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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter twenty two


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Oi, oi, oi, oi, eh~ olha só quem está de volta hsuahsuaushau
Não resisti em fazer essa piadinha com a minha música preferida desse álbum
Tá, voltando ao foco
Unicornio aqui postando pela RAP_MONSTRAXXXX porque o pc dela tá sendo ajeitado e talz
Sem capa ainda porque eu tinha que postar primeiro, depois eu coloco
Não vou me estender aqui
Nos vemos nas notas finais. Boa leitura! ^3^

Capítulo 26 - Chapter twenty two


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter twenty two

Quando chegou em casa, Jooheon não tinha apetite e nem cabeça para comer, estava muito exausto devido aos acontecimentos de hoje. Após estacionar o carro na garagem, adentrou a residência, falou brevemente com os pais, que também haviam chegado há pouco tempo, mas não quis ouvir o chamado da governanta avisando sobre algo que não compreendeu. Subiu as escadas e entrou em seu quarto, dando de cara com quem menos queria ver naquele momento.

— Por que está aqui? — fechou a porta atrás de si e percorreu o recinto, retirando a camisa. Não deixou de notar o mesclar de cheiros ainda presente ali. Tomou uma nota mental para mandar os empregados limparem o local pela segunda vez, assim que o novo dia viesse.

— Você não me atendeu durante o dia inteiro. Eu também fiquei preocupado, quero saber o que aconteceu ao Hoseok. — Hyunwoo se pôs de pé. Jooheon, que estava de costas, virou-se para lhe encarar quando disse isso.

— Como é? — fez uma expressão ironicamente confusa. Sua reação o irritou, podia perceber, mas Hyunwoo nada disse.

— Qual é, Heon? Pelo menos, me diz o que aconteceu. Alguém realmente tocou nele?

Nesse momento, Jooheon respirou fundo e olhou para o teto com as mãos no quadril, tentando se acalmar para não avançar em Hyunwoo. Uma coisa era o Son iludir o coração de seu irmão, algo que, para si, já era muito sério, mas outra coisa bem diferente era ter sido tão imprudente daquela forma e ter o deixado sair sozinho poucas horas após o término de seu cio, além de permitir que ele retornasse ao local que se recusava a chamar de lar.

— Olha aqui, Shownu. — Hyunwoo percebeu que o amigo se segurava para não lhe agredir. Imaginou o quão séria a situação deveria ser. — Eu praticamente te dei o meu irmão e me arrependerei por isso até o fim dos meus dias, mas o que você fez? Você o tratou como nada. No fim das contas, acho que você não é muito diferente do desgraçado do responsável dele.

— Me comparar com esse cara já é demais. Por favor, Heon, eu só quero saber o que acont- — sua fala foi cortada por um soco desferido no lado direito do rosto. A visão ficou turva por um momento, mas logo normalizou. Pelo menos, havia caído sobre a cama, e não no chão. — Que merda! — berrou, levando a mão ao local atingido. — Por que fez isso?! — levantou-se de rompante. Iria para cima de Jooheon caso a um dos empregados não tivesse batido na porta, perguntando o que estava acontecendo.

— Não é nada. Pode se retirar. — deu a ordem de forma ríspida, sem tirar os olhos do amigo. Percebendo ou não, expandia sua presença, seus olhos passando por um incessante mesclar entre a coloração do lobo e a natural. Aproximou-se de Hyunwoo e, mesmo com a diferença de altura, não se intimidou. Deixou o indicador em riste na cara dele. — Quer saber o que aconteceu? Tocaram nele sim. — disse baixo de modo ameaçador, mas logo elevou o tom. — DE TODAS AS FORMAS POSSÍVEIS! — o mais velho arregalou os olhos.

— Quem f-

— NUNCA TE INTERESSOU ESSA MERDA, SHOWNU! QUER DAR UMA DE BOM MOÇO AGORA?! — ele pouco se importava com a nítida exaltação. — SE TE FAZ SENTIR MELHOR, FOI O CARALHO DO CARA QUE DEVERIA CUIDAR DELE!

Hyunwoo sentiu algo em seu âmago, um sentimento de tristeza e repulsa ao imaginar aquilo acontecendo. Jamais quis que aquilo tornasse a ocorrer, havia jurado a si mesmo que cuidaria daquele ômega autoritário que mexia com sua cabeça e causava coisas estranhas ao seu lobo interior e coração. Agora, até ser comparado com aquele cara estava sendo e pelo melhor amigo de infância.

— Sai daqui. — lhe deu as costas, as mãos cobrindo o rosto. Precisava se acalmar, não queria dizer coisas desnecessárias. Sabia que se perdesse o controle, talvez fosse o fim da amizade que reconstruiu há pouco meses.

— Como ele está, Heon? Por favor. — Jooheon rangeu os dentes diante da insistência.

— CALA ESSA MERDA DE BOCA E SAI DAQUI! VOCÊ PERDEU TODO E QUALQUER DIREITO DE SABER QUALQUER COISA RELACIONADA AO WONHO HYUNG! VOCÊ O TRATOU COMO UM NINGUÉM DESDE O INÍCIO! VOCÊ NUNCA SE IMPORTOU DE VERDADE! ELE NUNCA REPRESENTOU NADA PRA TI! — gritou em plenos pulmões. — Era só uma foda. — o timbre adquiriu um “quê” ácido, sombrio. Hyunwoo não teve como não relembrar do pensamento que teve logo pela manhã. — NÃO ERA ISSO QUE VOCÊ SEMPRE DIZIA SOBRE TODOS OS ÔMEGAS COM QUEM SE DEITOU?! Wonho hyung foi só isso? — o tom caiu algumas notas, deixando claro seu abalo. — ME DIZ, SHOWNU, FOI SÓ ISSO?!

— JOOHEON! — elevou a voz também, de modo repreensivo, num intuito de fazê-lo abaixar o tom.

— E pensar que ele está apaixonado por você. — riu sem verdadeiro humor.

— O... que? — ele ficou surpreso ao ouvir tal declaração. — Como assim?

— É TUDO PELA SUA MÃE, SHOWNU?! — voltou a gritar. — EU DEVERIA ESPALHAR PARA TODO MUNDO A MERDA DE FILHO QUE VOCÊ É?! AH, SIM, O QUERIDO HERDEIRO DA FAMÍLIA SON SE DEITOU COM UM ÔMEGA MENOS FAVORECIDO FINANCEIRAMENTE! — Jooheon estava com raiva, muita raiva, provavelmente a casa inteira e seus vizinhos estavam ouvindo com clareza a conversa por isso. — Não acha que sua mãe odiaria essa manchete? — diminuiu o tom de súbito.

— Eu não preciso ouvir nada disso. — Hyunwoo irritou-se e caminhou para a saída do quarto.

— A VERDADE DÓI, SHOWNU! MAS PODE CORRER PRO COLO DA SUA QUERIDA MÃEZINHA, ONDE PODE TER TUDO O QUE QUER! MAS VOCÊ NUNCA, NUNCA TERÁ O AMOR DE ALGUÉM DE VERDADE! — viu Hyunwoo estancar com a mão maçaneta. Talvez, pensou o Lee, ele mereça ouvir tudo o que tenho a dizer. — WONHO HYUNG É UM ÔMEGA MARAVILHOSO, NÃO É QUALQUER UM COMO SUA MÃE DIZ SER! ELE NÃO É COMO YESUNG OU QUALQUER OUTRO COM QUEM VOCÊ JÁ TEVE ALGO! ELE É SUPERIOR A TUDO ISSO! E VOCÊ... — respirava rapidamente a procura de fôlego para continuar. — Você... nunca mais ouse chegar perto de ele! Ele merece muito mais do que um alfa que só sabe humilhá-lo. Agora sim, Shownu, pode ter certeza que o seu pai, onde quer que ele esteja, deve se envergonhar de você.

Aquilo foi como uma apunhalada no peito. Cada palavra rude, grosseira e dura causaram mais dor do que o soco que levou anteriormente. Sentiu vontade de chorar, mas obviamente segurou. Abriu a porta e saiu correndo, sem ligar para os moradores daquele lugar lhe chamando.

— Filhote. — Hyejin apareceu na porta do quarto segundos depois, deparando-se com o estado do filho. — O que houve? — questionou, preocupada e segurou o rosto de Jooheon.

— Omma... — Jooheon se sentiu mal. Havia jogado tudo na cara do amigo, não sabia se voltaria a falar com ele, nem sabia se queria aquilo. Mas, naquele momento, ele somente se deixou ser abraçado pela mãe.

Desejou que Hoseok tivesse alguém para confortá-lo devidamente também. Lembrou de Changkyun indo para o quarto e tentou imaginar como os dois estariam dormindo juntos. Seria algo fofo e terno aos seus olhos. Deitou em sua cama, recebendo o carinho singelo de sua mãe. Acalmou-se aos poucos e ficou daquele modo até pegar no sono, imaginando como seus amigos estariam e, mesmo não querendo, rezou para que nada de ruim acontecesse a Hyunwoo no caminho para casa.

 

(...)

 

Hyunwoo havia entrado em seu carro e pisado no acelerador para sair o mais rápido possível da mansão dos Lee, as palavras ainda martelando em sua cabeça. No fundo, sabia que Jooheon tinha razão sobre estar mesmo brincando com o Shin. Talvez o ômega impassível o desafiasse inconscientemente, e ele, como o alfa orgulhoso que era, tentou dominar a fera. Sabia as merdas que tinha feito, mas também não precisava de alguém para jogar tudo em sua cara.

Permitiu-se, de forma egoísta para o momento, pensar em Hoseok e no estado em que ele possivelmente se encontrava. Uma raiva imensa se apossou de si ao imaginar aquele homem tocando-o, depois sentiu nojo de si ao lembrar da comparação feita pelo amigo. Não ficaria verdadeiramente bravo com Jooheon, mas aquelas palavras haviam doído muito, principalmente ao falar de seu pai.

Vasculhou suas lembranças em busca do mais velho, aquele que lhe era como um ser superior. Lembrou de um dia em que haviam saído juntos, o pai havia ajudado, sem esperar nada em troca, uma ômega e sua avó, que aparentemente estavam perdidas pela cidade. E mais uma vez, deu razão a Jooheon. Seu pai tratava todos com gentileza, nunca desmereceu ninguém por sua classe, gênero, cor ou qualquer outra coisa.

Ele diminuiu a velocidade do carro, ficando dentro do limite. Sentia-se um tremendo lixo. Emborra doesse, atenderia ao pedido do amigo e não voltaria a se aproximar de Hoseok. Tais pensamentos fizeram seu lobo interior urrar ferido. Durante o cio, havia se sentido completamente saciado, mas, agora, não teria mais aquele garoto.

Nunca mais.

— Que merda você fez, hein. — sorriu enquanto se xingava, a cabeça pulsando com força.

Tudo ao redor tornou-se um borrão de súbito. No segundo seguinte, veio um forte impacto. Cada coisa dentro do automóvel chacoalhou, incluindo ele. Se antes a cabeça latejava, parecia que estava sendo esmagada no momento. Ele perdeu o controle do carro, o mesmo capotou no meio da pista até ficar estático.

Hyunwoo abriu os olhos devagar, desnorteado com o que acabou de acontecer. Algo molhava seu rosto, e tocou o que quer que fosse, constatando ser sangue que escorria de sua testa.

— Merda. — xingou-se e notou que estava de ponta cabeça, preso apenas pelo cinto de segurança. Conseguia ouvir vozes e notou alguém o chamando pela janela do carro. — Eu estou bem.

— Olha, garoto, não brinque com sua vida desse jeito. — o senhor se levantou para tentar abrir a porta do carro.

Ele liberou o cinto e se apoiou no teto para não bater a cabeça que latejava. A porta foi aberta segundos ou minutos depois, ele não sabia ao certo. Hyunwoo foi ajudado a sair dali.

— A ambulância está vindo. — o homem avisou a Hyunwoo, que se deitou no asfalto por conta da dor.

— Que droga. — praguejou, já pensando em tudo que teria de ouvir de sua mãe. Aquela seria uma longa noite.

 

(...)

 

— Não acha que é um pouco demais? — Donghae perguntou a Siwon após colocar a última porção de comida na bandeja. Analisou mais uma vez o conteúdo e retirou algumas coisas.

— Ele não se alimentou direito durante o cio, ele precisa de um café mais reforçado. — Siwon recolocou a comida no retângulo de metal.

