sair e seu cheiro ainda está forte. — vendo que continuava sendo ignorado, cobriu-se com o lençol e foi até ele, segurando-o pelo pulso quando o mesmo tocou na maçaneta.

— Eu não sou como ele diz. — murmurou, mais para si do que para Shownu. — Você traiu aquele ômega comigo. — elevou o tom, o olhar fixo na porta.

— Eu não tenho nada com ele. — tratou de esclarecer o equívoco.

— Você é o pior tipo. — virou o rosto para encará-lo. — Nenhum alfa faz isso com seu ômega. — abaixou a cabeça, não querendo que ele visse o quão abatido estava com tudo isso. Puxou o braço do agarro e abriu a porta. — E por mais que eu negue, também sou do pior tipo. — e correu, não ligando para as dores que sentia.

Um passo, uma lágrima: era como se fosse planejado. Sua visão ficou turva o trajeto inteiro. Não ligava se seu estado lamentável chamou atenção dos empregados da mansão, muito menos se as pessoas pelas quais passava notavam isso. Aquilo doía, seja física ou emocionalmente, e como doía, ainda assim manteve-se no ritmo frenético, querendo ficar longe de qualquer coisa que o lembrasse de Son Hyunwoo.

Após a longa corrida até sua casa, Wonho fechou a porta atrás de si e se deixou escorregar até parar sentado no chão. O choro era constante, tal como o aperto no peito, perguntava-se por que, de tantas pessoas, tinha que se apaixonar por alguém como Shownu. Soava tão cruel, para si, ver como sentia-se atraído por ele mesmo havendo todos os apesares.

O som de passos se aproximando o fez reprimir os soluços. Quando a figura tão conhecida e detestável parou a sua frente, o medo se apossou de todo o seu ser. Tentou se levantar e sair da casa, mas a mão grande do seu responsável agarrou e puxou seu cabelo, sendo, em seguida, jogado ao chão. O loiro, apesar de possuir a estatura média de um alfa, não tinha a força de um e acabou sendo arremessado facilmente contra o piso por consequência.

Então, você pensa que pode sumir assim?! — o tom de comando estrondou nos seus tímpanos.

Devido ao fim recente de seu cio, encolheu-se por inteiro, o timbre imperativo atuando de forma mais reforçada do que o de costume. Ainda assim, arriscou se levantar e correr novamente. O agarro e o puxão em seus fios que sucederam, foram mais fortes comparados aos anteriores. Hoseok apertou os olhos e direcionou ambas as mãos para os dedos embrenhados em seu cabelo, numa vã tentativa de fazer seu responsável, que o arrastava daquela maneira pela casa, lhe soltar. Embora a embriagues fosse visível, também era notável o quanto estava fora de si. O alfa pisou no primeiro degrau enquanto ouvia o mais novo implorar para ser solto.

Cala a boca. — aquele tom de ordem, característico da classe alfa, detinha um som marcante no qual o deixava cada vez mais amedrontado. — Você é surdo? — Wonho congelou ao sentir o impacto do tapa, e o choro parou completamente. — Gostou das férias, hã? — questionou, irônico. — Você quase me matou, seu desgraçado! — o timbre agressivo e constante fazia o Shin mais novo perguntar-se internamente quanto tempo mais teria de suportar viver naquele lugar, daquela maneira desumana. — Você vai me pagar. — concluiu a série de insultos e ameaças e seguiu adiante, sem liberar os fios do seu dependente em momento algum.

A porta do quarto do Shin mais velho entrou no campo de visão de Wonho. Assim que percebeu certa diminuição no aperto em seus cabelos, tentou sair correndo mais uma vez. Como o esperado, outra tentativa frustrada. O Sr. Shin o segurou pela cintura e o levou ao próprio aposento, jogando o menor, sem cuidado algum, sobre a cama após adentrar o cômodo.

Hoseok não queria aquilo, muito menos que acontecesse naquele lugar, onde sua mãe passou até seus últimos dias. Quando percebeu, o choro já havia retornado, e assustou-se com o alfa vindo para cima de si. O hálito forte de bebida bateu contra seu rosto devido à proximidade. A figura asquerosa prensava seus braços acima de sua cabeça, e olhava-o com tamanha repulsa que parecia possível ter um refluxo a qualquer momento.

Você é um merda mesmo. — de novo, encolheu-se involuntário graças a voz de comando. A voz dele era firme e, após anos “convivendo” e “sobrevivendo” a aquilo, parecia cada vez mais assustadora.

— Sai de cima de mim, tá machucando. — as lágrimas, de tão intensas que fluíam de seus olhos, banhava toda a lateral de seu rosto.

CALADO! — o outro se alterou graças a sua exigência e arremeteu, de novo, um tapa forte. Depois de tudo, nunca se acostumaria com o tratamento que recebia desde a morte de sua mãe. — EU DISSE A ELA, SABIA? EU DISSE QUE NÃO QUERIA A PORRA DE UMA CRIANÇA QUE NÃO TIVESSE MEU SANGUE, MAS ELA INSISTIU E TE TROUXE. — ele estava cuspindo as palavras em sua cara como sempre fazia, porém, um ômega, após o fim de seu cio, era deveras sensível, não só fisicamente, como no emocional e no psicológico. Era possível ouvir os soluços por toda casa, mas não era como se alguém nos arredores se importasse.

— ME SOLTA! — o desespero parecia vencer o medo. Naquele momento, acima de tudo, o ódio por sua classe/natureza somente crescia dentro de seu âmago. Por ficar tão acuado numa situação como aquela, sentia medo, queria fugir.

CALA A BOCA! — um soco no estômago fez o choro cessar. A voz sumiu, Wonho tentou recuperar o ar. Não sabia como reagir. Em sua mente, um único pensamento: seu irmão e o resto dos amigos sentiriam saudades? Haja vista o descontrole do homem acima de si, não era provável que saísse dali ou que voltasse a vê-los. — Você só veio para destruir tudo: minha vida, minha família! Você matou minha mulher e minha filha, seu desgraçado!

— NÃO! É MENTIRA! ME SOLTA...! NÃO...! — não queria ouvir aquilo, não conseguia. Ele não havia matado ninguém.

CALA A PORRA DA BOCA! — o gosto ocre inundou seu paladar, e o ar faltou. Provavelmente, estava com os lábios partidos depois de um novo soco ser desferido em sua face.

— EU NÃO QUERIA! PARA, P-POR FAVOR! N-NÃO! PARA! — o homem não ouvia e muito menos raciocinava corretamente.

De súbito, parou com as agressões e soltou um suspiro pesado. Hoseok não ousou proferir uma palavra alguma, havia se encolhido em posição fetal, tentando amenizar a dor que espalhava-se por todo o corpo. Além de ter ouvido tudo aquilo com a voz de comando sendo imposta sobre si, estava fragilizado pelo fim do cio e, agora, também pelas agressões de seu responsável legal.

O homem tinha os orbes vermelhos pelo mais puro rancor para consigo. Ele voltou a se aproximar, e o púbere tentou se afastar, mas logo teve os braços segurados. O mais velho enfiou o nariz no seu pescoço, e sentiu o corpo ficar rígido com o ato.

— Então, seu cio já passou. — o Sr. Shin disse para si mesmo. — Que merda, era o único período onde você não reclamava. — voltou a falar sozinho. Hoseok estremeceu com o comentário, temendo por si, já que sabia não conseguir lutar.

Sua camisa foi rasgada num movimento brusco. Numa última tentativa, empurrou o responsável, prostrado entre suas pernas. O ato funcionou, só não foi tão efetivo devido o mais velho tê-lo levado junto consigo para o chão. A aura negra, movida por uma combinação de emoções negativas, rondava o homem quando o olhou.

FICA DE QUATRO! — o timbre imperativo novamente. Não possuía mais forças para fazer nada, não sabia também como ainda permanecia consciente. — TÁ SURDO?! — segurou os fios do adolescente e puxou com força até tê-lo de joelhos, apoiado na beira da cama.

— Não... P-por favor... — virou o rosto, pedindo clemência. Mesmo sendo orgulhoso, Hoseok tinha medo. Recebeu um novo puxão nas madeixas e sentiu o tecido do colchão em seu rosto, impedindo-o de respirar.

Por que eu tinha que ser um ômega?

O aperto se desfez, e virou o rosto de lado rapidamente para conseguir oxigenar seus pulmões. O restante de suas roupas foi arrancado do seu corpo. Não dizia mais nada, no quarto só era possível ouvir alguns soluços e as suplicas para ser deixado em paz.

Tudo em vão.

Sem preparação, sem aviso, sem nenhuma palavra, o Sr. Shin investiu rude, forçando uma penetração seca, de pouco em pouco até estar inteiramente dentro de si. Aquilo doía e ardia como o inferno. Hoseok sentia-se rasgado ao meio, sua cavidade anal sequer expelia o lubrificante natural, mas sentiu algo escorrer entre suas nádegas.

As estocadas fortes machucavam-no de todos os modos possíveis. Seu orgulho estava sendo pisoteado por aquele ser imundo atrás de si, mas seu coração se encontrava bem pior no momento. O tempo pareceu parar diante daquela tortura a qual implorava para que acabasse. O nó começou a se formar e logo os movimentos cessaram por inteiro ao tê-lo completo. Não possuía forças para lutar, a visão estava turva por novas lágrimas e por estar se sentindo fraco.

