1. Spirit Fanfics >
  2. Blue Moon (Em Hiatus) >
  3. Chapter Twenty Eight

História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter Twenty Eight


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Voltamos!
Boa leitura.

Capítulo 33 - Chapter Twenty Eight


Uma luz surgiu em meio a escuridão presente no local, junto do barulho de algo vibrando sobre a madeira. Normalmente, Hoseok era daqueles que estariam dormindo mesmo se a casa estivesse pegando fogo, mas a ausência do braço de Minho, com a mão sobre sua protuberância, ocasionou seu despertar. Ele sentou-se na cama, coçando os olhos enquanto o procurava no meio daquele breu e o encontrou na beirada da cama, esticando o braço para pegar o celular tocando sobre a cômoda.

— Desliga isso, Minho. Vamos dormir. — bocejou a frase.

— Só um segundo. — Minho ofereceu um sorriso preguiçoso, tão sonolento quanto.

— Deve ser ligação enganada. Vamos dormir. — resmungou enquanto se arrastava pro lado dele.

— Já vamos dormir, Hoseok. Um segundo. — atendeu a ligação sem olhar para o identificador. — Alô?

Um bico emburrado se formou nos lábios de Hoseok. Percebendo a ação, Minho sorriu de leve e afagou a cabeça dele para que ele não ficasse chateado. Achava meigo esses raros momentos que ele ficava manhoso consigo, pois contrastava com o feitio normalmente durão dele. Tão logo o carinho começou, ele terminou, e, mesmo no escuro, sua expressão preocupada era visível.

— Calma, appa. Me escute: respire, se acalme um pouco e me diga o que aconteceu. — Minho passava a mão no cabelo, num ato de nervosismo. — Vocês dois estavam com ele? — um breve momento de silêncio. — Ok, vocês estavam fora e quando chegaram, ele já estava assim… Não, não, mantenha a calma. Não vai adiantar o senhor se desesperar… Olhe, fiquem ajudando ele como podem. Eu já estou indo.

— O que houve? — a voz de Hoseok chamou sua atenção. Ele também estava ostentando uma expressão preocupada.

— Um dos meus appas está mal, mas os outros dois não conseguiram me explicar direito, estão muito nervosos. — suspirou e segurou a mão dele, apertando-a. — Eu vou ter que ir lá e não sei se volto logo.

— Tudo bem, é o seu pai. Eu não vou te impedir de ir ajudá-lo. — retribuiu o aperto.

— Mesmo? Não tem problema de ficar sozinho?

— Pode ir. — incentivou, tentando passar o máximo de segurança possível. — Eu vou ficar bem.

— Obrigado. — deixou um beijo nas costas da mão dele. — Até logo.

— Até. — pelo sorriso dele, dava para saber que ele tinha noção de que estava corado pelo gesto.

Minho logo trocou as roupas que vestia e saiu apressado. Hoseok se viu sozinho, em meio ao silêncio novamente, e suspirou antes de deitar. Por um longo tempo que não se deu ao trabalho de contar, rolou pela cama para procurar uma posição. Estava tão habituado a tê-lo o abraçando por trás de forma protetora que parecia estranho estar dormindo só.

Cansado, sentou-se e procurou o celular. Sabia que Donghae e Siwon deveriam estar quase no fim de seu turno, se não, já no caminho de casa. Não queria perturbá-los a essa hora com isso, mas sem Minho ali, aquela casa lhe dava calafrios. Então, decido, ligou para eles.

— Yoo Siwon falando. — Hoseok sorriu por ouvir a voz dele.

— Oi, tio. Sou eu. — umedeceu os lábios. — Vocês ainda estão no trabalho?

— Não, já estamos saindo. É o Hoseok, Hae. — Hoseok conseguiu ouvir a voz de Donghae dizendo “Me dá esse celular”. — Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade, sim. Não, o Minho não me fez nada, antes que me perguntem. — sorriu fraco. Os dois ainda tinham certa desconfiança, então era melhor especificar logo para que não tirassem conclusões precipitadas. — É, bem, vocês podem vir me buscar antes de irem pra casa? Não quero ficar sozinho aqui.

— Minho não está aí? — conseguia imaginar Siwon com uma sobrancelha arqueada. — Esse garoto não tem medo da morte.