Eram pouco mais das seis e meia quando o casal se pôs de pé naquela manhã. Apesar de seus expedientes só começarem às oito, os dois trataram de levantar antes, pois precisavam conversar com Hoseok. Já haviam lidado com vários casos semelhantes a esse (por exemplo, o do marido falecido) e sabiam mais do que qualquer um que aquela conversa seria muito delicada. Demandaria certo tempo para que Hoseok de fato começasse a falar sobre, então não deveriam, em hipótese alguma, pressioná-lo a responder as perguntas mais rapidamente senão acabariam deixando-o mais retraído a respeito do assunto.

— Eu não sei se deveríamos acordá-lo. — Siwon confessou. — Ele ainda precisa de repouso.

— Também estou incerto sobre acordá-lo tão cedo, mas não podemos ficar adiando. — Donghae suspirou e passou a mão na nuca. — Vamos logo.

Siwon assentiu e viu o esposo pegar a bandeja para que seguissem ao segundo andar. Abriu a porta para ele e entrou depois de ele, fechando a porta atrás de si. O ambiente estava escuro, mas era possível avistar Hoseok e Changkyun dormindo abraçados. Deitado de lado, o ômega mais velho mantinha o nariz próximo a cabeleira negra e descansava um braço, de modo protetor, sobre o mais novo, que agarrava com todas as suas forças a camisa do maior, como se tivesse medo de Hoseok subitamente sumir.

Donghae caminhou até a cama com Siwon ao seu encalço e notou outra bandeja ali na cômoda. Ele deve ter comido o que Hyungwon trouxe quando acordou em algum momento da noite, pensou enquanto colocava a bandeja sobre a outra vazia na cômoda. Ele sentou-se na beirada da cama, o colchão afundou atrás de si, indicando que Siwon fez o mesmo. Tomou uma longa respiração, procurando as palavras que pareciam faltar no momento e esticou a mão em direção a Hoseok.

— Hoseok. — embora precisasse acordá-lo, sua voz soou baixa, macia. Dedilhou a franja loira de pontas coloridas, depois a bochecha. Hoseok acordou aos poucos com o toque contínuo, mantendo os olhos semicerrados na expressão amassada de sono. — Sei que é cedo, mas precisamos conversar. — murmurou, afastando os fios de cima dos olhos do menor.

— Ok. — Hoseok espreguiçou-se e só lembrou-se de Changkyun ali consigo quando esse o abraçou devido a sua movimentação. — Ele não vai me soltar tão fácil. — deslizou o nariz por entre as madeixas negras, notando a fragrância doce um pouco mais acentuada que o de costume.

— Kyunnie, Kyunnie. — Donghae afagou o topo da cabeça do filho. — Vamos, filhote, acorde.

— Não quero. — Changkyun resmungou após alguns segundos, sequer se dando trabalho de abrir os olhos.

— Mas você já está acordado. — riu soprado.

— Não estou. — Hoseok sorriu, franzindo cenho por estar dolorido, mas não deixando de sorrir ao ser apertado por Changkyun.

— Vem aqui com o papai, Kyunnie. — Siwon se aproximou e tentou fazê-lo largar o Shin.

— Não! — choramingou, atracando-se com braços e pernas no amigo.

— É rapidinho. — conseguiu libertá-lo, mas seu filho rodeou seu pescoço com os braços e sua cintura com as pernas, enterrando o rosto na curvatura de seu pescoço. — Hae appa e eu precisamos conversar com Hoseok. Fique dormindo no quarto dos papais enquanto isso, ok? Depois te trago de volta para cá. — lhe garantiu, passando a mão pela coluna do menor. Changkyun resmungou algo incompreensível, provavelmente já cedendo ao sono outra vez. — Vou colocá-lo na cama. — dito isso, Siwon levantou-se com Changkyun agarrado a si como um filhote de preguiça e saiu porta a fora, sendo observado por Hoseok, que sentou na cama.

— Meu marido estar sem camisa não te dá o direito de ficar tarando as costas dele. — o rubor alastrou-se intenso pelo rosto do Shin.

— E-eu... E-eu não... — Donghae começou a rir do seu nervosismo.

— Só estou brincando, Hoseok. — limpou as pequenas lágrimas que se formaram em seus olhos. — É mais fácil eu deixar Kihyun vermelho do que você, mas é tão engraçado quanto. — confessou, risonho. — Ainda está com alguns resquícios do efeito pós cio para ter ficado envergonhado assim. — afagou o topo da cabeça dele, vendo-o fechar os olhos, ronronar baixinho e empurrar-se contra sua palma, em busca de mais carinho. — Como está se sentindo?

— Dolorido, mas acho que melhor do que ontem. — levantou as pálpebras e fez bico quando Donghae parou a carícia. O alfa riu e voltou a lhe fazer cafuné.

— Você precisa comer. — pegou a bandeja no móvel ao lado e colocou-a sobre as coxas dele.

— Não vai me fazer perguntas? — juntou as sobrancelhas numa careta confusa.

— Tome café primeiro. Won ainda está lutando para fazer o Kyunnie soltá-lo, deixe ele voltar. — indicou a bandeja.

Hoseok sorriu pequeno e pegou timidamente uma das porções de comida. Cada movimento seu era analisado por Donghae, que, nesse tempo inteiro, não se deu o trabalho de vestir uma calça, estando apenas com a camisa grande de Siwon. Siwon retornou momentos depois e abraçou o marido por trás, também passando a observar o Shin.

— Vocês não vão perguntar nada? — havia uma pitadinha de impaciência nas palavras de Hoseok.

— Cada coisa em seu tempo. — Siwon descansou o queixo no ombro de Donghae, esfregando a barba ali em forma de carinho. — Termine de tomar café.

Hoseok mordeu o inferior. Ao mesmo tempo que queria acabar logo com isso, não sentia-se confortável para falar sobre. Agradeceu aos deuses pelos senhores Yoo não terem sido diretos, seria desagradável ser posto na parede no momento que acordasse. Apesar de não demonstrar, certamente seu incômodo parecia estar bem explícito aos mais velhos.

— Tios... — umedeceu os lábios. — O Ki... Ele está bem? Sabe, com tudo o que aconteceu.

— Pode-se dizer que sim. Só ficou aéreo, mas Hyungwon estava se esforçando para distraí-lo um pouco. — Siwon ofereceu um sorriso.

— Mas esse tipo de situação, bem, não poderia causar um surto igual ao daquela vez? — perguntou devagar, referindo-se ao surto que presenciou quando Kihyun recebeu a notícia do falecimento de Eunhyuk.

— Zhoumi nos disse certa vez que não há um único “gatilho” para desencadear uma crise nele, então é algo impreciso. — explicou. — Tivemos sorte de ele não ter uma recaída quando foi te ajudar, Hoseok. Ele diz que não está cem por cento recuperado ainda, mas isso não o desanima, é evidente a melhora significativa dele. Mesmo tendo parado de tomar os remédios, ele continua procurando Zhoumi por vontade própria para conversar, seja no consultório, seja na casa dele. Nosso filhote está se cuidando, Kihyun não quer ter novas recaídas.

Hoseok sentiu os olhos arderem. Ele só queria ter metade da força que o amigo tinha para lidar com seus problemas e arrumar um modo para resolvê-los. Sentiu-se um egoísta por fazê-lo também carregar seu fardo quando Kihyun já tinha que lidar com os próprios fantasmas dele. A garganta apertou, e abaixou a cabeça antes que as lágrimas começassem a escorrer.

Quando foi abraçado pelos dois, deixou alguns soluços escaparem, tal como as lágrimas. Chorou por tempo assim, agarrado aos alfas, até que se acalmasse. Fungou e limpou o rosto, querendo apagar todo e qualquer indício do choro recente.

— Você não precisa mais esconder, Hoseok. — Donghae o acariciou na bochecha. — Nossos filhotes, seus amigos, todos eles querem te ajudar.

— Nós também queremos. — Siwon complementou. — Eunhyuk também iria querer. Basta nos explicar tudo.

— Obrigado... Obrigado, obrigado. — abraçou os alfas, tentando expressar toda sua gratidão com essas meras palavras e gesto.

Siwon e Donghae deixaram o quarto por um instante para pegar os papéis necessários. Hoseok passou a responder perguntas uma atrás da outra, tendo alguns momentos de relutância ao fazer isso. Quando ficava assim, os mais velhos esperavam pacientemente até que ficasse a vontade outra vez. Dessa forma, deu toda a informação que pediram, sem esconder detalhe algum. Contou tudo, relatando desde a adoção aos momentos atuais, e os alfas tomaram nota de cada coisa dita.

— Levaremos isso a nossa chefe, mas pode ter certeza que nós atuaremos diretamente nesse caso. — Siwon levantou-se com papéis. — Vamos conversar com os outros também, não agora, mas o mais rápido possível. Pode voltar a dormir, Hoseok.

— O Kkukkung... — apertou o lençol da cama.

— Vou trazê-lo de volta pra cá. — Donghae saiu do quarto. Após algum tempo, retornou com o filho dormindo em seus braços. — Converse com ele devidamente quando puder, ok?

— Vou conversar. — estendeu os braços, num pedido mudo para que o entregassem. Changkyun foi colocado na cama, e o abraçou após voltar a deitar.

— Você ficará aqui por enquanto. Não deixaremos que volte para aquela casa enquanto ele não estiver preso. — a voz de Siwon soou firme, séria. Aproximou-se dos menores e fez um breve cafuné neles. — Apenas descanse.

— Uhum. — fechou os olhos, achegando-se mais a Changkyun. — Obrigado... Por tudo.

Os mais velhos apenas sorriram para o ômega e saíram do quarto, seguindo para o seu próprio. Lá, banharam-se e vestiram-se rapidamente, logo saindo da casa dentro de seu carro. Não havia tempo para se pensar, ambos os alfas Yoo não precisavam expor com palavras o que fariam: era hora de agir. O carro seguia em alta velocidade pela pista, rumo a casa de Hoseok. Pelo horário, eles teriam muita sorte em prender o Shin mais velho sem chamar muita atenção da vizinhança.

Ao chegarem ao local, observaram a porta aparentemente arrombada. Eles se entreolharam, pensando quem tinha feito aquilo, talvez os amigos de Hoseok quando o salvaram ou algum assaltante houvesse invadido a casa.

— Siwon, acho que ele não deve estar aqui. — Donghae sussurrou ao se dirigir ao marido, com receio de que o homem estivesse escondido em algum lugar. Seria uma espécie de blefe, do tipo mais clichê possível, mas, às vezes, funcionava.

Eles sacaram suas armas e empurraram a porta, que fez um pequeno ruído ao se abrir completamente. Os policiais farejavam o ar em busca do cheiro do responsável de Hoseok, até que Siwon reparou em algo.

— Hae. — o menor lhe encarou, esperando que prosseguisse. — Lembra de ter visto alguma vez o responsável de Hoseok? — Donghae pensou por um momento e lhe acenou negativamente.

Os dois estavam se sentido completamente idiotas e incompetentes. Durante todos esses anos, eles nunca haviam percebido nada de incomum. Não era raro notar Hoseok com o cheiro do mais velho impregnado nele, mas eles nunca suspeitaram, afinal, era o responsável dele. Nunca algo daquele tipo passou na mente dos policiais, mesmo com a fragrância de Hoseok sendo quase que totalmente escondida pelo cheiro do mais velho. Os Yoo quiseram se bater por um deslize tão grande.

— Vamos subir. Esse cara vai pagar. — Donghae grunhiu.

Antes de subirem as escadas, deram uma olhada na cozinha e na sala, para ter certeza de que o homem não estava ali no primeiro andar. Cada degrau parecia fazer alarde sobre a presença dos peritos ali, mas ambos seguiam o mais cautelosamente possível.

— Sente? — Donghae questionou quando chegaram ao topo da escada, querendo saber se o marido sentia o cheiro de alguém ali. Siwon negou com a cabeça.

Naquele andar, havia três portas. A primeira que abriram era provavelmente o quarto do Shin mais novo. Os Yoo entraram e não passou despercebido por eles os três grossos trincos na porta e uma tranca de madeira. Ambos pensaram em Eunhyuk automaticamente, do dia em que o salvaram de si mesmo.

Saíram dali e seguiram para a última porta, constatando ser um quarto de visitas, pois estava vazio. Estavam com raiva do homem a quem procuravam, ele havia tocado em uma criança, o pôs em risco e agora parecia estar se escondendo ou fazendo alguma brincadeira com a cara dos policiais. Siwon simplesmente meteu o pé na porta restante, e só encontraram o lugar vazio.

— Onde aquele filho da mãe se meteu? — Siwon perguntou nervoso, indo verificar o banheiro que havia ali. Também vazio.

Donghae não gostou do cheiro, nem do local. O sangue seco no chão era provavelmente de Hoseok. Apertou o punho com força, sentia nojo daquele homem.