— Você é um nada. — ouviu o homem ditar em seu ouvido enquanto o nó ainda os atava. — Tenho pena do alfa que te escolher. — continuou, ácido. — Pelo menos, ele vai poder comer esse seu cu. É só para isso que você serve. — o choro se fazia presente de novo, um choro copioso e estático. Hoseok tinha o olhar vazio, sentia-se como uma criança querendo apenas o colo da mãe.

Sentiu o nó se desfazer e o homem se retirando de dentro de si. Sem forças para se apoiar, deixou-se cair no chão, não se preocupando com o assoalho molhado com um líquido desconhecido abaixo de seu corpo.

— Puto. — o mais velho ainda ousou cuspir sobre Wonho, que nem o encarou.

Ouviu os passos se afastando e, um tempo depois, o som da porta da frente da casa sendo aberta e fechada com violência. Teve a coragem de olhar para baixo e assustou-se com o que viu: suas pernas pegajosas devido à grande quantidade de sangue. Ele teria entrado em desespero se tivesse dinamismo para tal feito.

Tentou se esticar até sua calça, que estava ali no chão, e sentiu o corpo reclamar, principalmente sua entrada. Algo escorreu de dentro de si, e o choro aumentou, não sabia se era mais sangue em razão da violência contra seu corpo ou se seria o sêmen de seu responsável.

Sentiu nojo do próprio corpo naquele estado.

Após encontrar o aparelho no bolso da calça, discou o número, que ficava em sua chamada de emergência, e esperou ser atendido enquanto limpava o rosto com o tecido jeans e tentava se levantar sem sucesso.

— Alô.

— Kihyun. — desesperou-se ao ouvir a voz do outro lado da linha. — Eu não consigo sair daqui... — soluços escapavam em meio as suas palavras. — Me ajuda! Ele vai voltar... — a voz foi sumindo. Sentiu o quarto rodar, mas se concentrou em dar sua localização ao amigo. — Eu estou em casa! Me tira daqui! Por favor... Ele vai voltar... ele vai me matar... Eu não consigo sair daqui... — a frase morreu naquele ponto, e seu o tronco, que estava apoiado sobre um cotovelo, caiu sobre aquele sangue novamente, sendo envolvido pela escuridão total.

 

(...)

 

— Você podia parar de sorrir por um instante, hyung. — Changkyun se aproximou de Kihyun e deixou o prato na pia, como quem não quer nada. — Isso assusta.

— Não estou sorrindo. — Kihyun juntou as sobrancelhas numa careta, mas logo o sorriso voltou a suavizar sua expressão. — Eu não sou seu empregado, Kyunnie.

— Ah, por favorzinho. — abraçou o irmão, utilizando o tom mais manhoso possível. — Você já tá lavando a louça, um prato a mais não vai te matar.

— Tá bom. — Changkyun sorriu, ainda com o rosto apoiado nas costas de Kihyun. — Você não vai me largar, não é?

— Uhum. — balançou a cabeça em concordância e deslizou o nariz na linha da coluna dele. O cheiro de Hyungwon estava impregnado nas roupas de seu irmão. — Você não liga mais pra mim, hyung.

— Está com ciúmes do Hyunginie? — sorriu sem que o outro visse. Não precisava virar o rosto para saber que Changkyun estava com um bico enorme nos lábios. — Eu estava cuidando dos ferimentos dele, sabe disso. — e era verdade. Teve todo um cuidado extra, nos últimos dias, com Hyungwon para que melhorasse logo. Mas, ok, confessava que havia deixado o irmão um pouco de lado enquanto fazia isso.

— Vou me ferir pra ver se você me dá atenção. — fez uma careta emburrada.

— Não diga isso, Kyunnie. — Kihyun desligou a torneira e girou no próprio eixo para ficar de frente para Changkyun, sem que houvesse a necessidade de que o outro soltasse sua cintura do enlaço. — Hyunginie precisou um pouco mais da minha atenção nesses dias pra se recuperar mais rápido, mas não queria que se sentisse ignorado. Você sempre vai ser o segundo ômega da minha vida. — segurou o rosto dele com as mãos em concha.

— Segundo? — resmungou, contrariado. — E quem é o primeiro?

— Você sabe quem é. — beliscou de leve o beicinho chateado. — Não acredito que está com ciúmes do Eun omma.

— Ah... — a expressão de Changkyun suavizou, além de ganhar um pouco de cor nas bochechas. — Se for assim, tá bom. — arrancou um riso soprado do irmão.

— Esse é o meu Kyunnie birrento. — deu um selinho inocente nele. O irmão virou um pimentão e lhe soltou, cobrindo a boca numa atitude envergonhada.

— P-por que fez isso? — podia parecer exagero, mas jurava que estava sentindo uma fumacinha, gerada pela quentura de suas maçãs do rosto, sair dos ouvidos.

— Ah, não aja assim. Eu só parei de fazer isso, há três anos, porque você me disse que já era “grandinho” demais. — revirou os olhos. — E não pense que não percebi que você ainda deixa os appas fazerem isso. Quer dizer que eles podem e eu não? — foi a vez de Kihyun fazer uma careta emburrada.

— Mas o hyung tá namorando. — murmurou, com medo de que Hyungwon fosse aparecer ali a qualquer momento.

— E daí? — levantou uma sobrancelha, ainda sem entender o que ele queria dizer.

— O Minnie e o Wonnie podem não gostar.

— Kyunnie... — suspirou e foi até ele, voltando a segurar rosto dele entre as mãos. — Eu não vou mudar o jeito que trato você e o Seok só porque tenho namorados agora.

— Mas e se-

— Eu não vou mudar. — enfatizou suas palavras. — Ou quer que eu pare de te tratar assim?

— Não. — balançou a cabeça, negando e sorriu. — Obrigado, hyung. — devolveu o selinho e ganhou um sorriso dele.

— Não entendo por que tá tão preocupado com isso. — retornou a pia, prosseguindo com a limpeza da louça. — Nossos pais, principalmente o Eun omma, faziam isso com a gente desde pequenos.

— Eu sei, hyung. Eu gosto disso, mas... — falou enquanto voltava para o lado dele.

— Mas? — o encarou de esguelha, sem parar a tarefa.

— Eu só não quero causar problemas. — confessou e desviou o olhar.

— Pare de falar besteiras. — apesar da frase parecer um tanto exasperada, o tom de Kihyun permaneceu ameno o tempo todo. — Isso é só uma demonstração de carinho, como um abraço também é. Fora que é um selinho, e não um beijo. — deu de ombros. — Está muito manhoso esses tempos. — mudou de assunto.

— Tô com saudade do Seok hyung. — fez beicinho. E do Honey também, completou a frase mentalmente.

— Eu também, Kyunnie. — comentou. — A gente vai ver ele assim que o cio dele acabar.

— Tá. — concordou, sorrindo. — Já tá ficando tarde, eu vou chamar o Wonnie pra vir tomar café.

— Não vai. — reclamou. — Deixe ele dormir mais um pouco. — um sorriso involuntário brotou em seu semblante só de lembrar de Hyungwon embolado em seus lençóis.

— Você é muito babão mesmo, hyung. — o cutucou na bochecha e riu baixo da cara de idiota apaixonado que o irmão fazia.

— Não enche. — Kihyun bufou. Essa era a frase que Changkyun mais lhe dirigiu nos últimos dias. — Você não sabe como é isso.

— Sei sim.

Kihyun parou de passar a esponja na louça.

— Como assim sabe? — encarou o irmão e estreitou os olhos.

— Sabendo, ora. — inflou as bochechas, já esperando o ataque de ciúmes que viria a seguir. — Eu também namoro.

— E com quem namora? — ah, Changkyun já podia sentir o chilique se aproximando.

— Honey. — uma veia saltou na testa de Kihyun ao revelar que era o Lee.

— Ele tem que pedir a minha autorização primeiro. — Changkyun lhe olhou, descrente.

— Ele vai namorar contigo, por um acaso? — respondeu, mal humorado e abismado.

— Não interessa, ele tem que me pedir primeiro. — bufou, irritado.

— Não se mete no meu namoro, porque eu não me meto no seu. — cruzou os braços, igualmente irritado. — Se for assim, o Minnie e o Wonnie vão ter que pedir a minha autorização, e eu não vou deixar.

— Só pode tá me tirando. — sua risada só fez a carranca de Changkyun aumentar. — Você não manda em mim.

— Assim como você não manda em mim. — franziu o nariz. — Então, você não se mete no meu namoro que eu não me meto no teu, tá?

— Tá. — aceitou a contragosto, e Changkyun sorriu vitorioso. — Se ele te magoar, eu não respondo por mim.

— Sei disso, hyung. — voltou a abraçá-lo por trás. — Sabe que eu te amo, né?

— Hm. — fingiu ainda estar bravo, mas um sorriso surgiu ao ouvir as palavras do menor.

— Ei, não fica bravo comigo. — Changkyun apertou o enlaço na cintura do maior. — Ei, me responde. Hyung...!

— Não precisa fazer manha, bebê. — virou o rosto e viu o bico de pura birra. — Eu não tô bravo e também te amo. — beijou a ponta do nariz dele. Seu celular, mais ao longe, começou a tocar e quebrou aquele momento de afeto. — Atende pra mim, por favor.

