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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter Twenty Six


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


SHINE FOREVER
MELHOR HINO QUE VC RESPEITA!

boa leitura!

Capítulo 30 - Chapter Twenty Six


Conforme os minutos passavam, mais Hoseok andava em círculos pela sala. Seu nervosismo era tão nítido que até mesmo uma pessoa a quilômetros de si notaria. Será que havia sido correto ter chamado ele tão tarde? Já estava começando a se arrepender, mas não podia voltar atrás, não agora.

Sua cabeça estava tão abarrotada de pensamentos que acabou se assustando com o barulho da própria campainha. Correu até a entrada da casa e respirou fundo, no mínimo, três vezes antes de enfim abrir a porta. Quando isso aconteceu, soube que sua parca preparação havia ido para os ares.

— Desculpe te pedir para vir aqui tão tarde. — deu espaço e encarou os próprios pés, não aguentando meio segundo de contato visual. Céus, o que estava acontecendo consigo? Não era do seu feitio agir assim!

— Já era o fim do meu plantão, não se preocupe. — Minho adentrou a casa e tratou de retirar os sapatos ao passo que ouvia a porta ser fechada atrás de si. — Achei que morasse naquele outro bairro.

— Ah, não. Eu tinha ido dormir na casa de um amigo naquele dia. — brincou com os dedos.

— Você mora aqui sozinho? — perguntou enquanto seguia ele até a sala.

— Hm… sim. — tentou disfarçar ao máximo seu desconforto diante da pergunta.

— Desculpe, devo estar parecendo intrometido demais. — sorriu fraco.

— Não, tudo bem. — devolveu o sorriso, sentando-se no sofá. As coisas haviam começado estranhas demais, não queria aquele clima constrangedor entre eles. — Pode sentar em qualquer lugar.

— Ok. — Hoseok quase teve um troço quando decidiu sentar perto dele. Claro, respeitava o espaço pessoal do outro, então havia um espaço considerável entre eles, embora não estivessem tão longe um do outro.

— Eu, é, bem… — umedeceu os lábios. — Eu peguei seu número com o meu amigo… — começou, sem saber realmente como continuar.

— Para ter me ligado, creio que já tomou sua decisão. — preferiu ir direto ao ponto, aproveitando a deixa. Em seguida, sorriu. — Fico feliz que tenha pensado bem e feito essa escolha. — Hoseok ficou curioso e envergonhado. Minho lhe causava esse efeito de sempre despertar essas sensações em específico.

— Por que diz isso? — soltou sem demora. Minho o encarou sem deixar de sorrir.

— Vamos enumerar, ok? — Hoseok acabou sorrindo pelo seu jeito. — Primeiro: já disse que sou médico, e, pela minha especialidade, obstetrícia, é lógico que eu queria que você tivesse essa criança. — explicou, e o mais novo ficou com o semblante pensativo. — Segundo: como também já disse, eu me preocupo com você. Sinceramente, Hoseok, não sei por que você sofre tanto, mas espero um dia ter conhecimento sobre isso. Quero ganhar sua confiança.

Hoseok ficou um tanto chocado com tal declaração. Quem quer que ficasse com aquele rapaz atencioso e dedicado seria alguém muito realizado, muito amado.

— Terceiro, e acho que o mais importante: havia a possibilidade de você ficar infértil após se submeter ao aborto. — viu Hoseok estremecer ao ouvir a seriedade na sua voz. Estava falando como médico no momento. — Parece improvável devido a quantidade de clínicas especializadas nisso pela cidade, mas há, sim, essa possibilidade, mesmo que pequena. Claro, as chances seriam muito maiores apenas se resolvesse fazer isso sozinho. Na maioria dos abortos espontâneos, o ômega tem chance de engravidar novamente, mas no caso de um aborto, como o que você faria ou um aplicado por métodos inapropriados, provavelmente aconteceria um dano muito profundo no seu organismo. Seria uma agressão pesada realizada em seu útero, podendo deixar o funcionamento dele comprometido parcial ou totalmente. Além disso, até mesmo seus cios ficariam desregulados ou não aconteceriam mais. No segundo caso, você viveria como um beta, apenas com sua fragrância natural para denunciar que, um dia, você foi um ômega, como eles dizem, “completo”.

Hoseok ficou boquiaberto. Jamais tinha ouvido tal informação arrebatadora. Era sério que isso realmente poderia acontecer? Um arrepio percorreu sua espinha só de imaginar. Não soube se estava sendo influenciado pelos hormônios, mas sentiu, pela primeira vez, medo da sua ideia, embora estivesse tão convicto de seguir adiante com ela há alguns dias. E sua cara não deveria estar lá tão boa para Minho ter se remexido para arrumar a postura, como se houvesse acabado de sair do papel de médico.

— Mas está tudo bem agora. — Minho garantiu, apressado. — Céus, cadê meu profissionalismo? — resmungou em bom tom consigo mesmo. — Me perdoe se pareci frio demais falando isso ou… Ai, meus Deuses.

A risada baixa de Hoseok veio como resposta. Aquele jeito um tanto engraçado dele o fez esquecer-se das palavras antes ditas.

— Tudo bem, se acalme. — remexeu-se no estofado quando foi encarado, não que se sentisse desconfortável por ser alvo da atenção alheia, era apenas nervosismo misturado com ansiedade. — Bem… e agora? O que eu faço? É só esperar e pronto? — disparou as perguntas. Era completamente novo naquilo, estava com muitas dúvidas e ainda não acreditava que estaria de fato com aquela coisinha nos braços em breve.

— Bom, vamos começar com o pré-natal, alguns exames, ultrassonografia, vitaminas e, bem... — parou a fala, engolindo em seco. Precisava ser cauteloso, afinal desconhecia como tudo aquilo havia acontecido a ele.

Hoseok, ao perceber certa hesitação por parte de Minho, crispou os lábios, contrariado. Odiava quando o enrolavam daquela maneira, sentia como se estivesse sido privado de saber algo crucial.

— Seja direto. — gesticulou para que o outro prosseguisse logo.

— Bem, você pode fazer o exame de DNA para descobrir quem é o outro pai. — ouviu um suspirar pesado. Ao que aparentava, isso era um assunto privado e muito delicado. Observou atentamente a figura jovem ao seu lado enquanto esperava algum pronunciamento. O cabelo comprido praticamente cobria os olhos dele e as pontas, antes azuis, da franja longa estavam ficando verde pela ação do tempo sem tonalização.

— Eu já estou praticamente na terceira semana, não é agora que o cheiro vai começar a ficar mais nítido? — obteve um manear de cabeça como resposta positiva. — Então, vou esperar isso acontecer. Eu vou ter que lidar com isso de um jeito ou de outro. Só não sei bem como vou me sentir quando o cheiro aparecer, não sei quem seria pior nisso tudo. — murmurou a última parte e baixou a cabeça, suspirando.

— Existem remédios que podem ajudar a esconder o cheiro. — ressaltou. — Além do fato de que, se você dormir com alguém, ficará com o cheiro dela. — mostrou uma solução alternativa para a questão.

— Bem, meu amigo, aquele que você atendeu no Japão, tomava esses remédios. Eles não fazem mal? — sua preocupação era nítida. Flashes do incidente da praia surgiram em sua mente, e acabou estremecendo.

— Nem todos. O que o seu amigo tomava tinha, inclusive, a venda proibida por contar substâncias nocivas ao organismo dos ômegas. No seu caso, com o meu acompanhamento, obviamente, você não correrá nenhum tipo de riscos, e logo vamos ter essa criança completamente saudável entre nós. — Hoseok foi contagiado por seu sorriso. É, parece que ele estava começando a se animar com a ideia.

— Entendo. — murmurou, sem saber o que dizer.

— Você realmente não quer fazer o teste de DNA? — perguntou novamente.

— Não. — falou simples, curto, convicto. — Eu vou esperar esse cheiro vir, quero descobrir por mim mesmo. — sorriu.

A conversa seguiu-se com Minho lhe receitando diversas vitaminas, cortando vários alimentos que o fariam mal, marcando seu retorno e o mandando fazer mais exames. Além disso, aproveitou para tirar suas dúvidas. Agora, mais do que nunca, Hoseok parecia abraçar a situação em que se encontrava.