— Acalme-se, Hae. — Siwon apareceu atrás de si, tão ou mais enojado ao ver a sujeira no piso. — Ele está seguro agora. — tocou os ombros de Donghae e o sentiu relaxar minimamente.

— Do mesmo jeito que Eunhyuk estava... Até o pai dele aparecer. — falou baixo, frio. Era fato eles nunca terem superado de verdade a perda do ômega ao qual tanto amavam, mas não deixavam transparecer aos demais. — Por quanto tempo estará seguro, Siwon? — virou o rosto para o marido e viu a tristeza no olhar dele.

— Nós vamos cuidar de Hoseok como nosso filhote. — a carga emotiva era intensa na troca de olhares. — Não vai ser como Eunhyuk, eu prometo. — o abraçou, apertando-o entre seus braços, num abraço cheio de sentimentos.

Antes de saírem dali, eles pegaram algumas roupas do Shin e deixaram em casa antes de seguirem para o trabalho. Assim que chegaram ao conhecido Departamento de Polícia de Nova Seul, foram direto a sala da chefe, entrando sem ao menos bater.

— Onde está a educação dos meus empregados? — Kyungri se levantou com um simples sorriso no rosto, mas ele sumiu instantaneamente ao ver a tensão na face de seus subordinados. — O que houve? — escorou-se na grande mesa que havia em sua sala.

— Chefe Park, temos um foragido sob ordem de prisão imediata. — Donghae entregou a pasta contendo tudo o que haviam conseguido até o momento sobre esse novo caso.

O olhar de Park Kyungri alternou entre os rostos dos peritos. Pode ver a determinação incrustada nos olhos deles. Era fato que não deveria deixá-los agir em um caso relacionados a familiares e amigos, mas eram os Yoo, seus melhores peritos e, acima de tudo, amigos, sabia que eles não iriam aceitar que fossem afastados daquele caso.

Somente acenou positivamente com a cabeça e pegou a foto, que Donghae havia pego antes de saírem da casa, do homem de dentro da pasta. Sentou-se novamente em sua cadeira e discou um número no telefone fixo sobre a mesa.

— Preciso que mandem alguém aqui. Sim, é um novo. Já temos tudo que precisamos. Preciso que façam várias cópias da cara deste homem e preguem pela cidade. Sim, procurado. Olha, eu não quero saber. Eu preciso a cara desse filho da puta esteja em todos os cantos da cidade e nos noticiários, quero ele preso imediatamente. — desligou sem esperar resposta e encarou a dupla à sua frente. — O caso é de vocês.

Os dois saíram dali após fazerem uma breve reverência. Assim que seus turnos acabassem, iriam cuidar da coleta de depoimentos. Dessa vez seria diferente, eles não permitiriam que tudo acabasse da mesma forma como foi com Eunhyuk.

 

(...)

 

Minhyuk deu uma última olhada na franja e nas roupas quando chegou à frente da casa dos Yoo. Ele, em geral, era alguém muito seguro, mas sentia um certo friozinho na barriga todas as vezes que iria ver os namorados. Era algo bobo sim, porém inevitável. Aquelas borboletas no estomago se faziam cada vez mais presente no seu dia a dia, não que estivesse reclamando, longe disso. Puxou uma longa respiração e a expeliu lentamente, sorrindo de orelha a orelha ao passo que tocava a campainha.

A porta se abriu dentro de alguns minutos, revelando um Hoseok de cabeleireira totalmente desordenada.

— Bom dia, hyung. — aumentou seu sorriso brilhante. — Te acordei?

— Não, não. Acordamos não faz muito tempo. — a voz ainda meio grogue constatava isso. — Não está meio cedo para estar aqui? — deu passagem ao mais novo.

— Já são dez e meia. — entrou, rindo do “Ah, já são?” surpreso que ouviu. — Está melhor, hyung? — agachou-se para retirar os sapatos, mas sem cortar o contato visual.

Ontem, quando Minhyuk veio visitá-lo, Hoseok estava quieto, aéreo, com o olhar distante, nem sempre respondendo as tentativas de conversa dos mais novos. Aquilo causou uma atmosfera um tanto pesada, e os demais esforçaram-se para deixá-lo um pouco mais animado.

— Pode-se dizer que sim. — sorriu fraco. — Desculpe por ter deixado vocês preocupados.

— Não se desculpe. — ergueu-se. — Nós somos amigos, devemos cuidar um do outro. — o puxou para um abraço, apertando-o contra si. Continuava não sendo o mais próximo do Shin, mas houve certa aproximação entre eles.

— Obrigado. — Minhyuk corou de leve ao ser retribuído.

— Onde estão os outros? — não retirou os braços do redor do tronco do maior, somente deixou uma pequena distância entre seus corpos.

— Ki está fazendo café, Hyungie e Kkukkung devem estar tentando se manter acordados lá na sala. — descansou os braços sobre os ombros de Minhyuk. — Provavelmente, já devem ter dormido no sofá.

Minhyuk riu baixo. Os dois seguiram juntos pelo corredor até se dispersarem, Hoseok voltando para a sala e Minhyuk, após avisar que iria perturbar Kihyun primeiro, entrando na cozinha. O alfa estava distraído com as panelas, não notando sua presença ali. Andou a passos sorrateiro para não ser percebido, o abraçou por trás e o mordeu de leve no pescoço, arrancando um gemido surpreso dele.

— Oi, amor. — os pelos da nuca de Kihyun se eriçaram com sua respiração tocando o local.

— Você quase me fez derrubar tudo aqui. — largou a colher dentro da frigideira, mas permaneceu segurando o cabo quando se virou para ele.

— Ok, não te abraço mais. — fez bico, ocasionando uma risada baixa dele.

— Não seja assim, Min. — contornou a cintura dele com o braço livre, colando seus troncos. Minhyuk enlaçou seus ombros com ambos os braços, deixando-os ainda mais próximos. — Sabe que adoro quando faz isso. — murmurou rente os lábios dele.

— Será mesmo? — Kihyun sorriu canto quando apenas roçou suas bocas, sem aprofundar um beijo.

Kihyun colou suas bocas de uma vez, fechando os olhos em seguida. Minhyuk apertou o abraço em seu pescoço no momento que pediu passagem com a língua, invadindo a cavidade bucal e provando do sabor viciante dele. Os músculos demoraram alguns segundos para entrar em sintonia devido estar um pouco afoito e Minhyuk, mais calmo. Quando isso aconteceu, suas cabeças começaram a mover-se, acompanhando o ritmo empregado por suas línguas. Apertou-o na cintura ao mesmo tempo que recebeu um puxão de cabelo um pouco forte e ouviu Minhyuk gemer abafado contra sua boca. Cortou o osculo, finalizou com selares estalados e abriu os olhos, dando de cara com o namorado ainda de olhos fechados, tão ofegante quanto ele mesmo estava.

— Me deixe terminar aqui antes que eu acabe queimando a comida. — apertou-o mais uma vez na cintura e deslizou a ponta do nariz no pescoço alheio. — Vá fazer companhia aos outros.

— Uhum. — tombou a cabeça para o lado, dando-lhe mais espaço. A mordida que deu nele foi devolvida, e segurou um ofego.

Minhyuk deixou um último selo nos lábios do namorado antes de soltá-lo para seguir até a sala. Chegando lá, deparou-se com a tevê ligada, sem dar atenção para a programação, e com os ômegas ocupando o sofá maior. Hoseok tinha Changkyun deitado em suas pernas, esse último conversando tanto no celular quanto com o Shin, e Hyungwon, no canto oposto aos dois, parecia mais dormindo do que acordado, ostentando sua expressão típica de quando estava assim.

— Bom dia, Kyun. — cumprimentou-o ao sentar no espaço vazio entre eles e deu uma tapinha na coxa dele. Changkyun não parou o que fazia, mas ergueu a cabeça por um breve instante para lhe olhar e sorrir. — Já está bom de dormir, Hyunginie. Vamos, acorde. — apertou a bochecha marcada por algo. Hyungwon resmungou e se desvencilhou do aperto, continuando naquele estado sonolento. — Ei, acorde. — chacoalhou o corpo dele, mas tudo o que conseguiu foi outro resmungo. Hyungwon colocou as pernas sobre uma das suas e acomodou a cabeça no vão do seu pescoço. — Você tem que acordar, Hyunginie. — contradisse as próprias palavras por ter o puxado para o meio de suas pernas. Ele achegou-se mais em si, apertando sua camisa. — Tá, você venceu. — baixou o rosto e roubou um beijo, que não demorou a ser correspondido.

Diferente do beijo de Kihyun que foi intenso o bastante para tirar o folego, o de Hyungwon era preguiçoso e simples devido a sonolência ainda presente no corpo dele, porém indiscutivelmente lhe dava aquela vontade involuntária de sorrir, além da sensação inconfundível das borboletas no estomago e o palpitar acelerado do coração. Descansou a mão em uma das bochechas dele e a acariciou com o polegar enquanto selava consecutivamente os lábios carnudos e quentinhos, arrancando pequenos estalinhos entre um beijo e outro.

— Kkukkung, deixa eles ter o momento deles. — Minhyuk ergueu o olhar e enxergou Changkyun, agora sentado, usando o celular para tirar fotos de si e do Chae.

— Que saco, hyung. Me deixa apreciar o OTP interagindo e eternizar o momento. — resmungou, sem parar o que fazia.

— Nem todo mundo gosta de ser o centro das atenções que nem você e o Honey. — Hoseok afagou o topo da cabeça de Changkyun, que corou, fazendo Minhyuk rir.

— Vamos acordar, sim? — Minhyuk murmurou rente aos lábios de Hyungwon, roubando vários beijos no processo.

Kihyun apareceu ali minutos depois avisando que o café estava na mesa. Apesar de parecer um pouco injusto deixá-lo fazer tudo sozinho, todos sabiam o quanto o mesmo adorava cozinhar e não era como se tivessem reclamando quando aceitaram prontamente esperar enquanto ele cuidava disso.

Minhyuk se juntou a eles, mas apenas os observou comendo. Conversava animadamente como de costume, não conseguindo fechar a boca por um segundo.

— Aliás, Kyun, — Changkyun lhe olhou. — obrigado pela pelúcia.

— Gostou, hyung? — sorriu ao ser confirmado com um aceno de cabeça. — Era pra eu ter entregado antes, mas acabei esquecendo.

— Não tem problema. — abanou a mão em frente ao rosto para dizer que estava tudo bem. — Com quem tanto conversa no celular? É o Jooheon? — falou com tom malicioso.

— Não te interessa. — virou o rosto corado, inflando as bochechas. Todos riram. — Ah, ele vem pra cá daqui a pouco. — dirigiu-se ao irmão.

— Não comece. — Hoseok interrompeu quando Kihyun abriu a boca para contestar. — Seus namorados estão aqui, por que o dele também não pode estar? — o outro fez menção de abrir a boca de novo, mas foi mais rápido: — Nem. Comece. — ouviu um bufo e ganhou um abraço de lado de Changkyun.

— Você lava a louça do café. — o caçula deu de ombros. — Toda a louça. — Kihyun sinalizou os pratos de todos e as panelas usadas. Changkyun foi quem bufou dessa vez, mas não reclamou verbalmente.

— Isso é exploração infantil, Ki. — Hoseok falou, divertido.

— Quieto. — resmungou.

— Ele está muito azedo por causa do ciúme do namorado do irmão dele. Beijem ele para ver se passa. — sugeriu aos outros ômegas. Hyungwon começou a tossir, os demais riram. A reação dele era sempre a melhor. — Ok, lave a louça, Kkukkung, e, vocês dois, – apontou para o castanho e o rosado. — não demorem para tomar banho. Eu vou na frente. — levantou-se.

— Eu achei que você ia me livrar de lavar a louça. — Changkyun choramingou, segurando-o pela barra da camisa.

— Eu nunca disse que não era pra você lavar. — mostrou a língua e seguiu para o segundo andar.

— Ouviu o Seok. — Kihyun sorriu de canto e apenas para implicar com o irmão, empilhou os pratos sujos em frente ao menor. — Min, espere na sala. Eu tomo banho depois de você ou antes? — perguntou a Hyungwon, que apenas deu de ombros. — Certo, eu vou primeiro. — beijou o canto da boca do castanho, fez o mesmo com o platinado e ouviu um “Own” por parte de Changkyun, que pareceu ficar menos emburrado depois de ver a cena.

— Eu te ajudo com a louça, Kyun. — Hyungwon se ofereceu, sendo agradecido com um abraço apertado do pequeno.