— Tá bom. — soltou o irmão e correu até a mesa, onde o aparelho estava tocando. Um sorriso surgiu no seu rosto ao ver que era Hoseok quem ligava. — Alô.

— Kihyun. — um arrepio perpassou a espinha de Changkyun ao ouvir o tom desesperado de Hoseok. — Eu não consigo sair daqui... — o choque se tornou maior com o som do choro do mais velho. — Me ajuda! Ele vai voltar... — a voz começou a perder força do outro lado da linha. — Eu estou em casa! Me tira daqui! Por favor... Ele vai voltar... ele vai me matar... Eu não consigo sair daqui... — um baque surdo e silêncio.

— Seok hyung? — Changkyun verificou a ligação. Continuava na linha. — Seok hyung? — silêncio de novo. — Seok hyung, o que foi? — começou a se exaltar, não vendo que atraiu a atenção de seu irmão. — SEOK HYUNG, FALA COMIGO! O QUE ACONTECEU?! HYUNG!

— Kyunnie, o que foi que-

— O QUE TÁ ACONTECENDO COM O SEOK HYUNG?! — voltou-se para ele, berrando. — POR QUE ELE TÁ PEDINDO AJUDA?! QUEM TÁ ATRÁS DELE E POR QUE TÁ TENTANDO MATÁ-LO?!

Kihyun arregalou os olhos.

— Por favor, Kyunnie, se acalm-

— NÃO ME PEÇA CALMA! — deixou o dedo em riste.

“Ninguém confia em você”.  

— O que tá acontecendo?! — perguntou, assustado com o que ouviu.

— Changkyun, se acalme! — o segurou pelos ombros. — Não grite, vai acordar o Hyungw-

“Ele prefere cuidar desse ômega do que de você”.

Changkyun ficou cabisbaixo, tentando ignorar aquelas palavras e focar na situação.

— Ele disse onde está? — Changkyun enfim conseguiu voltar a ouvir o que Kihyun falava.

— Na casa dele. Ele disse que não conseguiu sair de lá. — Changkyun ficou ainda mais preocupado depois de ver a sombra de desespero se apossar do rosto de Kihyun. — Por que você não me conta nada?!

“Ele não confia em você”.

— Calma, eu tô pensando! — Kihyun grunhiu, embrenhando os dedos no cabelo. Como o tiraria de lá sem o responsável dele notar? — Preciso ir atrás dele. — falou para si mesmo e correu para pegar a carteira.

“Ele vai te deixar”.

Quando Kihyun voltou ao primeiro andar, Changkyun estava calçado, o esperando na entrada.

— O que pensa que está fazendo?

— Eu vou contigo! — ele não sabia por que estava fazendo aquilo, se era por Hoseok ou pelo medo de ser deixado pelo irmão. Ele não queria isso, não queria ser guiado pelas vozes, não queria que alguém que nem existia comandasse seus atos.

— Você não vai! Eu não vou te deixar correr perigo! — os olhos de Changkyun dobraram de tamanho.

— Por que estaria correndo perigo? — Kihyun mordeu o inferior, sem saber o que responder. — Hyung, me conta logo! Eu não vou te deixar sair enquanto não me contar!

— Merda, Changkyun! — socou a parede lateral. — Eu não posso perder tempo, me deixa passar!

— Eu não vou te deixar ir a lugar algum se não me explicar que merda tá acontecendo!

Kihyun trincou o maxilar, sua mente dando pane sem saber o que fazer. Precisava ir atrás de Hoseok, mas Changkyun não o deixaria passar. Não podia levar o irmão consigo, pois temia esbarrar com o Sr. Shin e algo pior acontecer, mas a cada segundo que perdia discutindo com Changkyun, Hoseok corria risco.

O que eu faço?! O que eu faço?!

— Você vem comigo, mas não vai sair de perto de mim. — Changkyun balançou a cabeça em concordância, e os dois saíram de casa.

Os Yoo pegaram o primeiro táxi que passou por eles e indicaram a localização da casa dos Shin. Changkyun tentou extrair informações do irmão durante o caminho, mas bastou um olhar mais duro de Kihyun para se calar. O assunto deveria ser sério demais para ele não querer mencionar nada dentro do táxi. Estremeceu só imaginando o que poderia ser.

Um ruído de celular quebrou aquele silêncio tenso e sufocante que estava instaurado dentro do táxi. Kihyun encarou o irmão, estreitando os olhos ao reconhecer o toque do celular dele. Num momento como esse, ele ainda havia trazido o celular?

— Quem tá ligando? — perguntou, irritado. Não queria destratar o mais novo, mas era o nervosismo o deixando assim.

— Honey. — viu o irmão esfregar o rosto para não perder a calma. — O que eu faço?

— Atenda, veja o que ele quer e depois desliga. — massageou as têmporas. Um dilema interno estava instaurado dentro de si: precisava tirar o melhor amigo de lá, mas o taxista não podia ver a condição do outro e isso não podia chegar aos ouvidos de seus pais. Céus, como prosseguiria?!

— Oi, Honey. — Changkyun tentou soar o mais natural possível, embora a aflição estivesse exalando de todos os seus poros.

— Oi, Puppy. — mas a voz de Jooheon também não estava lá muito bem. — O Wonho hyung está aí na sua casa?

— O Seok hyung? — trocou olhares com Kihyun, fazendo um pedido mudo de ajuda. — Não, não está, por quê?

— Coloque na viva voz. — ditou a Changkyun, resolvendo temporariamente um dos problemas em relação a questão.

— Eu recebi uma ligação, há algum tempo, dos meus empregados. — a voz de Jooheon soou das saídas de áudio do smartphone. — Eles me disseram que o hyung deixou a mansão cedo e, não muito tempo depois, o Shownu também.

— Pergunte onde ele está. — Kihyun sussurrou para o irmão.

— Você já chegou em casa? — Changkyun perguntou, olhando confuso para Kihyun. Ele iria meter Jooheon no meio disso também?

— Não, ainda tô no apartamento do meu primo. — barulhos de talhares vieram da outra linha. — Só vou terminar de tomar café e ir pra casa.

— Heon, você dirige? — Kihyun tomou o celular das mãos de Changkyun, deixando o menor ainda mais confuso.

— Kihyun? — a confusão de Jooheon era nítida. — Eu dirijo, apesar de não ter carteira ainda.

— Está de carro agora? — clicou na configuração da chamada para encontrar de onde vinha a ligação. O rastreamento durou um segundo, e local foi revelado. Era perto do bairro de Hoseok.

— Sim, por quê?

— Você é um irmão pro Seok, então ele provavelmente te contou. — Changkyun estava ficando cada vez mais confuso e irritado com todo aquele mistério. — Vai pra casa dele agora. Não conte a ninguém pra onde está indo. Nós já estamos no caminho.

— Ok. — e a ligação encerrou.

Changkyun, perplexo, teve seu celular devolvido. Como assim até mesmo Jooheon sabia disso? Por que ninguém explicava para si o que raios estava acontecendo? Por que sempre era o último a saber das coisas? Mordeu o inferior, tentando não surtar ali mesmo, implorando por mais informações.

O táxi estacionou depois de alguns minutos no tráfego. Ainda dentro do veículo, os dois avistaram um carro um pouco mais à frente e Jooheon na entrada da casa. Os dois saíram após pagarem e foram de encontro ao Lee.

— O que tá fazendo? — Kihyun reclamou.

— Tocando a campainha. — Jooheon falou o óbvio. — Mas ninguém veio até agora.

— Não temos tempo pra isso. Se afasta. — tirou o mais novo do caminho e chutou a maçaneta, conseguindo inutilizá-la. — Fiquem de olho pra ver se não estamos chamando atenção.

Kihyun entrou primeiro, com os outros dois a alguns passos de distância. Caminhava em silêncio, de forma que não alarmasse ninguém. Farejou o ar em busca das fragrâncias presentes no local. Fora o cheiro do irmão e de Jooheon, não havia sinal (olfativo ou presencial) do responsável de Hoseok ali. O perfume natural do Shin estava vindo do segundo andar. Com um movimento de mão, indicou para que o seguissem.

Por mais cautelosos que estivessem sendo no momento, o rangido da madeira da escadaria soava baixinho conforme pisavam nela. Kihyun farejou o ar mais uma vez, apenas para certificar-se da ausência do Shin mais velho. Indicou para Jooheon e Changkyun se manterem em vigia enquanto se aproximava do cômodo.

Engoliu em seco quando tocou a maçaneta, girou-a devagar e abriu a porta do quarto do Shin mais novo com cuidado. Ao não encontrá-lo, um verdadeiro assombro se apossou de suas feições. O desespero usurpou-se do alfa, que farejou novamente o ar. A fragrância veio do outro quarto, mas a fragrância do Sr. Shin veio vinculada a ela. Seu pânico tornou-se maior, porém devia socorrê-lo. Assim que chegou à frente da outra porta, respirou fundo, desejando que o mais velho não estivesse ali e a abriu de uma vez.

Kihyun sentiu-se desolado diante do que via: roupas rasgadas estavam espalhadas pelo quarto, próximo da cama estava um Hoseok de bruços, inconsciente, com o celular perto de uma das mãos. Uma pequena poça de sangue abaixo dele sujava o piso e a ele, o cheiro metálico impregnava o local. O corpo estirado no chão se encontrava nu e entre as pernas desse, havia sêmen misturado ao sangue.