— Pare com isso, Siwon. Ele é médico, deve estar de plantão. — e Donghae, apesar de tudo, ainda tentava ser coerente.

— Não é isso, tios. Ele já tinha chegado, nós já estávamos até dormindo. — diminuiu a voz pela vergonha de revelar isso, mas não era como se eles não soubessem. — Só que ele precisou sair. Um dos três pais dele está passando mal e os outros dois estavam assustados. Eu não ia falar pra ele ficar numa situação dessas.

— Eu te disse. — o som do tapa no braço de Siwon foi alto o suficiente para que ouvisse. — Arrume suas coisas, querido. Já, já passamos aí.

— Ok. — e encerrou a ligação.

Hoseok levantou e ligou as luzes para procurar suas coisas. Guardou apenas o essencial: seus materiais e o uniforme, além do suéter de inverno escolar grande dado por Hyungwon, seus remédios. Tendo terminado isso, fechou seu quarto e esperou na sala.

Por volta de vinte minutos de espera, os senhores Yoo finalmente tocaram a campainha. Estava pegando no sono de novo, então acabou se espantando. Despertou já aos pulos e arrastou os pés até a entrada, verificando pelo olho mágico se eram mesmo eles antes de abrir a porta.

— Desculpe por fazer vocês virem me buscar. — sorriu sem graça.

— Não tem problema, querido. — Donghae pegou sua mochila.

— Não precisa-

— Deixe disso, Hoseok. Vem, entre no carro. — Siwon fechou a casa antes de seguir até o veículo e abrir a porta para ele.

— Aish, tios. Eu sei que estou grávido, mas não é para tanto. — fez bico enquanto sentava no banco traseiro.

— Nós temos que cuidar direito dos nossos filhotes, não é, Hae? — Siwon sorriu ao que verificava retrovisores, vendo o reflexo de Hoseok ficar levemente corado.

— Pare de constrangê-lo, Siwonie. — Donghae bateu no braço dele. — Mas você está certo.

— Parem, vocês dois. — os mais velhos riram.

— Tá bom, tá bom. Pode ir dormindo, nós te acordamos quando chegarmos. — Siwon sugeriu.

Hoseok se ajeitou no banco, fechando os olhos. Não demorou a pegar no sono, dormindo tão profundamente que não percebeu o trajeto até casa. Quando chegou, já estavam na garagem com Siwon o chamando. Arrancou um riso dele por estar um pouco perdido e foi ajudado pelo mesmo para sair do carro e caminhar casa a dentro.

— O que vocês três fazem acordados até essa hora? — Hoseok, agora com os olhos mais abertos, olhou para Donghae parado na entrada da sala.

— A gente estava esperando por vocês. — Hyungwon respondeu, já meio sonolento, enquanto acariciava os fios negros de Changkyun deitado em seu colo.

— Vocês têm aula amanhã, deveriam estar na cama. — Siwon ralhou.

— Essas crianças estão ficando muito petulantes pro meu gosto. — Hoseok estalou a língua.

— Seok? — Kihyun tirou o rosto do vão do pescoço do namorado no momento que o ouviu, assim como Changkyun se ergueu de rompante.

— Hyung! — os olhos dele brilharam.

— Oi, bebê. — sorriu grande.

— O que está fazendo aqui, hyung? — Hyungwon voltou sua atenção em direção a ele.

— Que foi? Não posso mais vir aqui? — levantou uma sobrancelha e sentou ao lado de Changkyun, que não demorou para abraçá-lo. — Minho precisou sair. Um dos pais dele está mal.

— O que ele tem? — Kihyun perguntou.

— Não sei, mas os pais dele estavam muito preocupados. Bom, isso não importa agora. Vocês três: cama, agora. — mandou, apontando para cada um.

— Vai dormir comigo, né, hyung? — Changkyun fez bico.

— Não precisa nem pedir. Vamos. — puxou-o pela mão.

— O jantar de vocês está no forno. — Hyungwon avisou enquanto subiu junto de Kihyun.

— Boa noite, crianças. — Siwon e Donghae falaram, recebendo um “Pra vocês também” deles.

