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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter Twenty Five


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Yeah!

Boa leitura.

Capítulo 29 - Chapter Twenty Five


Durante o trajeto, haviam somente duas pessoas andando pelos corredores. A cada sala que passavam, ouviam o som da aula acontecendo. Uma pena que os dois eram a causa de uma turma momentaneamente sem aula. Hyungwon se soltou do aperto do professor e seguiu caminhando atrás dele até a sala da direção. O dono da instituição observou um tanto abismado sua presença quando entrou ali, até o professor lhe contar o ocorrido.

— Por que fez isso com Taeyeon? — Hyungwon suspirou diante da pergunta do diretor.

— Eu não fiz nada. — explicou, mas o professor se intrometeu.

— Ele se levantou no meio da aula, interrompendo a minha explicação e tirando a atenção de toda turma. — o professor parecia indignado, mas Hyungwon sabia que tudo aquilo era para ele acabar saindo como defensor da garota, que era a única herdeira de sua família. — Ele ainda gritou palavras ofensivas e de baixo calão para a jovem Taeyeon. — Hyungwon não escondeu o riso sarcástico.

— Já pode se retirar professor. — o diretor disse, e o homem saiu de lá a contragosto, pois queria ver o castigo que seria atribuído ao aluno. — Nunca pensei que veria você aqui. — a maneira como falou incomodou Hyungwon devido ao tom estranho.

— Nem eu. — baixou a cabeça, desconfortável com a situação. Apesar de cabisbaixo, podia sentir o olhar do mais velho em si. — Senhor, eu posso ir embora? Eu já disse que não fiz nada. — o homem se levantou e deu a volta na mesa, chegando perto de sua cadeira. Seu desconforto aumentou para uma escala absurda.

— Tem certeza que não fez nada? — começou a acariciar as madeixas castanhas. O mais novo rapidamente identificou segundas intenções no toque inesperado. — Eu entendo se tiver feito algo por impulso. — Hyungwon se levantou naquele instante e se afastou do homem. Estava sentindo nojo daquilo, queria seus namorados ali consigo.

— Senhor, por favor. Eu não fiz nada. — notou a maneira que fora observado pelo outro, que aparentava se divertir com seu comportamento. — E não toque em mim novamente ou eu vou gritar. — ameaçou e viu o sorriso sumir do rosto do mais velho.

O diretor retornou à sua cadeira e pegou o telefone fixo que havia ali.

— Ligue para o pai de Chae Hyungwon e peça que venha imediatamente à escola. — desligou rapidamente e olhou, agora com raiva, para o jovem, que permanecia em pé no meio da sala. — Sente-se. — impôs o tom de voz, e Hyungwon se encolheu, obedecendo rapidamente e aguardando o que via como o fim de sua paz.

Medo.

Hyungwon sentia o mais puro medo desde que entrou naquela sala. Nada durante essas duas semanas havia lhe deixado daquele jeito, as duas semanas que passou livre. E agora, cada ruído do solado daquele sapato parecia ecoar milhões de vezes mais alto em sua cabeça, fazia-o encolher-se de modo inconsciente. Era como se estivesse preso numa espécie de câmera lenta, deixando cada segundo sufocante e estressante. Será que o diretor não estava achando estranho sentir o cheiro de medo exalando se sua fragrância, será que ele se importava ou era sua mente pregando peças, fazendo parecer que estava inalando seu próprio odor do medo?

Quando os passos pararam e seu pai ocupou a cadeira ao lado da sua, Hyungwon prendeu a respiração. Não era possível que o diretor não estivesse percebendo seu desconforto, era? Ele não queria esperar para descobrir. O coração batia rápido, as suprarrenais jogaram o hormônio da adrenalina em sua corrente sanguínea quando o encéfalo interpretou aquela como uma situação de perigo. Seus músculos estavam tensos, as pupilas, dilatadas, a respiração, descompassando aos poucos. Fugir, seu organismo o mandava fugir dali na primeira oportunidade que surgisse. Nunca na vida desejou tanto correr para os braços de Minhyuk e de Kihyun em busca de proteção como naquele momento.

Droga, Hyungwon, se controle!

Aquele pensamento poderia ser impossível de se realizar numa situação como essa. Como deveria reagir diante desse reencontro inesperado após ter fugido de casa há duas semanas? Ele realmente não sabia, e a única resposta do seu corpo era ficar coagido. Estranhamente, seu pai estava com semblante imparcial, quase sereno, sequer impondo a aura aterrorizante. Quem olhasse, diria que o sr. Chae era alguém calmo e compreensivo. Pura fachada, resmungou em pensamentos, sabendo que tudo era uma mera encenação para que não descobrissem quem ele realmente era.

— Desculpe tirá-lo de seu trabalho, sr. Chae, mas seu filho tem nos causado problemas. —Hyungwon arregalou os olhos para o diretor. Ele estava aumentando os fatos descaradamente! — Hoje, ele gritou ofensas aos quatro ventos dentro da sala de aula e agrediu verbalmente uma colega de classe. — Hyungwon estava descrente para pensar ou dizer algo.

— Peço perdão por isso. — o Chae mais velho disse. Sabia que se voltasse para casa com o pai, provavelmente seria deixado no maldito quarto escuro como castigo. Hyungwon não se atreveu a dizer nada durante a conversa dos mais velhos, mas tudo mudou ao ouvir as palavras do pai: — Pode me deixar a sós com meu filho por um momento? — pediu e o diretor assentiu, levantando-se e saindo da sala em seguida.

Hyungwon sentiu seu corpo todo arrepiar com descargas elétricas sendo enviadas para cada terminação nervosa de seu organismo. Queria correr, mas sabia que não conseguiria fazer aquilo. Seu pai se levantou e começou a andar de um lado para o outro da sala, claramente nervoso. Hyungwon também ficou de pé, fazendo-o lhe encarar.

— Me desculpe por terem chamado o senhor aqui. — pediu. Seu o pai se aproximou com a aura intimidadora, agora fazendo questão de direcionar a presença em si. Sentiu algo horrível, aquela sensação angustiante e tenebrosa que não sentia há tempos, mas continuou encarando o pai sem baixar a cabeça, mesmo sentindo suas mãos começarem a tremer e uma gotícula de suor escorrer em seu rosto.

Você acreditou que uma hora eu não ia te achar? — o tom de alfa estava ali, mesmo sendo sussurrado. Hyungwon sentiu os olhos marejarem, queria fugir. — Como você pensava em pagar a mensalidade da escola? — o homem ditou ainda com o tom hiperativo. O menor se segurava para não chorar. — Você é um idiota mesmo. — riu sarcástico e se virou de costas.

Quando Hyungwon ia soltar mais um pedido de desculpas, sentiu o forte tapa na face. O rosto virou com certa violência pelo impacto recebido. Hyungwon deixou a franja cobrir os olhos arregalados pela surpresa e ouviu o sinal da escola anunciar a troca de professores. Há quanto tempo estava ali? Seriam os últimos horários? Hyungwon já pensava em como esconderia a marca dos dedos em seu rosto dos namorados e amigos.

— Não deixei você falar. — disse. — Você fugiu com aquele ômega estranho não foi? — Hyungwon permanecia olhando para o lado. — Olhe pra mim. — o homem se aproximou e segurou o menor pelo maxilar fazendo ele o encarar. Capturou uma fragrância diferenciada, não sabendo de quem era. — Isso foi pra você não esquecer quem manda nisso tudo. E pode ficar tranquilo que eu não vou te tirar daquele garoto, vocês se merecem. Só não se apresente por aí como meu filho. — permanecia com o olhar inquisidor sobre o filho e sentia nojo desse. Sua maior vontade era espancá-lo ali mesmo. — Eu vou acabar de pagar seus estudos, mas não conte comigo para faculdade, você vai ter que se virar. Mas nunca mais cruze o meu caminho, ouviu bem? Não quero te ver nunca mais. Você não é meu filho, nunca foi e nunca será. Vagabundo. — disse tudo e saiu dali.

Hyungwon não quis ficar esperando o diretor voltar e saiu da sala, correndo para o banheiro mais próximo se trancando em uma cabine. Não tinha coragem de olhar ninguém naquele momento, só deixou as lágrimas descerem e levou a ponta dos dedos para a lateral do rosto, onde ainda podia sentir uma leve dormência. Imaginou o quão vermelho aquilo estava e como iria encarar os namorados.

Deixou-se cair no chão próximo ao sanitário, sem se importar com sujeira ou coisas do tipo. Ele chorava em silêncio, com medo de alguém ouvir, mesmo sabendo que, como estavam em aula, seria difícil alguém entrar.  E ali permaneceu até ouvir o som de alerta, avisando que as aulas haviam chegado ao fim, ele não parou de chorar em momento algum, mas permanecia em choque olhando para a parede da cabine onde estava.

Escutou a barulheira específica do lado de fora de onde estava. Perguntou-se se os amigos já teriam ido embora. Esperava que sim, pois não queria que ninguém o visse naquele momento, seria vergonhoso demais. Tinha certeza que as marcas dos dedos estavam bem nítidas em sua bochecha. Ao lembrar disso, o choro, que havia diminuído, retornou com mais força.

Pela primeira vez ali, abaixou a cabeça e abraçou os joelhos, se encolhendo e deixando sua mente vagar sem destino. Pensou em Yoona, a enfermeira deve ter passado maus bocados por sua culpa. Será que o pai teria batido nela? Céus, ele tremeu só de pensar naquilo. E sua mãe? Será que estava sendo bem cuidada? Ele via como Yoona zelava pela genitora, mas e se ela tivesse sido demitida? Como estaria sua querida omma?

“Vagabundo”.

Aquele xingamento estava rondando sua mente, hà tempos ele não ouvia nada daquilo. Ele chegou a pensar que estivesse mais forte. Ledo engano. Aquilo foi pior que o tapa que recebeu.

Hyungwon sempre fora um garoto esforçado, o “aluno exemplar” no colégio fundamental. Tinha as melhores notas, era comportado, mas era só isso. Em casa, ele até se sentia bem, até seus pais começarem a discutir sobre coisas que na época ele não entendia, então apenas levava as pequenas mãos aos ouvidos enquanto chorava, numa tentativa de abafar os gritos. Na escola, apesar de ser quieto e ter boas notas, ele era sempre motivo de chacota, era o maior da classe e todos o viam como estranho por aquele simples fato. Não entendia os coleguinhas, porque era apenas sua altura, não via nada de errado naquilo. Mas seus colegas viam, principalmente os alfas que lhe sempre batiam e faziam brincadeiras de mau gosto. Foi uma época em que não sabia em quem confiar e acabava sempre escondido no banheiro, como agora.

Tudo o que fazia era absolutamente insuficiente para tudo e para todos. Seu dez em matemática e nas outras matérias não eram nada, ser o melhor da turma em quase todas as matérias não era o bastante. “Você não faz nada que não seja sua obrigação”, era o que sempre ouvia do pai. Pensou que havia superado aquilo tudo só por estar entre pessoas que gostavam de si. Novamente, ele se enganou. Embora negasse e dissesse que não se importava, era exatamente o contrário, ele se importava e muito. Mesmo depois de tanto sofrimento e humilhação, Hyungwon se viu querendo dar orgulho ao pai, que nunca ligou de verdade para tudo aquilo.

Após um tempo ali, não ouviu mais barulhos e agiu rápido. Se demorasse mais, ficaria trancado na escola. Lavou e enxugou rapidamente o rosto antes de sair do banheiro andando rápido até sua sala e não encontrando seu material ali. Kihyun levou, sorriu bobo ao pensar naquilo. Os namorados deveriam estar loucos atrás de si, mas ainda não estava preparado para encará-los.

Pegou a máscara cirúrgica que havia deixado na parte de baixo da sua mesa e a pôs no rosto a fim de esconder as marcas de seu pai. Saiu do prédio, desejando um “boa noite” ao zelador, que já havia trancando algumas salas dali. Ao chegar ao lado de fora do portão do colégio, fechou os olhos e respirou fundo antes de sair andando vagarosamente dali. Queria inconscientemente adiar seu encontro com os namorados, não sabia o que lhes diria, mas estava com receio de voltar a ser um peso ou, como seu pai disse, um vagabundo.

Enquanto andava cabisbaixo, pensou se não deveria arrumar um emprego e sair da casa do namorado.

Sua mão hesitou antes de tocar a maçaneta. Tirou a máscara cirúrgica e a trocou pela de impassibilidade. A máscara que estava acostumado a usar parecia mais pesada do que nunca, difícil de usar. Iria desabar de novo, conseguia sentir o choro ficar preso na garganta novamente. Por que tinha que ser tão fraco? Odiava essa fragilidade, odiava ser motivo de chacota, odiava ser ômega. Por que justo ele? Por que nunca lhe deixavam em paz?

Vendo que estava prestes a desmoronar, girou a maçaneta e adentrou. O som de vozes estava alto o suficiente para que conseguisse ouvi-las enquanto retirava os sapatos. Dentre elas, reconheceu a de Minhyuk e de Kihyun.

— Você não pode ligar pros seus pais? Ele não chegou até agora. — era de si que falavam. Não precisava se esforçar para reconhecer este tom: Minhyuk estava preocupado, muito preocupado.

— Eu não sei se já seria considerado um desaparecimento, não passou muito tempo. — Kihyun parecia tentar acalmá-lo, embora fosse nítido que estava igualmente preocupado. — Não me olhe como se eu fosse um babaca. Eu também estou surtando por não saber onde ele está, mas estou tentando ser racional antes de fazer alguma loucura.

— Não é o que parece. — Minhyuk tinha uma tendência de ficar insuportavelmente debochado em situações do tipo.

— Ele não deve ter ido muito longe. Pense comigo, Min, ele tem motivos para fugir daqui? — o silêncio se propagou por alguns segundos. — Fique aqui. Nós vamos procurar o Hyunginie por aqui por perto. Se demorarmos e não acharmos ele, liga pros appas. — naquele momento, soube que Changkyun também estava ali. — Vamos, Min.

Hyungwon não conseguiu se mover do lugar e quando Minhyuk surgiu no corredor antes de Kihyun, um soluço simplesmente escapou. Não precisou contar os segundos para ver o platinado correr até si e lhe acolher em seus braços.

— Hyunginie, o que foi que aconteceu? Por que chegou tão tarde? Não sabe o quanto eu fiquei preocupado quando chegamos aqui, e você não estava. Não me mata do coração! Está ferido? Alguém mexeu com você? O que… — Minhyuk parou com o monólogo e parar de analisar seu corpo em busca de alguma injúria quando ficou de fato cara a cara consigo.

— Ele… ele disse de novo… ele falou tudo o que já sabia, mas doeu, doeu muito. — não ligou para o quão embargado seu tom estava, nem por Kihyun estar presenciando aquilo. Céus, como estava patético. — Ele tem razão, Min. Ele falou tudo o que eu não tive coragem de admitir. O tapa não foi nada comparado a tudo que ele disse.