— Merda... — foi a única coisa que conseguiu proferir. — Jooheon! — o chamou, entrando de uma vez no quarto. — Merda, merda, merda! — praguejou enquanto virava Hoseok de peito para cima. Checou o pulso, e um alívio leviano veio ao constar que continuava vivo.

Jooheon apareceu do seu lado não muito tempo depois de chamá-lo. Era visível o nervosismo dele, tão óbvio quanto o seu próprio, por não saber exatamente o que fazer. Por um segundo, Kihyun desviou seu olhar do amigo para a porta. Parado no corredor, avistou um Changkyun paralisado, seus traços personificando todo o horror que estava sentindo. Não duvidava que a imagem que tinha do loiro havia se estilhaçado por completo, trazendo à tona a ele os fantasmas de Shin Hoseok.

O ar pareceu faltar nos pulmões de Changkyun. A sensação de sufoco era imensa, a vontade chorar, um tormento. O sangue trouxe más recordações, a imagem de Eunhyuk estirado no asfalto projetou-se em sua mente.

“Você não vai conseguir salvá-lo”.

“Fuja”.

“Você é incapaz de fazer qualquer coisa”.

“O que aconteceu a Eunhyuk irá se repetir”.

Uma corrente elétrica transpassou a cerne de Jooheon. Ele virou para olhar Changkyun e notou uma lágrima deslizar pela tez do ômega, fazendo-o ir até ele.

— Changkyun! — encaixou o rosto do menor entre suas mãos, forçando-o a lhe encarar. O olhar longínquo enfocou-se no seu, e Changkyun aparentou recuperar o senso de realidade.

— Não podemos perder tempo aqui. — Kihyun disse, e Jooheon o encarou por cima do ombro, sem soltar o namorado. — Kyunnie, se acalme. Só tente ignorar, por favor. Precisamos cobri-lo e sair daqui agora!

Changkyun engoliu o choro, Jooheon assentiu e fez como foi dito por Kihyun. Assim que o cobriram, Kihyun pegou Hoseok nos braços e mandou o Jooheon ligar o carro. Ainda em choque, Changkyun se aproximou de si e tocou o rosto do rapaz inconsciente. Seus olhos marejaram, mas ele piscou para afastar as lágrimas.

Os Yoo seguiram juntos escada a baixo até Kihyun pedir para o irmão ir na frente para ver se o caminho estava livre para que pudessem sair sem chamar a atenção de ninguém. Assim que Changkyun sinalizou, saiu da casa e depositou Hoseok no banco traseiro junto do outro ômega. Correu de volta apenas para fechar a porta, ocupou o banco do passageiro, e o carro deu partida.

— Então, é isso? — Changkyun perguntou, ainda anestesiado. Seu olhar não se desgrudava do amigo deitado em suas pernas.

“Ele nunca confiou em ti para contar isso”.

Os murmúrios transformavam-se gradativamente em gritos, tudo audível apenas ao mais novo.

— Todos esses anos... Todas as vezes que ele aparecia em casa do nada... Todas as vezes que ele procurava desesperado pelo Kihyun hyung... — acariciou o rosto de Hoseok e limpou uma lágrima sua que pingou na bochecha dele. — Por que ele não me contou nada?

“Você nunca foi confiável”.

— Não. — murmurou, não necessariamente falando com os alfas e segurou o cabelo em dois tufos.

— Kyunnie, pense comigo. Tente se pôr no lugar dele. — Kihyun não queria parecer rude ou grosso, mas parecia. Suspirou e olhou o irmão pelo retrovisor, preocupando-se agora com a condição desse. — Você contaria?

— Por que não me contou? — ergueu o rosto, cerrando os dentes. — POR QUE NENHUM DE VOCÊS ME CONTOU?! ATÉ O JOOHEON SABIA DISSO! VOCÊS VIVEM ME ESCONDENDO TUDO, EU SOU SEMPRE O ÚLTIMO A SABER DE QUALQUER COISA!

Jooheon olhou pelo retrovisor por um instante, notando o quão alterado Changkyun estava e sem entender o motivo para aquilo, afinal, já haviam retirado Hoseok da casa.

Pare com isso, Changkyun! — Kihyun empregou a voz de comando, ajoelhando-se no banco para ficar frente a frente dele.

— Não fale com ele assim! — Jooheon levantou a voz. Kihyun lhe encarou e suspirou, retomando a calma.

— Lembra do quanto o Eun omma gostava do Seok. Ele não iria gostar do modo como está agindo agora. — Kihyun falou no intuito de acalmá-lo. — Seok gostaria que você nunca descobrisse isso. Ele tem vergonha, e mais vergonha ainda de algo como isso chegar aos seus ouvidos. — o tom do Yoo mais velho transmitia pesar. — Você é o filhote dele, lembra? Ele queria manter essa cruel realidade longe do bebê dele.

Changkyun mordeu o inferior com força para impedir que outras lágrimas saíssem. Todo o barulho ensurdecedor, presente em sua cabeça, cessou.

— Seok... — Changkyun debruçou-se no corpo do amigo, acariciando o rosto dele sem parar. — Me desculpe, hyung.

A cena partiu o coração de Kihyun. Não podia imaginar o que devia estar se passando na cabeça do menor, mas compreendia perfeitamente o que estava sentindo. Tratou de voltar a sua posição original no assento antes que também chorasse como Changkyun chorava. Quando fez isso, notou o trajeto diferente pelo qual estavam sendo levados.

— Aonde está indo? — reclamou com Jooheon.

— Aonde mais? — Jooheon o respondeu no mesmo tom. — Estou nos levando para o hospital.

— Dê meia volta, nós não vamos pra lá! — grunhiu.

— Como assim não vamos?! — rosnou de volta. — Ele precisa de cuidados urgentes!

— Eu não quero saber, vocês não vai levá-lo ao hospital! — começou a impor sua presença sobre ele.

— Quer que o estado do meu irmão piore?! Você ficou louco, Kihyun?! — também expandiu sua presença, instaurando uma disputa ali mesmo.

— CALEM A BOCA! PAREM COM ISSO! — Changkyun chamou a atenção dois alfas, gritando. — Não percebem o que estão fazendo?! — os mais velhos olharam pelo espelho e se depararam com o Hoseok trêmulo nas pernas de Changkyun. — Honey, nos leve pra nossa casa. Os outros não podem saber disso, entendeu? Chame um médico de confiança e mande ele cuidar do Seok hyung lá em casa!

Jooheon apertou o volante e crispou os lábios, contrariado, mas mudou o destino assim como Changkyun havia exigido. O silêncio voltou a reinar, deixando a atmosfera pesada durante o percurso inteiro.

Ao chegarem à residência dos Yoo, e Jooheon estacionar na garagem, os três saíram apressados do veículo e adentraram a parte principal da casa. Havia alguns ruídos vindo da cozinha, mas isso não era algo relevante no momento, o Shin era prioridade. Eles passaram direto, rumando ao segundo andar e levaram o rapaz inconsciente ao quarto de Changkyun.

Na cozinha, Hyungwon encontrava-se de cabelo em pé e cara amassada. Havia acordado há pouco tempo e não achou ninguém por ali ao sair do quarto de Kihyun. Estava tomando café calmamente, quando vultos atravessaram o corredor em direção as escadas. Não conseguiu ver direito, mas reconheceria aquela cabeleira rosada em qualquer lugar. Ele se levantou da mesa e se deixou guiar pela curiosidade.

O castanho se aproximou da porta e ouviu a conversa que vinha de lá de dentro.

— Liga logo, antes que ele piore. — Hyungwon estreitou os olhos com as palavras de Kihyun.

— Calma, tá chamando. — Jooheon aparentava tentar passar, em vão, calma ao outro alfa, que estava nervoso.

— O que tá acontecendo? — Hyungwon entrou de rompante, assustando a todos ali. Seus olhos se arregalaram quando notou o estado de Hoseok, que estava deitado na cama de Changkyun. — O que houve? — aproximou-se, olhando de Hoseok aos demais continuamente.

Kihyun suspirou e aproximou-se do namorado, dando-o um beijo no canto da boca.

— Só... cuide dele com o Kyunnie, por favor. — murmurou. — Depois eu explico melhor. — indicou o irmão discretamente e saiu do quarto, chamando Jooheon junto, que estava no meio da ligação. — E então? — perguntou, assim que estavam fora do quarto.

— Ele já está vindo. — Jooheon tirou os olhos do celular por um instante. — Espera ele na porta.

Viu Kihyun concordar com um aceno de cabeça e rumar para a entrada sem retrucar o que foi pedido. Uma vez sozinho, voltou a mexer na lista telefônica.

— Merda, Shownu...

 

(...)

 

O Son seguiu o caminho para sua casa a pé. Durante todo o percurso, lembrava de tudo que Hoseok havia dito. Não queria ter sido tão filho da puta com ele, afinal, aquele ser loiro se fazia presente em seus sonhos mais profanos desde o momento em que se viu preso naqueles olhos. Lembrava-se nitidamente da fumaça do cigarro que saiu por entre os lábios do Shin a caminho da atmosfera, deixando o olhar do ômega um tanto peculiar para si. Peculiar e hipnotizante.