— Parece que temos tudo resolvido por enquanto. — Minho levantou-se, seus movimentos sendo acompanhados pelo olhar de Hoseok. — Acho melhor eu ir.

— Ah… — lutou para conter o bico involuntário que teimava em se formar tão rápido. Minho era uma companhia agradável, uma pena que o tempo passou rápido demais. — Eu te levo até a porta.

— Hoseok? — ergueu-se após calçar os sapatos.

— Sim? — sentiu-se travar quando ele segurou uma de suas mãos. O olhar dele era tão intenso que, mesmo envergonhado, não conseguia desviar a atenção da magnitude daqueles olhos castanhos.

— Se precisar de alguma coisa, sabe que pode contar comigo. Não hesite em ligar. — levou a mão dele até sua boca e plantou um beijou demorado nas costas dela. — Espero te ver logo.

Hoseok, atônito, ficou a observar Minho sair de sua casa e caminhar até a esquina onde pegou um táxi. Em movimentos robóticos, fechou a porta e escorou-se nela. Céus, como ele podia ser tão galante? Aliás, por que estava pensando numa coisa dessas? Encarou a mão beijada, ainda sentido o calor dos lábios dele em sua pele. Foi quando pressionou as bochechas, sentindo-as ferver contra suas palmas, decidiu que já estava bom daquilo tudo e foi dormir.

 

(…)

 

Um suspiro entediado escapou da boca de Changkyun. Seu sábado estava verdadeiramente monótono sem a presença de Hoseok e de Jooheon, fora que não era obrigado a ficar vendo a cara de idiota apaixonado do irmão. Claro, gostava dos “cunhados”, mas até ele tinha um limite para Kihyun sendo babão. Não sabia dizer se era pela marca ou somente pelo fato de ter acordado com ambos os namorados atracados a ele, mas já estava ficando um pouco insuportável.

Seu humor um tanto irritadiço não passou despercebido pelo irmão, e acabou gritando com ele em decorrência disso e enfurnou-se no quarto. Estava chateado, sentia como se tivesse sido posto de lado e isso era inadmissível. Não quis papo com ninguém a partir daí, embora Kihyun tenha ignorado todos os seus pedidos para sair dali após algumas horas enclausurado no cômodo. Ele havia vindo conversar consigo tal qual havia feito quando levou Hoseok para dormir na casa deles pela primeira vez, com o diferencial de não ter como foi no passado.

Os primeiros cinco minutos, somente Kihyun falou, e quando viu que ele não iria parar, mandou ele calar a boca. O mais velho só fez sorrir fraco e puxá-lo para sentar nas pernas dele antes de ser esmagado por um abraço de urso. Colo era uma coisa que jamais negaria, principalmente se fosse do irmão. No fundo, era isso que precisava: o total carinho e atenção dele.

Não resmungou quando ele o levou de volta a sala onde estavam Hyungwon e Minhyuk. Esses trataram de tentar animá-lo mesmo que houvesse os ignorado a maior parte do tempo e ficado sempre agarrado a Kihyun. Em algum momento, sua irritação passou, talvez pela forma que Minhyuk tentava desemburrá-lo, talvez pelo jeito calmo de Hyungwon ao falar consigo, talvez por Kihyun não cessar o cafuné nem por um segundo. Então, acabou saindo da defensiva e voltou a ser o doce e inocente Changkyun ao qual todos estavam acostumados.

A lua azul já estava relativamente alta no céu quando o barulho da porta soou, indicando a chegada dos senhores Yoo na casa. Os quatro olharam em direção ao corredor a tempo de ver Donghae subir as escadas, pisando duro e Siwon aparecer ali segundos depois, suspirando alto.

— O senhor irritou o Hae appa de novo? — Kihyun perguntou.

— Aish, appa, vocês já estavam se dando bem de novo. — Changkyun resmungou, chateado.

— Eu sei, eu sei. Não precisam ficar me lembrando disso. — Siwon se deixou cair na poltrona.

— Senhor Yoo, o que, bem, o que foi dessa vez? — Hyungwon ousou perguntar.

— Dessa vez, foi mais o estresse com o novo caso. — massageou as têmporas. — Mas sinto que ele aproveitou isso para jogar na minha cara o quão infantil eu tenho sido nos últimos dias.

— No lugar dele, eu teria feito a mesma coisa. — Minhyuk deu de ombros. — O que? É verdade. Mas sério, tio, o senhor deveria ser menos cabeça dura e escutar ele, quem sabe fazer um agrado… — sua voz soou sugestiva. Hyungwon puxou sua camisa, no sinal para que parasse de falar. — Eu não estou falando nada demais, Hyunginie. — choramingou.

— Eu vou pensar em algum jeito de amansar a fera. — bateu nos próprios joelhos e pôs-se de pé. — Andem, levantem e vão trocar de roupa.

— Por que, appa? — Changkyun perguntou num misto de preguiça e curiosidade.

— Vamos sair. Já está mais do que na hora de irmos fazer uma visita aos seus tios Zhoumi e Henry, não acham? — sorriu largo, já se encaminhando para as escadas. — Vamos sair daqui a meia hora. Não demorem.

Tendo dito isso, os demais foram se arrumar. Changkyun foi ao seu quarto e tomou um longo banho, deixando-se enrolar embaixo do chuveiro por alguns minutos. Embora a maioria das vezes que fosse ver Zhoumi e Henry significasse ir a uma consulta, não podia negar seu apego com os tios, independente se compartilhavam laços sanguíneos ou não. Henry era totalmente o oposto de Zhoumi, percebia o quanto implicavam um com o outro, mas era o jeito deles, um verdadeiro exemplo de casal cão e gato.

O espelho da pia estava embaçado quando saiu do box, e passou a mão no vidro para limpá-lo. Enxugou-se às pressas, vestiu-se e tratou de aninhar os fios desordenados após ter usado o secador. Por fim, estando pronto, analisou seu reflexo no espelho, dando por falta de algo.

Seu olhar encaminhou-se para a cômoda ao lado da cama, onde a gargantilha choker que havia ganhado de Jooheon estava. Então, pegou-se pensando nele, o que ocasionou num bico emburrado formado em seus lábios. Naquele fim de semana, Jooheon havia viajado com os pais para outro estado ou país, não sabia ao certo, e estava ocupado para responder suas mensagens. Achava injusto seu namorado estar longe enquanto via o irmão com a maior cara de idiota apaixonado por ter ambos os namorados junto a ele. Changkyun também queria essa atenção e carinho, seja do irmão, seja de Hoseok, até mesmo dos próprios pais, apesar de continuarem de birra um com outro, mas quando se travava de Jooheon, era como se ficasse duas vezes mais dengoso e manhoso, carente do total cuidado dele. E agora que ele estava fora, tinha de esperar até algum momento da noite para ver se recebia alguma ligação dele.

O barulho de seu celular tocando abafou o suspiro que soltou. Correu para procurá-lo, na esperança de ser Jooheon. Ontem, ele havia ligado um tanto tarde, avisando que havia acabado de chegar a um lugar que não se deu trabalho de lembrar o nome, será que hoje ficou desocupado mais cedo? Em expectativa, pegou o aparelho e resmungou baixinho por ver que não era ele. Ainda assim, não era como se não fosse agradável receber uma ligação de Hoseok.

— Você não veio aqui hoje. — resmungou logo ao atender.

— Poderia, pelo menos, dizer “oi” antes de reclamar comigo, Kkukkung. — Changkyun sorriu por ouvir a risada baixa dele.

— Você disse que vinha. Eu fiquei te esperando. — tornou a reclamar. — Eu tive que ficar aturando meu irmão todo babão por causa do Minnie e do Wonnie estarem aqui.

— Você é pior que o Ki quando você está com o meu irmão. — Changkyun fez um muxoxo pelas palavras de Hoseok. — Não precisa ficar assim, bebê, o Honey volta logo. Ele me ligou ontem e me disse que fizeram uma vídeo-chamada. Eu recebi muitos prints de você dormindo. — riu baixo.

— Ele fez o que? — sentiu-se corar forte. Não era possível que Jooheon tenha feito após ter cedido ao sono durante a chamada.

— E tive que aturar ele dizendo o quanto você fica bonitinho e fofo todo embolado embaixo do lençol depois dele ter me enviado as fotos. Sério, ele ficou até fantasiando você vestido só com o suéter grande favorito dele para dormir. — aquele suspiro soou como um “Eu mereço”. — Você está transformando meu irmão num alfa babão pior que o Ki.