— O que? Do que está falando? — Hyungwon sentiu as mãos de Minhyuk em seu rosto e fez uma pequena careta pela bochecha continuar sensível.

— Quem fez isso com você? — Kihyun chegou mais perto e segurou o queixo alheio fazendo seus olhos se encontrarem. Hyungwon não soube o que deu em si, somente se agarrou ao alfa e escondeu o rosto no pescoço dele, começando a soluçar. — Está tudo bem agora, amor. — o aconchegou em seus braços e emanou sua presença na quantidade e maneira correta para fazê-lo sentir-se seguro.

— O d-diretor chamou o m-meu pai. — encolheu-se mais. Sua ação só fez Kihyun lhe ajeitar de forma que se achegasse nele. — Ele pediu pro diretor sair e disse… — um soluço mais alto interrompeu a fala. — Ele disse tudo… Eu…

— Shh, calma, Hyunginie. — Minhyuk descansou o queixo no ombro do mais novo e circundou a cintura dele com os braços, depositando um beijo na nuca exposta. — Podemos pedir pros pais do Kihy-

— Não! Chega! Eu não quero ouvir mais dele! Ele vai machucar a omma, a noona, vai machucar vocês dois se eu fizer uma coisa dessas! Eu não quero isso, eu não quero que outra pessoa sofra por minha culpa! — Hyungwon exaltou-se, expondo seu maior medo diante daquele estresse.

— Kyunnie. — Kihyun sabia que o irmão estava um pouco mais ao longe, assistindo tudo com medo de interromper. — Traga alguma coisa pro Hyunginie beber, por favor. — espiou por cima do ombro, a tempo de vê-lo assentir e sair dali para fazer o que pediu. — Hyunginie, ei… Olha pra mim. — demorou algum tempo para seu pedido ser atendido. — Vamos pra sala, ou prefere tomar banho e ficar no quarto?

— Eu quero subir. — fungou e teve suas lágrimas enxugadas por ele.

— Tudo bem. Vá na frente com ele, Min. — soltou Hyungwon, que lhe olhou um tanto suplicante. — Eu vou só pegar algo para beber com o Kyunnie e já subo, ok? Vão indo na frente. — sorriu.

— Vem, Hyunginie. — Minhyuk passou a mãos pelas costas alheias e teve um dos braços agarrado por Hyungwon.

Kihyun observou os namorados subirem as escadas juntinhos, Minhyuk parecendo sussurrar algo no ouvido de Hyungwon. Assim que eles sumiram ao ultrapassarem o topo, seguiu até a cozinha onde encontrou Changkyun a depositar o líquido, que soube ser chá graças ao aroma, numa caneca grande.

— Eu já ia levar, hyung. — Changkyun falou ao notar sua presença no recinto.

— Deixa que eu levo. — aproximou-se e estendeu a mão, num pedido mudo para que ele lhe entregasse o copo.

— Ok. — deu a caneca ao irmão. — Ah, leva isso pra ele comer com o chá. — afastou rapidamente para pegar um pote com pequenos aperitivos.

— Duvido que ele queira comer agora, mas não custa tentar. — pegou um pouco e colocou num prato.

— O que… — começou, fazendo Kihyun lhe encarar. Umedeceu os lábios. — O que o Wonnie hyung tem? — apesar de ter visto a cena, não conseguiu ouvir sobre o que estavam falando.

— O pai dele apareceu na escola e aparentemente deu um tapa nele. — passou a mão pelo cabelo. — Juro pelos deuses que estou me controlando para não ir atrás daquele homem e matá-lo. — soltou um suspiro pesado. — Kyunnie, tudo bem se… — foi sua vez de umedecer os lábios. Changkyun inclinou a cabeça para o lado, esbanjando uma expressão interrogativa. — Tudo bem se eu subir mais cedo hoje? Quero dizer-

— Claro. — sorriu. — Eu gosto de ter sua atenção, hyung, mas o Wonnie precisa de você agora, que nem o Minnie precisou da última vez.

— Obrigado, dongsaeng. Boa noite. — deixou um selinho nos lábios dele, tal como seus pais têm o costume de fazer, e afagou os fios negros, bagunçando-os ligeiramente.

— Boa noite, hyung. — retribuiu o selinho e o abraçou apertado.

Kihyun sorriu uma última vez para o irmão para enfim pegar a bebida e o aperitivo para acompanhá-la e rumar para o segundo andar. Quando chegou ao topo da escada, encontrou Minhyuk do lado de fora do quarto, andando de um lado para outro enquanto conversava com alguém no celular.

— Não, eu estou bem. De verdade. — sorriu, apesar de ninguém estar vendo. — Escute, eu preciso ficar na casa do meu namorado hoje… Não, o Kihyunie. — coçou a nuca. — Eu só vou dormir… Aish, appa, até parece que eu faria uma coisa dessas! — resmungou. — Tá, eu faria, mas não importa… Eu preciso ficar por aqui hoje… Ele me empresta uma roupa… Eu sei que o Kihyunie é pequeno, mas deve ter uma roupa que caiba em mim… Eu coloco meu uniforme para lavar e secar, problema resolvido. — deu de ombros. — Sim, meus materiais estão comigo… Eu volto pra casa amanhã, depois da escola. E então? — parou de andar. — Ah, appa, obrigado! Tá, tá, é só hoje. Da próxima vez, eu aviso antes. Boa noite… Também amo vocês dois.

— Seu pai? — Kihyun perguntou de forma retórica, atraindo atenção para si.

— É. Ele me ligou, preocupado, já que eu não tinha dado nenhum sinal de que tinha chegado em casa. — guardou o celular. — Posso dormir aqui hoje?

— Você primeiro convence seu pai a te deixar ficar para depois perguntar se pode? — riu do beicinho que Minhyuk fez. — Não tem problema, amor. Só vai ter que aguentar um pouco do ciúme do Won appa.

— Sem problemas. Eu só não quero ficar longe do Hyunginie no momento. — abaixou a cabeça. — Me empresta uma toalha e uma roupa para dormir?

— Está vermelho, amor? — falou o apelido carinhoso de forma provocativa e ouviu um muxoxo dele, fazendo-lhe rir. — Não precisa ficar com vergonha. Vem, vamos resolver isso.

Os dois entraram no quarto, Minhyuk abrindo a porta para Kihyun, de mãos ocupadas, passar. Kihyun depositou o que trazia na cômoda ao lado da cama e abriu o guarda-roupa, tirando uma toalha limpa, uma camisa sua larga o suficiente para caber em Minhyuk, uma cueca e uma bermuda confortável para dormir. Explicou onde ficava a máquina de lavar e a secadora e pediu para que ele tomasse banho no banheiro de baixo.

Quando Minhyuk saiu do quarto, Hyungwon tornou a aparecer ali. Ele trajava roupas semelhantes às que deu a Minhyuk há alguns segundos. Ele passou por si, sem realmente lhe perceber e sentou na beirada da cama, a toalha pendurada em sua cabeça. Algumas gotículas d’água pingavam e molhavam a camisa na região dos ombros, mas Hyungwon estava com o olhar tão perdido que sequer parecia se importar.

— Você pode acabar pegando um resfriado se não enxugar seu cabelo direito. — Hyungwon lhe encarou. — Deixa que faço isso por você.

— Não precisa. — murmurou.

— Mas eu quero fazer. — aproximou-se dele e começou a agitar os fios castanhos na toalha para enxugá-los. — Trouxe um pouco de comida pra você.

— Não estou com fome. — voltou a murmurar, pendendo a cabeça um pouco para frente. Mesmo querendo ficar sozinho desde que saiu da sala do diretor, não pode deixar de sentir saudade do perfume natural dele. — Você não trocou de roupa até agora…

— Beba o chá, pelo menos. — agachou-se em frente a ele e encaixou a mão na bochecha não machucada, deslizando o polegar na pele macia. — Eu não tive tempo de fazer uma coisa dessas por estar preocupado com o seu sumiço.

— Desculpe. — torceu o pano da bermuda.

— Tudo bem. Você está seguro agora, isso que importa. — sorriu e ergueu-se, seus movimentos sendo acompanhados pelos olhos de Hyungwon. — Tome o chá. Vou tomar banho e já volto.

Kihyun pegou a toalha e uma muda de roupa antes de entrar no banheiro. Quando terminou o banho e de se vestir, retornou ao quarto, vendo que Minhyuk e Hyungwon estavam em sua cama, o mais novo com a cabeça deitada no ombro do mais velho, que fazia um carinho lento nos fios castanhos. Um sorriso foi impossível de conter. Enxugou o cabelo e arrumou os fios arrepiados para logo sentar ao lado deles.

— Quer contar o que aconteceu pra gente? — Kihyun falou ameno, não querendo assustá-lo ou deixá-lo na defensiva.

Hyungwon movimentou a cabeça, concordando.

— O diretor chamou meu pai para ir falar com ele depois do que o professor disse. — fechou os olhos, aproveitando o carinho. — Ele apareceu lá, fingindo ser pessoa mais calma e compreensível do mundo, e eu fiquei encolhido o tempo todo. Eu não achei que ele fosse fazer alguma coisa, mas quando ele pediu pro diretor sair da sala para conversar comigo, eu sabia… eu sabia que ele aproveitar a primeira oportunidade para me agredir. — tocou o lado da bochecha machucada. — Ele disse… muitas coisas… e eu fiquei chocado por ele dizer que vai continuar pagando a escola, mas ele me desertou de vez. — mordeu o lábio. — Eu não sei o que pode acontecer a noona e a omma agora. Eu não posso chegar perto de casa, eu não sei o que vai acontecer comigo ou com elas se eu tentar. Eu… ele tem razão, eu sou-

— Não é. — Minhyuk o cortou, fazendo-o lhe encarar. — Nada do que ele disse agora ou já te disse antes é quem você é. Nada do que ele disse é verdade, ele só quer te diminuir dizendo aquelas coisas pra você. Você não é, nem nunca será nada do que ele diz. Você é uma pessoa incrível, não deseja o mal para ninguém, é um amor de pessoa. Você não é quem ele diz ser.

— Eu… — um bolo se formou em sua garganta. Não, ele não queria chorar de novo, não iria chorar de novo.

— Só descanse, Hyunginie. — Kihyun segurou a mão dele, apertando-o de leve. — Min vai dormir com a gente hoje.

— Senti saudade de dormir com você. — Minhyuk beijou a têmpora de Hyungwon, que sorriu minimamente.

Hyungwon não disse mais nada, apenas se ajeitou na cama, deitando. Sentiu Minhyuk se ajeitar atrás de si, lhe abraçando para dormir como sempre fazia. Estava para fechar os olhos e tentar dormir quando viu Kihyun começar a levantar.

— Aonde vai? — segurou a barra da camisa dele. Kihyun abriu a boca para falar, mas sabendo o que ele diria, adiantou-se: — Não vai. Fica aqui comigo.

— Tudo bem. — Kihyun sorriu pequeno para o namorado de bochechas coradas.

Viu o mais velho deitar de frente para si, como de costume. O único problema era a distância entre eles. Kihyun estava praticamente na ponta da cama, quase caindo, embora Minhyuk e ele não estivessem ocupando tanto espaço no colchão. Franziu as sobrancelhas e segurou a camisa dele, puxando-o. Seu rosto pegou fogo quando Kihyun ficou próximo o suficiente para seus narizes se tocarem. Engoliu toda vergonha que tinha para aproximar o rosto do pescoço dele. A fragrância natural do alfa acalmava-o com uma tal facilidade que amava dormir naquela posição em especial.

Quando Kihyun também lhe abraçou, lhe protegendo com aquele abraço, tal como Minhyuk fazia, seu coração se acalmou. Ele realmente se sentia seguro, protegido e amado estando nos braços deles.

 

(…)

 

Quando Changkyun entrou do quarto, tentou fazer o mínimo possível de barulho, até porque não teria graça seu irmão e os namorados acordarem com o ruído da porta quando ele estava indo fazer isso. As cortinas estavam fechadas, impedindo a passagem de luz, o que ocasionava em um ambiente escuro, bom, não totalmente, já que a fresta que deixou ao adentrar iluminou um pouco o local. Aproximou-se da cama e não resistiu em pegar o celular para fotografar a cena. Embora sentisse óbvios ciúmes do irmão (e em dobro, vale ressaltar), era bonitinho ver Kihyun de peito para cima, com um dos braços sendo agarrados por Hyungwon, que repousava a cabeça no ombro, o mais próximo possível do pescoço, e que também parecia ser um travesseiro em tamanho humano para Minhyuk, que estava atracado com braços e pernas nele.

Tendo tirado pelo menos umas sete fotos, apenas para capturar aquilo em todos os ângulos possível, recolocou o celular no bolso do uniforme para enfim fazer o que tinha que fazer. Levantou o lençol e deitou não muito delicadamente no peito do irmão, de forma que apoiasse os cotovelos no colchão para sustentar seu peso sobre ele.

— Acorda, hyung. — murmurou ao passo que ouvia um resmungo dele, que fez uma careta. Viu ele apertar os olhos antes de entreabri-los. — Bom dia, hyung. — beijou a ponta do nariz dele e abriu um sorriso largo. Kihyun ficou apenas lhe encarando, piscando devagar naquele estado de sonolência até que usava o braço livre para lhe circundar e apertar contra o peito, pronto para dormir novamente. — Ei, não é pra dormir de novo! A gente tem que ir pra aula. — remexeu-se e conseguiu se soltar. No segundo seguinte, encheu o rosto dele com beijos, seu jeito favorito de acordá-lo.

— Tudo bem, eu já acordei. — sua voz saiu baixa e rouca. Changkyun não parou o que fazia. — Kyunnie, eu já acordei. — repetiu, dessa vez com um sorriso preguiçoso no rosto. — Kyunnie, Kyunnie, eu já acordei. — riu soprado.

— Eu sei, mas eu tenho que aproveitar que o Wonnie e o Minnie ainda estão dormindo. — fez um bico, que o irmão apertou.

— Não precisa ter ciúme deles, bebê. Você vai ser sempre meu irmãozinho. — Changkyun corou de leve, sorrindo alegre quando ouviu suas palavras, tanto que acabou ganhando um selinho. Riu baixo com a atitude meiga. — Pode ir tomar café. Vou acordar eles.

— Vou esperar vocês lá embaixo. Ah, não demora, senão o Won appa vai vir aqui e ter um ataque de ciúmes. — os dois riram.

— Ok. — viu o menor sair de cima de si e depois, do quarto. Suspirou e ficou de frente para Hyungwon. — Hyunginie. — acariciou a bochecha alheia e juntou seus lábios num selar longo. — Acorde. Precisamos ir logo se quisermos chegar cedo. — o beijou de novo, apenas por que ter aqueles lábios carnudos a disposição era pedir para fazer isso.

— Hm… — Hyungwon remexeu a cabeça, um dos olhos mais fechado do que aberto. — Kihyunie…?