 

(…)

 

Hoseok, deitado na grande cama de casal, envolto nos lençóis macios e aconchegantes, sorriu ao observar Hyunwoo entrando no quarto. Analisou os ombros largos e os músculos das costas bem definidos, sorriu mais por ver alguns vergões ali.

— Lindo! — percebeu o olhar cheio de segundas intenções dele em sua direção e sorriu mais abertamente.

No entanto, seu sorriso morreu ao vê-lo dar a volta na cama, como se simplesmente não existisse ali. Ficou confuso, mas então notou a presença ilustre no lado oposto ao seu: Yesung. O ômega de cabelos escuros estava seminu e, agora, agarrava os cabelos de Hyunwoo, fazendo o contato ser mais intenso durante o beijo luxurioso que trocavam.

Hoseok não soube em que momento começou a chorar, mas não era notado pelo casal que continuava a se tocar despudoradamente, fazendo parecer que era invisível aos olhos deles. Levantou-se meio cambaleante e notou seu sobrepeso, na verdade, era apenas a barriga de grávido, grande demais para seu corpo fraco.

Não sabia o que estava acontecendo, perdeu as forças e foi de encontro ao chão. Observou pelo grande espelho, que ficava na porta do guarda-roupa, o quão feio estava: a barriga grande onde carregava três filhotes parecia pesada para seu corpo magro, ele parecia desnutrido e muito fraco, seu rosto banhado em lágrimas parecia deformado devido aquela magreza toda. Baixou seu olhar a barriga grande e decidiu: iria dar um fim naquilo.

Sem pensar muito, começou a socar a região, não ligando para dor que sentia. Seu coração doía enquanto se golpeava, tudo piorou ao ouvir os gemidos de Yesung. Nem ousou levantar o rosto ou acabaria vendo aquela cena, seu coração não aguentava mais aquele sofrimento todo. Seu choro aumentou, e não era notado, então não se importou. Ele socava a própria barriga com raiva e sentia muita dor. Nada importava, só queria se livrar de tudo que o lembrasse daquele homem, queria esquecer Hyunwoo e destruir tudo que o ligasse a ele.

Suas mãos foram seguradas com força, e abriu os olhos que nem percebeu ter fechado. Foi o pior erro daquele dia. Seu responsável apareceu em seu campo de visão, o encarou com desejo, e não sabia o que fazer, não tinha para onde correr.

— JOOHEON! — gritou o primeiro nome que lhe veio à cabeça. — KIHYUN! — o choro havia retornado ao passo que aquele ser repugnante beijava seu pescoço. Desejava sair dali, mas estava sem forças. Seus filhotes estavam causando aquela fraqueza toda, eles estavam sugando suas forças. — Por favor! Me ajuda. — suplicava e ninguém vinha. — Siwon... — a voz parecia diminuir. Ele chamava os alfas que lhe prometeram proteção, nenhum vinha. — Dongh... — não conseguiu terminar o nome do pai do amigo, pois sentiu uma dor intensa.

Olhou ao redor e estava sozinho em algum lugar muito branco e completamente fechado. Olhou para si mesmo, percebeu que estava com uma camisa de força que maltratava sua grande barriga e depois desviou sua atenção para uma porta que se abriu naquele oceano branco. Assistiu, completamente assustado, um homem de jaleco e uma máscara que lhe lembrou a época em que uma doença atingiu a raça humana, durante a chamada Idade Média. A Peste Negra, lembrou-se. Era horrível. A pessoa se aproximou enquanto tentava se arrastar para longe, mas a camisa e a debilitação de seu corpo fizeram daquele movimento impossível.

— Quem é você? — perguntou ao mascarado e se assustou quando ele avançou para cima de si com violência e enfiou uma tesoura enorme, que parecia as que jardineiros usam, em sua barriga.

Um grito forte escapou por sua garganta.

— Hyung! — Changkyun gritou já tomado pelo pavor.

Hoseok despertou, tentou se sentar rápido, mas sentiu dor ao fazer o movimento. Nesse momento, viu Donghae e Siwon entrarem em completo desespero no quarto que ele reconheceu ser o de Changkyun, que estava aos prantos. Então, percebeu que tudo foi um terrível pesadelo e notou também o estado atual de seu rosto: banhado em lágrimas.

— O que aconteceu? — Hyungwon apareceu logo atrás do casal e ficou chocado com o estado dos amigos. — Senta. — ajudou Hoseok a se sentar e se afastou dele em seguida.