— Não mude de assunto, hyung. — falou enquanto lutava contra um sorriso bobo.

— Desculpa, tá? Eu fui dormir muito tarde, então só acabei acordando depois do almoço.

— Eu vou dar um murrão no Honey por isso.

— Não é culpa dele, bebê. — Changkyun juntou as sobrancelhas, confuso. — Fui eu que liguei pra ele ontem à noite depois dele ter ligado pra você. A gente não conversou muito, porque ele tinha compromisso hoje cedo. Eu só… não estava conseguindo dormir.

— Aconteceu alguma coisa? — sua preocupação era tão nítida que pode até imaginar Hoseok balançando a cabeça em negativa do outro lado da linha.

— Não, não. Eu estou bem. — garantiu. — Só que… — uma pausa. — Eu não contei pra ele ainda, nem queria te dizer isso pelo celular, mas acho melhor falar de uma vez pra você.

— Hyung, o que-

— Relaxe, ok? Não é nada demais. — tomou uma longa respiração e disse: — Eu criei coragem de ligar pro Minho.

— Sério? — suas sobrancelhas se ergueram em sinal de surpresa. — E então?

— Eu pedi pra ele vir aqui em casa ontem, umas horas depois de chegar da escola… — Changkyun segurou uma risada em decorrência do modo tímido atípico que Hoseok falava no momento, mas ela escapou um pouco. — Ei! Não ri de mim!

— Desculpa, desculpa. — falou em tom risonho. — Você chamou ele e… — deu a deixa.

— Ele veio, nós conversamos um pouco… Aish, não ri. — Changkyun mordeu os lábios para evitar fazer qualquer ruído. — Ele me disse o que devo fazer a partir de agora.

— Por que você está fazendo esse mistério todo? — resmungou.

— Porque não teria graça só dizer que vou continuar com a gravidez. — Changkyun arregalou os olhos. — Eu não vou abortar, Kkukkung. Eu vou ter essa criança, independente de quem seja o outro pai.

— É sério? — sorriu fraco. No segundo seguinte, teve uma ideia. — Hyung, você está ocupado agora?

— Não, por quê?

— A gente vai ir visitar o Zhoumi hyung e o Henry oppa. Por que não vai com a gente? — sugeriu.

— Ainda não entendo por que o seu tio te ensinou a chamar ele de oppa quando era pequeno.

— O Eun omma disse que isso foi quando eu ainda estava aprendendo a falar e não sabia a diferença do “hyung” e do “oppa”, então acabei falando errado, mas o Henry oppa achou bonitinho e continuou insistindo até que só chamasse ele assim. — deu de ombros. — Ei, você não me respondeu! Não muda de assunto!

— Foi mal. — riu baixo. — Não tem problema eu ir?

— Claro que não, hyung. Eu falo com os appas, e eles passam aí quando a gente for.

— Tem um problema, sim. — antes que Changkyun se emburrasse, adiantou: — O Min está aí e ainda tem o Hyungie, eles não podem ficar longe do Ki ainda. Não tem lugar para todo mundo no carro.

— O Minnie vai na perna do Wonnie, o Wonnie vai na perna do Minnie, tanto faz. Problema resolvido. — deu de ombros.

— Vai me deixar ir do colo do Ki? — o tom de Hoseok era insinuativo. Apesar de todos esses anos de amizade, Changkyun ainda sentia ciúmes do irmão.

— Eu que vou na perna dele! — exaltou-se um pouco.

— Tudo bem, calma. — riu da reação dele. — Eu vou me arrumar e esperar vocês. Até depois, Kkukkung.

— Até, hyung.

 

(…)

 

— Zhoumi, ah! — Henry gemia despudoradamente enquanto tentava manter sua posição atual. Ele se segurava na cabeceira da grande cama de casal, seus olhos reviravam sob as pálpebras quando sentia seu ponto doce ser atingido.

— Calma, bebê. — a respiração pesada o arrepiou quando Zhoumi falou ao pé do ouvido dele. Ele colou o peitoral nas costas do corpo menor abaixo do seu, levou uma das mãos até a barriga ainda sem volume do companheiro e a acariciou. Fazer sexo e fazer amor eram coisas bem diferentes e peculiares para aqueles dois.

A dinâmica entre seus corpos ocasionava uma melodia erótica a qual se mesclava aos sons produzidos por eles. A cama fazia ruídos conforme se movimentavam, mas era algo praticamente imperceptível para eles por estarem concentrados apenas um no outro. Ofegos e gemidos reverberavam pelos quatro cantos do cômodo quando a campainha soou, fazendo Zhoumi parar os movimentos abruptamente e Henry quase rosnar em desgosto.

— Você chamou alguém? — perguntou, descompassado.

— Estou pouco me fodendo. — respondeu igualmente ofegante, sua raiva nítida. — Aliás, estou fazendo tudo, menos sendo fodido. Acaba seu serviço e vai abrir a porta.

Zhoumi rosnou ao ouvir o tom autoritário presente nas palavras de Henry, incentivado pela reação irritadiça. Um sorriso de canto repuxou seus lábios por lembrar-se, no segundo seguinte, quem eram suas visitas. Resolveu ignorar a campainha por enquanto, precisava saciar certo ser loiro exigente.

— Você quer assim? — estocou forte, fundo e preciso. Henry gemeu alto, e Zhoumi soube muito bem onde tinha acertado, além do mais, a marca transformava tudo em algo mais intenso. — Quer que eu te foda? — questionou, provocativo, enquanto assumia um ritmo rápido, quase insano. Ele não ligava se os visitantes estariam sentindo os cheiros ou ouvindo os sons decorrentes do que estavam fazendo, talvez até fosse um bom indicativo do motivo para sua demora.

— Zhoum- Ah, cala a porra da bocah. — a última palavra saiu mais como um gemido. A campainha tornou a soar, mostrando a impaciência dos visitantes, e Zhoumi sorriu.

— Vamos logo, bebê. — levou as mãos para também apoiar-se no espelho da cama e investiu com mais força, estocando o interior do marido que era uma verdadeira bagunça de gemidos abaixo de si.

Os músculos de Henry começaram a ficar em estado de total tensão, sabia que não duraria muito, ambos estavam próximos. A campainha a tocar ao fundo era insuportavelmente irritante, e Zhoumi rosnou alto, inquieto. Focou toda sua atenção somente no corpo pequeno do seu marido e nada mais e continuou a arremeter, dessa vez o mais rápido que conseguia.

— Zho- Ah! — Henry não conseguiu pronunciar o nome do marido quando chegou ao ápice, se desfez, sujando o lençol e perdeu as forças nos braços e nas pernas. Sentiu as mãos grandes erguerem seu quadril e ele continuar a se movimentar em busca do próprio prazer, o que fazia a sua moleza se prolongar.

O som ininterrupto fez Zhoumi irritar-se de vez e abandonar o corpo do marido, já ciente de que não teria o seu orgasmo naquele momento. Pegou rapidamente o celular e discou o número do amigo, que atendeu no segundo toque.

— Olha aqui, seu empata foda, eu já estou indo. Não queima minha campainha, não. — e desligou, sabendo que Siwon estava provavelmente rindo da sua cara.

Um suspiro exasperado ficou abafado quando esfregou o rosto para manter a calma e, vendo que o ato não funcionou, observou o marido debruçado do colchão. As marcas de seus dedos no quadril dele, algumas roxuras no pescoço, aqueles tons tingiam a tez alva e deixava Henry ainda mais belo aos seus olhos. Sorriu, Henry havia aparentemente dormido em questão de segundos. A gravidez fazia isso com ele, parecia até cio: ele vinha de repente com vontade de transar e, após o ato, ele simplesmente apagava. Notou como a franja loira grudava na testa e também o suor realçava as curvas. Ah, ele era perfeito.

Tratou de se levantar da cama, pôr uma calça de moletom e sair do quarto antes que acabasse aliviando o membro teso enquanto observava a figura nua entre os lençóis. Desceu as escadas rapidamente enquanto xingava os amigos de todas as maneiras possíveis em seus pensamentos e foi abrir a porta da sua casa, que não era uma mansão, mas era luxuosa, tudo escolhido a dedo pelo ótimo gosto de Henry.