— Bom dia. — roçou seus narizes. — Precisamos ir pra escola.

— Eu não consigo me mexer. — falou devagar, sonolento.

— O Min está te usando de urso de pelúcia gigante. — dito isso, debruçou-se sobre Hyungwon e deixou um chupão no pescoço de Minhyuk, que soltou um ruído estranho, um misto de gemido e gritinho assustado. — Bom dia, Min.

— Você me assustou, maldito. — Minhyuk apertou Hyungwon e beijou a nuca dele. — Que horas são?

— Não sei, mas precisamos ser rápidos se não quiserem ver o Won appa tendo um ataque de ciúmes. — Kihyun levantou primeiro, deu as costas aos namorados por um segundo e quando os encarou novamente, deparou-se com Minhyuk sobre Hyungwon, beijando-o fervorosamente. — Eu viro por um segundo, e vocês já estão assim? Vocês gostam de me deixar sobrando mesmo.

— Deixa de ser dramático, Kihyunie. — Minhyuk disse entre um beijo e outro e levantou-se, tratando de beijar Kihyun também. — Feliz? — o segurou pela cintura.

— Sim. — segurou os fios platinados da nuca do mais alto, puxando-o para outro beijo.

Minhyuk e Kihyun se separaram quando o ar faltou e olharam em direção a cama. Hyungwon, que os encarava, corou forte e desviou o olhar por ter sido flagrado. Os mais velhos riram pelo jeito dele.

Os três pararam de enrolar, tomaram banho, vestiram-se e logo estavam na cozinha, tomando café com Changkyun, que não deu tempo para eles e começou a conversar.

Donghae e Siwon apareceram ali não muito tempo depois e sentaram ao lado do filhote caçula. Donghae continuava a ignorar Siwon, mas quando viu o marido encarando o casal na mesa, lançou um olhar censurador para que não começasse. Os três não perceberam isso, até porque Kihyun e Minhyuk estavam ocupados demais olhando e sorrindo para Hyungwon.

Após o café, todos seguiram para a garagem. Changkyun deu um pequeno ataque quando Minhyuk disse que iria na perna de Kihyun por não haver lugares suficientes para todos no banco de trás. Claro, Minhyuk disse aquilo apenas para provocar seu cunhado, que foi sentado no colo do irmão durante o caminho para a escola.

Os mais novos se despediram dos senhores Yoo antes de entrarem na escola. Cada um foi para sua respectiva sala para deixar seus materiais e, graças ao horário, Hyungwon conseguiu sentar na última cadeira. Quando todos deixaram suas coisas, seguiram para sala Hoseok para esperá-lo. Não havia sinal dele quando chegaram lá, então ficaram ali, esperando-o.

A surpresa de Hoseok foi grande ao ver todos os amigos na sala. Não que estivesse reclamando, longe disso, mas ficou um tanto sem graça por isso, não sabia se a gravidez poderia ser a culpada disso. De fato, foi uma maneira agradável de começar o dia, com Jooheon e Changkyun agarradinhos e melosos como sempre foram, Kihyun tendo ciúmes do irmão, sendo apenas distraído pelos namorados, os amigos ali… É, não tinha do que reclamar.

O sinal tocou, indicando o início das aulas. Eles se despediram e foram cada um para sua sala. Kihyun sentia-se estranhamente sonolento e com o um pouco de dor de cabeça, mas tentava ao máximo prestar atenção na aula e não deixar que os namorados percebessem isso. Não entendia o porquê disso, tinha dormido cedo e bem. Talvez fosse a preocupação com Hoseok e Hyungwon, mas não tinha tanta certeza. Só deveria aguentar até o intervalo para ficar livre por alguns minutos. Para a sua sorte, as horas estavam passando rápido e logo o sinal do intervalo do almoço soou por toda a escola.

O volume alto de conversas preenchia o refeitório. Jooheon esticou o pescoço, procurando pelo irmão e o namorado na fila da comida. Não entendia como eles já haviam saído de lá e já estarem na mesa se haviam entrado no refeitório juntos. Bem, ao que parecia, Hoseok saiu puxando Changkyun, parecendo querer falar algo com ele em particular. Deu de ombros e andou para pegar comida.

Enquanto chegou a mesa, Changkyun e Hoseok estavam olhando alguma coisa no celular um do outro, provavelmente algumas das várias fotos que Changkyun gostava de tirar ou outra coisa que não se deu trabalho de saber. Ficou a observá-los, olhando mais o namorado do que o irmão. Já estava com isso na cabeça há algum tempo, algo que lhe incomodava de certa forma, mas não sabia se era apenas coisa da sua cabeça ou não. Talvez fosse, afinal, o namorado não iria lhe esconder alguma coisa, não é? Só que não conseguia esquecer o jeito que ele agiu quando olhou os remédios de Hoseok. Mordeu o lábio e deixou isso de lado quando Kihyun, Minhyuk e Hyungwon sentaram à mesa.

O resto do intervalo foi tranquilo, tão tranquilo que passou rápido. No caminho de volta para a sala, Minhyuk e Hyungwon notavam que Kihyun parecia um pouco cansado, mas não falaram nada. Entraram juntos na sala, retornando aos seus lugares e esperando a chegada do professor.

— Hyunginie. — Hyungwon levantou o olhando quando Kihyun chamou. — Troca de lugar comigo?

— Por que? Aconteceu alguma coisa? — tocou o rosto dele inconscientemente e apenas notou isso quando ele sorriu de leve e colocou a mão sobre a sua.

— Eu me sinto um pouco cansado, e o professor vai ficar me enchendo o saco se me ver assim. — deslizou o polegar pela costa da mão alheia.

Hyungwon ficou o encarando por um instante. Kihyun sentava na cadeira à frente da sua e realmente seria incomodado pelo professor caso fosse visto desse jeito. Além disso, não havia motivos para se preocupar, já que Minhyuk sentava na frente dele. No final, concordou com um aceno de cabeça e trocou de lugar com ele.

Kihyun ficou quieto durante o decorrer das aulas. Ele sequer prestou atenção nelas, só queria chegar em casa e deitar em sua cama. Mesmo tendo pensado em todas as possibilidades para estar assim, descartou todas e não sabendo o que se passava, ficou a acompanhar o passar das horas no relógio acima do quadro.

Sua indisposição repentina sumiu próximo ao início da última aula. Estranhou aquilo, mas não reclamou. Pelo menos, aquela aula seria produtiva.

Ou talvez não.

— Ugh… — Kihyun resmungou, sentindo algo estourar dentro de si. Resmungou de dor novamente, um pouco mais alto do que a primeira vez.

— Kihyunie, o que foi? — Hyungwon virou para a cadeira de trás sem fazer alarde, murmurando para só Kihyun ouvir.

— N-Não… Não me toque, vai ser pior. — Kihyun disse numa ofegada baixa, mordendo os lábios e abraçando o próprio corpo por sentir uma pontada forte no baixo ventre. — O meu cio… ele… — encostou a testa na mesa, tentando em vão estabilizar a respiração que começava a desregular. — Merda, eu preciso sair daqui antes que seja tarde. — ele se levantou com dificuldade e ergueu uma mão quando Hyungwon fez menção de também se levantar. — N-Não, você e o Min não podem vir atrás de mim. Eu preciso ficar sozinho e quebrar algumas coisas para ficar calmo. — tapou a boca, mas um rosnado acabou saindo e chamando a atenção de Minhyuk.

Kihyun saiu sem dar satisfações ao professor, até porque o mais velho também era alfa e notou o que se passava consigo ao lhe encarar. No entanto, a classe inteira parou para lhe ver abrir e fechar a porta num estrondo, saindo apressadamente da sala.

— Hyunginie, o que foi isso?! — Minhyuk se debruçou sobre a mesa do mais novo para cochichar. — O que o Kihyunie tem? Ele está passando mal?

— O Kihyunie… — sua voz vacilou, decidindo se contava ou não o que se passava a ele. Kihyun havia pedido, praticamente implorado, para não irem atrás dele, e sabia o quão agressivo era um cio de alfa. Não queria correr o risco de ver Minhyuk se machucando ou ser machucado. — Ele…

— Temos que ir atrás dele. — falou decidido.

— Que? Não! — ralhou baixo, as palavras do outro ainda rodando em sua mente como um disco arranhado. Ele, sim, queria ajudar seu alfa, mas compreendia a decisão do mesmo. Kihyun não quer machucá-los com a brutalidade da febre do cio. — Ele disse pra ficarmos aqui.

— É o que? — arregalou os olhos, abismado com o que tinha acabado de ouvir.

— Min, por favor, se senta. Kihyunie falou que não era pra gente seguir ele! — pediu, tentando convencer o namorado, que se punha de pé.

— Esse cabeça-dura jura que eu vou ficar aqui enquanto ele está passando mal? — o riso soprado foi uma mistura de deboche, ironia e irritação. — Eu não sei você, mas eu vou ver o que ele tem. — olhou para o professor anotando algo na lousa. — Se passarem vinte minutos e eu não voltar, dá um jeito de sair da sala e procura a gente. — Hyungwon não conseguiu proferir nada ou lhe segurar ali, pois não lhe deu chance e saiu porta a fora sem que o professor percebesse.

Hyungwon ficou estático olhando a porta que havia sido deixado aberta, não acreditando no que estava acontecendo. Ele girou o pescoço em direção ao relógio sobre o quadro, viu que já tinham quase se passado quinze minutos desde a saída de Minhyuk e que também estava moscando, encarando, ainda em estado de choque, a porta escancarada por onde o outro havia passado.

Ele bufou e ligou o foda-se para o professor que o viu saindo. Correu pelos extensos corredores vazios sem mais perder tempo, praguejando mentalmente:

Droga, Min, isso não é hora pra ser ingênuo!

 

Minhyuk apoiou as mãos sobre os joelhos, respirando ofegante. Esteve correndo por quanto tempo mesmo? Cinco, talvez dez minutos? Bom, isso realmente não importava, ele apenas tinha corrido sem direito a pausas por um longo tempo, tanto que o ar escasso nos pulmões foi a única coisa que conseguiu pará-lo por um instante. Ele olhou ao redor, vasculhando a área. Tinha a impressão de já ter rodado a escola inteira em busca de seu namorado, Kihyun merecia um prêmio, pois sabia como se esconder, dificultando assim a sua procura. Daria umas boas porradas nele assim que o encontrasse, ele merece isso por tê-lo deixado morrendo de preocupação e o feito correr tanto atrás dele.

Passou a mão no cabelo, revelando a raiz já começando a crescer negra. Não sabia o que fazer, estava cansado, Kihyun continuava sumido. Mordeu o lábio inferior, repassando seu plano mentalmente, analisando que atitude deveria tomar agora.

Minhyuk pulou num sobressalto. O som de um objeto pesado se estilhaçando vinha da ala abandonada da escola, e ele correu até lá, torcendo para Kihyun ser a causa desse barulho. Aproximou-se cauteloso e firmou as costas rente à parede ao lado da porta. Seu coração disparou num súbito medo. Podia não ser seu alfa ali, e sim outra pessoa capaz de lhe machucar com essa tamanha força. Pensou por um momento se entrava lá ou não e mordeu o lábio inferior, indeciso.

Ficou ali parado pensando no que fazer. Algo lhe veio em mente, fazendo-o sentir-se um idiota pelo medo não o ter deixado pensar nisso antes. Inflou as narinas, inalando profundamente a fragrância de quem quer que estivesse lá dentro. O perfume natural de Kihyun invadiu suas fossas nasais. Sorriu sozinho, entrando na sala de forma sorrateira.

Kihyun estava em pé no centro da sala quando abriu a porta com cuidado. Ele estava de costas para si, vários objetos quebrados ao seu redor, os ombros subindo e descendo com a respiração pesada. Kihyun virou de frente para si quando a porta velha emitiu um rangido baixo e irritante, e viu a bagunça que estava seu alfa. Os caninos dele ficaram em destaque ao trincar os dentes num rosnado baixo, os punhos estavam cerrados, os olhos, numa forma heterocromática que deixava vermelho um de seus orbes e outro na cor natural.

— Por que veio atrás de mim? — o timbre de Kihyun saiu rouco e gutural, quase animal.

Minhyuk engoliu em seco por estar sendo avaliado por um verdadeiro olhar de predador. Finalmente se deu conta do que se passava: Kihyun estava no cio.

— Eu vim te ajudar. — foi firme, apesar do frio na barriga que sentia agora.

— Não! — rosnou a contragosto. Precisava afastá-lo enquanto ainda sobrava um pouco de consciência, não queria correr o risco de machucar Minhyuk com suas ações. — Você… tem que sair daqui… agora. Eu não sei… quanto tempo aguento.

— Eu não vou te deixar aqui sozinho.

Droga, Min, porque você não faz o que eu falei?! Merda de teimosia! Eu não posso te machucar de jeito nenhum! Vai embora logo!

Os músculos de Kihyun entraram em estado de tensão ao ver Minhyuk, de cara fechada, se aproximar. Pisou nos destroços no chão ao se afastar, e suas costas bateram na parede. Merda, amaldiçoou-se mentalmente enquanto procurava uma rota de fuga.

— Amor. — apelou para o apelido carinhoso. — Por favor, só… faz o que eu te pedi. É pro seu bem. — suplicou entre lufadas, torcendo para seus planos não serem frustrados. Estava tudo bem até Minhyuk ter entrado, estava lidando bem com as primeiras consequências do cio, quebrando as coisas para aliviar-se por estar sem parceiro. Até tinha uma companhia, na verdade, duas, mas estava fora de cogitação ferir seus ômegas com a euforia da febre.

— Eu vou te ajudar, Kihyunie. — o corpo de Minhyuk estava perigosamente a um palmo de distância, ele sentia as lufadas constantes e rápidas de Kihyun em seu rosto.

— Eu vou ficar bem. — cerrou os olhos quando a vista começou a embaçar pela quase total perda de consciência. Estava sendo difícil de se controlar com ele ali, o cheiro dele estava milhões de vezes mais atrativo agora. — Não quero te tocar desse jeito, não quero agir como um animal e te usar. Eu quero saber o que estou fazendo, sentir que sou eu tocando seu corpo. Então, por favor… — pediu a um fio de voz.

— Eu não ligo. — a voz de Minhyuk soava distante, apesar da proximidade. — Acho que não entendeu. Eu não perguntei, eu disse que vou te ajudar. — Kihyun sentiu o rosto ser segurado, e logo o polegar de Minhyuk estava deslizando suavemente por seu lábio inferior.

Aquele toque foi o limite.

Minhyuk foi jogado contra a parede e teve as coxas agarradas possessivamente pelas mãos fortes, sendo forçado a circundar a cintura de Kihyun com as pernas. Seus lábios foram atacados pelos dele de forma sedenta, sabia que ele já não se importar se estava lhe machucando ou se deveria usar menos força, ocupado em buscar apenas o próprio prazer.