— Calma, Kyunnie. — Kihyun correu para abraçar o irmão que tremia levemente. — Shh...

— Está bem? — Siwon se aproximou de Hoseok. Ele apenas assentiu envergonhado e virou o rosto, ainda chorando. Hyungwon iria se aproximar de novo, mas preferiu deixar os Yoo cuidarem de tudo. — Olhe pra mim. — pediu, e, mesmo naquele estado, ele o encarou. — Pode dizer o que houve, sabe disso. — acariciou o rosto dele carinhosamente e logo Donghae sentou ao lado de Hoseok para esfregar suas costas para acalmá-lo.

Hoseok olhou para Changkyun agarrado ao irmão. Seu coração apertou por vê-lo chorando e tremendo ao soluçar.

— Desculpa. — pediu.

— Por que está se desculpando? — Donghae juntou as sobrancelhas.

— Por ter deixado o Kkukkung assim. Eu... — abaixou a cabeça, deixando mais lágrimas descerem. Continuava a sentir todo o pavor proporcionado por aquele sonho horrível. Inconsciente ou conscientemente, levou as mãos a barriga de modo protetor.

Ele, sem perceber, começou a amar os seres que estavam ali.

Siwon e Donghae se entreolharam e entenderam que ele estava com medo de algo por seus filhotes.

— Está tudo bem agora. — Siwon sorriu pequeno para acalmá-lo.

Changkyun havia se controlado, mas ainda fungava. Ele se aproximou de Hoseok, recebendo um sorriso sem graça dele.

— Nunca mais faça isso, hyung. — pediu, choroso. — Você me assustou.

Hoseok abriu os braços, chamando-o para seu colo, mas o mais novo não conseguiu ficar ali devido o volume de sua barriga, que ainda era pequena para o pouco tempo e também grande por haverem três filhotes. Então, Changkyun deitou apenas a cabeça em suas pernas.

— Perdão. — desculpou-se novamente ao sentir os mais velhos se afastarem.

— Mas o que aconteceu exatamente? — Kihyun questionou.

— Eu fui beber água, e, quando voltei, o hyung estava chorando enquanto dormia e pedindo ajuda. Ele chamou pelo Honey, por você — se referiu ao irmão. — chamou até pelos appas. Mas, do nada, ele parou e depois gritou muito forte. Eu não sabia como acordá-lo, então acabei entrando em desespero. — relatou o acontecido enquanto se aconchegava mais em Hoseok, que tornou a pedir desculpas.

— Foi só um sonho. — Siwon disse. — Seja lá o que tenha acontecido nele, agora você está seguro.

— Ainda são quatro e meia da manhã, tentem dormir de novo. Você está seguro, Hoseok. Não se preocupe. — Donghae deixou um selar no topo da cabeça de Hoseok e de Changkyun, fazendo o mesmo com Kihyun. Siwon repetiu o ato antes de saírem dali.

— Se quiserem, eu fico aqui. — Kihyun sugeriu, ainda preocupado.

— Não precisa. — Hoseok sorriu de forma tranquila.

Kihyun beijou a testa do irmão e Hoseok para logo sair dali. Da porta, Hyungwon acenou e sorriu para os dois, que retribuíram o gesto. Hoseok limpou o rosto com a manga da camisa e sorriu pacificamente para o menor em seu colo.

— Deite direito. — Hoseok pediu, e Changkyun se levantou e foi para seu devido lugar, se deitando corretamente. Fez o mesmo e o deixou se aconchegar em si. — Me desculpe. — pediu novamente.

— Tudo bem, foi só um pesadelo. — respirou fundo, inalando o cheiro de seu hyung.

Assim ficaram durante um tempo, até Changkyun resolver quebrar o silencio.

— Hyung. — chamou, baixinho.

— Sim? — Hoseok respondeu.

— Você sonhou com o que? — ouviu um suspirou dele. Ele, provavelmente, não queria lembrar daquilo.

— Coisas muito ruins. — falou, simples, mas Changkyun não pareceu satisfeito com a resposta. — Só a realidade, Kkukkung: Hyunwoo, meu responsável. — explicou e estreitou os olhos. — E um cara mascarado que matou as coisinhas, enfiando uma tesoura na minha barriga. — Changkyun ergueu a cabeça com os olhos arregalados.