— Antes de começar a gritar, a gente te avisou. Se você não lembra, aí a culpa já não é nossa. — Siwon comentou, risonho, e Donghae riu descaradamente ao perceber sua condição atual.

— Entrem. — falou, entredentes, ao casal e deu espaço para as visitas. Hoseok passou quase correndo, atrás dele veio Changkyun, seguido por Minhyuk e Hyungwon. Parecia que os ômegas queriam fugir de si ou estavam disputando quem chegava na sala primeiro.

— Tio, o senhor devia tomar um banho, trocar essa roupa e acalmar estes feromônios à flor da pele. Sinceramente, isso está me incomodando. Acho que os ômegas daqui se sentem afetados e, no mínimo, quentes, o que não é bom. Principalmente quando se tem alguém como Henry. Ele é muito ciumento, o senhor sabe. Fora que essa ereção no meio das suas pernas não pega legal, já que quase todos nós somos menores de idade, sabe? — Kihyun, que foi o último a entrar, fez aquele longo discurso para zoar com o mais velho e deixá-lo sem graça. Bom, ele havia conseguido.

— Desculpe. Fiquem a vontade, eu não demoro. — coçou a nuca, envergonhado.

Kihyun riu.

— É brincadeira, tio. Se eu fosse você, fazia os appas terem que me aturar e ainda ficaria reclamando, mas eu sou mais novo e sei que o senhor não faria nada disso. — ele adentrou a casa após dizer aquilo e ouviu Zhoumi fechando a porta e vindo atrás de si.

Na sala, os ômegas se organizaram lado a lado num dos sofás e pareciam constrangidos. O único rapaz que conhecia dali, fora Changkyun, era Hoseok e parecia uma pimenta de tão vermelho. Estranhou, mas nada disse, só não sabia que o menor estava bastante afetado pelas feromonas em excesso presentes em seu cheiro agora, nem o próprio Hoseok entendia o que seu corpo estava sentindo.

— Podem ir na cozinha e pegar alguma coisa, eu já volto. — Zhoumi foi rápido ao sair dali. Precisava tomar um banho rápido e bem gelado.

Ele entrou no banheiro e, quando saiu, prestou atenção em Henry ainda desacordado. Não fez questão de esconder o sorriso idiota, mas logo tratou de se vestir rapidamente, dessa vez pondo uma cueca boxer e procurou outra calça de moletom, além de uma regata branca. Estava em casa, não se vestiria formalmente para ficar com os amigos. Antes de sair, beijou singularmente o rosto de Henry, que ronronou em meio ao sono.

— Tome banho assim que estiver melhor e descanse. Depois eu troco os lençóis da cama. — e deixou o cômodo, sem esperar respostas.

— Pensei que tinha morrido no banheiro. — riu debochado pelo comentário arteiro de Donghae. Siwon estava com um prato de comida em mãos e os mais novos também comiam, mas já haviam acabado. Eles compartilhavam a comida dentro da panela, o que resultaria em menos louça.

— Por que não é como eles e come na panela? — Zhoumi se sentou em sua poltrona, que ficava entre os dois grandes sofás de couro branco.

— Você sabe o quanto ele gosta de te provocar. Ainda perde seu tempo perguntando. — Donghae respondeu por Siwon, que estava de boca cheia.

Nesse ponto, uma conversa se desenvolveu. Zhoumi acabou descobrindo que os dois rapazes que acompanhavam os Yoo eram namorados de Kihyun e eles possuíam personalidades complemente opostas. Os três lhe lembravam Siwon, Donghae e Eunhyuk, e aproveitou para deixar seu sobrinho sem graça na frente dos namorados, Changkyun lhe contou que Hyungwon morava com eles e que ambos haviam marcado Kihyun. Pelo visto, o pequeno alfa tinha parceiros bastantes territoriais.

Changkyun, de bochecha coradas e animado, também lhe disse que estava namorando agora. Embora a careta ciumenta de Siwon indicasse que não havia se acostumado com o fato, via o modo como os olhos do seu adorável sobrinho brilhavam ao falar de Lee Jooheon, a maneira doce e apaixonada. Ele se sentia bem com o rapaz, era nítido, isso o deixou feliz.

Assim a conversa se repercutiu por cerca de vinte minutos. Em algum momento, suas visitas olharam em direção a escada, e soube que Henry provavelmente estava descendo os degraus de banho tomado e cara de sono.

— Mimi… — Zhoumi sentiu de longe a fragrância de Henry misturada a sua e teve de se conter para não deixar um sorriso de canto escapar. Braços magros rodearam seus ombros por trás e o rosto dele afundou-se na curvatura do seu pescoço.

— Hm, o que foi? Não deveria estar dormindo? — arranhou a nuca exposta num carinho lento.

— Você não estava lá. — Henry lhe mostrou um beicinho triste. — Eu quero você na cama comigo.

— Ya, nós ainda estamos aqui. — Siwon reclamou.

— Olha aqui, eu não vou deixar de pedir carinho ao meu marido só por inveja sua. Se você não fosse tão pé no saco, não estaria na seca eterna. — Henry lançou um olhar cortante ao amigo.

Siwon bufou.

— Obrigado, Henry. — Donghae agradeceu, uma pitada de soberba em seu tom.

— Mimi… — Henry deu a volta no sofá, revelando que estava vestido com uma camisa grande e sentou no colo do marido.

— Se comporte, nós temos visitas. — Zhoumi franziu o cenho levemente quando recebeu uma mordida na marca. — Vestiu uma cueca, pelo menos? — sussurrou a pergunta.

— O que acha? — sorriu ladino.

— Se comporte. — apertou a coxa dele e aproveitou para beijá-lo.

— O humor dele está oscilando muito? — Donghae levantou uma sobrancelha.

— Ele está me deixando louco. — Zhoumi fez cafuné em Henry, que ronronava como um gatinho manhoso perto de seu ouvido.

— Quem são eles? — Henry deu atenção às visitas pela primeira vez e notou a presença de duas pessoas desconhecidas.

— São os namorados do hyung, Henry oppa. — Changkyun falou.

— Ah, você e o Hoseok terminaram? — falou, chateado. — O que aconteceu? Vocês ficavam tão lindos juntos.

— Nós nunca namoramos! — a sincronia de Kihyun e Hoseok foi perfeita para dar aquela resposta, embora a fala tenha saído gaguejada. Ambos coraram, Hoseok mais do que Kihyun.

— Vocês se desentenderam? Porque, pra mim, parece impossível isso acontecer. Eu sempre percebi o jeito que se olhavam. Tão lindinhos. — Henry comentou, deixando os dois citados ainda mais vermelhos. Em seguida, riu, fazendo todos o olharem. — Pela cara que esse rapaz está fazendo e essa marca bem exposta no seu pescoço, dá para ver que você tem um ômega bem ciumento, Kihyun.

— Disse a pessoa menos ciumenta do mundo. — os demais riram do comentário de Kihyun, menos Siwon, que cutucou Donghae, chamando a atenção dele. Não precisou dizer nada, já era hora.

— Zhoumi, podemos falar com você a sós? — Donghae disse de modo que somente os alfas pudessem ouvir. Pelo tom sério, Zhoumi logo soube do que se tratava.

— Vamos ao meu escritório. — tirou Henry de seu colo. — Fique aqui com eles, eu já volto. — deixou um selinho nos lábios do menor e pediu para o casal o acompanhar.

Zhoumi fechou a porta atrás de si assim que os amigos passaram por ela juntamente consigo. Ocupou a cadeira giratória de frente para os amigos e sorriu fraco, já imaginando o assunto da conversa.

— É sobre Changkyun. — Donghae começou. — Ele teve uma crise, não sei se posso chamar assim. Se Hoseok não estivesse com ele, não sei o que teria acontecido. — ele demonstrava tamanha preocupação ao relatar o acontecido. Zhoumi observou Siwon pegar a mão Donghae e colocá-la sobre o colo enquanto fazia um carinho nela com o polegar. Aquele pequeno gesto mostrava toda a cumplicidade que havia naquela relação mesmo diante de uma de suas brigas corriqueiras.

— O que aconteceu exatamente? — pegou um caderno e uma caneta para anotar.