— O QUE VOCÊ FEZ IDIOTA?! — uma puxada brusca de seus devaneios para a realidade. Aquela frase foi a primeira coisa que ouviu ao fechar a porta atrás de si e dar de cara com sua mãe. A mulher gritou e, em seguida, lhe acertou um tapa no rosto. Sentiu o ardor específico se espalhar na bochecha como algo não esperado.

DO QUE ESTÁ FALANDO?! — a mulher se encolheu minimamente e bufou de raiva após o filho ter usado a voz de comando.

— SE AQUELE MOLEQUE ENGRAVIDAR, EU NÃO SEI O QUE EU FAÇO! — a Sra. Son se virou, pegou alguns papéis, que estavam sobre o sofá e jogou-os na cara do filho. — Que isso não venha a público. — declarou de forma ríspida antes de se retirar da sala e deixar o alfa encarando as folhas.

Hyunwoo sentiu a raiva tomar conta de si. Os tais papéis eram na verdade fotos, todas possuíam algo em comum: a sua presença e a de Hoseok. Em algumas delas, conversavam, noutras estavam aos beijos, todas tiradas na festa de Jooheon e nos dias que a sucederam. Amassou as folhas enquanto subia as escadas, adentrou seu quarto e jogou as fotos ao chão.

Deitou-se de modo desleixado em sua cama e sentiu o tecido gélido dos lençóis acariciarem sua pele. A recordação do Shin veio em sua cabeça, fechou os olhos e se permitiu lembrar. Hoseok foi como um gatilho para seu próprio cio, mas depois que esse findou, Hyunwoo tinha, com exatidão, em sua mente cada movimento que havia feito quando estava com ele na cama. A lembrança do Shin rebolando sobre seu membro, pedindo por mais, gritando seu nome ao alcançar seu ápice, deixando diversas marcas sobre sua costa... Era capaz de sentir as unhas do outro marcando seus músculos apenas com uma mera lembrança.

Lembrou-se do fim daquele período, de Hoseok deitado ao seu lado com o corpo amostra e completamente vulnerável. Rememorou também o odor de medo que exalou do corpo enfraquecido dele, também a dor causada pelas palavras ditas pelo mesmo. Shownu se sentia mal por aquilo, mas sem saber por que. Afinal, Hoseok fora como os outros, apenas uma foda casual.

Não era?

Ele não conseguiria (ou temia) responder aquele questionamento por medo da resposta que sua consciência lhe daria. Entretanto, agora, sozinho em seu quarto, assumiu estar com saudades do corpo cheiroso daquele ômega petulante.

Parou de pensar naquilo ao ter um leve sobressalto. O celular vibrou no bolso da calça, e logo tratou de pegá-lo.

— Alô. — atendeu, sem nem olhar de quem era a chamada.

— Você só tinha que fazer uma coisa. Eu te confiei meu irmão, e você me devolve com isso. — o tom ríspido e sério de Jooheon o fez se sentar no colchão macio de rompante.

— O que? Do que está falando? — ergueu as sobrancelhas em um estado de pura confusão.

— Eu cometi a burrice de te deixar ajudá-lo no cio. Se soubesse que as coisas acabariam assim, eu teria te tirado de perto dele a força. — Shownu era capaz de sentir toda a ira nas palavras do amigo, mas não entendia nada do que estava acontecendo. — Por que deixou ele sair sozinho, Shownu? — Hyunwoo sentiu um frio na espinha.

— Como? Alguém atacou Hoseok? — colocou-se de pé e começou a andar de um lado para o outro no quarto. — Ele está bem? — perguntou e se arrependeu no instante seguinte. Por que estava tão preocupado com ele? Não havia sido apenas uma “foda casual”?, questionou a si mesmo.

— Agora, você se importa? — Jooheon soou irônico do outro lado da linha. — Isso nunca deveria ter acontecido, não diz respeito a você, afinal... Graças a você, eu vou precisar denunciar, dar um jeito de mantê-lo seguro e ainda vou ter que encontrar o desgraçado que fez aquilo. — a raiva habiva nas palavras do mais novo. — Muito obrigado pela sua ajuda de merda. — satirizou.

— Denunciar? Do que está falando, Heon? Eu não fiz nada, a gente estava na sua casa-

— A culpa foi toda sua. — sua fala foi cortada pelo Lee. — Não ouse se aproximar dele novamente, você já causou estragos demais. Obrigado por nada. — antes mesmo que Hyunwoo pudesse formular uma resposta, ouviu o som característico da chamada encerrada.

Retirou o aparelho do ouvido e sentou na beirada da cama, tentando imaginar o que aconteceu. Milhares de cenários se formavam em sua mente, o próximo sempre pior que o anterior. Levantou-se, precisava ir até a casa do amigo para entender o que havia ocorrido. Contundo, quando abriu a porta, deu de cara com quem menos desejava ver no momento.

— Vá se arrumar. Temos uma reunião com um acionista importante. — ditou a Sra. Son.

— Eu não vou a lugar nenhum com você. — tentou seguir seu caminho, mas a mulher não deixou que passasse. — Pode sair da frente?

— Não, e você vai me obedecer ou eu vou acabar com aquele ômega descarado que se joga para cima de ti. — ameaçou. Sabia que, mesmo o filho não demonstrando, ele já estava encantado por aquele garoto detestável a seus olhos, e não iria deixá-lo envolver-se com um ômega de classe tão baixa e sujar o nome de sua família. Vendo Hyunwoo cerrar os punhos, continuou: — Vista o terno, você irá conhecer a filha dele.

Shownu gelou com o comentário.

— Eu não vou me casar. — disse, entredentes. A mais velha riu debochadamente de sua cara.

— Eu não perguntei. Nem estava pensando nisso, mas você me deu uma ótima ideia. Eles são donos de uma empresa tão grande quanto a minha e se não nos aliarmos, acabaremos como concorrentes. Nada melhor do que um casamento para aumentar nosso capital. — comentou, sorrindo, e Hyunwoo pensou se seu pai faria aquilo consigo se estivesse ali.

— A empresa não é sua, e pare de falar asneiras. — deu as costas e fechou a porta do quarto.

Suspirou alto e ouviu a mulher, do lado de fora do cômodo, dizer um típico “É o que veremos”. Em seguida, o som dos saltos dela indicou que se afastava dali, então seguiu para o banheiro, ainda pensando se Hoseok estava bem.

 

(...)

 

O clima na sala era de tensão. O médico, que tinha chegado há algum tempo, tratava do ômega desacordado e ainda não havia dado um diagnóstico relativo ao estado desse. No quarto, apenas Hyungwon permanecia, já que Changkyun não suportou ouvir Hoseok gemendo de dor a cada vez que o médico tentava higienizar a região íntima de forma mais adequada. Enquanto isso, os outros aguardavam qualquer notícia, Kihyun andando impaciente de um lado para outro, Jooheon, sentado no sofá, acariciando o cabelo do namorado da forma mais delicada possível para o momento e Changkyun, deitado nas pernas desse último, quieto, recebendo o carinho.

O barulho de passos na escada chegou aos ouvidos dos três ali presentes. O médico veio na direção deles e adiantou o falatório:

— O amigo de vocês teve sorte, a pessoa que abusou dele podia tê-lo matado. Um ômega depois do cio fica muito mais fraco e sensível, então ele não devia ter saído sozinho. — explicou, olhando diretamente para Jooheon, mas sabendo que os outros prestavam atenção. — Ele desmaiou por fraqueza, já que provavelmente não se alimentou direito durante o cio. Ele continua inconsciente devido ao choque, além de ter gasto muita energia. Apliquei morfina nele para que sentisse menos dor, mas sugiro que não mantenham isso em segredo. — ressaltou.

— Tudo bem, Dr. Park. Obrigado por ter vindo. — Jooheon o agradeceu. — Preciso que deixe esse ocorrido apenas entre nós, por favor. Meus pais não podem saber disso.

— Ok, Sr. Lee. Mas lembrem-se de que qualquer tipo de violência contra ômegas é crime. — os demais assentiram com certo pesar.

— Obrigado de novo, Dr. Park. — Jooheon tirou Changkyun de suas pernas com cuidado e levantou enquanto retirava a carteira do bolso.

O Lee cessou seus movimentos quando seu pulso foi agarrado. Ele deslocou o olhar e encarou Changkyun, que apenas balançou a cabeça em negativa. Seu namorado tomou a frente e mexeu no bolso, tirando dinheiro da própria carteira para pagar os serviços do médico.

— Eu te acompanho até a porta. — Kihyun indiciou o corredor ao mais velho.

— Eu vou com você. — Jooheon se juntou aos dois.

Os mais novos guiaram, até mesmo sem necessidade, o alfa até entrada da casa. Quando estavam prestes a abrir a porta para ele, o ruído da fechadura e da maçaneta girando os impediu. Kihyun e Jooheon estancaram no lugar, e o nervosismo os atingiu ao mesmo tempo em que a identidade das duas figuras foi revelada com a porta sendo aberta.

— Alfa Lee? — Jooheon engoliu em seco ao ouvir Siwon falar diretamente consigo. Se antes ele estava nervoso, agora estava quase apavorado com um dos pais de seu namorado o encarando de forma desconfiada. — Veio fazer uma visita aos nossos filhotes?

— S-sim... — ele se xingou mentalmente por sua voz tê-lo traído naquele momento.