Changkyun conseguiu lavar tudo mais rapidamente graças à ajuda de Hyungwon. Subiu correndo as escadas quando toda a louça estava limpa e em seu devido lugar, tratando de tomar banho. Ele sentia que Jooheon estava para chegar, não sabia como, apenas sabia, então não tardou tanto no banheiro e vestiu-se de roupas confortáveis, não esquecendo de colocar o presente que ganhou no parque de diversão antes de descer novamente.

Kihyun, Hoseok e Hyungwon estavam fazendo companhia a Minhyuk na sala quando chegou lá. Sentou-se na poltrona, atraindo olhares curiosos para si em decorrência de sua tamanha inquietação. Ficou daquele jeito até a campainha tocar e correu até a porta. Não precisava ter chegado lá para saber que era Jooheon. Abriu a porta e, sem pensar duas vezes, atirou-se contra ao recém chegado, enlaçando o pescoço dele com ambos os braços e cobrindo os lábios dele com os seus num beijo um tanto desajeitado que não tardou a ganhar verdadeiro ritmo.

— Eu também senti saudade, Puppy. — Jooheon comentou risonho, entretido com a recepção enérgica do namorado. — Realmente combina com você. — deslizou o indicador na tira de couro do choker até chegar no pingente de lobo.

— Meu namorado que me deu. — diminuiu novamente a distância entre seus corpos, apertando o enlaço ao redor do pescoço dele.

— Cara sortudo ele. — juntou suas bocas, mas antes mesmo que pensassem em aprofundar aquilo, um pigarro soou atrás deles. Deixou uma mordida no inferior dele, não soltando a cintura dele ao olhar por cima do ombro do menor. — Olá, Kihyun.

— Não fiquem aí no corredor. — falou curto e logo voltou a sala.

Jooheon encarou Changkyun, uma enorme interrogação estampada em seu rosto.

— O hyung está tentando não ser tão pé no saco. — explicou.

— Eu ouvi isso! — a voz de Kihyun veio da sala.

— Era para ouvir mesmo! — respondeu. — Vamos pra sala com os outros.

Os dois deram as mãos, entrelaçando os dedos, antes de seguirem para a sala. Foram recebidos com risadinhas maliciosas de Hoseok e Minhyuk, que notaram muito bem a condição atual dos lábios um pouco inchados do casal devido ao choque de suas bocas há pouco minutos atrás. Eles nada disseram quanto a isso, apenas ocuparam um lugar no sofá como se nada houvesse acontecido.

As horas passavam rápido enquanto os amigos estavam entretidos com os episódios de uma série que estavam sendo transmitidos um atrás do outro. Quando o seriado acabou, passaram para um filme. Eles se reorganizaram para assisti-lo, Jooheon deitava atrás de Changkyun no sofá, abraçando-o, enquanto deixava seus pés apoiados na perna de Hoseok, que estava no canto do estafado devido ao casal estar o ocupando quase que inteiramente, Kihyun sentava no chão, tendo recostado em seu peito Minhyuk, que, por sua vez, tinha Hyungwon deitado em suas pernas.

— Ai, deu fome agora. — Minhyuk desencostou-se de Kihyun, olhando para o mesmo em seguida. — O que a gente vai comer, amor?

— Ainda tenho que fazer alguma coisa, Min. — Kihyun sentiu o estomago reclamar. — Mas sinceramente não estou com saco para cozinhar no momento.

— Hyung. — Changkyun prolongou a pronúncia do sufixo. — Quero comer comida tailandesa. Compra comida daquele lugar que os appas vivem levando a gente.

— Ah, a comida de lá é ótima! — Hoseok salivou só lembrar da vez que teve a oportunidade de ir lá com a família Yoo. — Eu apoio. Vamos lá comprar.

— É muito longe? — Minhyuk perguntou.

— Uns quinze minutos daqui.

— É muito longe. — resmungou, contrariado. — Vai fazer comida pra mim, Kihyunie.

— Ele é seu namorado, não seu escravo, Min. — Hyungwon cutucou a bochecha do platinado. — Vamos logo.

— Eu não quero ir. Eu quero saber que vai acontecer no filme. — Changkyun aconchegou-se mais nos braços de Jooheon.

— Eu fico aqui contigo. — Jooheon beijou a nuca do namorado.

— Sem essa, eu não vou deixar vocês dois aqui sozinhos. — o rosto de Kihyun se fechou numa carranca.

— Qual é, olha pra eles. — o casal fez cara mais inocente possível quando Hoseok os indicou. — Acha mesmo que fariam alguma coisa demais?

— Eu confio no meu dongsaeng, é nele que não confio. — torceu o nariz.

— Você não tem querer. — Hoseok levantou-se e saiu puxando Kihyun pela gola da camisa. — Vamos, Hyngie, Min. — os dois vieram atrás quando os chamou. — Ah, aproveitem para se beijar! — gritou para o casal antes de sair da casa com os outros três.

Hoseok teve que lidar com um Kihyun emburrado durante o trajeto. Ficou perturbando-o só por ser engraçado vê-lo responder irritado e rabugento a cada provocação sua. O amigo ainda teria que lidar com ciúmes do irmão mais novo por um tempo, mas também teria de aceitar que, uma hora ou outra, isso iria acabar acontecendo, então ficava repetindo isso várias vezes de forma propositalmente provocativa para fazê-lo entender.

Hyungwon e Minhyuk estavam logo atrás de eles, andando de mãos dadas, observando Hoseok apoiando o braço nos ombros de Kihyun. Eles não se sentiam desconfortáveis quanto a isso (Minhyuk pelo menos, apesar do Lee nunca ter sabido isso incomodava ou não o Chae), os dois eram amigos há muito tempo e isso lhes era comum, corriqueiro. Mais do que isso, era ótimo ver Hoseok mais humorado como estava agora.

Os quatro chegaram ao local, tendo sorte de estar pouco movimentado devido ao horário. Minhyuk reclamou o tempo inteiro enquanto esperavam a comida ficar pronta, arrancando risadas dos demais por cada coisa que dizia. Kihyun pegou as sacolas quando o pedido deles ficou pronto, mas Hoseok as tomou de suas mãos, seguindo para fora de lá após apressá-los senão iria comer tudo sozinho.

Os três correram apressados até chegarem ao lado do Shin. Conversaram o tempo inteiro como anteriormente, apenas com alguns novos comentários do quanto a comida estava cheirando bem. Minhyuk já dialogava mais abertamente com Hoseok e Hyungwon também participava, deixando Kihyun só sorrisos. Era ótimo ver seus namorados e seu melhor amigo interagindo. Os quatro chegaram em frente à casa, rindo de uma estória de infância hilária de Minhyuk. Kihyun abriu a porta, parou de rir e ficou sério subitamente.

— O que foi? — Hoseok perguntou com medo de algo errado estar acontecendo e apenas amigo sentir por ser alfa.

— Está se sentindo mal? — Minhyuk perguntou e Hyungwon olhou para o namorado, preocupado.

— Aonde vai? — Hyungwon acompanhava com o olhar o caminho que Kihyun fazia até a sala. — Kihyun. — chamou, mas não obteve resposta. Entreolhou-se com os mais velhos, e rapidamente correram atrás do alfa. Não sabiam se deveriam rir ou se preocupar com o que viam, ainda mais com um Kihyun boquiaberto daquele jeito.

Que merda você pensa que está fazendo?! — Kihyun usou a voz de comando e só se tocou disso quando sentiu os três ômegas atrás de si se encolherem e se afastarem. Hyungwon e Hoseok, assustados, correram para atrás de Minhyuk, o menos afetado dos três. Ele não ligou para esse detalhe no momento e seguiu até o sofá, onde Jooheon estava anteriormente com Changkyun.

— Calma, Kihyun. — Jooheon falou em tom de piada, mas dava passos para trás. Não iria brigar com Kihyun por algo bobo aos seus olhos. Espiou Changkyun, ainda no estofado, tentando retornar a terra, inspirando e expirando lentamente, os olhos semicerrados, a expressão entorpecida.

— Que caralhos estava fazendo com meu irmão?! — elevou o tom.

— Beijando, ora. — já caminhava de costas por ali, de mãos levantadas em sinal de rendição.

— Seu filho da mãe. — Kihyun rosnou com dentes fortemente cerrados e correu atrás de Jooheon, iniciando uma correria pela casa. — Não toque nele assim, seu desgraçado! Ele é só uma criança! — gritou, e Jooheon encontrou sua fuga perfeita ao ver que a janela bay window da sala estava aberta.

— Tchau, Puppy! — gritou ao namorado, que agora observava aquilo com os outros três ômegas ao seu redor no sofá. Foi respondido com um simples e tímido “Tchau” e o fez sorrir ao lhe lançar uma piscadela.

— Filho da mãe! Volta aqui, Jooheon! — Kihyun apoiou-se no parapeito interno e observou Jooheon adentrar seu carro e lhe mandar um beijinho. Antes do carro começar a se deslocar na pista, conseguiu ouviu um “Pode ter certeza que eu vou voltar” dele.

 

(...)

 

— E eles não estão se falando desde ontem? — Hyungwon apenas balançou a cabeça, respondendo a pergunta de Minhyuk.

— Eles tiveram uma discussão depois que você foi embora. — Hoseok apoiou o queixo na destra, indicando Kihyun fazendo o almoço com um movimento rápido de olhos. — Eu conversei com os dois, disse que foi desnecessário Ki ter agido daquela forma e falei pra não ser empata foda. — Minhyuk segurou uma risada pela sua escolha de palavras. — Ao Kkukkung, só expliquei que o irmão dele é exagerado, ciumento e superprotetor que não percebe que o caçula cresceu, mas também não desmereci o que ele fez, só a maneira que fez.

— Eles ficaram emburrados depois disso. — Hyungwon se referia aos irmãos Yoo, tentando não estremecer com o hálito morno de Minhyuk, que apoiava o queixo no seu ombro, relando em seu pescoço. — Tive que conversar com Kihyunie para mostrar que ele também estava errado naquilo e o convenci a pedir desculpas. O único problema foi que o Kyun não quis papo, ficou o ignorando o tempo inteiro.

— O pior foi ter que explicar isso aos tios. — Hoseok suspirou, passando a mão no rosto. — Eu não ia contar o motivo, óbvio, senão era capaz que Siwon fosse atrás do Honey na casa dele e fizesse o que Ki não conseguiu fazer. Ele é tão ciumento quanto o Ki, afinal. — ressaltou. — Eu tive que falar que não foi nada demais, apenas uma briguinha de irmãos. Eles ficaram preocupados, porque esses dois são do tipo que discutem, mas são dois corações moles, logo correm até o outro para pedir desculpas.

— Não precisava ter agido daquele jeito, Kihyunie. — Minhyuk falou alto o suficiente para Kihyun ouvir. — Ele estava com o namorado, deixava ele aproveitar um pouco.

— Como é? — Kihyun tirou o olhar das panelas para encarar Minhyuk. Aquele tempo todo, estava ciente do conteúdo da conversa dos ômegas sentados à mesa, mas não deu atenção para o que falavam devido estar concentrado em preparar o almoço. — Não sabe o que o Heon fez pra estar falando isso.

— Sei sim, eu estava bem atrás de você e vi o que aconteceu. — deu de ombros. — Está fazendo tempestade no copo d’água.

— Só pode estar brincando. — Hyungwon e Hoseok soltaram um suspiro simultâneo pelo possível chilique que viria a seguir. — Ele estava abusando do meu irmão!

— Que parecia bem disposto a continuar aquilo, já que era ele quem fazia a maior parte do “trabalho”. — salientou o ponto.

— Meu irmão é muito inocente, ele não faz esse tipo de coisa! — seu timbre caiu algumas notas.

— Mas fez ontem. Você que não quer aceitar que ele também tem as vontades dele. — revirou os olhos. — O Kyun não chega nem perto de ser tão ciumento quanto você é.

— Ele é. — Kihyun e Hoseok falaram em uníssono.

— Tá, mas eu não vejo ele surtando por aí depois de você fazer sabe-se lá o que com o Hyunginie pros seus cheiros estarem misturados desse jeito. — viu Hoseok cair na gargalhada ao passo que Hyungwon se desvencilhava de si para estirar-se sobre a mesa e esconder o rosto rubro sob os braços, enquanto que Kihyun apenas corou de leve com sua insinuação.

— Parece que não tem como bater esse argumento, Ki. — Hoseok falou entre risos, afagando o topo da cabeça de Hyungwon.

— Calados. — resmungou, emburrado. — O almoço está pronto.

Hoseok ajudou o amigo trazer os pratos, que faziam a todos salivar, para a mesa. Os quatro trocavam palavras entre as garfadas de comida, Hoseok e Kihyun rindo de um Hyungwon encabulado por Minhyuk ficar querendo lhe alimentar. O hábito alimentar de Hyungwon não havia mudado, Minhyuk sabia disso, mas ao menos houve um pequeno avanço, a comida não sendo mais deixada no prato, e isso lhe alegrava, ver que pelo menos ele estava começando a se alimentar um pouco melhor.