— Eu não sei o que houve, porque eu cheguei depois, e ele já estava daquele jeito. — ele poderia estar sendo vago, mas sabia que Zhoumi entenderia sua explicação. — Ele não tomou algum remédio. Eu fiquei preocupado, não quero que meu filhote vire dependente de remédios. Quero que troque eles, Zhoumi, por favor. — suplicou, e o outro suspirou enquanto fechava o caderno e pegava um bloco de papel.

— Ok, primeiro: eu preciso que me digam sempre o que causou a crise. Se eu souber disso, vou sanar minha dúvida e dar o diagnóstico definitivo. Suspendam o uso dos remédios anteriores e usem esses. — entregou a folha para os amigos e viu ambos arregalar os olhos. Era uma lista relativamente vasta, afinal. — Segundo: preciso que monitorem ele. — recebeu um olhar confuso deles. — Eu preciso acompanhar ele melhor. A não ser que vocês queiram interná-lo, é melhor ficarem de olho. Se virem algo incomum, me digam.

— Incomum em que sentido? — Siwon questionou.

— Ele falar sozinho, por exemplo.  Vocês me disseram que ele fez isso durante as férias, mas até o momento não voltou a se repetir, pelo menos não que vocês tenham visto. E isso é muito importante. Preciso que o vigiem, ou podem interná-lo. Garanto que ele será bem cuidado. Mas é uma escolha de vocês e dele. Ele não é nenhum incapacitado para não responder por si próprio. — o casal à sua frente estava mais do que chocado ao final de sua explicação.

— Interná-lo… — Donghae baixou o queixo, observando o dedo de Siwon a deslizar em sua pele. — Como… o Hyukie?

— Sim. — Zhoumi suspirou. — Mas, como eu disse, é algo a se pensar. Primeiramente, quero que o vigiem, apenas isso. Entre minhas hipóteses de diagnóstico, a maioria envolve a depressão como principal espoleta. Sendo assim, se ele ficar triste ou chorar escondido, fazer coisas estranhas, ter sentimentos aflorados demais ou até mesmo se perceberem tendências suicidas, me liguem imediatamente.

O clima pesado e sério pesava sobre os três. Eles sabiam a importância de deixar tudo esclarecido. Zhoumi sentia verdadeiro orgulho de Siwon e Donghae que, assim como o falecido Eunhyuk, lutariam pelo bem estar de seus filhotes enquanto pudessem respirar.

Enquanto, no escritório, acontecia um diálogo sério entre os alfas, na sala, os mais novos se ocupavam numa conversa animada que mantinham com Henry, que estava totalmente à vontade com os cinco rapazes ali.

— Oppa! De quanto tempo você está? — Changkyun perguntou, animado.

— Quase dois. — Henry sorriu para o menor. Adorava tanto aquela criança queria apertá-lo todo até que ficasse sem ar.

— Nossa, mas já não devia ter uma barriga? — voltou a perguntar, mas foi Minhyuk quem respondeu.

— Não, Kyun, depende de cada ômega e de seus organismos. Dois meses ainda é pouco para poder ver. Em alguns, até aparecem, mas em outros não. — explicou, e Henry sorriu para o garoto platinado.

Hoseok permanecia calado, porém prestava atenção em tudo que era dito. As intenções de Changkyun ao trazê-lo ali ficaram nítidas no momento e sabia que ele havia feito aquilo somente para que se sentisse mais seguro.

— Então. — Henry começou, sorrindo maldosamente. — Foram vocês dois que destruíram meu OTP. — se dirigiu a Minhyuk e Hyungwon.

— Pois é, que triste. — Minhyuk respondeu audacioso como sempre fazia. Ainda fez um bico de chateação para o outro, que caiu na gargalhada.

— Pelos Deuses. — Hyungwon quis se enfiar num buraco diante de tudo.

Hoseok sacudiu a cabeça em negação enquanto viu Changkyun rir da situação. Kihyun apenas observava tudo, sabendo que, mesmo sendo uma brincadeira, Minhyuk provavelmente levaria a sério por conta do seu ciúme.

— Eu shippava tanto. — Henry se sentou direito e prestou atenção naquele rapaz de cabelos platinados e queria rir ainda mais por ver o tamanho ciúme que o garoto estava sentindo.

— Já chega, né. — Kihyun se meteu, e Henry entendeu que deveria parar.

— Nem posso me divertir, aish. — resmungou, chateado.

Hoseok observava cada palavra e ação do ômega mais velho. Nem mesmo sabia porque estava fazendo aquilo, talvez quisesse saber como ficaria. Será que se tornaria parecido com Henry durante a gravidez?

— Tenho pena do Zhoumi hyung. — Changkyun soltou, e Henry o encarou de sobrancelhas arqueadas. — É só a verdade, oppa. Você deve ficar muito mimado e carente, isso quando não acorda do avesso e decidi ignorar o tio.

O que foi dito não tinha intuito de atingir Hoseok, mas apenas aconteceu e de um jeito ruim. Hoseok se sentiu desamparado diante daquela insinuação que nem mesmo era dirigida para si.

— É pra isso que eu tenho marido, não? — comentou, risonho. — Ele tem que me aturar e me dar carinho.

Todos riram do tom indignado do mais velho, mas talvez nenhum deles houvesse percebido que a risada de Hoseok era forçada. Ele pensou, naquele momento, em comprar um grande urso de pelúcia para si, já que não teria quem lhe desse aquele tipo de carinho ou lhe aturasse. Então, lembrou que também não tinha dinheiro para aquilo e ficou deveras chateado.

— Que cara é essa? — Henry perguntou ao notar a expressão de Hoseok.

— Hã... — ajeitou a carranca que havia formado sem nem perceber. — Nada, hyung, só estou pensando em uma nota ruim que eu tirei na escola. — usou a primeira desculpa que lhe veio à mente.

— Shin Hoseok com notas ruins? Seria o início de uma quarta guerra mundial? — Hoseok riu do seu comentário, e completou. — Apenas estude mais e cubra a nota. Como bolsista, você sabe que não pode ter média baixa. — falou, sério, e o mais novo acenou positivo.

— Mas, Henry oppa, quando nós chegamos, você e o Zhoumi hyung-

— Changkyun. — kihyun chamou a atenção do irmão.

— Tudo bem, Kihyun. — Henry disse. — Alguns ômegas sentem essas coisas pelo quarto mês, outro nem sentem isso. Eu sei lá o que me dá, eu só quero, e ele tem que me ajudar, porque, segundo o médico, esse hormônio tem que ser liberados para ajudar o meu corpo e o desenvolvimento do bebê. Mas não é como se fosse terrível ter vários desejos sexuais com meu marido.

Todos riram, menos Hoseok que disfarçou. Pensou em quem lhe ajudaria, ou melhor, ele rezaria para não precisar passar por aquilo, já que não teria a quem recorrer. Mas seria possível?

— Todo ômega passa por isso? — soltou sem perceber. Todos o encararam, em especial Changkyun, que tinha um sorriso pequeno nos lábios.

— Eu ainda não vi nenhum que não tenha sentido a libido aumentar pelo menos um pouco. É algo natural e óbvio que tem os remédios que podem controlar isso. Mas acho que todos aqui sabem que eles têm venda proibida e fazem muito mal, podendo levar à morte. — Henry explicou, e Hoseok lembrou dos remédios que Hyungwon tomava e engoliu em seco. — Nunca, em hipótese alguma, vocês pensem em usar algo do tipo. — falou, autoritário, a todos os ômegas ali assentiram. — E você. — apontou para Kihyun. — Se ver algum ômega usando, não importa se é amigo ou não, ajude. Todos vocês, na verdade. Eu nem sei porque criaram essas porcarias. — ele estava revoltado agora. — Fazer sexo é tão bom. — cruzou os braços, e os mais novos riram da sua possível mudança repentina de humor.

— Amor, isso não é coisa para se conversar a essa hora, por favor. — Zhoumi apareceu atrás de Henry e, junto dele, logo apareceram Siwon e Donghae.

— Amor, eu tenho certeza que a vida dessas crianças é a mais agitada que a minha nessa idade. Aliás, se bem lembro, foi você que me causou todo esse atraso.

— DR não. Vamos, crianças. — Siwon passou por eles, chamando os cinco.

— Mas já? — Henry perguntou, seguindo os demais. Estava tendo uma conversa divertida com eles.