— Não precisa ficar nervoso. — Donghae sorriu, mas sua expressão mudou de forma drástica no momento que olhou para quem estava atrás dos menores. — Leeteuk? — perguntou, quase como se não acreditasse que era mesmo ele ali.

— Há quanto tempo! — Leeteuk abriu um enorme sorriso, daqueles que faziam covinhas aparecerem em seu rosto. — Então, esses são seus filhotes? Eles mudaram tanto que não os reconheci. Ambos se tornaram rapazes muito bonitos.

— Você só os viu uma ou duas vezes quando eram crianças. Eles sequer devem se lembrar de ti. — Siwon comentou, com um meio sorriso. — Afinal, você era médico voluntário na época. — ele estreitou os olhos, assim como Donghae, no momento que disse aquilo. — O que está fazendo aqui?

Jooheon e Kihyun sentiram uma gota de suor escorrer de uma de suas têmporas.

— Aconteceu alguma coisa com Hyungwon? — Donghae perguntou, olhando preocupado para o filho.

— Não, ele está bem, Hae appa. — Kihyun tentou parecer calmo, só tentou.

— Aconteceu algo ao Kyunnie? — foi a vez de Siwon perguntar.

— O Pu- Changkyun está bem, não se preocupem. — Jooheon garantiu, igualmente tenso.

— O que está fazendo aqui, Leeteuk? — Siwon se dirigiu ao amigo. — Vocês dois. — os menores estremeceram com seu tom sério. — Qual o motivo para Leeteuk estar aqui?

Kihyun e Jooheon trocaram olhares, naquele dilema de falar ou não.

— O Sr. Lee solicitou meus serviços. — os mais novos começaram a suar de nervoso quando o Dr. Park começou a falar. O olhar dos policiais parecia queimar em suas peles. — Mas não posso entrar em detalhes, pois irá contra a ética médica.

— Filhote... — Kihyun parecia uma criança assustada quando Donghae se aproximou dele, totalmente intimidado por estar o encarando de perto.

— A-appa... — o ex Lee não lembrava da última vez que o filho esteve tão amedrontado quanto estava agora. Ele mordeu o lábio e abaixou o olhar. — É o Seok hyung.

— Obrigado pela ajuda, Leeteuk. Nós assumimos a partir de agora. — Siwon deu passagem ao amigo e fechou a porta quando o mesmo saiu. — Hae. — não precisou falar nada mais do que aquilo.

Os policiais irromperam o corredor e seguiram para o segundo andar antes que os menores fizessem algo para impedi-los. Changkyun estava em frente à porta do próprio quarto, e tiveram certeza que Hoseok estava ali. A sua chegada alarmou o pequeno.

— A-appas? — Changkyun se meteu no meio do caminho. — V-vocês vieram almoçar com a gente hoje? — sorriu, visivelmente nervoso. — O que querem comer? É só falar, eu faç-

— Kyunnie. — Donghae levantou uma mão, indicando para que parasse de falar. — Nós já sabemos.

A expressão de Changkyun seria cômica, caso a situação não fosse tão preocupante.

— Nós precisamos falar com ele. — Siwon tentou passar, mas Changkyun permaneceu impedindo a passagem.

— V-vocês... vocês não...

— Filhote. — Donghae suspirou antes que soasse rude. — Por favor, nos deixe passar.

Changkyun espremeu os lábios, mas nada disse. Continuou na frente de seus pais, fazendo uma barreira humana. Sabia que, para eles, não era necessário muito esforço para que fosse tirado dali e entrassem no quarto, entretanto, faria o possível para atrasá-los. A porta abriu atrás de si, e olhou para ver quem saía do quarto, dando de cara com Hyungwon.

— O que houve, Kyun? — Hyungwon olhou do ômega aos alfas, esbanjando uma calma que apenas ele parecia ter no meio de toda a confusão.

— Os appas... eles... — Changkyun não sabia como proceder. Deixava os pais entrarem, continuava a impedi-los?

— Hyungwon, precisamos conversar com Hoseok. — Hyungwon olhou de uma forma enigmática para Siwon quando o mesmo falou aquilo.

— Não entrem. — Hyungwon falou com toda a calma do mundo. — Ele está descansando e pode ficar assustado se forem lá agora. Eu sei que querem ajudá-lo, mas já lidaram com casos desse tipo, sabem como ele está. — os alfas se entreolharam diante do que disse.

— Vão para a sala. Não se preocupem, não vamos entrar. — Donghae garantiu, mas os mais novos não pareciam tão convencidos disso. — Vão para a sala e chamem os outros dois para irem lá.

— O que tá acontecendo? — Kihyun perguntou, confuso, ao vê-los descendo escada. Hyungwon e Changkyun não estavam com uma cara lá muito boa.

— Sentem-se. — Siwon não usou a voz de comando, mas os menores se encolheram como se tivesse usado. — A partir de agora, vocês estão envolvidos em um caso de violência contra ômega. — ficou em frente para o sofá ao qual os quatro estavam. — Iremos conversar com Hoseok, assim que ele acordar, para que deponha, mas precisamos que nos digam tudo o que aconteceu. Tudo.

 

(...)

 

Minhyuk botou seu melhor sorriso no rosto antes de tocar a campainha. Desde que Hyungwon passou a morar com os Yoo, tinha ido visitá-lo todos os dias. Queria poder chegar e lhe dizer para que fosse passar alguns dias em sua casa, mas o medo falava mais alto que a vontade quando pensava nisso. Sendo assim, todo fim de tarde, ele aparecia por lá e ficava até que seus namorados dissessem já estava ficando tarde para voltar.

A porta sendo aberta o despertou de seus devaneios. O sorriso, antes grande, se desmanchou ao ver a expressão abatida que Kihyun carregava.

— Tá tudo bem? — perguntou. Só lembrava de tê-lo visto assim em um dia durante a viagem para o Japão. — Aconteceu alguma coisa com o Hyunginie?

— Não, ele tá bem. — Minhyuk suspirou aliviado com sua resposta.

— Mas o que foi que aconteceu? — tocou o rosto do alfa numa breve caricia.

— Não é nada. — desviou o olhar, fugindo do assunto.

— Min? — a voz de Hyungwon chamou a atenção dos dois. — O que tá fazendo aqui?

— Como assim o que tô fazendo aqui? Eu vim visitá-los que nem tenho feito nos últimos dias. — falou, sendo um pouco grosso. — O que vocês dois estão me escondendo?

— É o Seok. — Kihyun abaixou o olhar. Indicou para que Minhyuk entrasse e fechou a porta atrás dele. Olhou para Hyungwon e esperou que ele tomasse a iniciativa para falar, mas o mais novo apenas suspirou após desviar o olhar de Kihyun para Minhyuk.

— Eu não sei como explicar, me desculpe. — abaixou a cabeça, mas logo levantou ao sentir o platinado se aproximar.

— Ele te tocou desse jeito alguma vez? — a voz de Kihyun soou sombria ao perguntar aquilo.

— Não! — Hyungwon, abismado, elevou um pouco o tom, fazendo Minhyuk juntar as sobrancelhas em sinal de confusão. — Ele nunca fez isso comigo.

— O que houve com Hoseok? — Minhyuk voltou a insistir.

— Ele... — Hyungwon apresentava uma calmaria inexistente para todos dentro daquela casa, mas nem mesmo ele conseguia discorrer sobre o acontecido.

— Quem é, filhote? — Donghae apareceu no corredor da entrada. — Ah, olá, Minhyuk. — cumprimentou brevemente o recém chegado para então se dirigir ao Chae: — Preciso que veja se ele acordou. — o castanho não retrucou seu pedido e rumou residência à dentro.

— O que houve com ele? — Minhyuk estava mais perdido do que nunca diante de todo aquele comportamento estranho.

— Kihyun, estou esperando na sala. — Donghae saiu dali rapidamente, e Minhyuk encarou o namorado, a procura de respostas.

— Ele foi atacado. — revelou, enfim, num sussurro.

— Como? — seus olhos saltaram. — Quem fez isso?

Sem lhe responder, Kihyun suspirou, passou por si e lhe puxou pela mão até a sala. Sua preocupação tornou-se maior por ver todos os amigos ali, tão sérios como nunca havia visto. Algo que também prendeu sua atenção foi a presença dos senhores Yoo, já que, segundo o que Kihyun havia dito certa vez, eles quase nunca estavam em casa naquele horário.

— Eu já avisei a chefe. — Siwon disse à Donghae, que apenas concordou balançando a cabeça. — Vai ser como um trabalho em casa. — entregou-lhe alguns papéis.

— Dá pra alguém me dizer o que tá acontecendo? — Minhyuk disse e aguardou uma resposta, mas todos permaneceram calados.

— Você não sabe o que aconteceu, então é melhor não se envolver, Minhyuk. — Siwon pediu.

— Já há muitas pessoas envolvidas nisso. — Donghae complementou as palavras do marido.

— Eu não ligo. — emburrou-se. — Ele é meu amigo também. — ele, de fato, não era tão apegado ao Shin como o restante do grupo, mas estava igualmente preocupado. — Além do mais, Kihyun disse que foi algo ruim. Por favor, me digam o que aconteceu. — praticamente implorou por mais informações.

— Ele ainda está dormindo. — Hyungwon surgiu do andar superior.