— Ah… Ki… — arfou em meio ao osculo. Estava louco com tudo aquilo, sentia a adrenalina perpassar todo seu corpo, eles estavam dentro da escola e, mesmo estando numa parte mais remota do prédio, ainda havia chance de alguém lhes encontrar.

Minhyuk estava adorando sentir aquilo. E mais importante: Kihyun estava consigo e esperava que Hyungwon logo se juntasse a eles.

Os estalos dos beijos logo cessaram, e Kihyun desceu os lábios por seu pescoço. Apesar de toda a brutalidade que estava sendo tratado, mantinha olhos fechados, aproveitando as carícias rudes em sua pele e dando a ele liberdade total para continuar fazendo tudo como bem entendesse. De fato, Minhyuk era um tanto masoquista quando se tratava de sexo.

— Meu! — Minhyuk ouviu Kihyun grunhir perto de seu ouvido e foi inevitável sorrir, mas voltou sua atenção às mãos alheias perdidas que tentavam abrir sua camisa enquanto o dono estava ocupado demais marcando seu pescoço. Até tentou ajudá-lo, mas sua ação resultou em algo não esperado: Kihyun não lhe permitiu isso e, por provavelmente ter ficado enfurecido com sua atitude ou por mera impaciência, acabou por rasgar a parte superior do seu uniforme.

Após isso, tudo se sucedeu muito rápido. Num segundo, Minhyuk se viu livre, quando piscou, notou que o mais baixo se despia com certeza dificuldade, o que fez ele irritar-se com a própria cueca e rasgá-la em decorrência da euforia da febre. Mordeu os lábios por vê-lo massagear o falo ereto enquanto lhe encarava com os olhos obscurecidos de desejo. Ajoelhou-se em frente ao namorado, olhando-o do jeito mais inocente possível, deixando subentendido o que faria. Ouviu um rosnado e teve seu maxilar segurado, logo sendo obrigado a abrir a boca para, em questão de segundos, ser invadida indelicadamente pelo comprimento roliço e rígido.

Surpresa estampou o semblante de Minhyuk, que tinha a boca usada para o prazer de Kihyun, mas ele tratou de se acostumar com a brutalidade e tentar seguir o ritmo do outro. Mesmo não falando consigo, era como se soubesse que Kihyun continuava se esforçando para não lhe machucar. Segurou no quadril dele a fim de ajudá-lo naquilo e tentar fazer uma felação de fato, mas quem realmente precisaria de ajuda, era ele.

Kihyun rosnava enquanto segurava forte em seus fios descoloridos, investindo em sua cavidade bucal com certa violência. Permaneceu de olhos fechados o tempo inteiro, tentando ficar relaxado para proporcionar o prazer que seu alfa queria, ignorando tanto o fato de sua garganta estar sendo tocada profundamente, como também sentir que teria um refluxo a qualquer momento em razão disso

Tentou se acalmar quando Kihyun segurou sua cabeça com as duas mãos e colocou mais força naquilo. Tinha o rosto banhado por lágrimas de dor, os cantos de sua boca ardiam e estavam vermelhos, mas Minhyuk estava focado em dar o que seu alfa queria, do jeito que ele queria. Kihyun fodeu mais três vezes sua boca antes de gozar e se retirar dali. Tossiu em busca de oxigênio e o viu sorrir, não deixando de notar que o membro dele voltou a se erguer em pouco tempo bem diante do seu rosto. Ah, ele estava literalmente fodido.

Kihyun se abaixou, ficando na mesma posição que a sua, ajoelhado. O tom vermelho agora preenchia ambos os orbes, mas aparentava já estar mais calmo. Minhyuk fungou e resmungou pelo maxilar dolorido, surpreendendo-se com um toque calmo em seu rosto. Kihyun lhe beijou na face e lambeu os cantos de seus lábios, algo que foi muito tentador aos seus olhos, mas que fez se perguntar de onde estava vindo toda aquela calmaria repentina.

Kihyun passou a lhe cheirar e apertar bastante, como se quisesse averiguar de que estava mesmo ali. Gemeu surpreso, uma das mãos dele se encaminhou para sua calça e massageou seu membro, tendo apenas o tecido como barreira de contato entre suas peles. Enquanto teve a boca fodida tão violentamente, ele havia amolecido, mais preocupado com o namorado e a condição que sua boca estaria após isso do que com a própria ereção.

— Kihyun… — Kihyun rosnou quando gemeu manhoso o nome dele e lhe apertou ainda mais no quadril.

A mão aumentou a intensidade da massagem no centro de suas pernas, e Minhyuk se colocou em pé para abrir a calça. Tão rápido fez isso, foi Kihyun virá-lo contra a parede, deixá-lo ali enquanto terminava de lhe despir aos puxões, jogar as peças rasgadas em qualquer canto e colar o corpo ao seu. Gemeu baixinho, porém em êxtase, a lubrificação escorrendo em abundância, o membro de Kihyun tocando sua bunda, a parede gelada causando arrepios ao seu corpo. Sentiu um dedo ser passado entre suas nádegas e fechou os olhos, sentindo o corpo todo estremecer em antecipação.

Kihyun, que chupava e mordia sua nuca e costas, desceu as carícias até encontrar o que realmente queria. Farejou o ar, o cheiro inconfundivelmente doce da lubrificação impregnou suas narinas, e viu Minhyuk arrepiar-se quando separou os glúteos dele antes de enfiar rosto ali sem aviso algum.

— Ah… K-Ki… hy… Ah… — se lhe perguntassem, ele não saberia seu nome naquele momento, não com Kihyun sugando e lambendo aquela região. Estava tão desesperado de prazer que, sem perceber, tinha tinta mofada debaixo das unhas por arranhar a parede em busca de sabe-se lá o que.

Kihyun puxava o quadril do namorado, que parecia querer fugir, e acabava marcando ainda mais a tez sob seus dedos.

De quatro. — Minhyuk tentou se situar para fazer o que foi dito em voz de comando, mas não conseguiu, o que acarretou em seus cabelos puxados com força pelo outro, lhe obrigando ficar na posição anteriormente ordenada.

Kihyun não esperou, apenas se posicionou e investiu num movimento certeiro, e Minhyuk mordeu o próprio braço para abafar o grito. Sentia-se rasgado ao meio e pensou se aquilo havia sido realmente uma boa ideia.

— Minhyuk. — o mais alto soltava pequenas lágrimas de dor e se assustou ao ouvir seu nome. Durante o cio, alfas não costumam falar o nome de ninguém, salvo aqueles que são marcados, pois chamam por seus parceiros. — Desculpe.

Ele parecia ter recuperado a consciência, Minhyuk sorriu por isso e também por ver o esforço dele em não o machucar. Olhou por cima do ombro e viu ele de olhos fechados, controlando a respiração.

— Tudo bem, amor. — seu sorriso logo sumiu ao sentir Kihyun arremeter contra si.

Minhyuk levou as mãos na parede em busca de apoio e sentiu os braços de Kihyun lhe segurarem, dando base para se manterem naquela posição. Agradeceu aos Deuses por ele ter começado a investir um tanto devagar por isso, mas logo o próprio Minhyuk buscava por mais, levando os cotovelos ao chão e apoiando a testa no braço enquanto gemia de olhos fechados.

Não precisou pedir nada, Kihyun aumentou a velocidade e a força. Sentiu os espasmos crescendo em seu corpo e não demorou muito para gemer alto o nome de Kihyun enquanto se derramava no chão daquela sala. Para sua desgraça naquele momento de moleza, ele ainda não havia atingido seu ápice e segurava seu corpo mole enquanto investia forte, os movimentos começando a ficar mais difíceis por conta da formação do nó.

— Kihyunie… calma… — pediu. — Você não quer me machucar lembra? — o que disse não pareceu surtir efeito, Kihyun fazia tudo ao seu modo e só parou quando atingiu seu ápice, atando-se a si. Permaneceu de olhos fechados enquanto sentia ele farejar o ar e enfiar o rosto na curvatura de seu pescoço. — Ai. Não se mexe ainda, Kihyunie. — o segurou pela nuca. Arranhou o local em forma de carinho, mantendo-o estático e esperando o nó se desfazer. O ruim era que Kihyun continuava inquieto e tentava mover o quadril. — Só fica parado mais um pouquinho, por favor. — implorou com lágrimas nos olhos, ainda tentando se recuperar do orgasmo.

Kihyun soltou um grunhido de insatisfação. A ponta do nariz deslizou pela nuca do ômega, e ele se deliciou com a fragrância dele misturada a sua e mais o aroma característico do sexo. As presas de lobo estavam incomodando bastante, tanto que começou a roçá-las de leve no pescoço de Minhyuk.

Minhyuk arregalou os olhos.

Kihyun estava tentando marcá-lo.

Protegeu o local de imediato, impedindo-o de fazer o que queria. O rosnado que Kihyun soltou, um misto de chateação e descontentamento, foi a resposta para a sua atitude. A marcação é algo de demasiada importância, corresponde a união ainda mais significativa do que o próprio casamento uma vez que as almas dos parceiros se interligam através dela. Não poderia deixar que isso acontecesse, Kihyun sequer estava ciente dos próprios atos para dar um passo tão grande como aquele e poderia se arrepender quando recobrasse a consciência. Não, a hora certa ainda viria e, quando chegasse, daria seu consentimento ao namorado, que deveria estar em plena consciência, para que lhe transformasse em parceiro dele de corpo e alma.

Kihyun tirou o rosto da curvatura do pescoço de Minhyuk e olhou em estado de alerta para a porta, onde Hyungwon, sentado no chão como quem acabara de perder as forças, tampava a boca com ambas as mãos. Ele havia chegado pouco tempo depois de Kihyun ter colocado Minhyuk de quatro no chão e observou tudo, calado, sem reação. O rosto estava pegando fogo, a ereção marcava a calça do uniforme, ele se sentia ofegante por tudo o que presenciou e também por vê-los atados naquela posição.

Kihyun farejou o ar e olhou para entre as pernas de Hyungwon, que as fechou por reflexo ao notar o olhar pesado e avaliador naquela região. Mordeu os lábios, tentando acalmar o ritmo cardíaco acelerado. Sua entrada estava encharcada pelo lubrificante natural expelindo aos montes, sentia-a contrair em antecipação por ver Kihyun soltando-se de Minhyuk e engatinhando lentamente em sua direção, como se fosse a nova presa dele.

— Ki-Kihyunie. — Hyungwon percebeu que não adiantava conversar quando foi deitado no chão, e ele ficou sobre si, mas, ainda assim, queria tentar. Estava com medo, morrendo de medo, pois nunca havia se relacionado com um alfa no cio antes, além de ser virgem. — Ki-Kih- Ah, Kihyunie… — arfou, sentindo a língua percorrer toda a extensão de seu pescoço. As mãos dele seguraram suas roupas, e segurou os pulsos dele, impedindo-o de rasgá-las com um puxão. Ganhou um grunhido irritado como consequência. — E-eu vou te ajudar, Kihyunie. Só, por favor, vai com calma. — acariciou o rosto dele e depositou um selinho nos lábios dele. Apesar de receoso, abriu um sorriso lindo, digno de idiota apaixonado, por ver aqueles olhos vermelhos opacos ganharem um pouco mais de brilho.

Minhyuk não se incomodou se o chão estava sujo ou não, apenas se deixou ficar ali até que tivesse forças para se mexer sozinho. Enquanto isso, observava algo que há tempos ansiava. Hyungwon tentava tirar o mais rápido possível todo o uniforme, sabia que, se demorasse, Kihyun rasgaria tudo.

— Aish, não rosna pra mim. — Hyungwon soltou aquilo sem perceber enquanto se livrava da calça de uniforme. Não teve tempo para terminar a tarefa, Kihyun segurou seus pulsos magros e os levou acima de sua cabeça, conseguindo enfim sua atenção. Seus lábios foram tomados num beijo afoito, Hyungwon sentia o membro dele esfregando-se no seu, isso estava lhe deixando mais excitado, tinha que admitir.

— Meu! — ouviu Kihyun rosnar aquilo e não soube o que pensar. Minhyuk, por outro lado, sorriu ao ver tal confirmação inconsciente do namorado, que demonstrava o quanto desejava ambos.

Kihyun parou de machucar os lábios de Hyungwon, devido a pressão voraz que exercia neles, para fazer o mesmo no pescoço alheio, onde chupava e mordia, deixando bem claro a todos que aquele corpo tinha alguém para cuidar. Logo chegou ao mamilo, cujo tom era marrom claro, quase nude, e arranhou do centro da caixa torácica até o fim do abdômen, deixando uma linha ardente e avermelhada na tez pálida e fazendo-o gemer em consequência de esta região sensível estar sendo maltratada com as unhas.

Kihyun parecia estar ficando mais quente ouvindo a voz gemida de Hyungwon. Voltou a atenção aos mamilos eriçados e levou a um deles à boca, chupando com demasiada força. Sentiu quando o mais novo arqueou a coluna pela dor e inexplicavelmente pelo prazer que a carícia lhe proporcionou.

— Ki…

Minhyuk mordeu o lábio. Já se encontrava duro novamente por estar os observando e perguntava-se se alguém estava ouvindo aquilo. Deixou esse detalhe de lado e voltou sua atenção para os namorados, vendo a agressividade que Kihyun aplicava no mamilo de Hyungwon com a boca e o outro também com o dedo apertando e pressionando o local que Minhyuk sabia ser sensível. Riu sozinho, o mais novo dos três era sensível em praticamente todo o corpo.

Kihyun parou aquela moléstia e retirou a calça de Hyungwon, junto da peça íntima de uma só vez. O membro saltou a sua frente ao enfim ser libertado e o cheiro dele, ah… Era obviamente diferente do de Minhyuk, mas não deixava de ser único e maravilhoso para si.

No momento em que Hyungwon teve o membro abocanhado sem aviso prévio, parecia estar fora de si, os olhos revirando por baixo das pálpebras fechadas, apenas deixando o corpo reagir a tudo o que acontecia. Cravou as unhas nos ombros dele e ouviu e sentiu o rosnado abafado em razão do órgão na boca alheia, não sabia se era bom ou ruim, mas estava se sentindo bem como nunca.

Kihyun colocou cada mão sob a dobra de seus joelhos, levantando suas pernas e lhe deixando totalmente exposto. Corou violentamente pela posição em que se encontrava e também ao sentir a boca de Kihyun deslizar do saco escrotal ao períneo, alcançando o ânus, que contraía em antecipação.

Foi nesse momento que tudo pareceu desandar.

Era a segunda vez que aquela região era estimulada daquela maneira, porém foi completamente diferente. Quando Kihyun levou a boca até sua cavidade e a chupou tal como havia feito em Minhyuk anteriormente, era para ter real reagido como na vez que o próprio Minhyuk fez isso em si há quase um mês. Do contrário do esperado, Hyungwon gritou de dor.

— Espera! Kihyun, me solta! — tentou se soltar do aperto do namorado. As lágrimas involuntárias passaram a escorrer por seu rosto. Lágrimas de medo, de dor. — Min! — chamou pelo outro namorado, que logo se aproximou.