— Hyung, ninguém vai tirar eles de você, eu prometo. — falou com toda aquela aura inocente que Hoseok tanto amava.

— De dedinho? — ergueu o dedo, sorrindo. O outro fez o mesmo, entrelaçando-os.

— De dedinho. — deixou um beijo na testa de seu hyung e se esgueirou por baixo das cobertas, deixando um outro na barriga dele, fazendo-o sorrir como um idiota.

De fato, ali, Hoseok estava seguro.

 

(…)

 

Changkyun soltou um resmungo baixinho ao acordar. A primeira coisa, ou melhor, a primeira pessoa com quem deu de cara foi Hyungwon, que o oferecia um meio sorriso. Retribuiu o gesto, sorrindo igualmente pequeno pelo sono enquanto sentia os dedos longos deslizando por seus fios. De uns tempos para cá, o namorado de seu irmão passou a acordá-lo para ir à escola, não sabia por qual motivo exatamente. Além disso, percebia os olhares preocupados dele, assim como o de todos os outros, mas Hyungwon… não sabia explicar o porquê de sentir uma preocupação a mais vinda dele. Talvez fosse por namorar seu irmão, por conta de morarem juntos agora, por ser mais novo que ele, eram muitas opções. Só sabia que, graças a isso, estavam se tornando cada vez mais próximos.

— Vá se arrumar. O Jooheon já está lá embaixo, esperando a gente pra irmos pra escola. — Hyungwon retirou o lençol de cima dele.

— Sério? — tinha quase certeza de que seus olhos cintilaram ao ouvir a notícia. Em seguida, juntou as sobrancelhas. — O hyung sabe disso?

— Saber, ele não sabe. Na verdade, ele já deveria estar acostumado, Jooheon tem vindo buscar a gente esses tempos. — deu de ombros. — Não esqueça do suéter escolar. A temperatura baixou mais hoje.

— Ok. — sentou-se. — Wonnie hyung. — chamou antes dele sair do quarto. — Obrigado. — aquele agradecimento possuía inúmeros significados, e pelo sorriso que recebeu, soube que Hyungwon, ao menos, identificou um deles.

— Ele está te esperando lá embaixo. — e fechou a porta atrás de si.

Suspirou. Mais um dia, precisava aguentar mais um dia. Levantou-se e sorriu por ver Hoseok enrolado em meio aos lençóis. Ele parecia tão cansado que decidiu deixá-lo dormir por mais alguns minutos. Rumou para banheiro onde tomou um longo banho quente. Realmente, Hyungwon estava certo: a temperatura baixou, então acabou logo vestindo o suéter escolar.

— Hyung. — balançou-o pelo ombro com cuidado. — Hyung. — chamou um pouquinho mais alto, e os olhos dele se abriram levemente. — A gente precisa ir pra escola.

— Ok. — o canto de seus lábios subiu um pouco, mas não chegou a formar um sorriso.

— Vou te esperar lá embaixo. Não dorme de novo. — puxou o lençol de cima dele.

Riu pelo resmungo que recebeu. Quando estava preste a sair, olhou seus remédios sobre a mesa de estudo e suspirou. Pegou o copo d’água que deixou ali e os tomou antes de descer as escadas. Jooheon estava sentado no sofá, mexendo em algo no celular. Aproveitando essa distração, chegou de fininho por trás, mas antes de conseguisse abraçá-lo, Jooheon puxou-o para seus braços, de forma que caísse com as pernas apoiadas no encosto do sofá.

— Bom dia, amor. — Jooheon roubou um beijo.

— Idiota, não faz isso! — tentou, em vão, lutar contra o sorriso teimoso. — Eu estou bonito?

— Hm? — não entendeu a pergunta.

— Estou bonito? — soltou um dos braços do redor do pescoço dele para mostrar o suéter largo. — Estou, Honey?

— Eu prefiro você com o meu suéter, porque meu cheiro fica em você. — segurou Changkyun quando ele fez menção de se levantar. — O que foi?

— Vou trocar de roupa. — tentou levantar-se, mas foi impedido de novo.