— Você está desvirtuando essas crianças. — Donghae riu do amigo, que lhe lançou um olhar nada amigável.

— Espero que voltem logo. — Zhoumi abriu a porta para os visitantes. Henry logo o abraçou de lado enquanto se despediam dos sete. — Foi um prazer conhecer os novos membros dessa família. — piscou para Kihyun, que coçou a nuca sem graça antes de sair da casa. De fato, os filhotes da família Yoo haviam crescido, ressaltou em pensamentos.

 

(…)

 

— Vai ser estranho acordar e não te ver na minha cama, agarrado no Hyunginie. — Kihyun comentou ao abrir a porta.

— O que? Já ficou com saudade? — Minhyuk riu baixo, divertindo-se com a declaração.

— É, você está aqui desde sexta.

— Quarta. — Hyungwon corrigiu. — Você entrou no cio na quarta.

— Ah, é. — seus namorados riram. Pelo visto, Kihyun ainda estava um pouco perdido no tempo. — Tem certeza que não pode ficar até amanhã?

— Meus pais foram bem claros. Quando eu chegar, eles ainda vão me dar uma bronca por eu ter te marcado. — suspirou. Avistou os demais se aproximando por trás dos seus namorados. — Kyun, não vai me dar um abraço, pelo menos, antes de eu ir? — abriu os braços, chamando o menor. — Ou ainda está chateado por eu ter roubado o seu irmão de você?

— Você não roubou o meu irmão. — Changkyun resmungou de bochechas tufadas, mas logo saiu da pose ciumenta para ir abraçá-lo. — Tchau, Minnie hyung.

— Tchau. — apertou bem o “cunhado”. — Ah, me manda aquelas fotos que você tirou.

— Qual delas? — afastou-se minimamente, ainda o rodeando pela cintura com os braços.

— Todas. — riu baixo. Até onde sabia, Changkyun fotografava cada pequena interação sua com os namorados. — Tchau, senhores Yoo. Desculpe o incômodo. — sorriu para os mais velhos, que, pela primeira vez em tempos, não estavam emburrados um com o outro.

— Nós te levamos pra sua casa. — Siwon encontrava-se um pouco encurvado para poder descansar o queixo no ombro do marido o qual abraçava por trás.

— Não precisa. Eu vou a pé mesmo. — o olhar que Donghae lhe lançou dizia que havia escolhido a opção errada. — Eu vou de táxi…?

— Vai. Está muito tarde pra você ir a pé, e não te deixaria ir sozinho na rua nesse horário nem que a sua casa fosse no próximo quarteirão. — Donghae estreitou os olhos.

— Aish, tio. Não tem problema de eu ir a pé. — viu Donghae levantar uma sobrancelha como se dissesse “O que foi que acabou de dizer?”. — Tá, tá. Eu já entendi, não vou ir a pé. — tornou a encarar os namorados, que observavam a cena um tanto quanto curiosa. — A gente se vê na escola amanhã. — puxou Hyungwon pela cintura. — Tchau. — juntou seus lábios num beijo simples, mas demorado. — Tchau. — fez o mesmo com Kihyun, aproveitando para arranhar a cintura dele por cima da camisa. — Até amanhã. — acenou para o “cunhado” e os “sogros” e saiu para a calçada, pegando o primeiro táxi que passou por lá.

— Eu vou fazer o jantar. — Kihyun fechou a porta. — E você vai esperar lá na sala. Eu te dei muito trabalho nesses últimos dias. — falou com Hyungwon, o rosto dele encaixado entre suas mãos.

— Não tem problema eu te ajudar com o jantar. — Hyungwon corou ao notar o quão manhoso seu tom havia soado.

— Quer que eu te dê atenção, amor? — recebeu um soco no braço de um Hyungwon totalmente vermelho.

— Pare de deixar ele envergonhado, filhote. — Donghae ralhou.

— O senhor fazia a mesma coisa com o Eun omma. — Kihyun rebateu, vendo o pai limpar a garganta e virar o rosto para esconder o leve rubor que tingiu suas bochechas. — Espere lá na sala. — deixou um selo no canto da boca do mais novo e dirigiu-se à cozinha.

— Eu vou te ajudar, hyung. — Changkyun seguiu o irmão quando ele passou por si.

Os três saíram do corredor e ficaram pela sala enquanto o jantar era feito. O som da tevê era o único som presente no recinto, causando um silêncio um pouco constrangedor, bom, pelo menos, para Hyungwon. Ele espiava os “sogros” pelo canto dos olhos, Siwon descansava um braço no encosto do sofá, sentado de forma relaxada enquanto Donghae usava aquele mesmo braço como travesseiro e estava com as ambas pernas sobre uma das coxas do marido, estando tão perto que seu nariz roçava no pescoço alheio. Ele abaixou a cabeça a fim de usar sombra da franja para esconder o tom vermelho nas bochechas. Por que, afinal, estava se imaginando com Kihyun naquela posição?

Suspirou. Não era hora de ficar pensando em algo assim, precisava aproveitar a oportunidade para perguntar algo que já deveria ter perguntado há muito tempo.

— Hm… Senhores Yoo…? — o casal voltou a atenção para si.

— Não precisa ser tão formal assim, Hyungie. — Hyungwon ficou surpreso por ver Donghae lhe chamar pelo apelido. — Pode chamar a gente pelo nome, usar um apelido, até chamar a gente de tios como os outros.

— Até mesmo de sogros se quiser. — Siwon deu de ombros. — Você é um dos parceiros do nosso filhote, de qualquer forma.

— C-como é? — Hyungwon sentiu as bochechas arderem.

— Você o marcou, isso faz de vocês parceiros. Só falta ele te marcar agora. — Siwon riu do jeito do mais novo.

— Para de deixar ele encabulado, Siwonie. — Donghae sentou ereto, sem precisar retirar as pernas de cima da coxa dele. — Você quer perguntar alguma coisa?

— Ah, sim. — limpou a garganta. — Vocês sabem de algum lugar que precise de um funcionário de meio período?

— Por que? — Siwon levantou uma sobrancelha.

— Eu preciso conseguir meu próprio dinheiro. Não posso dar trabalho pra vocês. — torceu o pano da calça numa atitude nervosa.

— Não precisa se preocupar com isso por enquanto. — Donghae garantiu. — Apenas se concentre na escola. Seu pai continua pagando a mensalidade da escola apesar de tudo, não é?

— Sim, mas ainda tem a faculdade, e vocês estão gastando a mais por culpa min-

— Hyungwon. — Siwon o interrompeu. — Não se estresse com isso. Eu sei que não parece, mas nós temos mais dinheiro do que aparentamos. Kihyun chegou a te falar o que aconteceu há quatro anos? — o mais novo assentiu. — Então, o Eunhyuk, que você não chegou a conhecer, tinha uma empresa poderosa no nome dele, e que está no nome dos nossos filhotes agora. Eles têm uma grande herança nas mãos. Por enquanto, um amigo nosso está tomando conta dela, mas Kangin vai ensinar nossos filhotes a comandá-la quando eles forem maiores de idade.

— Mas eles querem assumir? — perguntou, confuso.

— Não contamos isso pra eles ainda. — Donghae confessou. — O Kyunnie, eu não sei, mas provavelmente o Kihyun vai pensar nisso.

— Tem certeza?

— Não, mas realmente é provável. — deu de ombros. — Kihyun queria ser policial como nós três, só que… o que aconteceu há quatro anos… — seu tom ficou melancólico. Siwon o apertou contra seu peito.  — Kihyun ficou muito abalado, então desistiu dessa ideia. Ainda me lembro das vezes que ele implorou pro Siwonie e eu largarmos esse emprego pelo medo que tinha de nos perder numa situação semelhante à de Eunhyuk.

— Oh… — Hyungwon estava sem palavras. Por mais que houvesse visto um pequeno vislumbre do lado frágil de Kihyun há três semanas, parecia quase impossível associar isso a imagem forte que o namorado lhe passava.

— Primeiro, o Hoseok querendo resolver tudo sozinho, e agora você cismando que dá trabalho? — Siwon estalou a língua, contrariado. — Eu não entendo essas crianças, fracamente. Faz até parecer que não gosta de estar aqui.