— Shh, relaxe. — murmurou o pedido enquanto acariciava o rosto de Hyungwon no intuído de acalmá-lo. Kihyun não parou em momento algum, parecendo estar irritado com a rejeição do ômega. — Vai ficar tudo bem. Não precisa ficar nervoso, só relaxe. Eu já fiz isso em você, lembra?

— Não! Por favor, faz ele parar! Com você não doeu, agora dói muito. Por favor, Min, me ajuda! — suplicou em desespero, o rosto vermelho de vergonha por estar numa condição dessas diante do namorado enquanto tentava empurrar Kihyun sem obter sucesso.

Minhyuk juntou as sobrancelhas, confuso pela resposta negativa em relação ao ato, tão diferente dos gemidos e ofegos que ouviu quando era ele no lugar de Kihyun fazendo isso. Foi então que o incidente das férias lhe veio em mente, e deduziu qual seria o motivo da dor.

— É por causa do remédio, Wonnie. É porque faz pouco tempo que você parou de usar aquela porcaria. Fique calmo, eu estou aqui, o Ki e eu estamos aqui. Somos namorados, nós três. Ninguém quer te machucar, e mesmo que o Ki faça algo, ele está completamente fora de si. Só… — Hyungwon soltou outro grito quando sentiu os dedos de Kihyun invadi-lo. — Não pensa na dor. Eu vou te ajudar.

Minhyuk segurou carinhosamente o rosto dele, limpou as lágrimas, juntou seus lábios num beijo carinhoso e cúmplice. Hyungwon ofegou entre os beijos sentiu sua mão tocando-o no membro. Estava estranhando Kihyun não rosnar diante de sua aproximação, já que alfas ficam extremamente possessivos e territoriais durante esse período. Isso foi apenas outro motivo de felicidade. Parou de ficar devaneando e cessou o beijo com Hyungwon ao ouvi-lo voltar a gemer.

— Vai ficar tudo bem. — falou, sorrindo enquanto esfregava o polegar sobre a glande inchada e úmida e via Hyungwon estremecer. — Vamos cuidar do nosso alfa.

Minhyuk afastou-se um pouco ao sentir Kihyun abaixar o quadril de Hyungwon e se posicionar entre as pernas dele. Sabendo o que iria acontecer, segurou o rosto de Kihyun com as mãos e o beijou. Seu ato não o distraiu, e ele investiu com força, adentrando de uma vez o canal estreito.

Hyungwon apertava o quadril de Minhyuk com força, descontando a dor que sentia. Enquanto isso, Minhyuk, com uma perna de cada lado do corpo dele, beijava ferozmente Kihyun na tentativa de controlá-lo para não machucar o mais novo. O único problema já era sua ereção e a lubrificação lhe lembrando que estava excitado novamente.

Um sorriso repuxou seus lábios quando uma ideia lhe passou pela cabeça.

Soltou Kihyun, e Hyungwon gemeu surpreso ao esfregar a cavidade molhada no falo dele após ter encaixado uma perna de cada lado do quadril magro. Dentre todo aquele tempo, Kihyun ainda não havia se mexido, e sabia que Hyungwon estava se acostumando com aquilo dentro de si, apesar de toda dor.

— Eu vou fazer ficar melhor. — posicionou o membro de Hyungwon em sua entrada, sentando-se sobre ele. Soltou um gemido agudo e ouviu Kihyun rosnar diante do que fez, logo começando a arremeter rápido dentro de Hyungwon, que lhe arranhava as pernas. — Shh, calma. — tentou passar segurança ao rapaz chorando. — Olhe pra mim. — pediu, mas era um tanto difícil focar em algo quando há um alfa lhe fodendo. — Se concentre em mim. Isso vai passar. Vamos passar por isso juntos. — proferiu tais palavras e, obteve a atenção que desejava, começou a se mexer.

Hyungwon só tinha noção de três sentidos naquele momento: audição, olfato e tato. Era inebriante a maneira como o som do choque entre os corpos, as fragrâncias misturadas ao odor característico do sexo, sentir ser prensado pelos anéis musculares de Minhyuk ao mesmo tempo que Kihyun atingiu um ponto desconhecido até o momento, como tudo isso lhe fez ver estrelas. Não se controlou mais, apenas se deixou gemer alto e fechar os olhos enquanto aproveitava.

Minhyuk sorriu por vê-lo entorpecido diante de tudo e se mexeu com mais liberdade, quicando sobre ele com mais vontade. Kihyun lhe puxou pelo pescoço e lhe fez encará-lo antes de iniciar um beijo desengonçado graças a posição. Findou o selar e se apoiou no peitoral de Hyungwon, observando o tom castanho mel presente nas írises do mais novo. Ele estava gostando, os olhos dele não mentiam. Focou nos movimentos preciosos de seu quadril, ouvindo Hyungwon gemendo alto, perdido naquele prazer antes desconhecido. Sentia-se feliz, mas controlava seus gemidos. Já Kihyun permanecia rosnando vez ou outra.

O orgasmo atingiu Minhyuk após algum tempo, fazendo-o derramar-se no tronco de Hyungwon. Seu corpo amoleceu por inteiro, e se deixou cair sobre Hyungwon, que continuava a gemer. Saiu de cima dele e deixou ambos prosseguirem sozinhos com aquele momento.

Kihyun se deitou sobre Hyungwon e afundou o rosto no pescoço longo enquanto investia com força e sem um ritmo. Hyungwon sentiu aquele ponto doce ser acertado várias vezes consecutivas e nunca pensou que sentiria algo daquele tipo em sua vida.

— Kihyunie… — a voz falha deixava claro o prazer que sentia antes de se desfazer entre os corpos. Sabia que Kihyun ainda não obteve o que buscava, então se manteve ali firme. Ele se desfez dentro de si, gemendo e rosnando baixo em seu ouvido, e um arrepio cruzou sua espinha quando sentiu o nó o atando a ele.

— Não deixa ele te marcar!

A voz de Minhyuk o despertou do torpor ocasionado pelo orgasmo. Hyungwon só então percebeu as pontas afiadas dos caninos de Kihyun, mais ressaltados do que o de costume, raspando de leve seu pescoço. Bloqueou a área no instante seguinte, ouviu o mais velho rosnar e resmungou dolorido por ele ter se mexido. Segurou Kihyun da melhor forma que conseguiu, imobilizando-o com braços e pernas. Kihyun continuou agitado, mas parou de se mexer tanto, passando a cheirar seu pescoço enquanto soltava alguns grunhidos baixos.

— Não podemos deixar ele na escola desse jeito. — Hyungwon corou quando Minhyuk se aproximou e ajoelhou-se ao seu lado. Ele não parecia se importar com a própria nudez, mas percebeu um leve tom rosado nas bochechas dele.

— Vamos levar ele pra casa. — apertou o enlaço, forçando-o a ficar parado sobre si.

— Ele não vai sair na rua desse jeito! — seu tom ficou esganiçado, evidenciando seu incômodo.

— Por que não? — resmungou de dor. — Kihyunie, fica quietinho, por favor. — sussurrou o pedido no ouvido dele.

— Não é óbvio? Ele vai acabar pulando em qualquer ômega que aparecer pelo caminho! — Hyungwon achava fofo o jeito que Minhyuk franzia o nariz e as sobrancelhas quando ficava com ciúmes.

— Então, o que sugere que a gente faça? — quis saber. Minhyuk desviou o olhar e crispou os lábios. — O que foi? Teve uma ideia?

— Sim. — murmurou. Hyungwon lançou um olhar que sinalizava para prosseguir. — Nós, bem… Nós temos que…

— Temos que…? — levantou uma sobrancelha.

— Para tirar o Kihyunie daqui a gente precisa — umedeceu os lábios. — marcar ele.

Hyungwon ficou sem reação. Seu pulso vibrou agitadíssimo ao ouvir a frase. Marcar Kihyun? Não era de qualquer coisa que estava falando, era uma marca! Esse era um passo muito grande!

— M-Min… — limpou a garganta. — Não podemos fazer isso. Se fizermos, ele vai se ligar à só um de nós.

— Não exatamente. — entendeu o olhar confuso do castanho como um “Prossiga”. — Se a gente marcar ao mesmo tempo, ele vai ficar ligado a nós dois.

— Min…

— Eu sei, Hyunginie. — suspirou. — Eu também estou… Sei lá, não sei explicar isso. — corou forte. — Hyunginie, eu não sei você, mas não quero ver o nosso alfa pular em qualquer ômega do jeito que está agora. Eu não quero que ele transe com outra pessoa que não seja a gente. — o rosto de Hyungwon se tornou escarlate por sua escolha de palavras. — Eu quero que ele seja só nosso, eu quero fazer o que o meu lobo me manda fazer. — murmurou a última parte.

Vendo Minhyuk assim, de cabeça baixa, rosto vermelho, voz sussurrada e remexendo-se sem graça, Hyungwon sentiu uma parte de si se aquecer.

— Ok. — emaranhou os dedos longos nos fios rosados.

— O que disse? — Minhyuk ficou espantado.

— Eu disse ok. — aumentou o tom, mas virou o rosto.

— Hyunginie, você…

— Eu também não quero que o Kihyunie pule em outro ômega. — um bico involuntário se formou em seus lábios. — A gente precisa fazer isso enquanto está calmo e dar um jeito de ir embora daqui depois disso.

Minhyuk sorriu.

— Tira ele do seu pescoço. — aproximou-se por trás, ficando sobre os dois.

Hyungwon afastou Kihyun. O alfa soltou um grunhido no misto de dor e deleite quando Minhyuk segurou os fios rosados e puxou, deixando a cabeça inclinada para trás, expondo o pescoço. Hyungwon e Minhyuk trocaram olhares e assentiram simultaneamente com um menear de cabeça. O mais novo dos três apoiou-se pelos cotovelos ao passo que o mais velho se encurvava sobre o outro, suas presas se tornando mais evidentes à medida que aproximavam suas bocas do pescoço dele.

Kihyun rosnou quando os pares de presas perfuraram sua pele. A sensação semelhante a um orgasmo arrebatante perpassou seu corpo em dose dupla, fazendo ruídos de prazer escaparem de sua garganta. Minhyuk e Hyungwon sugaram juntos uma quantidade considerável de sangue, formando o vínculo. Kihyun estremeceu ao lamberem a marca, um ponto extremamente sensível, e se afastaram. Ambos observaram o rapaz ofegante, vendo que a marca de Hyungwon ficou próxima da clavícula e a de Minhyuk, pouco abaixo da orelha, ambas bem visíveis.

— O que a gente faz agora? — Hyungwon perguntou, analisando Kihyun. Ele parecia ainda estar naquele estado entorpecido, então aproveitou para afastar seus quadris, já que o nó se desfez.

— Eu não posso sair assim. Ele arrebentou meu uniforme. — as bochechas de Minhyuk ficaram vermelhas, como se somente houvesse se dado conta disso agora. Saiu de cima dos dois, resmungando de dor no processo.

— Eu tenho o número dos pais dele. — arrastou-se um pouco para trás e sentiu o corpo inteiro protestar ao se sentar. — Eu posso ligar pra eles e pedir pra eles virem ajudar a gente.

— Ah, claro. Daí eles veriam a situação que estamos e também veriam que marcamos o filhote deles. Já até imagino a reação do Siwon. — comentou, ocultando seu real medo de isso acontecer com o sarcasmo.

— Não seja assim, Min. — resmungou. — Então, quem vai ajudar a gente? — viu Minhyuk ficar calado por alguns segundos, pensando numa resposta para o que perguntou.

— Jooheon tem carro, né? — sorriu largo ao ver a concordância vinda de Hyungwon. — Espera rapidinho. — caminhou até o que um dia foi sua calça escolar e tirou do meio dos tecidos rasgados seu celular.

— O que está fazendo?

— Não é óbvio? Mandando o Jooheon vir ajudar a gente. — espiou o namorado e notou que Kihyun estava prestes a voltar à ativa novamente. — E… pronto.

O celular vibrou com a mensagem recebida, atraindo a atenção de Jooheon. Ele tirou os olhos da aula e enfiou a mão no bolso, tirando o celular de lá. A barra de notificações mostrou que Minhyuk era o remetente. Juntou as sobrancelhas, por que Minhyuk estaria (a) falar consigo numa hora dessas? Com a curiosidade falando mais alto, resolveu ver do que se tratava.

— O que foi, Honey? — Jooheon deslocou olhar para Hoseok quando ouviu o sussurrou dele.

— Minhyuk mandou mensagem. — respondeu no mesmo tom e olhou o conteúdo da mensagem. — Ai… puta merda. — não precisou ver para saber que o irmão ficou preocupado pelo estado que sua expressão deveria estar.

— O que aconteceu? — quase se debruçou na cadeira do mais novo para tomar o celular dele.

— O Kihyun entrou no cio no meio aula. — a expressão de Hoseok ficou semelhante a sua. — Ele saiu da sala, e o Minhyuk e o Hyungwon foram atrás dele. O resto… você já deve saber o que aconteceu.

— Onde eles estão agora? — dessa vez, debruçou-se para tentar olhar o que Minhyuk disse.

— Na ala abandonada da escola, e ele está pedindo pra eu ir ajudá-los com isso. — tratou de se levantar, tomando cuidado para não ser visto pelo professor.

— Eu sempre suspeitei que eles não reformavam aquela parte por causa disso. — franziu o nariz. — Eu vou com você.

— Não, você não vai. Não me olhe com essa cara, você sabe muito bem da sua situação atual. Kihyun está no cio, é muito perigoso você ficar perto dele agora, sabe disso. — viu Hoseok crispar os lábios, mas ele não contestou.

— Avisa o Kkukkung. Ele tem sono leve, então os tios sempre levam ele pra casa do irmão do Donghae quando o Ki entra no cio, e o Donghwa cuida dele por alguns dias. — cochichou, alternando o olhar do irmão ao professor.

— Ok. Dá um jeito de me dar cobertura enquanto eu estou fora. — o mais velho assentiu com um menear de cabeça. — Eu volto logo, neném.

Jooheon saiu dali o mais sorrateiro possível e seguiu correndo em direção aos armários. Minhyuk havia explicado o que tinha acontecido e pediu para que pegasse a roupa de ginástica dele antes de ir acudi-los. Enquanto digitava a senha no cadeado eletrônico do armário de Minhyuk, aproveitou para avisar o namorado.

 

[JH Lee]

Amor, seu irmão entrou no cio e os namorados dele foram atrás deles. Estou indo ajudar eles e levar eles pra sua casa, então não estranhe se não ver nenhum dos três quando acabar as aulas.

 

Jooheon voltou a fechar o armário após pegar o que o amigo pediu e juntou as sobrancelhas quando sentiu o celular vibrar no bolso da calça.

 

[Puppy]

O que? Como assim?