— Falando nisso. — todos voltaram a atenção para Minhyuk quando falou. — Onde está o Kyun? Eu cheguei faz tempo e ainda não o vi.

— Lá encima, dormindo. — Hoseok levou mais um pouco de comida a boca.

— Não está muito tarde pra ele continuar dormindo?

— Kyunnie já tinha acordado antes de você chegar. — Kihyun explicou. — Ele só tomou café e voltou pro quarto, dizendo que não estava se sentindo muito bem.

— Ah... — olhou para o corredor automaticamente, desejando que o pequeno aparecesse do nada. Era estranho quando ele não estava ali. Seu celular começou a tocar, e o pegou, atendendo a ligação sem olhar o identificador de chamadas. — Alô? — terminou de mastigar para falar. — Não, eu saí. Estou visitando alguns amigos. — a comida escapuliu por entre seus jeotgaraks e sua expressão mudou. — É sério?! — todos lhe olhavam com extrema curiosidade, mas não ligou. — Ah! Não acredito! Estou indo pra aí agora! — desligou, o sorriso rasgando seu rosto.

— O que foi, Min? — Hyungwon perguntou ao namorado, que já se retirava da mesa.

— Meus pais, por um milagre dos deuses, saíram cedo do plantão e pediram pra eu voltar pra casa, porque a gente vai receber visitas! — Kihyun e Hoseok riram soprados com sua fala acelerada em decorrência da animação. — Vou ter que ir. Tchau. — roubou um beijo de Hyungwon. — Tchau. — e outro de Kihyun.

— Eu ganho beijo também? — Hoseok brincou.

— Meus namorados vão ficar com ciúmes. — o abraçou por trás e deixou um beijo no topo da cabeça dele. — Digam pro Kyun que eu mandei um oi. Tchau! — e saiu correndo, deixando a casa.

— Ele parece mais elétrico que o normal depois dessa ligação. — Hoseok comentou. — Ki, acho melhor irmos chamar o Kkukkung para vir almoçar. — levantou-se e tirou o prato para colocá-lo na pia.

— Ok. — fez o mesmo que Hoseok. — Vem com a gente, Hyunginie? — Hyungwon assentiu.

Os três deixaram a louça suja para trás na pia e seguiram para o segundo andar em silêncio. No topo da escada, Kihyun estancou os passos e franziu o cenho, atraindo atenções para si, mas não disse nada e continuou a caminhar em direção ao quarto do irmão. A audição apurada captou pequenos ruídos vindos de lá, e não demorou muito para que se tornassem audíveis aos outros dois que estavam ao seu encalço.

— H-Honey... — um choramingo suplicante, dolorido vazou do quarto.

— Fiquem aqui fora. — Kihyun olhou por cima dos ombros antes de entrar no quarto e fechar a porta atrás de si.

O cheiro doce que impregnava o ar estava mais concentrado ali do que lá fora. Kihyun fechou os olhos em busca de autocontrole. Apesar de ser seu irmão ali, a fragrância mais acentuada pelo cio lhe causava efeito sim como causaria em qualquer outro alfa. Tornou a abrir os olhos diante dos choramingos de dor e deparou-se com Changkyun puxando as próprias roupas em desespero.

— Kyunnie. — Changkyun lhe encarou ao chamá-lo. Os olhos dele já estavam tomados pela coloração azul cobalto do lobo interior.

— H-Honey... — Kihyun arregalou os olhos por ele ter chamado por Jooheon. — Honey... — ele veio caminhando em sua direção, possivelmente atraído pela fragrância de alfa, a franja negra balançando sobre seus olhos. — Honey!

— Kyunnie, se acalme. — manteve-se a uma distância segura. Por incrível que pareça, Changkyun não avançou em si, e sim em direção a porta.

— D-dói... Honey. — seu caminho foi bloqueado por Kihyun. — Sai! — tentou segurá-lo pela camisa para arremessá-lo para longe, mas seus pulsos foram segurados. — Sai... Dói... Honey, Honey! — lágrimas de dor e raiva escorreram por seu rosto.

Kihyun estava mais do que confuso. Nunca havia visto um ômega no cio ignorar um alfa a sua frente e muito menos mandá-lo sair do seu caminho. O que raios estava acontecendo, afinal? O mais estranho era vê-lo chamar por Jooheon. Como isso era possível? Changkyun não era marcado para ficar chamando um alfa em particular! Sua mente trabalhava rápido, mas não conseguia achar resposta alguma para essa indagação.

— Você não vai sair, Kyunnie! — seu irmão grunhiu alto perto do seu rosto e tentou avançar de novo. Em um movimento rápido, conseguiu segurá-lo e aproximou-se da cama, jogando-o no colchão macio. Correu e saiu do quarto, trancando pelo lado de fora.

— O cio do Kyun chegou? — Hyungwon perguntou, apesar de não ser necessário. Tanto ele quanto Hoseok sentiam a odor adocicado exalando em demasia no ar, além de estarem ouvindo o choro angustiante do menor.

— Sim, e ele não para de chamar o Heon. — escorou-se na porta, respirando ofegante. — O que eu faço? — viu Hoseok e Hyungwon se olharem e depois lhe olharem segundos antes de rirem da sua cara. — Qual é a graça?

— Seu desespero. — Hoseok riu mais com a carranca do amigo. — É só dar os “brinquedos” ao Kkukkung, Ki. Não é óbvio?

— Caralho, eu não sei onde estão! — o desespero de Kihyun era tão cômico que os ômegas tiveram que segurar novas risadas. — Não me façam procurar, pelo amor dos deuses!

— Então, chame o Honey. — Hoseok deu de ombros. — Passar um cio sozinho é muito doloroso.

— O que? Claro que não! Meu irmão é muito novo pra isso! — levantou um pouco a voz. — Eu vou procurar os “brinquedos”!

Kihyun conseguiu ouvir mais risadinhas quando deu as coisas e correu para o primeiro andar. Revirou cada canto da casa, mas não achou o que estava procurando. Mordeu o lábio, Changkyun precisava daquilo o quanto antes, só que não fazia ideia de onde estava. Após um longo tempo de procura, conseguiu encontrá-los. Tratou de lavá-los bem antes de correr escada a cima novamente.

— Por que demorou tanto?! Sabe que isso só deixa as coisas piores! — Hoseok deu uma tapa atrás da cabeça de Kihyun.

— Ai, Seok! Não precisa me bater. — resmungou. — Eu não sabia onde “isso” estava enfiado, tive revirar tudo lá em baixo pra poder achar e ainda tive que lavar. — justificou-se. — Por que está tão silencioso agora?

— Você demorou, então ele provavelmente teve que se virar sozinho. — Hyungwon disse. — Já faz algum tempo que não ouvimos mais barulhos.

— E o que está esperando, Ki? — Hoseok não se importou de soar aborrecido. — Dá logo isso pra ele!

— Não me façam entrar aí outra vez, por favor. — suplicou, e o Shin suspirou exasperado, no intuito de não perder a calma.

— Me dá, deixa que eu entrego. — Hyungwon estendeu as mãos, pedindo os objetos. Os mais velhos lhe olharam surpresos. — O que? O Kyun precisa disso, e vocês estão enrolando. — moveu os dedos, indicando para entregar logo. Kihyun lhe deu os brinquedos, e esforçou-se para não demonstrar constrangimento. — De nada. — destrancou a porta, entrando no quarto.

Não sabia se era impressão sua ou não, mas o ambiente ali aparentava estar abafado. Olhou as roupas jogadas no chão e notou alguns pequenos rasgados, possivelmente causados pelo jeito eufórico que foram retiradas. Desviou o olhar para a cama, onde Changkyun encontrava-se nu. Suas bochechas ficaram febris de imediato, mas balançou a cabeça e aproximou-se de lá.

O menor estava encolhido no centro do colchão, seu corpo tremia conforme fungava e soluçava baixo, os olhos fortemente cerrados e o rosto úmido de lágrimas torcido em uma expressão de dor. A voz embargada e quebradiça proferia o apelido de Jooheon, pedindo sua ajuda o tempo inteiro. Não aguentando mais ver aquilo, depositou os objetos ao frente ao rosto de Changkyun e deixou o quarto, voltando a trancar a porta.

— Cadê o Kihyunie? — foi a primeira coisa que perguntou.

— Foi lavar a louça e fazer um prato de comida para dar ao Kkukkung. — segurou rosto dele. — O que foi? Por que está com essa cara?

— Me lembre de nunca presenciar um ômega passando pelo cio sozinho. — torceu o nariz, lembrando-se da cena desconfortante. Hoseok riu. — O que foi?

— Você namora um alfa e um ômega, Hyungie.

As bochechas de Hyungwon foram de rosadas para escarlates diante das palavras de Hoseok. Nunca havia pensado nisso até o momento. Já fazia algum tempo desde o último cio de Minhyuk e, agora que namoravam, teria de ajudá-lo caso Kihyun não estivesse por perto quando o período chegasse. Mas o que faria? Ele não tinha a mínima ideia. É, parece que terá passar por cima da própria timidez para conversar com os namorados a respeito desse assunto um tanto quanto íntimo demais.

— Vem, vamos ajudar o Ki lá embaixo. — Hyungwon apenas assentiu e deixou ser guiado por si quando pegou a mão dele.

 

(...)

 

Jooheon entrou no quarto ao passo que frouxava gravata e retirava o paletó do terno feito sob medida para si. Havia acabado de chegar de um almoço corporativo que fora junto de seus pais e agradeceu aos deuses pelos empresários oferecendo os filhos como pretendentes terem sido sua única dor de cabeça ao invés de Hyunwoo. Ainda assim, foi um verdadeiro saco ter de escutar a mesma conversa com segundas intenções repetidas vezes. Cansando de ser perturbado com essa questão, revelou diante de todos sobre já estar namorando alguém, o que fez os outros aquietarem-se por poucos minutos para logo perguntarem quem era, mas recusou-se a falar a identidade do seu pequeno, dizendo apenas que ambos mereciam sua privacidade.

Suspirou alto. Apesar de estar habituado a ir a esses encontros, não deixava de ser cansativo, fora que se desconcentrou com o calor que sentia vez ou outra durante todo o falatório. Aparentemente, somente ele sentia a tarde estar quente.

Tomou um longo banho para se livrar do calor, aproveitando cada gotícula de água a escorrer por seu corpo. Já que não teria mais compromissos, deixou avisado aos seus pais que descansaria em seu quarto por algumas horas e pediu para não ser perturbado. Ele saiu do banheiro após demorados minutos, a toalha enrolada em seu quadril, algumas gotas do cabelo úmido deslizando da cabeça para as costas. Enxugou-se e como de costume, vestiu a peça íntima e uma calça, que logo foi trocada por uma bermuda por continuar a sentir calor.

Assim que estava devidamente enxuto e vestido, jogou-se em sua cama espaçosa. Colocou o braço sobre os olhos e arrumou-se numa posição confortável para dormir, mas não conseguiu. Suspirou ao desistir de tentar após rolar na cama há algum tempo e deitou de lado, ainda sentindo calor. Nem mesmo agora, depois de um banho demorado, a tarde parecia estar menos quente.

Ele alcançou o celular e abriu no aplicativo de mensagens. Suas sobrancelhas se juntaram numa careta confusa ao perceber nenhuma mensagem nova no seu chat com Changkyun. Estranhou aquilo, o menor sempre estava enviando mensagens e reclamava quando demorava para respondê-lo, não era comum que a última mensagem dele tenha sido na noite passada, desejando-lhe boa noite.

Ligou para ele, preocupado de que houvesse acontecido algo. A ligação chamou até cair na caixa postal, mas tentou mais vezes, conseguindo o mesmo resultado. Largou o celular na cama e passou a encarar o teto, pensando nas possibilidades para não estar sendo respondido. Hoseok estava por lá, lembrou-se, então era provável que Changkyun estivesse grudado a ele como de costume.

— É, deve ser isso... — murmurou para si mesmo.

Repassou o encontro coorporativo em sua cabeça, tentando relembrar os pontos importantes. Esteve tão distraído lá que era o mesmo de não ter ido. O que estava acontecendo consigo? Não era do feitio ser assim. Tudo por causa desse maldito calor, resmungou em pensamentos. O estranho era que essa sensação ia e vinha, tal como a imagem de Changkyun relacionada a ela, o que deixava as coisas mais estranhas ainda.