— Eu gosto, mas-

— Isso basta. — voltou a cortá-lo. — Nós realmente não nos importamos em te ter aqui, Hyungie. — de novo, Hyungwon surpreendeu-se por ser chamado pelo apelido. — Você faz parte da nossa família agora. — afagou os fios castanhos, bagunçando-os de leve.

— Yoo Siwon não sendo ciumento? Que milagre é esse? — Donghae disse em meio a uma risada.

— O que? Eu gosto dos nossos genros. — Hyungwon sorriu tímido diante de sua declaração, e sorriu de volta para ele.

— Até mesmo do Jooheon? — Donghae alfinetou.

— Ainda não sei o que nosso filhote vê naquele garoto — resmungou, mas logo voltou a dar atenção a Hyungwon. — Deixe isso de lado por enquanto, ok? Só-

— Hyung! — o grito de Changkyun e o som de objetos caindo soou da cozinha.

Os três levantarem-se às pressas e correram até a origem do barulho, assustados. Um pote estava estilhaço no chão, próximo de onde Kihyun estava estirado. Ele estava encolhido, com o cenho franzido, respirando rápido e profundamente enquanto Changkyun tentava ajudá-lo, mas não sabia o que fazer.

— O que aconteceu? — Donghae aproximou-se, tomando cuidado para não pisar nos cacos de vidro.

— E-eu n-não sei. Ele estava bem, e, no outro segundo, vi ele cair no c-chão. — Changkyun tremia, seus olhos estavam marejados, mas ele estava tomando todo o cuidado do mundo com o irmão deitado em sua perna.

— Ele está hiperventilando. — Siwon agachou-se e notou que Kihyun tinha as duas mãos no pescoço. — Já sei o que houve. Hyungwon, — chamou. — leve ele pro quarto. Não saia de perto dele, entendeu? — Hyungwon assentiu, e, no momento que tocou nele para ajudá-lo a sentar, a respiração de Kihyun aliviou, passando a ser um ofegar mais brando. — As chaves, Hae. — o marido correu para pegá-las. — Limpe isso aqui. Nós já voltamos. — segurou o rosto do filhote caçula entre suas mãos e emanou sua presença para acalmá-lo.

Siwon deixou um beijo na testa de Changkyun e correu para a garagem, onde Donghae já esperava com o carro ligado. Não precisaram trocar palavras, simplesmente saíram o mais rápido possível, não se importando com as multas de trânsito que provavelmente ganhariam.

O carro estacionou, e o casal correu em direção a entrada da casa. A preocupação deles era tanta que acabaram batendo na porta ao invés de tocar a campainha.

— O que está acontecendo? — a porta se abriu, revelando uma senhora baixinha. — Quem são vocês e por que estão batendo na minha porta desse jeito?

— Desculpe o susto. — Siwon começou a falar. — Nós somos Siwon e Donghae. Falamos com você no telefone há alguns dias.

— Ah, os pais do namorado do meu filho. — a Sra. Lee não aliviou tanto a expressão. — O que fazem na minha casa a essa hora, senhores Yoo?

— Quem está na porta, querida? — a cópia adulta de Minhyuk apareceu ali.

— Olá, Sr. Lee. Somos os pais de Kihyun. — Siwon adiantou-se. — Precisamos que Minhyuk volte pra nossa casa.

— O que? Não chegou a dar nem uma hora desde que meu filhote voltou! — a Sra. Lee reclamou. — Eu fui bem clara: ele tinha que voltar hoje. Ainda fui boazinha por ter deixado ele chegar a noite.

— Você não está entendendo, senhora. Ele precisa voltar pra lá agora! — Siwon acabou levantando um pouco a voz.

— Siwon, deixa que eu falo. — Donghae tomou as rédeas da situação.  — Eu sei o que disseram, mas vocês dois sabem o que aconteceu pra ele ter ficado lá em casa nos últimos dias.

— E por que precisam que ele volte? — foi o Sr. Lee quem perguntou.

— Já ia chegar aí. — passou a mão no cabelo. — Nós achávamos que a ligação deles já estaria totalmente estável hoje, mas não foi o que aconteceu. Nosso filhote passou mal há pouco e se Minhyuk não voltar pra perto dele logo, ele pode acabar morrendo.

— Que exagero. — a Sra. Lee cruzou os braços. — Minhyuk vai ficar aqui.

— Você quer que o meu filhote morra?! — Siwon rangeu os dentes.

— Siwon! — Donghae o repreendeu.

— O que está acontecendo? — Minhyuk apareceu no fim do corredor, atraído pela barulheira. — Tios, o que fazem aqui?

— Kihyun está mal. — Minhyuk empalideceu quando Siwon falou. — A ligação ainda não estava estável o suficiente pra vocês poderem ficar afastados.

— Eu vou com vocês. — Minhyuk correu para dentro da casa para pegar algumas coisas.

— Ya, Lee Minhyuk! Espera! — a Sra. Lee chamou.

— Querida, deixe ele ir. — o Sr. Lee colocou a mão sobre o ombro da esposa. — Você viu o que aconteceu comigo quando nos afastamos depois de você ter me marcado.

A Sra. Lee estremeceu.

— Tudo bem… — ela suspirou, dando-se por vencida. — Tragam ele depois que a ligação ficar forte.

— Obrigado. — o casal agradeceu.

Minhyuk não demorou para aparecer, e logo os três se encontravam dentro do carro. O mais novo estava apreensivo, era tão nítido que sequer precisavam encará-lo para confirmar, só não sabiam se preocupação dele era maior quanto as deles próprios. Em suas mentes, entoavam um pedido para que os Deuses ajudassem Kihyun a aguentar enquanto não chegavam.

— No quarto dele. Rápido! — Donghae apressou Minhyuk quando entraram na garagem.

Minhyuk foi na frente enquanto Donghae e Siwon pareciam lutar para soltar o cinto. Eles deixaram o carro com as portas escancaradas mesmo e seguiram correndo casa a dentro. Então, frearam os movimentos ao chegarem em frente à porta aberta.

Kihyun continuava de cenho franzido, olhos fechados, respiração pesada, mas também estava pálido agora. O rosto dele estava encaixado no vão do pescoço de Hyungwon, e ele permanecia com uma mão encima da marca de Minhyuk enquanto a outra agarrava fortemente a camisa de Hyungwon, parecia tão debilitado que era como se houvesse passado horas sofrendo com aquilo ao invés de alguns minutos.

Hyungwon estava alheio a chegada deles, seus olhos vermelhos simplesmente não conseguiam se desgrudar do mais velho. Não sabia quando começou a chorar, mas vez ou outra limpava algumas lágrimas que caíam na face abatida de Kihyun. Ele o segurava firme contra si, um braço o circundando por trás e a mão fazendo um constante carinho na bochecha dele, o medo de perdê-lo o afligindo numa escala absurda. Era uma cena de partir o coração.

Minhyuk se aproximou devagar e sentou no colchão, ainda sem ter a mínima ideia do que deveria fazer. Olhou de um namorado ao outro por alguns segundos até enfim tomar alguma atitude.

— Kihyunie. — tocou na mão dele. Kihyun apertou mais a marca por reflexo. — Sou eu, Kihyunie. — ele o encarou com os olhos semicerrados. — Sou eu. — sorriu, tirou os dedos dele de cima da marca e a beijou. A respiração de Kihyun passou a acalmar aos poucos. — Eu estou aqui. — o abraçou da maneira que pode e aproveitou para enxugar a face úmida de Hyungwon, que finalmente lhe notou.

— Ah, ainda bem… — Donghae suspirou e afundou o rosto no peito de Siwon, falando com a voz embargada. — Deuses, ainda bem…

— Kihyun está bem agora, Hae. — aconchegou o marido em seus braços, apoiando o queixo no ombro dele. — Nosso filhote está em boas mãos, Hyuk. — murmurou enquanto observava Kihyun nos braços de Minhyuk e Hyungwon. E de fato está, completou mentalmente.

 

(...)

 

Hoseok não soube ao certo o que o levou a acordar no meio da madrugada, mas, no segundo seguinte, um verdadeiro assombro o deixou sem saber o que fazer. Ele sabia que se houvesse um nó durante a cópula, as chances de ter sido fecundado eram ainda maiores. Foi o que aconteceu quando seu responsável tomou seu corpo, foi isso que o fez pensar que a coisinha era daquele homem repugnante, pois havia sido a última pessoa com quem se relacionou.