 

[JH Lee]

Minhyuk disse que o Kihyun saiu de repente no meio da aula e o Hyungwon e ele foram atrás dele ver o que ele tinha.

Não preciso explicar o resto, preciso?

 

[Puppy]

Onde eles estão agora? Eu vou ajudar também.

 

[JH Lee]

Não, não vai. Seu irmão está no cio e não é marcado, ele provavelmente pularia em você se aparecesse na frente dele.

Eu vou resolver isso.

 

Jooheon guardou o celular e ignorou as vibrações de novas mensagens enquanto tratava de apressar o passo para encontrá-los. Agradeceu aos deuses internamente por sempre deixar as chaves do carro no bolso, seria um transtorno ainda mais se tivesse que voltar na sala somente para pegá-las. Não faltava muito, mais alguns corredores e estaria no local indicado. Correu mais rápido, mas precisou frear subitamente quando uma pessoa, que surgiu do corredor transversal ao seu, apareceu no seu caminho.

— Puppy? — juntou as sobrancelhas, e Changkyun virou em direção a sua voz. — O que fazendo aqui? — estava confuso. A escola era enorme e havia vários lugares que eles poderiam estar, mas parecia que ele havia escolhido justamente o caminho para topar consigo. Será que… não, aquilo era só uma coincidência.

— Eu vim ajudar. — tufou as bochechas. — Por que essa roupa? O hyung rasgou o uniforme de um deles?

— Foi, mas não mude assunto. Eu disse pra você não vir. — o menor revirou os olhos quando disse isso.

— Eu vou ajudar eles, você querendo ou não. — cruzou os braços. — Mesmo eles sendo dois, é um cio de alfa, eles vão estar com dificuldade de andar.

— Exatamente, é um cio de alfa. Você pode até ser irmão dele, mas ainda é um ômega. — bufou.

— Você não manda em mim, Jooheon. Se acha que eu vou simplesmente deixar alguém me tocar sem a minha autorização e não fazer nada, está muito enganado. Não duvide do que eu sou capaz. — rangeu os dentes e deu-lhe as costas, seguindo os ruídos.

— Changkyun! — chamou, mas ele fingiu não lhe ouvir. — Merda. — seguiu atrás dele. — Changkyun, espera, não entre assim do nada!

Tarde demais.

Quando as palavras chegaram aos seus ouvidos, Changkyun já havia aberto a porta e se deparado com o que acontecia. Seu rosto explodiu em vermelho e, quando sentiu Jooheon se aproximar, o escondeu no pescoço dele, apertando a parte superior do uniforme alheio.

— Até que fim chegou! — Minhyuk ergueu a cabeça, lambeu os lábios lambuzados de saliva e algo mais.

— Trouxe as roupas que pediu. — desviou o olhar a tempo de ter visto o que Minhyuk fazia em Kihyun e Hyungwon abraçar o próprio corpo para tentar esconder a nudez.

— Ótimo. Eu já acalmei ele de novo, vamos sair daqui de uma vez. — pegou as roupas que lhe eram estendidas e começou a vesti-las, sinalizando para Hyungwon fazer o mesmo.

— Não esperem que eu leve o meu namorado no mesmo carro que ele. — circundou o menor com ambos os braços, apertando-o contra si. — Se ele chegar perto do-

— Não se preocupe. — foi Hyungwon quem falou. — Ele não vai fazer isso.

— O que? — fez uma careta confusa, e Changkyun tirou o rosto de pescoço pela primeira vez.

— O hyung… — arregalou os olhos. — Vocês…

— Depois a gente fala disso. — Minhyuk resmungou. — Precisamos sair enquanto ele ainda está quieto.

Hyungwon tratou de vestir Kihyun e, terminado isso, o guiou para fora da sala junto de Minhyuk. Eles seguiam o casal à sua frente, tomando cuidado para tomar as rédeas da situação quando Kihyun ameaçava avançar novamente. Era impossível para eles não notaram o modo como a lubrificação não parava de expelir, como se estivessem prontos o tempo inteiro para uma próxima rodada.

Jooheon destravou o carro e ocupou o banco do motorista. Changkyun ocupou o banco do passageiro ao seu lado, deixando o banco traseiro livre para os demais. Tratou de pisar no acelerador para não perder mais tempo e saiu da escola. Espiava Changkyun pelo canto dos olhos e o viu se remexer vez ou outra por contar dos barulhos vindo de trás. Ele mesmo tentava ignorar, mas era inevitável ver algo quando precisava olhar pelo retrovisor.

A volta para a casa dos Yoo foi mais longa que o esperado ou pareceu para Changkyun e Jooheon por estarem numa situação constrangedora. Jooheon estacionou o carro em frente à casa e logo tratou de sair.

— Puppy, está com as chaves aí? — perguntou ao namorado.

— Sim. Pega, eu vou ajudar o Minnie e o Wonnie. — Jooheon não contestou dessa vez, apenas pegou as chaves e foi abrir a porta.

— Kyun, eu preciso que faça um favor pra gente. — Hyungwon pediu, tentando ignorar a língua de Kihyun em seu pescoço enquanto, com ajuda do próprio Changkyun, tirava ele do carro.

— Pode falar, hyung. — deu seu lugar a Minhyuk e viu, no mesmo segundo, seu irmão atacar o pescoço dele.

— Precisamos vá comprar remédio. — as bochechas de Hyungwon coraram por estar pedindo isso a ele.

— Seu irmão não vai ter paciência para pensar em usar algum tipo de proteção, e a gente pode acabar engravidando desse jeito. — Minhyuk falou enquanto levando Kihyun corredor a dentro.

— Ok, eu vou lá comprar. — garantiu.

— Deixa que nós dois cuidamos disso.

Os três ômegas congelaram ao ouvir aquela voz. Eles simplesmente não conseguiram se mexer quando os passos vindos da entrada se aproximaram deles.

— Quem vai explicar o que está acontecendo? — os ômegas engoliram em seco.

— A-appas, o que fazem tão cedo em casa? — Changkyun falou com seu último resquício de coragem.

— Sabe, a coordenação da escola nos ligou duas vezes. — Siwon começou. — A primeira foi para informar que um professor avisou que nosso filhote mais velho havia entrado no cio no meio da aula.

— A segunda, outro professor avisou que nosso filhote caçula saiu sem motivo específico da sala. — Donghae, apesar de ter traços mais suave, detinha, no momento, uma expressão tão ou mais assustadora que a do marido. — Então, tivemos que nos desculpar pelo transtorno e ainda pegar os pertences que foram deixados para trás.

— A gente… a gente não podia… — Hyungwon não conseguia formular uma palavra com um Kihyun deixando chupões em seu pescoço.

— O que é isso? — Siwon olhou o pescoço do filho. Ele estava de costas para si, beijando e se deliciando agora com a pele branquinha de Minhyuk, que tentava não gemer na frente dos mais velhos.

Siwon deu um passo, mas estancou no lugar ouvindo o rosnado do filho sendo direcionado a si. O mais novo estava se sentindo ameaçado já estava no cio e reconhecia seus parceiros ali. Ele não se importava onde estavam ou se tinha alguém olhando, muito menos tinha consciência do que fazia, mas ele também sentia outros alfas ali. Tinham o mesmo sangue que o seu, eram mais velhos, mais fortes, então o lado primitivo daquele experimento que salvou a humanidade ficou expresso ali: Kihyun sentia seu território sendo invadido e não deixaria que tocassem seus ômegas.

— Siwon, sai de perto. — Donghae chamou o marido, que, mesmo a contragosto, se afastou e voltou para seu lado.

— Quando isso acabar, nós vamos conversar. — Siwon disse, sério. Queria muito brigar com todos ali, mas sabia que o filho estava completamente fora de si. Somente levantar a voz poderia gerar uma explosão de fúria em Kihyun.

— Desculpem. — Hyungwon pediu e puxou Kihyun para si, andando com dificuldades até o interior da casa. Minhyuk suspirou aliviado.

— Você também. — confuso, Minhyuk encarou Siwon. — O que foi? Não vai dar conta do serviço? Vocês dois o marcaram e agora vão ter que arcar com as consequências. Eu vou ligar pros seus pais, Minhyuk. Agora vai ajudar meu filhote antes que ele saia de lá e venha dar uma de macho alfa defendendo o que é dele. — o menor se encolheu pelo jeito que falou e saiu correndo corredor a dentro.

— Appa, não precisava dar esse showzinho. — Changkyun resmungou enquanto, do seu lado, Jooheon não se atrevia a abrir a boca, apenas observando.

— Ele tem razão. Eles são adolescentes e foram absurdamente inconsequentes, mas jogar as coisas na cara de Minhyuk foi errado. — Siwon revirou os olhos ao ouvir suas palavras, pôs as mãos na cintura e se virou para encarar a entrada da casa. — Não de às costas pra mim, seu idiota! — Donghae gritou e foi ignorado. — Olha o seu tamanho e idade, Siwon. Não fique se trocando por crianças, você não tem idade para isso. Eles erraram, eles já assumiram o erro, e vamos todos conversar no fim disso tudo. Agora, vamos entrar nessa casa, pegar nossas coisas e ir pra casa do meu irmão, porque eu me recuso a dormir ouvindo meu filhote fazendo aquelas coisas!

Donghae somente percebeu que gritava quando pessoas desconhecidas, que passavam por ali, pararam para observá-lo aos berros. Até Siwon lhe encarava com as sobrancelhas erguidas, já Changkyun e o namorado estavam pasmos, mas logo caíram na gargalhada.

— Se você ousar rir, eu juro que corto seu amigo fora. — entredentes, ameaçou o marido e seguiu para dentro da casa.

— Vá arrumar suas coisas, Kyunnie. Vamos dormir na casa do seu tio Donghwa. — Siwon disse.

O menor assentiu e puxou o namorado pela mão para irem ao seu quarto. Até estranhou o pai não dizer nada, mas sabia que ele estava evitando mais brigas com Donghae. Pelo menos, teria alguns minutos de sossego, apenas os dois em seu quarto.

 

(…)

 

Após a saída de Jooheon, Hoseok ficou um tanto fora do ar, pensando a todo momento se Kihyun e o resto dos amigos estavam bem. Já havia presenciado o amigo entrando no cio certa vez e pior: Kihyun era daqueles que não apresentava sintomas que indicavam a chegada desse período. Ele ficava bastante possessivo, territorial e um tanto agressivo, um típico alfa nesse período. Embora estivesse ciente disso, ficou assustado, muito assustado, já que Kihyun não possuía aquele comportamento no dia a dia. Caso Siwon e Donghae não estivessem por perto daquela vez, teria passado aquele período junto com o amigo, algo que seria muito estranho ao seu ver.

— Hoseok. — Hoseok se assustou com algo tocando em seu braço. — Está tudo bem? Você parecia distante. — o rapaz sorriu fraco.

— Só estou preocupado com algumas coisas. — Hoseok retribuiu o gesto da colega de classe.

— Entendo, mas as aulas já acabaram. Eu voltei porque vi que você nem se mexeu do lugar. O professor já saiu faz um tempo. — Hoseok arregalou os olhos e, pela primeira vez, olhou ao redor, notando que estavam apenas ele e o outro aluno.

— Ah, desculpe. — levantou-se rápido e arrumou suas coisas e as de Jooheon. — Obrigado por me chamar. — fez inúmeras reverências enquanto saía da sala, andando de costas. O colega de classe riu do jeito por conta do jeito que saiu dali e deixou a sala, também seguindo o caminho para casa.

— Aish, Hoseok. Ficar sozinho uma hora dessas e ainda ter de carregar material extra? Esses moleques vão me pagar. — desceu as escadas, falando sozinho e com um bico nos lábios. — Jooheon vai me comprar chocolate e vinho. Não quero nem saber. — resmungava.

Rapidamente, chegou ao saguão da escola, onde sentiu a temperatura mudar. Ali estava mais fresco, provavelmente choveria logo e precisava correr ou chegaria encharcado em sua casa. Ajeitou a alça de ambas as bolsas em somente um ombro e pegou o celular do bolso.

— Lee Jooheon, eu quero uma garrafa de vinho e muito chocolate na minha casa… Não… Não precisa, já disse… Vou andando… — falava distraído enquanto chegava ao grande portão do colégio. — Ah, Honey. Pode passar a noite comigo? Eu sei que não queria vocês lá, mas aquele lugar é muito silencioso… Que? Claro que não estou com medo… Aish… Cala a boca, idiota… Leve o Changkyun… Eu sei… Diz que daqui a pouco eu ligo pros tios para pedir permissão... Tá, até depois. — encerrou a ligação e guardou o celular no bolso.

Soltou um suspiro e dispôs as duas bolsas em cada ombro seu, sentindo o peso agora mais distribuído. Já estava do lado de fora dos portões quando olhou ocasionalmente para o lado, deparando-se com Hyunwoo tragando seu cigarro com toda calma do mundo.

Por que ele tinha que estar no meu caminho?, pensou enquanto suspirava. O ignorou com todas as forças ao passar por ele, mesmo sentindo o olhar dele queimar em suas costas.

— Então, Jooheon é quem dorme com você agora? — Hoseok já estava um tanto longe, mas parou no lugar e se virou para encarar Hyunwoo ao ouvir a pergunta debochada. Ele queria dizer para si mesmo que era por raiva, mas, no fundo, sabia que por desejar observar a face dele. — Ficou mudo também? — aquele meio segundo hipnótico se quebrou diante do tom grosseiro.

— O que a minha vida te interessa? — respondeu como sempre fazia, sem baixar a cabeça perante a ele.

Expelindo a fumaça característica, Hyunwoo tirou o cigarro dos lábios e o segurou entre o indicador e o médio. Sem dizer palavra alguma, caminhou até Hoseok, que, por terem quase a mesma altura, sequer intimidou-se, e ficaram cara a cara, próximo o suficiente para a distância entre seus corpos ser quase mínima. Levou o cigarro aos lábios alheios, ação essa que supreendentemente não foi recusada.

Nenhum dos dois sabia o que estava fazendo, apenas agiam como se isso lhes fosse algo corriqueiro. Quando retirou o cigarro da boca dele, Hoseok soltou a fumaça suavemente entre seus rostos. Hyunwoo observou, vidrado, o modo fantástico como a fumaça ascendia numa dança lenta e, através dela, aquele olhar mais tentador do que nunca, os olhos felinos perfeitamente desenhados pelos deuses.

O contato visual e os corpos tão próximos deixavam uma tensão quase sexual pairando no ar, ambos podiam sentir aquilo. Hoseok tentava gravar cada detalhe daquele rosto. Os olhos pequenos e intensos, os lábios carnudos um tanto ressecados, a expressão impassível: a anatomia facial dele lhe parecia perfeita. Curiosamente, Hyunwoo fazia o mesmo sem que o outro notasse, afinal, ele estava ocupado demais lhe admirando.