Lembrou-se de quando foi visitá-lo no dia anterior. Um sorriso bobo repuxou seus lábios por conta disso. O pequeno estava tão manhoso que não lhe largava por um segundo, sempre exigindo sua atenção e seu carinho. Também lembrou-se de quando estavam deitados no sofá, assistindo algo que eles sequer davam atenção por estarem ocupados demais se beijando. Havia se surpreendido por senti-lo ficar encima de si durante o osculo, porém não reclamou. Estava tão absorto na maneira como suas línguas se entrelaçavam dentro de sua boca, com as constantes mordidas sendo desferidas em seus lábios que só entendeu o motivo para Changkyun estar ofegando muito quando descolaram as bocas em busca de ar, notando que ele estava a esfregar de modo sutil a pélvis na coxa a qual estava praticamente montado.

Sorriu largo por vislumbrá-lo com as bochechas levemente rosadas, os olhos entreabertos e os lábios inchados. Então, iniciou outro beijo intenso, enfiando uma mão sob a camisa dele ao segurá-lo contra si pela base da coluna enquanto deslizava a outra na coxa dele. Céus, aquele gemido baixo que Changkyun soltou entre o beijo... Ah, quase estava jogando todo seu bom senso para o ar quando ele deitou a cabeça em seu peito e apertou sua camisa enquanto friccionava o início da ereção em sua perna, que agora movimentava entre as dele para propiciar maior contato. Uma pena que Kihyun apareceu no momento e surtou ao ver aquilo.

Os sons que saiam baixos da garganta de Changkyun estavam gravados em sua mente. Eram melodiosos, manhosos, arrastados, até mesmo tímidos. Por um instante, imaginou o que teria acontecido caso continuassem sendo apenas os dois na casa. Ah, aquele tom certamente o levaria à loucura. Sua boca salivava só de pensar na textura daquela pele imaculada, onde desejava deixar mordidas e chupões, na ereção recém desperta que ansiava em acolher em suas mãos e boca, na cavidade dele ficando cada vez mais molhada, incitando-o a enfiar seus dedos e língua ali para vê-lo se arquear e implorar para se afundar nele.

Sim, afundar-se rápido, forte, preciso, fazê-lo gritar por mais dessa brutalidade, mais dessa dureza, que o arremetesse sem piedade enquanto ele quicava contra si. O cabelo grudando na testa pelo suor que orvalhava o corpo dele, os olhos nebulosos e lacrimejantes pelo prazer que sentia, o rubor mais acentuado pelo calor e pelo momento, as unhas lhe arranhando o peito, braços e costas, ele gemendo alto seu nome, seu lábio inferior sendo puxado pelos dentes dele...

Por que diabos estava pensando nisso?

Seu corpo parecia incendiar. Não entendia como um simples tempo abafado acarretaria tais tipos de pensamentos. Uma ereção marcava sua bermuda, resultado da sua imaginação fértil. Pulsava, clamando por seu toque, ou melhor, pelo toque de Changkyun. Balançou a cabeça de um lado para outro, tentando evitar que sua mente trabalhasse sozinha.

Tarde demais.

Fechou os olhos com imagem projetada por sua imaginação de Changkyun engatinhando para cima de si, esbanjando uma expressão adoravelmente corada e inocente. Deslizou a mão no meio de suas pernas só de imaginar aquele tom naturalmente mais rouco que o seu sussurrando em seu ouvido sobre o quanto estava duro. Ofegou com a imagem fantasiosa de Changkyun esfregando suas ereções uma na outra em movimentos lentos e contínuos para logo enfiar as mãos quentes dentro da própria cueca e na sua, masturbando-os de forma desengonçada, mas prazerosa, sob a peça.

Jooheon libertou o falo rijo do aperto, passando a massagear-se de ponta a ponta. Conseguia sentir as veias saltadas, o pulsar contra sua palma, a glande úmida com o pré-gozo. Trincou o maxilar, imaginando os gemidos de Changkyun, desejando ouvi-lo implorar para ser chupado. Seu quadril movia-se involuntário contra seu punho, estocando a própria mão que sequer se compararia a boca ou mesmo o interior quente de Changkyun. A saliva dele deixando sua extensão molhada, os lábios indo e vindo em si, o som das sucções, tudo junto ao olhar dele sempre atento as suas expressões. Pressionou a glande com o polegar, e um gemido mais alto e arrastado se propagou pelo quarto em forma de nome:

— C-Changkyun...!

No cenário imaginário, Changkyun se afastou subitamente e ficou de quatro para si, abaixando a cueca devagar enquanto lhe olhava por cima do ombro em forma de provocação. O movimento em seu pênis aumentou com o vislumbre imaginário da entrada chamativa expelindo a lubrificação incolor de cheiro adocicado. Imaginou Changkyun apoiando-se naquela posição com apenas um dos braços enquanto uma mão afastava uma das nádegas para lhe dar uma visão mais privilegiada. Seguraria a outra banda e usaria a mão livre para invadi-lo com três dedos de uma vez, arrancando um gemido dengoso dele. Tiraria os dígitos de lá e apertaria a bunda com tanta vontade que deixaria a marca de seus dedos. Demoraria acariciando ali apenas para provocá-lo até que Changkyun perdesse paciência e exigisse que o fodesse. E o foderia do jeito que ele lhe exigisse, em cada posição possível, quantas vezes ele quisesse.

O baixo ventre começou a repuxar mais e mais, o som molhado das estocadas em sua mão soava alto, não tanto quanto os gemidos, arfares e grunhidos de Jooheon. O lábio inferior rechonchudo era esmagado entre os dentes, que abriram uma pequena ferida devido aos caninos afiados. O gosto de sangue invadiu seu paladar, mas não era relevante diante da leve camada de suor que o envolvia, as ondas de calor se tornando mais intensas, as imagens do rosto de Changkyun se contorcendo de prazer, da voz dengosa, tudo. Sua coluna arqueou-se com o arrepio que a perpassou e o nome do Yoo veio arranhando em sua garganta enquanto sentia-se desmanchar na própria mão.

Ficou ali, naquela mesma posição, esperando a sensação de moleza causada pelo orgasmo passar, como também a respiração tornar a se estabilizar. Uma vez recomposto, seguiu para o banheiro, tratando de se banhar novamente. Quando saiu de lá, não demorou se vestindo e partiu para a casa dos Yoo, precisava ver Changkyun, saber o motivo de ele ter ignorado suas ligações.

Ao chegar no local, tocou a campainha. O calor voltou a se fazer presente em seu corpo, sentia os raios queimando suas costas por baixo da roupa e supôs ser aquilo o responsável.

— Jooheon? — Hyungwon surpreendeu-se por vê-lo ali ao abrir a porta. Já pensava na confusão que aconteceria caso Kihyun o visse. — O que faz aqui? — fechou a porta atrás de si. Engoliu em seco, foi impossível não notá-lo fechar os olhos e puxar o ar fortemente. — Jooheon... — esse abriu os olhos quando o chamou, revelando o tom rubro que se fazia presente em suas írises. Seu corpo estremeceu em decorrência da presença dele sendo expandida, mas era diferente da que seu responsável tinha, não era amedrontadora ou talvez fosse ele quem mudou quanto a isso. — Jooheon, por favor, pare com isso! — disse baixo e tentou não se encolher, afinal, estavam na calçada e havia movimento na rua.

— Hyungwon, quem é? — Hoseok saiu da casa à procura do Chae e assustou-se com o que encontrou. — Jooheon!

Jooheon encarou o irmão e piscou, parecendo sair do transe.

— Wonho hyung. — olhou do irmão para Hyungwon, o último um pouco encolhido a sua frente. — Hyungwon... Me desculpe. — aproximou-se do Chae, que sentiu-se melhor após perceber que o amigo voltou a ficar calmo.

— Tudo bem. — sorriu para ele, a fim de tranquilizá-lo.

— O que aconteceu? — Hoseok aproximou-se e tocou o rosto de Jooheon. — Você está bem? O que houve?

— Me desculpem. — pediu, estava um tanto envergonhado por ter intimidado o Chae e se não tivesse se contido, talvez tivesse assustado Hoseok. Hyungwon lhe sorriu e repetiu que estava tudo bem.

— O que veio fazer aqui? — Hoseok perguntou.

— Preciso ver Changkyun, ele não me atende. — os ômegas se entreolharam, ambos pensavam que o Yoo mais novo havia avisado o namorado.

— Ele não te avisou? — Jooheon ficou preocupado diante do que Hyungwon disse.

— Não, ele não me disse nada. — mordeu o lábio ferido. — Vou entrar e ver ele, logo vou embora. — tocou a maçaneta, mas os outros dois se meteram em sua frente.

— Não pode entrar, Jooheon. — Hyungwon começou a ficar nervoso.  Kihyun ficaria furioso se descobrisse que Jooheon estava ali, não tinha dúvidas.

— Vocês estão me assustando. — falou, desconfiado. — O que aconteceu com Changkyun?

— É que- — Hoseok foi interrompido pela porta batendo em suas costas. — Aish. — praguejou baixo pela situação atual.

— Por que estão demorando tanto? — foi quem Kihyun saiu da casa.

Dessa vez, a porta permaneceu aberta, permitindo que fragrância escapasse de lá. O cheiro adocicado envolveu Jooheon e o calor tomou conta de si novamente, dessa vez mais forte do que antes. Algo estourou em seu interior, fazendo seu lobo rosnar alto. Tudo piorou quando a audição apurada captou o choro alto do namorado, fazendo com que saísse em disparada casa a dentro.

— Espera aí! — Kihyun segurou o pulso de Jooheon e sentiu a presença dele tornando mais e mais evidente. — Pode baixar essa bola e sair da minha casa. Meu irmão está no cio, não vai chegar perto dele. — estava verdadeiramente se controlando para não agredi-lo, ainda enraivecido com ocorrido de ontem.

— Kihyunie, não é melhor deixá-lo ajudar o Kyun? — Hyungwon perguntou-lhe de modo ingênuo.

Claro que não. — sua voz de comando assustou os ômegas.

Hyungwon não esperava aquilo de Kihyun e Hoseok sentiu a raiva do melhor amigo por fazer o Chae e a ele ficarem coagidos com seu tom. Kihyun piscou e amaldiçoou-se pela ação impensada. Aproveitando a oportunidade, Jooheon se soltou do agarro no pulso.

— Espera! — já estava ao pé da escada quando Kihyun gritou. — Jooheon, eu juro que mato você se tocar no meu irmão!

Jooheon parecia ter perdido os sentidos, totalmente guiado pelo cheiro e pelas súplicas de Changkyun. Assim que encostou o primeiro pé no andar superior, o choro dolorido e desesperado aumentou.

— H-Honey.... Dói, Honey...! Por favor...! — a porta vibrava com as esmurradas nela desferidas, a maçaneta sendo girada fervorosamente mostrava o desespero de Changkyun para sair dali e se aconchegar em seu alfa.

Kihyun empurrou Jooheon, que caiu no meio do corredor.

Sai da minha casa! — empregou a voz de comando. Observou o tom dos olhos do Lee e perguntou-se o que estava acontecendo para ele estar totalmente fora de controle, afinal, alfas conseguem se controlar, nem que seja um pouco, perto de um ômega no cio.

— Meu! — Jooheon rosnou, e ambos olharam para a porta do quarto donde vinha o choro de Changkyun.

— Honey! — o Lee ergueu-se para correr em direção a porta.

— Você vai embora agora! — Kihyun se aproximou e o puxou pela gola da camisa.

Jooheon o empurrou e deu um soco no Yoo, que por reflexo quedou e segurou o braço dele, encaixando o quadril no lugar certo para logo girar o corpo, fazendo corpo dele praticamente voar por cima de sua cabeça. A estrutura de Jooheon provocou um barulho forte no piso do segundo andar da casa, e Kihyun temeu ter quebrado algo no amigo, já que não mediu força.

Jooheon pareceu acordar novamente, sentiu as costelas doerem e logo viu Kihyun o empurrando.

— Vá embora! — ditou, Jooheon ouviu Changkyun chorando novamente.

— Kyunnie... — sussurrou.

NÃO! — Kihyun gritou, segurando-o pela gola novamente. — SE VOCÊ TENTAR CHEGAR PERTO DE NOVO, EU JURO QUE NÃO RESPONDO POR MIM!

— Changkyun, por favor, se acalme. — Hoseok sussurrou em frente a porta de Changkyun, esperando que ele lhe ouvisse. — Vocês são duas crianças mesmo. — a presença dos dois ali deixava o clima tenso, estava abalado em decorrência disso, mas tinha que fazer alguma coisa, precisava interferir antes de tudo ficar pior do que já estava. Lembrou-se de Hyungwon, que ficou muito pior após ouvir o tom de Kihyun e se trancou no banheiro lá embaixo, dizendo que não queria sair dali. — Jooheon, por favor, vá embora. Quando isso acabar, vocês conversam. — disse ao irmão, referindo-se a Changkyun, que parecia bem mais calmo dentro do cômodo agora.