— Não precisa. Você está lindo do mesmo jeito com o suéter da escola. — acariciou o rosto dele, ganhando um beijo ao terminar de dizer aquilo. Sorriu. — Por que não me atendeu ontem quando eu liguei?

— Ah, àquela hora estava no treino. Voltei a praticar artes marciais. — o sorriso de Jooheon ficou maior. Ele estava satisfeito por ouvir isso devido aos acontecimentos recentes, era mais do que evidente. Uma sensação de bem estar enorme se apossou de seu corpo, então sorriu de volta.

— Vamos tomar café. Estava só te esperando. — o ajudou a sair daquela a posição e o puxou para a cozinha.

— Você veio tomar café comigo? — juntou as sobrancelhas.

— Claro, queria ter você só pra mim por alguns minutos. — rodeou a cintura dele com um braço enquanto que puxava seu rosto para um breve beijo. — Não posso?

— Claro que pode. — baixou um pouco rosto, mas não conseguiu esconder o rubor que se alastrou por seu rosto. — Ah, eu comprei um presente pra você.

— Pra mim? — sorriu, divertido.

— Sim. Espera aqui, eu vou pegar. — desvencilhou-se do abraço. — Eu já volto. — disse antes de deixar a cozinha.

Changkyun subiu as escadas a passos apressados e entrou no quarto. Riu baixo, conseguia ouvir Hoseok “performando” dentro do banheiro, provavelmente no intuito de prolongar o banho quente naquela manhã fria. Caminhou até seu guarda roupa e tirou de lá uma caixa preta retangular, abrindo-a por um instante para verificar se estava tudo certinho. Após conferir isso, foi de encontro a Jooheon novamente.

— Aqui. — entregou a caixa a ele.

— Vamos ver o que meu namorado comprou. — no momento em que retirou a tampa, seu sorriso deu lugar a uma expressão surpresa. Olhou, aturdido, para Changkyun, que sinalizou para retirar o presente do pacote. — Changkyun, isso é… — puxou a peça e colocou a caixa sobre a mesa do café. Esticada em suas mãos, estava uma jaqueta estilo bomber militar com capuz feita de um tecido pesado, ideal para o clima frio atual.

— Era a que você queria? — perguntou retoricamente.

— É, mas… — estava pasmo. Aquela roupa custava uma fortuna! Não que isso fosse um problema para si, mas sabia reconhecer, mesmo com todo o dinheiro que tinha, quando algo era estupidamente caro.

— Você gostou?

Jooheon o encarou, vendo que Changkyun esperava em expectativa, quase como se a vida dele dependesse de sua resposta positiva. A etiqueta pendurada na peça só corroborou para aquele sentimento de culpa crescesse em si. Ele havia gastado tudo aquilo apenas para presenteá-lo?

— Honey, você não gostou? — falou, com um “quê” de desespero na voz. — Não era essa? Eu posso ir lá na loja trocar ou até mesmo comprar outr-

— Não. — interrompeu-o, assustando-o. Em seguida, sorriu seu melhor sorriso. — Era essa mesmo. — tratou de vesti-la por cima do suéter sem mangas da escola. — Eu adorei, de verdade. Obrigado, Puppy.

Changkyun, extremamente feliz pelo presente ter o agradado, abraçou forte Jooheon. Sentia-se tão bem por ter acertado o que lhe dar que um sorriso enorme praticamente rasgava seu rosto enquanto deslizava o nariz pelo pescoço alheio, inalando bem o perfume natural de alfa. Aconchegou-se mais quando os braços dele o rodearam e ergueu o rosto, levando seus lábios de encontro com aqueles lábios carnudos.

Jooheon deixou Changkyun comandar o osculo como tinha o costume de fazer. Apesar de ainda perplexo, deixou-se levar pelos movimentos suaves e roçar leve de línguas, esquecendo, por um momento, do valor altíssimo constado na etiqueta do produto. Juntou mais seus corpos, mesmo não havendo mais espaço entre eles, andando a passos cegos até sentasse numa cadeira com ele sentado em uma de suas coxas.

— Vamos tomar café. — roubou um último beijo.