— Hyunwoo! — ambos se separaram bruscamente e encararam a pessoa que chamou o alfa. Hyunwoo revirou os olhos e Hoseok estalou a língua em descontentamento. — Eu não disse que iria te esperar em casa para sairmos? — os saltos da sra. Son produziu o ruído característico ao entrem em contato com a calçada. Hoseok deu um passo atrás, não queria contato com a mãe dele.

— E eu falei que não vou a lugar algum. — ignorando os dois, Hoseok observou o céu agora mais escuro, e logo o som de um trovão se fez presente.

— Eu não perguntei. Sua noiva vai estar lá, e você precisa estar apresentável. Ficar com cheiro de ômegas ruins não será do agrado dela. — a mulher fazia questão de falar aquilo em bom tom, sequer dando-se ao trabalho de encarar o rapaz atrás do filho.

Hoseok jamais admitiria em voz alta, mas seu lobo urrou triste em decorrência daquilo. Não com a ofensa da sra. Son, e sim por descobrir que ele estava noivo de uma moça. Pegou-se pensando no cio e em tudo que vinha passando, também lembrou do ômega do Japão. Não sabia quem era pior naquilo tudo: ele ou Hyunwoo.

Hyunwoo percebeu o desconforto Hoseok após o que sua mãe disse. Poderia dizer que não ligava, mas estaria mentindo descaradamente. O lado “positivo” daqueles dois era que ambos deixavam bem explícito suas vontades, se gostavam ou não de algo, e isso se aplicava a momentos atrás. Se ela não houvesse aparecido, quem sabe o que estariam fazendo agora.

Eu não tenho noiva nenhuma. Para de falar essas merdas por aí. — empregou a voz de comando em sua resposta.

Hoseok estremeceu e notou que a mãe dele estava no mesmo estado que o seu. Hyunwoo havia quebrado toda a pose autoritária da mulher somente usando a voz, e, embora houvesse gostado de vê-lo impor-se a ela, sentiu-se amedrontado. Hyunwoo fazia aquilo com a própria mãe? Não era possível. O medo apossou-se de seu corpo, o medo característico de quando via seu responsável. Sabia como Hyunwoo não gostava daquilo, mas foi inevitável se encolher mais pela situação. Deu passos para trás, tratando de se afastar.

Hyunwoo o encarou com olhar questionador até se dar contar do que havia feito. Iria se desculpar, mas sua mãe bateu em sua mão, fazendo o cigarro ir de encontro ao concreto, deixando-lhe irritado.

— Mas que porra! — soltou, e uma gota d’água tocou seu rosto. A chuva começou a despencar de uma vez.

— Me respeite, garoto. Vamos pra casa agora, preciso me trocar. — a mulher correu para dentro do carro, fugindo da chuva. Hyunwoo olhou Hoseok, que começava a ficar encharcado com as gotas grossas caindo impiedosamente sobre eles. — Hyunwoo. — chamou, e filho lhe obedeceu mesmo a contragosto, entrando no banco de traseiro, ao seu lado.

Talvez Jooheon tivesse razão sobre ele ser obediente aquela mulher. Embora quisesse mostrar o contrário, ele ainda tinha de obedecê-la.

O carro se movimentou, e, pelo vidro escuro, Hyunwoo viu Hoseok começar a correr. Céus, como quis se bater por novamente ter sido um completo babaca com ele! Havia perdido a chance de se acertarem. Não falava com Jooheon desde o dia em que discutiram e não negaria sobre ter medo de perder o único amigo. Entretanto, enquanto o carro seguia pelo asfalto, aquele ômega estava em sua mente, e também desejava voltar a ter contato com ele.

Se arrependimento matasse, Hyunwoo teria morrido há muito tempo.

 

Hoseok chegou em sua casa, arfando, cansado. Abriu a porta e jogou as duas bolsas no chão do hall de entrada da casa. Abriu os zíperes e retirou os materiais dali a fim de salvá-los da água que se espalhava por elas. Após isso, sentou-se ali mesmo e pensou no que havia acontecido. Não queria, de modo algum, acreditar em como Hyunwoo agia. Queria mesmo ficar ao lado de alguém como ele?

Deu um pulo ao ver a porta, a qual esqueceu completamente de trancar quando entrou, se abrir. Seu medo, porém, se esvaiu ao ver o irmão passar pela porta com Changkyun ao seu lado, ambos embaixo de um guarda-chuva.

— Por que a porta está aberta, hyung? — Changkyun pergunto ao notar o amigo ali no chão. — E por que está todo molhado? — perguntou, sério. O semblante dele, que sequer moveu-se do lugar, estava distante. — O que aconteceu? — ajoelhou-se para encará-lo. Em momentos como aquele, Changkyun até parecia ser o mais velho.

— Você sabe o quanto é perigoso, neném. Por favor, tome cuidado. — Jooheon desistiu de tentar fechar corretamente o guarda-chuva e o largou ali, trancando a porta. Só então prestou atenção nos dois ômegas. — Eu disse que iria te buscar. Você pode ficar doente. — aproximou deles, recebendo um olhar angustiado do irmão.

— Por que nunca me disse que Shownu tem uma noiva? — soltou sua pergunta, e o casal entreolhou-se, tentando compreender o que se passava.

— Primeiro: troque de roupa, você vai ficar doente. E obrigado por trazer meu material. — tentou levantá-lo do chão, mas seu irmão se desvencilhou do toque.

— Me responde agora! — exigiu, autoritário.

Jooheon suspirou. Não fazia a mínima ideia do que o mais velho estava falando e nem de onde ele havia tirado isso.

— Eu realmente não sei do que você está falando. — respondeu e uniu as sobrancelhas antes de perguntar: — Quando você falou com ele? — não se importou se soou grosseiro.

— Não importa! Quero que me diga há quanto tempo eu tenho sido como um puto pra ele! — falou, exasperado. Changkyun se surpreendeu, Hoseok estava se xingando, mas sua real raiva estava voltada para Hyunwoo e talvez até para Jooheon.

— Você não é nada disso. Por favor, vai tirar essa roupa, hyung. — seu tom era sério e preocupado ao mesmo tempo. Queria conversar, mas estava preocupado com o irmão e o filhote dele. — Você pode ficar doente e isso não é bom pr-

— Pra quem? Pra essa coisa que eu nem sei de quem é?! — Hoseok gritou, deixando-se levar pelas emoções que pareciam aumentar descomunalmente. — Eu quero saber, Jooheon! Por que não me contou?! Por que você ajudou aquele idiota?! — o choro começou a sair. O casal o olhava incrédulo, Hoseok nunca chorava na frente de ninguém, nunca deixava que vissem sua fraqueza, nem que cuidassem dele e, agora, ele parecia desmoronar diante deles. — Eu não queria, Kyunnie… — foi abraçado forte pelo Yoo ao soluçar. — Por que eu gosto dele? — Changkyun não sabia se Hoseok falava sozinho ou se dirigia-se a alguém. — Que droga! É tudo culpa dessa coisa dentro de mim. Eu não queria chorar, Kyunnie… — ele continuava seu falatório num tom de desculpas.

— Tudo bem, hyung. Pode chorar, eu estou aqui. — não soltou o mais velho, não se importava se sua roupa já estava toda molhada e que Jooheon parecia em choque. Revirou os olhos ao ver que namorado não sabia o que fazer.

— Eu não queria chorar… — Hoseok dizia entre os soluços. — Eu me sinto tão fraco… — Changkyun passava as mãos nas suas costas. — Por que eu fui tão idiota?

— Você não é idiota. — Changkyun disse. — Vamos. Vou te ajudar a tirar essa roupa.

Hoseok se levantou, e Changkyun foi atrás dele, subindo as escadas. O menor lhe ajudou a tirar a roupa e tomar um banho quente antes de se vestir com as primeiras roupas que viu no armário: uma calça de moletom preta e larga e uma camisa, que ao passar pela cabeça, lembrou-se da procedência. Changkyun lhe olhou sem entender, mas somente suspirou.

— Quando entrei no cio, ele rasgou minha roupa. Eu peguei a primeira coisa que vi e coloquei pra poder sair da casa do Jooheon. — explicou.

Changkyun nada disse, apenas lhe deixou sozinho ali. Hoseok aproveitou o momento e puxou a gola da camisa para perto do nariz, inspirando o cheiro do alfa que permanecia ali, mesmo após a roupa ter sido lavada. Saiu do quarto e foi atrás do seu bebê. Não queria ficar sozinho no momento e precisava se desculpar por ter gritado com o irmão sem ele ter culpa de nada. Encontrou os namorados na cozinha e se aproximou.

— Jooheon. — chamou, um tanto envergonhado.

— Hyung, preciso que ligue pros appas. — Changkyun pediu antes que o irmão pudesse responder seu chamado.

— Ah, sim. Vou ligar pra eles. — saiu da cozinha, indo fazer a ligação.

— Tem certeza que não sabia de nada? — Changkyun aproveitou a oportunidade para perguntar.

— Claro, e isso nem deve ser verdade, até porque o Shownu nunca aceita nada do que a mãe dele diz. Eu juro que não sabia, o Wonho hyung não pode ficar chateado comigo por algo que eu nem sabia. — Jooheon tentava se explicar.

— Só fale com ele. Eu vou tomar banho e trocar de roupa. — disse e saiu dali.

— Onde está Changkyun? — Hoseok perguntou, retornando à cozinha.

— Foi tomar banho. — disse e viu ele assentir antes de ir para a sala e se deitar no sofá. Jooheon sabia que ele queria conversar, mas estava com vergonha do que fez. — Podemos conversar agora? — perguntou, sentando-se junto a ele e colocando a cabeça dele em seu colo para logo acariciar os fios descoloridos.

Hoseok sentiu vontade de ronronar como um gatinho manhoso. Gostava de carinho, mas nunca tinha quem o fizesse e nunca pediria algo assim a alguém.

— Eu realmente não sabia de nada dessa história de noiva. — começou a explicação. — Ele nunca aceita nada do que a mãe diz. Mesmo que seja irônico ou não pareça verdade, Shownu me disse que se um dia marcasse alguém e se casasse, seria por amor. O pai dele lhe prometeu aquilo quando ainda era vivo, o sr. Son nunca comprometeria o filho e o condenaria a uma vida infeliz. — continuou, e Hoseok permanecia de olhos fechados, curtindo o carinho e prestando atenção. — Você nunca foi “puto”. — seu irmão suspirou. — Eu realmente me arrependo de ter deixado surgir sentimentos entre vocês.

— Você não tem culpa. Não é como se a gente mandasse nos sentimentos. — levantou-se do sofá. — Eu não sou como certas crianças que eu conheço que ficam escondendo os sentimentos por alguém. — jogou a indireta, e Jooheon riu. Aquelas mudanças de humor durante o período da gravidez deixariam o irmão louco, era a única explicação para ele ter chorado na frente deles. — Eu gosto dele e eu juro que vou tentar, mas não é tão simples esquecer alguém.

— Desculpe, neném, mas… — pigarreou nervoso com o que diria, precisava sanar sua dúvida.

— Mas? — permaneceu de pé, na frente dele.

— Você tomou alguma decisão? — disse, rápido, e Hoseok voltou a sentar.

— Não. — foi direto. — E não me pressione, por favor. Eu sei que quanto mais demoro, ainda é perigoso, mesmo com tudo que temos atualmente. Não necessariamente pelos profissionais, mas pelo meu corpo ter sido… bem… você sabe. — disse, envergonhado. Nunca esqueceria tudo o que passou, isso era um fato, fazia parte de sua estória, e estava marcado em si para sempre. — Eu quero pensar direito e, mesmo que não pareça, eu faço isso a todo instante. Eu sempre sonhei em ter uma família, Honey, você sabe mais do que ninguém sobre isso. Mas eu queria… Não, eu quero. — sorriu ao se corrigir. — Uma família baseada em amor, confiança e, acima de tudo, cumplicidade. Eu não vou culpar essa coisinha dentro de mim. — Jooheon riu, e suspirou antes de continuar: — Ela não pediu por nada disso, assim como eu e você, e o mundo todo. Mas vou sempre defender a vontade individual de cada ser humano, é uma escolha importante que uma pessoa não pode fazer por outra. Eu sei que a vida não é perfeita, mas eu queria fazer as coisas ao meu modo, e “isso” — se referiu à violência que sofreu. — não estava nos meus planos, não mesmo. Eu pensei que ia sair do orfanato junto com você, as coisas já começaram a dar errado aí. Mas quando eu cheguei nessa casa, tudo pareceu piorar e eu não tinha mais você para me ajudar como quando éramos menores.

— Você não precisar falar disso agora. — Jooheon segurou a mão do irmão, lhe passando segurança e confiança.

— Eu sei. Mas eu agi mal com você, desde o início de toda essa confusão. — explicou. — Só quero que saiba, Honey: independente da minha decisão, seja ela qual for, não vai ser por outra pessoa além de mim. Nem pelo Shownu, nem pelo meu responsável ou até mesmo por vocês. O que eu decidir será um problema meu, e vou lidar com ele da melhor forma possível.

— Nos deixe ajudar você. Você não está sozinho, não precisa aguentar tudo sozinho. — disse e sentiu o cheiro de Changkyun mais próximo antes das mãos dele estarem em seus ombros.

— Ele tem razão, hyung. Nos deixe cuidar de você, somos seus amigos. — o menor sorriu. Hoseok quis chorar de novo, aquilo era culpa dos hormônios. — Somos sua família também. Não precisamos de laços consanguíneos pra isso. — deu a volta no sofá e se sentou do outro lado de Hoseok, segurando a mão livre.

— Esqueça isso por enquanto. Mesmo que amanhã nós tenhamos aula, vamos levar à noite até onde der. — Jooheon disse, e os ômegas riram.

— Espero que tenha trazido o que eu pedi. — Hoseok se levantou e foi pra cozinha quase correndo. As lágrimas começaram a sair sem sua permissão e mesmo que houvesse tentado esconder, os amigos viram e sorriram. — Aish, não riam de mim. — limpou o rosto com a camisa, aproveitando para sentir o perfume daquele maldito alfa.

E a noite dos três amigos foi preenchida de risos e conversas bobas, até que o sono viesse, fazendo-os dormirem todos juntos na cama Hoseok, que, pela primeira vez, não se lembrou de pôr a tranca de madeira na porta de seu quarto. Naquela noite, sentia-se seguro de verdade.

 

(…)

 

Os poucos feixes de luz atravessavam as cortinas e iam de encontro ao rosto de Kihyun, que estava dormindo até se sentir incomodado pela claridade sobre suas pálpebras. O lençol cobria apenas sua intimidade, deixando o resto do corpo amostra a quem aparecesse ali para olhar. Ele respirou fundo, sentindo-se completamente saciado. Estava ciente de que havia passado seu cio, mas não lembrava de nada, muito menos como foi parar em sua casa. Sentiu a fragrância dos namorados no quarto, misturada a sua e odor do sexo, e isso o fez sentir-se melhor. Ao menos, não havia feito alguma loucura com um estranho qualquer.