— Me desculpe. — colocou a mão na cabeça, perguntando-se por que estava agindo daquela forma. Ele nunca havia se descontrolado assim com ninguém, Hoseok era prova disso. Era como se a febre de Changkyun estivesse lhe afetando também.

Jooheon largou-se do agarro de Kihyun e resmungou antes de tratar de sair dali o mais rápido possível.

— Que merda. — entrou no carro e deu partida.

Hoseok desceu as escadas, deixando Kihyun sozinho no corredor. Fechou a porta da frente da casa que havia sido deixada aberta e seguiu para o banheiro, onde Hyungwon havia se escondido.

— Hyungie, eles já pararam. Pode sair daí. — suavizou a voz o máximo que conseguiu. Sabia que Hyungwon era muito mais sensível do que ele.

— Hyung. — ouviu Hyungwon lhe chamar baixinho.

— Sim?

— Por que eu não consigo ser tão forte quanto você?

— Por que diz isso? — aquela pergunta lhe pegou de surpresa.

— Eu estou aqui escondido, você consegue lidar com isso tão bem. — Hyungwon estava triste e isso estava nítido em sua fala.

— Não é que eu seja forte ou você seja fraco. Você ouviu a voz de comando do seu alfa, ele se dirigiu a você com certa raiva, é claro que isso machuca seu ômega interior. Foi apenas isso. — Hoseok explicou calmamente, como se estivesse falando com uma criança. — Saia daí, vamos conversar. Daqui a pouco ele vem se desculpar.

— Ele não me quer aqui. — Hyungwon disse. — Eu sabia que uma hora ou outra isso ia acontecer.

— Hyungie. — Hoseok quis abraçar o mais novo diante de tamanha insegurança.

— Deixe que eu falo com ele. — Kihyun apareceu ao seu lado. Assentiu e os deixou a sós. — Por favor, Hyunginie, abra a porta, vamos conversar direito. — tudo ficou em silêncio por alguns segundos até ouvir o barulho de chave rondando na fechadura e de maçaneta. Hyungwon estava de cabeça baixa quando a porta abriu.

— Eu não quero voltar. — murmurou, torcendo a barra da camisa. — Eu não posso ficar com o Min, ele vai vir atrás de mim se eu fizer isso. Não me faça voltar pra lá.

— Por que está dizendo isso? — deu um passo em direção a ele, vendo como reagia a sua aproximação.

— Você não me quer aqui. — Kihyun se considerou a pior pessoa do mundo ao ouvir o tom embargado. — Por favor, hyung, eu não tenho para onde ir. Não me faça voltar.

— Você entendeu errado. — encaixou uma mão em concha numa das bochechas dele. Por ser mais baixo, foi fácil fazer seu olhar se encontrar com o dele. — É claro que te quero aqui, Hyunginie. Não quis, em momento algum, que pensasse o contrário.

— Você usou a voz de comando comigo... — Kihyun mordeu o inferior, repreendendo-se por isso.

— Me desculpe. — deslizou o polegar na bochecha, fazendo carinho. — Me desculpe, eu nunca devia ter feito isso contigo. Eu só... Aish. Me desculpe. — mordeu-se novamente. — Eu deveria estar cuidando de você... — sussurrou para si mesmo. — Me desculpe, Hyunginie. Eu perdi controle, mas o meu irmão... Eu não podia deixar Jooheon se aproximar dele, então acabei me exaltando contigo naquela hora, embora não quisesse. Não quero que não se sinta bem vindo aqui. — o puxou para um abraço, deixando a testa dele apoiada em seu ombro. — Tudo o que mais quero é ter você e o Min do meu lado. — confessou em voz baixa, rente ao ouvido dele. — Eu vou cometer alguns deslizes, mas só quero cuidar de vocês dois, protegê-los. Então, me desculpe por ter usado a voz de comando contigo daquele jeito. Isso não vai se repetir. Me desculpe, me desculpe, Hyunginie. — apertou o enlaço.

Pela posição que estava, Kihyun não percebia como Hyungwon estava, e esse agradecia por isso. Seu rosto parecia queimar devido as palavras sussurradas em seu ouvido por aquela voz doce e amável, o coração martelava rudemente contra suas costelas pela declaração dele. Como uma simples frase poderia causar todo aquele turbilhão de sensações dentro de si? Por que seu lobo estava tão alvoroçado? Por que sentia vontade de apertá-lo em seus braços e beijá-lo, apesar de não ter coragem para fazer isso? Aquilo era tão estranho e ao mesmo tempo tão... Bom. Sequer sabia por qual motivo sentia vontade de sorrir largo.

Kihyun cortou o abraço e lhe fez encará-lo, segurando-lhe pelo queixo delicadamente. Ele analisava seu rosto, estudando cada reação sua. Ele deu mais um passo em sua direção, e sua respiração descompassou com ele tão perto, conseguia até sentir o hálito morno relar contra sua pele. Conseguia ouvir perfeitamente as batidas aceleradas de seu coração. Olhou a boca dele e sentiu-se corar mais, se é que isso era possível, ao notar o que fazia.

— Eu não vou fazer nada que você não queira. — Hyungwon ergueu o olhar, notando a forma terna que era encarado. — Não precisa se forçar a fazer isso, eu só quero ficar perto de você. — descansou a testa na dele.

— K-Kihyunie... E-eu... — o segurou pelos ombros, mas não o afastou. — Desculpe.

— Você não tem que se desculpar por nada, eu sou o único culpado aqui. — roçou seus narizes, fazendo um beijinho de esquimó.

— Quanta melação e enrolação. Pelo amor dos deuses, se beijem de uma vez! — Hyungwon não soube onde se esconder após ouvir as palavras de Hoseok, que havia retornado por estranhar a demora dos dois.

— Não dê atenção a ele. — Kihyun deixou um selar no canto da boca dele e pegou as mãos dele, beijando a costa de cada uma. — Vamos voltar para a sala. — segurou o riso por ver as bochechas escarlates e entrelaçou seus dedos aos dele.

A tarde prosseguiu sem mais imprevistos. Os três permaneceram conversando e assistindo tevê na sala durante o decorrer das horas. Kihyun ia vez ou outra ver o irmão e logo voltava a se juntar os ômegas.

Naquela noite, Minhyuk ligou mais cedo para Hyungwon. Ele achou estranho, mas o namorado lhe explicou o motivo para isso durante a chamada. Ficaram conversando enquanto os mais velhos faziam o jantar, despedindo-se de ele, após algum tempo, com o costumeiro “Boa noite” e acrescentado um “Eu te amo, Min” no final da frase. Seguiu para a sala de jantar e se juntou aos outros dois na mesa.

Kihyun levou outro prato de comida para o irmão enquanto os outros dois lavavam a louça. Seus pais ainda não haviam voltado, provavelmente seria um dos dias que estavam muito ocupados. Após o jantar, seguiu com o amigo e o namorado para seu quarto.

— Parece que ele parou agora. — Kihyun comentou enquanto deixava a toalha no banheiro e voltou a sentar a beirada da cama, onde Hyungwon e Hoseok estavam. — Vocês dois vão dormir aqui.

— E você? — Hoseok levantou uma sobrancelha ao ver Hyungwon segurar a barra da camisa de Kihyun e usar um tom quase manhoso ao falar com ele.

— Vou pro quarto dos meus pais, talvez pra sala… — sugou o inferior para dentro da boca, ponderando por um instante. — É, acho que vou pra sala mesmo.

— Não. — Hoseok ficou surpreso por ver Hyungwon insatisfeito com a resposta.

— Eu não quero incomodar meus pais, Hyunginie. É melhor ficar na sala. — afagou o topo da cabeça do namorado, que crispou os lábios em resposta, mas não falou nada.

— Pare de frescura, Ki. — Hoseok reclamou. — Você é filhote deles, os tios não vão se importar se for dormir com eles. Não vai dormir no sofá, pode acabar fazendo mal para as suas costas.

— Mas-

— Ainda quer discutir? Eu já disse não. — estreitou os olhos. — Vai dormir no quarto dos tios e ponto final.

— Ok. — suspirou, dando-se por vencido. Mesmo que tentasse convencê-lo do contrário, sabia que não conseguiria. — Boa noite, Seok. — inclinou-se para perto do amigo e beijou-o na testa, sendo retribuído com um beijo na bochecha. — Boa noite, Hyunginie. — segurou o rosto dele com uma das mãos e fez uma breve carícia na bochecha com o polegar. Quando aproximou o rosto do dele, Hyungwon encolheu os ombros e baixou o queixo enquanto fechava os olhos numa resposta evasiva. Sorriu fraco e deixou um longo selar na franja castanha antes de deixar o quarto.

Hyungwon olhou o caminho feito por Kihyun e tocou a franja inconscientemente, escutando uma risadinha do seu lado quando fez isso. Encarou Hoseok, percebendo que esse abraçava as pernas e apoiava o queixo num dos joelhos, sorrindo de ponta a ponta como alguém que sabe mais do que deve. Suas bochechas imediatamente ficaram febris, o que acarretou uma nova risada de Hoseok.

Os dois se arrumaram na cama, ocupando cada qual um lado. Changkyun acordou minutos depois, e novos ruídos vindos do quarto do pequeno surgiram, causando uma atmosfera um pouco constrangedora caso ambos continuassem acordados. Hoseok estava acomodado como de costume, deitado de bruços, com a lateral do rosto afundada no travesseiro enquanto Hyungwon encontrava-se encolhido em posição fetal ao seu lado. Embora sua facilidade de dormir fosse conhecida por todos, curiosamente Hyungwon não parava de trocar de posição no colchão de tempos em tempos e ainda bufava frustrado após isso.

— Hyungwon, dá para se quietar, por favor? — Hoseok virou o rosto sonolento para encarar Hyungwon. A metade do rosto permanecia afundada no travesseiro e franja loira de pontas azuladas caiu desajeitada para a lateral.

— Desculpe, hyung. — murmurou um pouco constrangido por estar incomodando o mais velho.

— O que foi? — a voz baixa e mais rouca evidenciava que ele lutava para manter-se acordado. Hoseok bocejou. — Kkukkung está fazendo muito barulho?

— Não, o problema não é o Kyun. Eu só... — parou, dessa vez, de costas e com as mãos sobre o estomago. — Só estou com dificuldade de pegar no sono.

— Você tem uma posição específica para dormir? — coçou o olho para afastar o sono.

— Não, mas eu- — calou-se ao ver o que estava prestes a falar. Sentiu-se corar de leve pelo modo que Hoseok estava olhando-o. — Gosto de dormir sendo abraçado. — as palavras saíram quase sem som algum.

— O que? — chegou um pouco mais perto para conseguir ouvi-lo melhor.

— Eu gosto de dormir sendo abraçado. — repetiu, elevando um pouco mais o tom, as bochechas mais rosadas.

— É isso? — falou, achando que ele fosse dizer algo estranho. — Vem aqui. — arrastou-se até ele.

— O q-que vai fazer? — Hyungwon gaguejou involuntariamente por Hoseok ter ficado com o rosto tão perto do seu.

— Te abraçar, o que mais? — riu soprado do nervosismo dele. — Você fica uma graça vermelhinho desse jeito. — riu mais da cara do amigo, deixando-o emburrado e envergonhado.

— Não ri. — deu-lhe as costas.

— Ah, não fica assim. — Hyungwon sentiu os braços de Hoseok rodearem-no e logo peito dele estava contra suas costas. — Não vai virar?

— Eu durmo desse jeito. — resmungou.

— Se você diz… — segurou outra risada. — Boa noite, Hyungie.

— Boa noite. — fechou os olhos, decido a dormir.

O quarto voltou ao “silêncio”. Hyungwon sentia-se todo arrepiado com a respiração calma de Hoseok tocando sua nuca. Ele permaneceu assim, de olhos cerrados, até que se cansasse e levantasse novamente as pálpebras. Ficou a observar a escuridão que cercava o cômodo, analisando a silhueta de cada móvel envolvido por aquele breu, os sons abafados provenientes do quarto ao lado como seu plano de fundo. Suspirou e remexeu-se entre os braços do mais velho.

— Sério, Hyungie, o que foi? — o tom de Hoseok era grogue de sono. Soltou o mais novo e sentou-se para encará-lo.

— Não é nada. — imitou os movimentos do outro e abraçou as pernas.

— Não me enrole. Tem alguma coisa te incomodando que eu sei. — fez cafuné no menor. — De verdade, o barulho está atrapalhando seu sono?