— Nós vamos deixar vocês por enquanto. Desculpem, mas temos que, pelo menos, saber do real estado dele. — Donghae disse enquanto se levantava e seguia para as escadas com Siwon atrás de si.

Minhyuk voltou sua atenção em cada um dos amigos, exigindo pelo olhar informações precisas. Ninguém disse nada, e isso só o irritou ainda mais.

— Vem aqui, Min. — Hyungwon chamou o namorado para cozinha e, lá, contou o que sabia, observando o rosto dele se contorcer em tristeza após cada palavra dita.

— Hyunginie. — umedeceu os lábios e engoliu em seco. — Por que... — parou, incerto sobre continuar.

— O que? — incentivou.

— Por que você também não denúncia?

Hyungwon congelou ao ouvir a sugestão. Uma sensação ruim subiu por sua garganta, não havia palavras que pudessem descrevê-la, só sabia dizer que era uma tristeza misturada a uma preocupação incomparável a qualquer coisa. Sua mãe lhe veio em mente, assim como Yoona, a enfermeira, que deveria ter ouvido poucas e boas após sua fuga.

— Min... — suspirou. — Em quem você acha que vão acreditar: no rico empresário conhecido por todos ou no filho, que fugiu de casa sem motivo aparente? — debochou com toda sua amargura para com o assunto.

Minhyuk mordeu o inferior. Entendia o namorado, compreendia muito bem aquele temor de que o Sr. Chae faça algo a alguém querido para o castanho ou até mesmo a ele, mas desejava que ele o denunciasse para se sentir livre, livre de verdade, sem medo de viver sua vida como realmente queria.

— Vamos pra sala. Agora você está envolvido nisso também. — encerrou o assunto, tratando de voltar a se juntar aos demais. Teve o pulso segurado e puxado com força, seu peito se chocando contra o de Minhyuk. Sorriu minimamente ao sentir-se abraçado pelo namorado.

— Me desculpe, Hyunginie. — murmurou enquanto deslizava o nariz atrás da orelha desse, apreciando o perfume natural e doce.

— Tudo bem. — segurou o rosto de Minhyuk e uniu seus lábios no segundo seguinte. Era raro que fizesse isso, já que eram os mais velhos que normalmente tomavam essa iniciativa, o que acarretou num Minhyuk sorrindo entre o beijo. Devolveu o sorriso ao se separarem, e retornaram a sala.

Siwon e o Donghae retornaram à sala após constatarem o estado do Shin. Após analisarem apenas o rosto de Hoseok, ambos sentiram-se devastadoramente triste, não podendo ignorar a lembrança de Eunhyuk em suas mentes. Seu falecido marido, com toda certeza, iria até o inferno atrás de quem fez aquilo ao loiro, e eles obviamente também fariam isso. Aquele ômega estava naquela família há algum tempo, e tratavam-no com carinho, como se também fosse seu filhote, tal como os mais novos, que o amavam como um irmão. Sendo assim, a raiva sucedeu a tristeza, e o casal deixou o menor descansar, mas definitivamente iriam encontrar o responsável.

— Ele acordou? — Jooheon perguntou e teve apenas um acenar de cabeça negativo por parte dos policiais.

— Agora... — Siwon sentou-se na poltrona e encarou os três “socorristas”, sentados no sofá. — Como o acharam? Como o trouxeram para cá? Há quanto tempo isso vem acontecendo? E o mais importante, quem fez isso a Hoseok? — o tom firme e sério indicava que o mais velho estava no modo trabalho, à procura de respostas.

Minhyuk e Hyungwon permaneceram impassíveis, Jooheon engoliu em seco, Kihyun suspirou pesado e Changkyun escolheu-se no estofado, mas ninguém ousou dizer algo.

— Vocês não podem ficar calados. Viram o estado dele, sabem que isso não pode ficar impune. — Donghae, ao lado da poltrona ocupada pelo marido, disse. Ele parecia tão ou mais raivoso que Siwon. De certo, esse tipo de caso em particular era um tanto delicado para os peritos por motivos óbvios, mas ambos sabiam agir com profissionalismo.

— Desculpe, appas. — Changkyun matinha queixo contra o peito. Não queria omitir nada aos mais velhos, mas após analisar a situação, era certo que nem ele sabia do que acontecia, deduziu que o Shin havia pedido segredo. — Seok hyung não ficaria feliz se alguém falasse sobre isso. É um segredo dele, ele deve contar. — calou-se e arredou inconscientemente para mais perto do namorado, que pôs um braço sobre seus ombros e o aconchegou em seu peito, mesmo estando um tanto intimidado por toda família de seu pequeno estar ali.

Enquanto a apreensão se fazia presente no andar inferior, Hoseok entreabriu os olhos para checar se estava sozinho no quarto antes de levantar as pálpebras por completo, perguntando-se se outros ainda estavam por lá. Ele não queria ter de relembrar aquilo, somente desejava ter um pouco de paz naquele momento. Porém, sabia que os Yoo ficariam atentos a tudo, então fingiu estar dormindo o tempo inteiro, apesar de saber o quão difícil é enganar alfas, ainda mais policias.

Não soube muito bem o que aconteceu, mas a tristeza do casal lhe atingiu de maneira forte, e ouviu eles conversarem em sussurros, algo sobre Eunhyuk, antes de se retirarem do quarto. Hoseok pensava no que aquele ômega que tanto admirava teria feito naquilo tudo. Ele estava ciente do passado dos pais de seus amigos, mas também sabia como ninguém, da volta por cima que eles deram juntos, antes do nascimento de seus filhotes.

Changkyun surgiu em sua mente. Ah, o pequeno meigo e tímido que se tornou um rapaz lindo, mas que Hoseok ainda insistia em chamar de bebê. Sabia o quanto deveria cuidar dele. Uma sensação de prepotência então o assolou, lembrou-se do pedido de Eunhyuk antes de morrer, para que cuidasse de seus filhotes. Sentiu-se um incompetente por aquilo. Logo, a imagem de Kihyun veio nítida em sua cabeça. O pequeno alfa esteve sempre cuidando de si, quando se conheceram, a confiança foi tão grande, que ao sentir que estava perdido, buscou e encontrou apoio nele.

A cabeça do Shin estava tão cheia de pensamentos que as horas, para ele, se passavam lentamente.

No andar de baixo, todos ainda se recusavam a falar sobre. Os mais velhos desistiram por hora, entendendo que a amizade daquele grupo era superior a qualquer investigação policial, eles só diriam alguma coisa após o Shin fazer a denúncia definitiva. Aquela atmosfera pesada não os abandonava de forma alguma, resultando em vez ou outra um deles entrando no quarto para vê-lo.

Passava das sete quando Hyungwon entrou, trazendo uma pequena bandeja com uma porção razoável de comida para que o amigo comesse quando acordasse. Ele, assim como os demais, exceto as duas visitas, já havia tomado banho e trocado de roupa, além de ter tentado comer algo, apesar de não ter apetite. Aliás, nenhum deles parecia ter apetite algum no momento.

Passou os olhos pelo quarto, observando as janelas com as cortinas fechadas e a luminária da mesa de estudos de Changkyun clarear o local. Voltou sua atenção para a cama. Hoseok dormia de bruços no colchão, o rosto virado para parede. Fora o lençol, a camisa era a única peça que o cobria. O médico Park Leeteuk havia aconselhado a não colocar uma cueca devido ao remédio, então pegou uma camisa sua grande o suficiente para cobri-lo até a metade das coxas e vestiu nele. Deixou a bandeja na cômoda ao lado da cama e sentou no colchão. Sua mão se mexeu sozinha, quando deu por si, estava mexendo de leve nos fios loiros.

— Hyung... Eu sei que você tá dormindo, mas... Você me disse, naquela vez no hospital, que nós tínhamos uma conexão. — murmurou ao rapaz adormecido. — Você disse que iria cuidar da gente, porque nós somos sua família, somos tudo o que você tem, mas, por favor, nos deixe te ajudar também. — pediu para as paredes. — Eu sei que algo assim é difícil de falar, mas a gente só quer te ajudar. Era só isso. — suspirou e começou a levantar-se.

— Obrigado. — o tom era baixo, mas continha seriedade suficiente para chamar a atenção do Chae.

— Hyung... — ele retornou a posição anterior e voltou a acariciar os fios loiros no intuito de deixá-lo um pouco mais confortável. — Há quanto tempo tá acordado?

— Bastante tempo.

— Você... Ouviu tudo?

— Sim, e não diga a eles que eu acordei. Ainda não quero falar sobre isso. — falou sem sair da sua posição. Suspirou pelos dedos do Chae fazendo um carinho em seus cabelos. O Shin, assim como Changkyun, era o tipo de ômega que ficava extremamente manhoso após o fim de seu cio, só que, diferentemente do Yoo, ele não tinha ninguém para dar essa atenção para si.

— Eu sei, mas... — outro suspiro. — Não esconda. Todos lá embaixo estão querendo te ajudar, estão querendo o seu bem. Eu sei que é pedir demais, mas não esconda algo assim, por favor.

— Amanhã, Hyungie. — a voz dele parecia sumir, mas ele não estava dormindo, apenas estava curtindo aquele carinho incomum a si.

— Quer que eu traga algo pra ti? Eu posso sair e te deixar dormir de novo.