Levantou-se e rumou ao banheiro. Não sabia que horas eram, mas parecia ser de manhã. Os namorados não haviam lhe esperado para escola? Abriu o registro e juntou as mãos abaixo da torneira, pegando água e lavando o rosto em seguida. Escovou os dentes sem prestar atenção em seu reflexo, seguiu para o chuveiro e deixou a água lavar seu corpo. Ao acabar seu banho, retornou ao quarto e procurou por roupas confortáveis. Iria esperar o retorno dos amigos e namorados já que não tinha opção de qualquer forma.

Vestiu sua cueca e uma calça de moletom, mas parou a ação por um momento ao sentir a fragrância de Hoseok na casa. O amigo teria dormido ali? Mesmo sabendo        que estava no cio? Pegou uma camisa e notou ser de um tamanho maior do que costumava usar. Sorriu ao perceber que era de Hyungwon e como o cheiro dele se desprendia dela. Deu de ombros e permaneceu com ela, sem se importar com as clavículas amostra.

Foi para frente do espelho tentar arrumar o cabelo que mais parecia um ninho e seu sorriso morreu ao vislumbrar a marca recente em próxima uma das clavículas. Olhou mais atentamente e viu outra marca do lado posto, essa mais abaixo da orelha, não deixando de ser bem visível. Engoliu em seco e tocou ambos os locais e estremeceu, sentindo uma leve ardência, não estavam inflamadas, mas eram uma área sensível.

Na cabeça de Kihyun apenas um pensamento predominava:

Meus pais vão me matar!

Saiu um tanto desesperado do quarto, desceu as escadas aos tropeços e por pouco, não caiu. Entrou na sala, e seu o corpo gelou ao ver Hoseok conversando com os namorados, que pareciam muito nervosos ao lhe ver consciente. Na verdade, foi como se estivesse sentindo o nervosismo deles na própria pele. Sentiu-se sufocado, tinha que sair dali, estava nervoso e preocupado e, acima de tudo, não sabia como lidar com um turbilhão de sentimentos que tomavam conta de si. Saiu praticamente correndo dali, calçando o que viu pela frente e fugindo como diabo foge da cruz.

— É possível desfazer isso? — Hyungwon perguntou a Hoseok, que voltava à sala após fechar a porta. A voz saiu triste, e Minhyuk quis bater em Kihyun. Não precisava ter corrido como louco.

— Não que eu saiba. Nunca ouvi falar de alguém que conseguiu desfazer a marca. Até porque, a não ser em casos de violência ou de contrato entre famílias, alfas e ômegas não marcam alguém sem que haja amor. — explicou e se sentou na poltrona da sala dos Yoo, observando Minhyuk sentar-se ao lado de Hyungwon e segurar a mão dele, sorrindo cúmplice.

— Nós não podemos desfazer isso, e eu juro que vou bater no Kihyun assim que ele voltar. — Minhyuk garantiu.

— A culpa não é dele. — Hyungwon disse, ainda triste. — Nós fomos inconsequentes em fazer isso sem o consentimento dele, a culpa é nossa. O pai dele tem razão, olha a nossa idade. Eu não quero que tudo caia sobre os ombros dele só porque ele é alfa. A culpa foi nossa. — dizia aquilo enquanto olhava sua mão sendo acariciada pelo polegar de Minhyuk.

— Parem de se martirizar. — Hoseok disse alto, chamando atenção dos dois. — A cagada já foi feita. Agora, vocês vão ter que lidar com isso, e “isso” — fez aspas com as mãos. — inclui lidar com o alfa em fase de aceitação. Céus, às vezes, ele parece até um ômega por causa de todo esse exagero. — levou a mão à testa, e os amigos à sua frente riu do drama que fazia. De fato, Hoseok parecia um omma tentando lidar com o filhote problemático.

Eles ficaram ali durante um bom tempo à espera de Kihyun. Já eram quase oito da noite, e ele ainda não havia retornado após o pequeno ataque.

— Não é melhor a gente ir procurar ele? — a preocupação de Hyungwon era palpável.

— Não, ele sabe voltar sozinho, Hyungie. Deixe ele pensar. — Hoseok disse, firme.

— Mas já faz tempo que ele saiu. Ele parecia tão desnorteado. — Minhyuk insistiu.

Hoseok sabia que ambos estavam preocupados, eles tinham marcado o amigo durante um cio, sendo que não fazia muito tempo que haviam começado a namorado, ou seja, estavam se ressentindo por terem adiantado um passo tão grande como aquele. Contudo, eles estavam se esquecendo o quanto Kihyun era louco por eles e que se não foram impedidos, era sinal que ele já queria isso inconscientemente.

— Relaxem, ok? Ki sempre foi meio exagerado com algumas coisas. Logo, logo ele volta, e vão ver que está tudo bem. — Hoseok ofereceu um sorriso a eles.

— Tem certeza? — Hyungwon suspirou, Minhyuk só fez suspirar.

— O que houve? — os mais novos olharam quando Siwon entrou na sala. — Onde está Kihyun?

— Deu pití e saiu correndo de casa. — Hoseok reviu os olhos, mas deixou aquela pose debochada quando os pais do amigo se aproximaram de si.

— Você está bem? — Donghae disse e Siwon ergueu as sobrancelhas numa pergunta muda. Eles pareciam querer lhe deixar envergonhado sempre que podiam ou talvez fosse culpa dos hormônios. Malditos hormônios, resmungou em pensamentos.

— Estou bem. — baixou a cabeça e ouviu a risada do casal de alfas em decorrência da sua atitude tímida.

— Precisamos que vá à delegacia amanhã. — Hoseok, confuso, encarou Siwon.

— É pra você assinar o depoimento. Esquecemos disso quando você falou com a gente. Já está quase tudo resolvido, só precisamos que ele apareça para prendê-lo. — Donghae explicou.

Hoseok se arrepiou só com a possibilidade de ter que rever o mais velho.

— Tudo bem. Ah… eu preciso da ajuda de vocês. — disse. — Eu preciso de um representante legal no colégio porque sou menor ainda. — o casal concordou, mas logo emendou: — Eu entendo se não puderem.

— Tudo bem, Hoseok, suas notas são altíssimas e está quase no seu último ano. Você não vai ter problemas por causa daquele homem. — Donghae falou.

— Nós vamos ser seus responsáveis legais. — e Siwon concluiu.

Minhyuk e Hyungwon observavam o desenrolar da conversa, sorrindo. Os Yoo eram definitivamente a melhor família que já conheceram. O cuidado que tinham com o ômega era indescritível, mesmo não sendo da mesma família, eles o tratavam como seu filhote.

Eles saíram da sala e foram para a cozinha ainda conversando. Minhyuk e Hyungwon permaneciam um tanto calados, preocupados com o namorado.

— Olha, parem de pensar negativo. Meu filhote não é tão ruim assim. — Siwon reclamou em clara birra. Os ômegas sorriram, ambos pensavam que mais velho os trataria mal pelo que fizeram, mas ele estava lidando até bem com a situação, sem contar que não estava sendo ciumento no momento.

O silêncio tomou conta do cômodo quando Kihyun adentrou de repente. Ele estava com os cabelos arrepiados e o rosto cansado, o cheiro característico do cio ainda exalava dele. Siwon observou os namorados do filho darem as mãos, como se buscassem apoio um no outro. Ele viu naquele momento que talvez, mesmo nas circunstâncias em que tudo aconteceu, seu filhote realmente houvesse encontrado as pessoas certas.

— Onde estava? — Donghae falou, sério, em tom de bronca.

Kihyun se sentou à mesa, ignorando os namorados, que se sentiram mal com aquilo, baixando a cabeça e apertando o laço entre as mãos. Siwon não gostou daquilo, não tinha educado seu filhote daquela maneira, mas antes mesmo de falar algo, Kihyun se manifestou.

— Eu só não sei como agir com tudo isso. — murmurou calmo, como se estivesse anestesiado. — Eu amo vocês. Não me achem um idiota por tentar fugir, mas eu nem lembro como aconteceu, é coisa demais para assimilar. — levantou-se e encarou todos ali, mas quando direcionou o olhar para as mãos dadas dos namorados, sorriu. — Vocês estão com mais medo do que eu, e estou sentindo isso.

— Não ri deles, seu babaca! — Hoseok deu um soco no braço do amigo e depois puxou sua orelha, levando-o até os dois, que riram da situação. O clima tenso havia se dissipado, até mesmo os pais de Kihyun riam da cena. — Peça desculpas. Agora. — falou, autoritário.

— Mas, hyung. — Kihyun parecia uma criança fazendo birra.

— Não contrariaria o Seok hyung se fosse você. Ele me beliscou hoje na escola, só porque eu não queria ver a última aula. — Changkyun disse ao entrar na cozinha para pegar água.

Hoseok revirou os olhos e focou nos três a sua frente.

— Olha, eu vou pra minha casa, mas se eu souber que você deu outro pití e saiu correndo de casa, eu vou te buscar a peso de porrada. — todos riram do que disse.

— Não vai ser necessário, Seok. — coçou a nuca. — Podemos conversar a sós?

— Vamos pro seu quarto. — Minhyuk pôs-se de pé, puxando Hyungwon pela mão.

— Não precisa me puxar, Min. Eu já estou indo. — seus namorados riram.

Kihyun subiu com Minhyuk e Hyungwon ao seu encalço. Não trocaram palavras durante caminho para o quarto, mas o nervosismo estourava no interior dos três, mais em Kihyun por motivos óbvios. Entrou no quarto, percebendo a mistura de cheiros ainda estava ali, denunciando o que haviam feito.

— Hyunginie, não precisa ficar com vergonha. — Kihyun riu soprado, atraindo atenção para si.

— Como sabe que estou com vergonha? — Hyungwon estreitou as sobrancelhas, confuso. — Você viu quando fiquei vermelho.

— Eu… — sequer sabia como explicar e falar “Eu só sei” não parecia ser uma boa resposta. Suspirou, passando a mão no cabelo. — Sentem. — sentou no colchão e deu duas tapinhas ao seu lado. — Seus pais não vão reclamar, Min? Já está tarde.

— Eles sabem onde estou, não se preocupe. — Minhyuk deu de ombros. — Eles também se contentaram que vou ter ficar aqui até domingo.

— Domingo? — pegou o celular para checar o dia e as horas.

— É. — coçou a nuca. — Seus pais não me deixaram ir embora. Eles falaram que não era aconselhável ficar longe por muitas horas durantes esses primeiros dias por causa… bem… da marca.

— A ligação precisa ficar forte — Hyungwon começou. — pra gente não ter problemas com isso no futuro.

— Entendo. — limpou a garganta. — Escutem… Desculpe por ter saído correndo mais cedo. Eu não queria ter reagido assim, mas sabe quando a gente acabando fazendo sem querer? — Minhyuk e Hyungwon pareciam segurar a risada pelo jeito nervoso que falava. — Desculpe por isso. Eu queria que me marcassem, só não esperava que fossem querer isso. — confessou. — Eu machuquei vocês?

— Meu quadril ainda dói. — Minhyuk foi direto, arrancando uma risada sua.

— Desculpe. Prometo tentar me segurar da próxima vez. — brincou. — Mas, sério, eu machuquei vocês?

— Alguns arranhões, mordidas, chupões, apertões, só coisa básica. — Minhyuk deu de ombros. — Seus pais e o Kyun nos ajudaram com isso, mas nós também judiamos um pouco você. — sorriu sugestivo.

— Min… — Hyungwon resmungou.

— O que? Eu falei alguma mentira? — Minhyuk retorquiu.

Kihyun riu. É, as coisas estavam bem.

— Eu amo vocês dois. — sua frase pegou eles totalmente de surpresa, mesmo sendo a segunda vez dizendo isso. — Não precisam me responder, eu só… queria que soubessem.

— Isso é injusto, Kihyunie. — Minhyuk inflou as bochechas.

— Como… é isso? — Hyungwon relou a ponta dos dedos na marca que fez, vendo-o estremecer por inteiro. — Desculpa. Ainda dói?

— Não, é só que… foi diferente, tipo, eu tocar e você tocar. — explicou. — Agora, entendo o que meus pais diziam sobre a marca ser um ponto muito sensível quando o parceiro toca. — tocou as duas marcas simultaneamente, notando a diferença. — Vocês… não sentem nada diferente?

— Diferente como? — foi Minhyuk quem perguntou.

— Tipo, eu meio que sinto vocês. Eu sei que não faz sentido, mas é isso. Quando entramos, eu senti que o Hyunginie ficou envergonhado por causa do cheiro no quarto. — Hyungwon corou forte, e aquela sensação se apossou de si novamente. — Aconteceu de novo! É sério que vocês não sentem? — resmungou.

— A ligação é feita em duas e como fomos só nós que te marcamos, ela está pela metade. — Hyungwon começou a analisar. — Nós te marcados, então você está ligado a gente, mas nós não estamos ligados a você, porque você não nos marcou. Desse jeito, só você sabe o que estamos sentido no momento. — Kihyun e Minhyuk lhe olharam, com as sobrancelhas arqueadas. — O que?

— Nada. Fez mais sentido que explicação envolvendo telepatia que os meus pais me deram quando era criança. — Minhyuk riu baixo. — A gente tem muita coisa para conversar? Eu estou cansado, quero dormir. Você quase não deixou a gente dormir nos últimos dias, Kihyunie.

— Desculpe. — Kihyun coçou a bochecha com o indicador. — A gente conversa melhor amanhã.

Os três se ajeitaram na cama, prontos para dormir. Bem, Kihyun estava sem sono, mas não se importaria em passar um tempo a mais velando o sono deles.

— Boa noite, Kihyunie. — Minhyuk e Hyungwon disseram juntos, ambos deitados em seu peito.

— Boa noite, amor. — referia-se aos dois. Estremeceu e reprimiu um ofego quando eles beijaram suas respectivas marcas. — Amo vocês.

Os ômegas esconderam o rosto por vergonha. Eles poderiam não saber responder ainda, mas sabia que era apenas uma questão de tempo. Ah, se aquelas duas marcas soubessem falar…

 

Após ver o casal subir as escadas juntos, Hoseok se despediu de todos e saiu para a noite fria, rumo à sua casa. Decidiu pegar um táxi, pois era seria um longo caminho e já era tarde. Ao chegar, trancou a porta atrás de si com todo cuidado e foi verificar a casa toda. Dessa vez, estava sozinho e ainda tinha medo de receber uma visita indesejada no meio da noite.

Lembrou-se de algo importante e começou a ficar nervoso. Levou a mão a boca, roendo as unhas e tentando formular algo em sua mente. Pegou o celular do bolso da calça e discou o número.

O ruído da ligação sendo estabelecida chegou seus ouvidos.

— Oi. — passou a mão nos cabelos enquanto andava de um lado para o outro em seu quarto. — É o Hoseok. — disse, nervoso, roendo a unha do polegar. — Eu sei que é tarde, mas você pode vir aqui?


Notas Finais


Beijos, voltamos logo.


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