— É um pouco estranho, mas consigo dormir sem problemas. — deu de ombros.

— Aquela não é sua posição favorita?

— Ela é.

— Então, qual é o problema? — indagou, levemente aborrecido.

— Eu não sei. — suspirou sonoramente. De fato, como Hoseok disse, não havia nada o impedindo de dormir, até mesmo estava sendo abraçado. Mas alguma coisa falta. Podia estar com braços o rodeando, um corpo trocando calor com o seu, sentindo o aconchego característico, mas a sensação não era a qual procurava, essa era diferente.

— Acho que sei qual o é problema. — Hyungwon virou o rosto para Hoseok, curioso com o que ele iria dizer. — Você não gosta de dormir sendo abraçado, e sim de dormir sendo por duas pessoas específicas: os seus namorados. — mesmo no escuro, dava para saber que Hyungwon estava corado. — Viu, não disse?

— Isso não é verdade. — resmungou, contrariado.

— Ah, é? Então, vamos dormir. Só precisa que alguém te abrace, não é mesmo?

Hyungwon crispou os lábios. Hoseok tinha razão. Em teoria, era para ter cedido ao sono nos braços dele, afinal, era aconchegante e fazia sentir-se seguro. Mas, no fundo, a fragrância, a presença, os braços, o corpo que desejava junto ao seu pertenciam a outro alguém.

— Isso tudo é saudade do Ki? — Hyungwon começou a tossir ao ouvir sua pergunta. — É só chamar ele. Eu vou lá.

— Não! — impediu que Hoseok saísse. — Não chame ele. Kihyunie já deve estar dormindo.

— Kihyunie — imitou o modo que Hyungwon chamava o Yoo. — não se incomodaria em voltar pra cá se visse o namorado dele sendo dengoso e carente desse jeito.

— Não estou sendo dengoso e carente. — Hoseok riu com o tom ofendido.

— Está, e como está. — sorriu para ele. — Olhe, o cheiro dele está no quarto todo, e eu estava te abraçando. Hipoteticamente, era pra você ter dormido.

— Não é a mesma coisa. — murmurou para si mesmo.

— Então, está admitindo que quer o Ki aqui? — ganhou uma almofadada na cara por ter usado um tom muito insinuativo. Devolveu a almofada antes de falar: — Eu falo sério sobre o Ki não se incomodar de voltar pra cá. Na verdade, ele ficaria com aquela cara de idiota apaixonado e viria correndo.

— Que exagero, hyung.

— É verdade. Ele fica todo babão quando se trata de você e do Min. Só o fato de você querer sentar perto dele já o deixaria feliz. — parou o cafuné. — Seja franco, Hyungie: naquela hora, você quis que Ki te beijasse? — Hyungwon escondeu o rosto atrás dos joelhos. — Você quis, não quis? — um sorriso vitorioso despontou em seu rosto quando viu o menor mexer a cabeça, concordando. — Assim como queria que ele estivesse aqui agora, dormindo contigo? — outra concordância. — E o que falta pra você conseguir isso?

A resposta era muito óbvia: coragem. Ambos sabiam que Hyungwon era alguém extremamente tímido e evasivo. Mesmo que ele quisesse tentar um contato físico maior, aquele receio sempre o impedia de agir.

— Hyungie, olhe pra mim, sim? — esperou até que ele fizesse o que pediu. — Você gosta do Ki? Seja sincero.

— Gosto. — apesar de curta, a resposta não possuía qualquer indício de hesitação ou incerteza.

— Mas não do mesmo modo que gosta do Min. — Hyungwon arregalou os olhos. — Não me entenda mal. Eu sei que gosta dos dois, mas é evidente que seus sentimentos pelo Min são mais fortes. Não estou dizendo que tem um favoritismo da sua parte, embora pareça ter, mas sei que ele é tão importante quanto o Min é pra ti. Isso só é muito novo, não está acostumado.

— Hyung... Acha que eu tenho mesmo uma preferência pelo Min? — proferiu fraco aquela frase. Nunca havia parado para pensar naquilo. Um gosto amargo lhe subiu a garganta enquanto assimilava as palavras do outro.

— O que estou querendo dizer é: não hesite tanto. Não é tão complicado quanto sua mente faz parecer que é. Ki é uma pessoa incrível e é louco por vocês dois, não fará nada que vocês não queiram. O único medo dele é de magoá-los ou de não ser correspondido.

Hyungwon permaneceu em silêncio, digerindo cada coisa dita. Hoseok imaginou o que deveria estar se passando na cabeça dele, então deixou um aperto no ombro dele antes de levantar.

— Eu vou chamar ele. Fique aqui. — saiu antes que fosse impedido e rumou para o quarto dos pais dos Yoo.

Hoseok abriu a porta devagar e entrou sorrateiro. Kihyun estava no centro da cama, agarrado a um dos travesseiros, num sono tão pesado que o fazia dormir de boca aberta. Chegou perto dele e não pode evitar sorrir ao ver o quão inocente e vulnerável o amigo ficava daquele jeito.

— Ki… Ki… — sacudiu-o pelo ombro. — Ki, acorda.

— Hmm. — Kihyun se remexeu após algum tempo e piscou os olhos devagar. — Seok? O que foi?

— Hyungie quer falar contigo. — penteou a franja rosada com os dedos.

— Falar comigo? — esfregou o rosto e sentou na cama. — O que ele quer?

— Eu não sei, ele não quis me falar. — mentiu. — Anda, vai logo falar com ele.

Hoseok começou a puxar o amigo antes que o mesmo pegasse no sono naquela posição. Os dois caminharam a passos lentos pelo corredor, e deixou que o mais novo entrasse primeiro. Parou na porta e viu Kihyun se aproximar de Hyungwon, que estava sentado na beirada da cama, cabisbaixo.

— O que foi, Hyunginie? — Kihyun afagou a traseira da cabeça de Hyungwon. — Está se sentindo mal?

— Não. — a voz de Hyungwon estava tão baixa que, por pouco, Hoseok não conseguiria ouvir. De onde estava, dava para notar o rubor começando a se alastrar no rosto do Chae. — Está escuro.

— Seok hyung estava aqui o tempo todo, não precisa sentir medo. — Kihyun parecia falar com uma criança assustada e não percebeu que Hyungwon franziu os lábios. Hoseok entendeu, naquele momento, que o amigo estava usando o pavor pelo quarto escuro de sua antiga casa como desculpa para mantê-lo ali.

— Mas você não estava. — Hoseok se segurou para não surtar como Changkyun surtaria. Ele estava tentando, Hyungwon estava realmente tentando.

— Está tudo bem, meu amor. Você está seguro. — Kihyun garantiu, mas quando fez menção de afastar-se, sua camisa foi agarrada por Hyungwon. — Hyunginie?

— F-fica. — céus, o castanho estava muito vermelho. Agradecia aos deuses pelo namorado não estar vendo o estado de seu rosto, mas Hoseok estava, e isso não ajudou nada. Afundou a cara no peito de Kihyun, sem saber onde se enfiar. — N-não… N-não vai, está escuro. — apertou o tecido entre os dedos.

— Seok, — Kihyun encarou o amigo. — tem problema se eu ficar aqui também?

— Está mesmo me pedindo autorização para dormir no seu próprio quarto? — levantou uma sobrancelha. — Você, o Kkukkung e eu já dormimos tranquilamente na sua cama várias vezes, isso não é problema pra mim.

— Ok. — riu soprado. — Eu vou ficar aqui, Hyunginie. Vai ficar tudo bem agora.

Kihyun não viu, mas Hoseok viu quando Hyungwon sorriu largo, praticamente bobo, ao passo que esfregava o rosto contra o peito de Kihyun por ouvir a resposta que tanto ansiava.

Sem trocar novas palavras, os três se deitaram na cama. Hoseok quase riu por presenciar o mais novo dali se agarrar ao alfa sem pensar duas vezes. Hyungwon ainda tinha um longo caminho a percorrer para superar todos os seus medos, mas podia ver que os mínimos esforços já estavam gerando algum resultado.

— Seok, já dormiu? — Kihyun o chamou.

— Não, Ki. — virou o rosto para o amigo, deitado de bruços como anteriormente. Kihyun estava de lado, com um braço servindo de travesseiro e a mão livre afagando fios castanhos da nuca de Hyungwon, que o circundava com ambos os braços em seu sono profundo e tinha o rosto inclinado em direção ao pescoço do alfa.

Ele nem demorou para dormir dessa vez.

— Hyung, posso te perguntar uma coisa? — Kihyun desviou o olhar para o amigo.

— Já está perguntando. — aconchegou-se mais embaixo dos lençóis.

— Acha que estou fazendo bem ao Hyunginie?

— Por que?

— Às vezes, eu não tenho certeza disso, sabe. — confessou. — Ele é tão espontâneo com o Min, mas comigo… — suspirou. — Eu achei que ele iria ficar mais solto quando passasse a morar aqui, mas foi o contrário. Tem momentos que parece que ele não me quer por perto, que simplesmente se esquiva de qualquer demonstração de carinho inofensiva que tento. Fico pensando se eu deveria mesmo ter me metido no meio desses dois.

— Ki, acha mesmo que ele não gosta de ti? Não está vendo como ele está agora? — indicou o mais novo agarrado a ele. — Você é um cara muito amável, Ki. Eu quase vomito vendo o quão doce você é quando está perto do Hyungie e do Min. Você trata os dois como se fossem seu bem mais precioso do mundo. — sorriu. — Hyungie é muito frágil e merece ser cuidado, mas também é alguém muito retraído, além de não estar acostumado com tudo isso. Ele tem sorte de te ter, Ki. Ele precisa mesmo de alguém paciente e carinhoso como você.

— Tem certeza, Seok?

— Não é do seu feitio ser tão inseguro assim. — brincou, mas logo voltou ao tom sério. — Você está fazendo um bem enorme a ele. Hyungie vai eventualmente experimentar contato físico e outras demonstrações de carinho por vontade própria, logo ele estará tão à vontade contigo quanto é com o Min. Ele gosta de ti e demonstra do jeito tímido dele por enquanto.

— Acha mesmo isso? — viu Hoseok assentir. — Eu confesso que fiquei surpreso por ele ter arredado pra perto de mim antes de pegar no sono e deitado no peito pra eu abraçá-lo nesses últimos dias. Ele é tão diferente do Min, tão fechado e impassível que nem sempre sei se ele está gostando de me ter por perto ou não. Mas quando ele se agarra assim em mim para dormir, — olhou para baixo, vislumbrando a figura adormecida. — eu me sinto tão… Feliz. O meu lobo se agita tanto dentro de mim com cada pequena demonstração de carinho dele.

— Você é um babão mesmo. — Hoseok riu ao ver Kihyun fechar a cara. O amigo odiava que chamassem-no assim, afinal. — Paciência, Ki, paciência. Hyungie logo vai perder seus medos.

— Obrigado, hyung. — sorriu, agradecido. Beijou a testa de Hyungwon e esticou o braço livre para deixar uma breve carícia no rosto de Hoseok. — Boa noite, Seok.

— Boa noite, Ki.


Notas Finais


Enfim, foi isso. E aí? Bom, ruim?
Acho que ficwriter tem esse negócio de crise de cap' bom, mas enfim
Desculpe pelo atraso de, o que... uns dois ou três dias desde a última postagem? Era pra ter postado ontem, mas eu tinha simulado hoje de manhã cedo e ainda faltava uma cena que nenhum de nós conseguia pensar, então saiu mesmo agora, depois de eu ouvido praticamente toda a discografia do MX inteira pra ver se me batia uma inspiração
Não querendo assustar vocês, já assustando, mas pode-se dizer que chegamos a metade de BM
Calma, não vão infartar antes da hora, ainda tem muita coisa por vir para os nossos meninos ;)
Novidades: a fic inteira vai passar por uma mudança
A estória permanecerá a mesma, com o diferencial que todos os cap's sem exceção serão revisados. Uma boa alma dentre os nossos queridos readers se ofereceu voluntariamente, funcionará como uma beta reader (a partir no próximo cap' porque esse já tinha que postar shuahsuahsuahsuahu), apesar de não ser, e nos ajudará com isso. Como eu não sei o nick, mas tem que agradecer mesmo assim, vai o nome mesmo: obrigada a Mari que vai revisar cada assassinato contra ao português e nossa estória em si que cometemos desde o início por causa da nossa revisão rápida pra postar
Só isso? É, acho que é só
Ah, lembrei. RAP_MONSTRAXXXX, RESPEITA AS MINHAS NOTAS GRANDES, POR FAVOR (como tu mesma diz)
Agora sim shauhsuahusaushauhsuahsu
Até o próximo cap' o/


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