— Não. Só... Fique aqui... Por favor. Não quero ficar sozinho e nem quero ter que explicar nada ao Changkyun. — suspirou ao lembrar do Yoo mais novo o visitando pouco antes do Chae. Ele estava tão triste que quis se bater por aquilo, por ver o quanto seu pequeno filhote estava desolado. Hoseok lembrou-se novamente do pedido de Eunhyuk anos atrás e sentiu-se ainda pior, não estava cuidando dos filhotes daquele ômega como havia pedido.

— Você não devia ignorá-lo assim. Ele tá chateado por ser o único a não saber disso, mas tá mais ainda por não saber como ajudar. Ele não para dizer isso lá em embaixo. Deixe-o, pelo menos, dormir contigo. Você não precisa dizer nada, só o deixe ficar perto de ti.

— Hyungwon, eu nunca deveria ter entrado na vida desses dois. Tudo já foi um erro desde aí. Eu sou alguém sujo, essa é a verdade. Meu responsável me toca desse jeito desde a morte da minha mãe. Para ser mais exato, desde meus quatorzes anos. Acha que Changkyun vai pensar o que? — o deboche estava incrustado nas palavras. — Não é óbvio? Ele vai sentir nojo de mim. — Hoseok tentou se levantar, mas sentiu sua entrada arder, e gemeu pela dor que o atingiu.

— Fique deitado, você precisa descansar. — o colocou deitado novamente. Hyungwon, sem aviso prévio, deitou ao lado do amigo e o abraçou daquele modo, por cima do lençol, no intuito de fazê-lo sentir-se um pouco melhor.

— Você não precisa ficar aqui. — Hoseok fechou os olhos e contradizendo o que havia dito, deixou-se ser abraçado.

— Eu quero ficar. — ele o trouxe mais para perto, mas teve cuido de não apertar muito o enlaço para não machucá-lo. — Changkyun nunca sentiria nojo. Nem ele, nem Kihyun, nem Jooheon... Ninguém sentiria. Você é alguém muito importante para todos nós. — umedeceu os lábios. — Kihyun me contou... O que aconteceu há quatro anos. — falou devagar. — E eu sei que você ajudou essa família, do seu jeito, mas ajudou.

— Então, ele realmente gosta de você. — se o momento não fosse tão sério, Hyungwon teria corado. — Ele não conta isso pra ninguém.

— Os pais dele... Você pode não ter o mesmo sangue ou sobrenome que eles, mas eles te tratam como um membro da família. Assim como o Jooheon. Ele é seu irmão, não importa o que digam, e quer te proteger. Apesar de ele ser o mais novo. — disse num meio sorriso. — Isso vale pro Changkyun, pro Kihyun. — fez uma breve pausa. — E também pra mim.

Hoseok sorriu de olhos fechados e suspirou.

— Min também quer ajudar. Eu sei que vocês dois não são muito próximos, mas os dois são importantes pra mim. — Hyungwon encaixou o rosto próximo a nuca de Hoseok. Tanto contato físico não era comum para si, mas não é como se ele não estivesse gostando. — Eu sei que tô sendo egoísta por pedir isso, mas conte. Você pode fazer isso. Não seja como eu — a voz começou a embargar. — que sou obrigado a manter isso em segredo por medo, medo de que ele faça algo a noona e a omma. Elas não têm nada a ver com isso, elas não têm que pagar pelos meus problemas. Eu... — A voz vacilou, mas Hyungwon não deixou o soluço sair. — Você pode ter uma vida melhor, você tem quem te ajude a conseguir isso. Não se transforme em alguém como eu, que vive com o medo de que aquele homem machuque a noona e a omma, até mesmo o Min e o Kihyun.  Tudo por minha causa.

— Você não tem culpa. — Wonho virou o rosto para encarar o Chae. — Você é alguém admirável, Hyungwon. Você não precisa aguentar nada daquilo, ninguém precisa. — disse a última parte mais para si do que para o amigo. — Eu prometo que vou contar tudo ao Siwon e ao Donghae amanhã. Apenas esqueça isso por agora. — agora era o Shin quem dava carinho, mas ainda continuava a receber, essa reciprocidade o deixou feliz. — Hyungie, quando sair, não diga que eu acordei, diga apenas a Changkyun que eu estou chamando pelo nome dele. Pra ele dormir comigo, por favor.

— Tudo bem, eu vou dizer. — sorriu. — Obrigado por ser preocupar com a gente, hyung. Nós também vamos cuidar de você. — abraçou-o um pouco desajeitado pelo medo de que o mais velho sentisse dor, mas o segurou firme contra si, querendo transmitir todo o carinho que tinha para com ele.

Hyungwon ajudou o amigo em coisas essenciais enquanto estava ali: o ajudou a comer um pouco, a tomar banho e, por mais constrangedor e um pouco desconfortável que fosse, a reaplicar o remédio nele. Assim que ele estava novamente vestido e embaixo dos lençóis, deixou o quarto e rumou para o primeiro andar.

— E então? — foi a primeira coisa que Hyungwon ouviu ao chegar na sala. Quase todos fizeram essa pergunta, mas os pais dos Yoo eram os que mais ansiavam a resposta.

— Ele continua dormindo. — a preocupação não saiu do semblante de ninguém. Olhou os amigos e os namorados, percebendo Minhyuk sentado no braço da poltrona em que Kihyun estava, fazendo cafuné nesse, que recostava a cabeça em seu peito. Changkyun estava no sofá junto dos pais, mas a mão dele não soltava a de Jooheon. — Só que...

— O que? Ele piorou? — Jooheon levantou as sobrancelhas em sinal de preocupação.

— Não, não. O hyung tá bem. — o suspiro foi coletivo. — Ele só tá chamando o Kyun enquanto dorme. Acho que deveria ficar lá com ele. — falou, olhando diretamente para Changkyun.

— Eu vou. — sorriu fraco e observou Hyungwon se agachar em frente aos namorados para logo segurar as mãos de Kihyun, que detinha um olhar um tanto distante. Changkyun pôs-se de pé. — Honey, já pode ir.

— Não, eu vou ficar aqui até o hyung acordar. — Jooheon também levantou, mas isso não significava que iria sair dali.

— Honey... — o tom manhoso habitual do pequeno estava ausente, dando lugar a um tom baixo e deprimido. — Já tá tarde, e você tá aqui desde manhã, seus pais devem estar preocupados pela demora. Não precisa se preocupar, os appas estão aqui, o Kihyun hyung, o Wonnie hyung e eu vamos cuidar do Seok hyung. Por favor, amor... — viu Siwon e Kihyun franzirem o cenho levemente ao ouvir como o chamou.

— Tudo bem. — segurou o rosto dele com as mãos em concha, esquecendo que fazia isso na frente dos pais e do irmão do menor. — Se precisarem de alguma coisa, é só me ligar, Puppy. — a cara de Siwon e Kihyun se amarrou mais quando deu um beijo suave em Changkyun e chamou seu namorado pelo apelido carinhoso. — Até logo.

— Até. — o beijou também, e Jooheon se dirigiu a porta após isso. O rubor coloriu seu rosto pela forma que seu pai e o irmão lhe encaravam. — Eu vou ver o Seok hyung. — saiu dali antes que dois dessem um ataque de ciúmes.

Changkyun, apressado, subiu as escadas, mas tomando cuidado para não fazer tanto barulho. Quando chegou em frente à porta do próprio quarto, seu corpo travou. Hoseok estava ali, o ômega bonito e simpático, que havia conhecido há pouco mais de cinco anos, o qual tanto adorava, estava logo ali, mas sequer sabia como encará-lo agora. Todos os lindos sorrisos que ele lhe direcionou escondiam uma realidade tão cruel, mas tão cruel, que sentiu-se mal por não ter cuidado dele como deveria ter feito.

Tomou uma longa respiração e abriu a porta devagar, adentrando o cômodo. Hoseok estava de costas para si, coberto até a cintura por seus lençóis, deixando à mostra uma das camisas enormes que Hyungwon vestia. Aproximou-se, um pouco relutante, levantou o cobertor e deitou ao lado dele. Suas mãos inconscientemente foram até às costas largas e apertou o tecido sob elas.

— Hyung... — murmurou, sabendo que ele não ouviria.

— Kkukkung... — ou talvez não. Pegou um susto com a voz baixa do mais velho, que virou de frente para lhe encarar. Até naquele momento, Hoseok sorria para si.

— Hyung... — a voz de Changkyun vacilou e os olhos dele arderam pelas lágrimas que não deixava sair.

— Vem aqui. — puxou o menor mais para perto e jogou braço por cima dele, repousando a mão na traseira da cabeça dele. Deixou a distância entre eles mínima, de forma que a cabeça de Changkyun ficasse abaixo de seu queixo. — Tão cheiroso — deslizou o nariz nas madeixas negras. — o meu bebê.

— Hyung... — agarrou-se na camisa que ele usava. Duas finas lágrimas escorreram e molharam seu rosto.

— Shh. — entrelaçou os dedos nos fios espessos e massageou o couro cabeludo dele em movimentos lentos e circulares. — Eu tô aqui. Eu não vou sair do seu lado. — o beijou na testa e se permitiu dormir, sabendo que, por agora, estaria seguro.


Notas Finais


e ai? tava chato? não?
sei lá
até logo.
beijos no coração.


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