— Que merda… — sussurrava para si mesmo, sentado no meio da cama, olhando para a porta do quarto trancada. As cortinas de sua janela dançavam suavemente com a brisa que vinha de fora, acompanhada pelo tom azulado que iluminava ambiente.

Ele sentiu os olhos se encherem de lágrimas ao constatar aquilo.

O cheiro de Hyunwoo impregnava seu quarto.

Quando finalmente reagiu, buscou o celular, desesperado. Quatro da manhã, não podia falar com ninguém nesse horário. Soltou o aparelho ao seu lado e permaneceu do mesmo modo, sentado estático, olhando para um ponto qualquer. Sua cabeça estava a mil, ele queria chorar por aquilo.

Hyunwoo era o pai do seu filhote.

Notou o rosto úmido assim que o primeiro soluço quebrou o silêncio daquele cômodo. Então, Hoseok se deixou levar e chorou. Aos prantos, deitou-se e abraçou o travesseiro. Perguntava-se como iria lidar com aquilo, já que Hyunwoo era de boa linhagem, o cheiro e a presença dele eram mais fortes do que de um alfa comum. Não lhe diria que esperava um filho dele, nem diria que estava grávido, isso estava fora de cogitação. Só precisava esperar o fim do ano letivo, Hyunwoo sairia da escola em breve.

Mas como esconderia algo assim durante esse meio tempo?

Hoseok sempre deixou claro seus sentimentos por ele, algo que parecia ser recíproco aos seus olhos. Entretanto, tudo parecia indicar o oposto a cada deslize de Hyunwoo, cada vez que o viu com outra pessoa, parecendo ignorar completamente sua existência. Por que não se deixava levar por outro alguém? Minho aparentava ser alguém protetor e carinhoso, alguém que cuidaria de si e o ajudaria quando mais precisasse, então por quê? Por que simplesmente não conseguia fazer isso?! E a resposta veio, em sua mente, em forma de letreiro de Led: Hyunwoo.

A madrugada de Hoseok foi assim, ele não dormiu e, ao se levantar, teve um enjoo forte que o fez vomitar no chão do quarto. Ele também não foi à escola, sabia que o rosto inchado e os olhos vermelhos entregariam sua noite mal dormida, além de não saber como esconder o cheiro fortíssimo de alfa exalando de si. Então, esperou o horário correto e ligou para Minho, precisava de ajuda.

As mensagens dos amigos perguntando o motivo de sua falta passaram a se acumular em seu celular, mas não respondeu ninguém em específico. Preferiu ir até o grupo que haviam criado no chat, digitou simploriamente “É de Hyunwoo” e guardou o celular. Sabia que necessitava de floreios, eles entenderiam a mensagem.

Parou apenas para limpar seu quarto antes de sair. Não quis tomar café, sentia-se mal, fraco e sem fome. Na rua, ele recebeu alguns olhares estranhos. Estava tão ruim assim? Ou era o cheiro que atraía atenção de quem passava por si? Talvez fosse os dois, mas não iria perder tempo descobrindo. Então, cabisbaixo, seguiu ao hospital e foi direto para o consultório de Minho.

— Wow, achei que fosse um alfa entrando na minha sala. — o comentário divertido de Minho teve o efeito contrário: pequenas lágrimas passaram a rolar pelo rosto de Hoseok. — Parece que não tem mais dúvidas de quem é o outro pai do seu filhote. — aproximou-se com cautela. Sentia uma vontade imensa de abraçá-lo e niná-lo em seus braços, ademais pela expressão desesperada a qual ele ostentava, mas não devia, ou melhor, não podia fazê-lo. — Foi esse um dos motivos para ter decido continuar a gravidez? — Hoseok desviou o olhar, recusando-se a responder. — Perdão, não quis ser intrometido. Não precisa me contar se não quiser.

— Tudo bem. — remexeu-se, limpando as lágrimas. Era a segunda vez que chorava na frente de alguém, sentiu-se mal por aquilo. — Na verdade… — começou enquanto era guiado por Minho para se sentar. — O cheiro vai ficar mais forte com o tempo, não é?

— Por que não me disse que ele era de boa linhagem? — a resposta de Hoseok foi um suspiro alto. — Vai ser mais complicado esconder o cheiro e quando ficar próximo do quarto mês, vem o cheiro do filhote que, só por saber agora quem é o pai, já posso dar o palpite de que essa criança provavelmente será alfa também. — explicou.

E, pela primeira vez, Hoseok sorriu só por imaginar que a coisinha seria um alfa ou uma alfa forte e saudável se dependesse de si.

— Mas também pode ser um ômega, não é? — perguntou. — Ou um beta?

— Claro, saberemos conforme prosseguirmos com os exames. Alguns ômegas conseguem sentir o cheiro desde o terceiro, aliás. — Hoseok fungou enquanto sorria após dizer aquilo.

— Eu vou cuidar dessa coisinha. — Minho riu pela sua escolha de palavras.

— Vai continuar se referindo ao seu filhote assim? — abriu seu sorriso brilhante.

— De quem é o filho mesmo? Ah, sim, é meu. — brincou. Sentia-se mais leve com ele lhe dando apoio.

— E então? — quis saber. — Já sabe quem é o pai, quando vai contar a ele? — viu o outro negar com a cabeça.

— A coisinha é só minha, eu vou cuidar dela sozinho. Ele nunca vai saber disso, nem que eu precise ir embora daqui pra isso. — diante de tamanha seriedade, Minho quis perguntar o motivo daquilo, mas sabia que não teria respostas. — Ele não merece nada disso. — soltou, e ergueu a sobrancelha, atento ao que dizia. — Ele nem vai ligar pra isso. Ele tem coisa melhor para fazer, como cuidar da mãe, do seu dinheiro e das putas com quem ele vive. — a última coisa soou amarga.

Naquele momento, Minho sentiu que Hoseok dizia tudo aquilo com dor no coração. Era como se soubesse que ele desejava que fosse tudo ao contrário. E mesmo desconhecendo aquele alfa, julgou ele como não sendo merecedor de alguém como o ômega encantador a sua frente.

— Bem, eu vou passar outro remédio. — sacudiu a cabeça, voltando a se concentrar no seu trabalho. — Espero que não tenha comprado o último. Agora que descobri que é um alfa de boa linhagem, sei que aquele não vai funcionar. — pegou seu bloco de papel e prescreveu um novo medicamento. — Outra coisa: para ter certeza que esse alfa não vai descobrir, acho melhor que você peça a algum de seus amigos alfas pra dormirem com você. Se, por ventura, o remédio não fizer o efeito esperado, o cheiro de outro alfa vai, pelo menos, confundir o faro dele. O que já seria uma excelente notícia, tendo em vista o incrível faro de alfa de boa linhagem. — ressaltou.

— Mesmo os betas não possuindo um cheiro forte, isso confundiria ele também? — remexeu-se no assento.

— Sim, um beta também serviria, até mesmo um ômega. — ele explicava tudo com destreza.

Hoseok mordeu o lábio inferior, ponderando sobre isso. Não poderia pedir algo assim ao seu irmão, pois seu bebê sentiria ciúmes; Changkyun aceitaria sem pensar duas vezes, mas não poderia tirá-lo de casa desse jeito; Minhyuk surtaria caso sugerisse isso a Hyungwon, embora não fosse ocorrer nada demais; Hyungwon não conseguiria dormir sem Kihyun, como foi da última vez e Minhyuk, bem… não era íntimo o suficiente para pedir tal coisa.

— Então… — sentiu o rosto queimar, mas era sua única opção. — Você pode me ajudar com isso?


Notas Finais


e ai?
ta bem fraquinho esse cap, porque agora o bagulho vai ficar doido.
parei

enfim

AVISO: os 2 (ou 3) próximos cap's vão ser especiais, tipo o passado dos Yoo.

nós amamos vcs, sério.
desculpem os atrasos e os capítulos meio mequetrefes.
mas é que ja tamo em junho e o enem ta chegando.
credo
chega eu me tremo tudo.

enfim, novamente.
os comentários serão respondidos em breve, nós não esquecemos de ninguém.
amamos nossos leitores.

beijos no coração.
tentaremos voltar logo.


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