Changkyun formou um bico chateado ao qual beijou, mas tornou a repetir que deveria tomar café. Ele sentou ao seu lado, ainda com beicinho, e começou a comer junto de si. A cada segundo, observava a quantidade de comida que era ingerida por ele e, de tempos em tempos, dava-lhe um pouco mais na boca, algo que não era recusado. Estaria mentindo se dissesse que não estava preocupado com a perda rápida de peso dele, então ter sabido que Changkyun havia retornado às artes marciais era ótimo, pois significava que seu namorado teria buscado ajuda e logo, logo estará melhor. Pelo menos, assim esperava.

— Bom dia. — o casal olhou em direção a entrada por onde Hyungwon passava. Ele vestia um suéter escolar de mangas bem maior do que o Changkyun, que já era grande.

— Bom dia. — responderam em uníssono.

— Sério, você não pode deixar meu irmão respirar o próprio ar por um segundo sem que esteja no pé dele? — Kihyun revirou os olhos ao entrar ali. Diferente de Hyungwon, vestia um suéter do seu número com as mangas um pouco levantadas.

— Deixa eles em paz, Kihyunie. Deveria morar numa casa maior para ver se todo o seu ciúme caberia nela. — Changkyun e Jooheon riram pela cara emburrada que Kihyun fez para o namorado. — Nem me olha assim.

— Deveria se preocupar em tomar café ao invés de perturbar meu momento com meu namorado. — Jooheon sequer olhou Kihyun ao dizer isso, somente se limitou a continuar alimentando Changkyun.

— E você deveria ao menos tirar essa etiqueta da sua roupa. Eu sei que é o mais rico de todos nós aqui, mas também não precisa ficar esfregando isso na nossa cara. — rebateu enquanto sentava-se ao lado de Hyungwon, em frente a ele.

Jooheon, de repente, lembrou-se desse detalhe e puxou a etiqueta, amaldiçoando-se por ter esquecido disso.

— Fui eu que dei essa jaqueta pro Honey. — Jooheon amaldiçoou-se de novo por ver a cara que Kihyun fez.

— Você está se aproveitando do meu dongsaeng, é isso? — fuzilou-o com o olhar.

— Kihyunie, por favor… — Hyungwon ainda tentou acalmá-lo.

— Eu não estou fazendo nada disso. — Jooheon respondeu, ofendido.

— E como explica isso daí? — referia-se a peça cara. — Você tem seu dinheiro, pare de fazer meu dongsaeng usar o próprio dinheiro para comprar uma coisa assim pra você.

— Kihyun! — Hyungwon puxou-o pela manga do suéter.

— Pare de falar besteiras. Eu não sou nenhum babaca interesseiro para fazer o meu namorado me dar presentes caros. — voltou-se, pela primeira vez, para ele, desviando sua atenção de Changkyun.

— Ah, é mesmo? — sorriu irônico. — Quer que eu te fale quantos won custou essa jaqueta?

— Quer parar de fazer escândalo ou eu vou ter que te obrigar? — Hoseok apareceu ali, dando uma tapa na traseira da cabeça de Kihyun.

— Wonho hyung, você dormiu aqui? — o encarou, confuso.

— Depois te explico. — suspirou e puxou a cadeira ao lado de Kihyun, aproveitando para puxar a orelha dele. — Você não sabe não ser pé no saco? Seu namorado também está aqui, então cale a boca.

— Mas-

— Yoo Kihyun, você está retrucando? — puxou mais forte, causando a risada geral.

Changkyun e Jooheon voltaram para o mundinho deles, falando com os outros somente quando falavam com eles. Kihyun não desamarrou a cara um segundo sequer por ver o irmão sendo mimado daquela maneira, mas nada que Hoseok não resolvesse com um olhar duro ou que Hyungwon não conseguisse distraí-lo.

Ao terminarem o café, todos pegaram suas coisas e entraram no carro de Jooheon. O caminho foi cheio de conversas e implicâncias por partes de Kihyun, o clima agradável de sempre. O veículo estacionou na vaga, e eles rumaram em direção aos armários onde se encontraram Minhyuk arrumando o cabelo.

— Vocês vieram juntinhos? Estou com ciúmes. — Minhyuk brincou, indo cumprimentá-los. — Jaqueta bonita, Heon.

— Fui eu que dei. — Changkyun sorriu, orgulho, abraçando-o lateralmente.

— Por que você também não me dá presentes, Kihyunie? — cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.

— Min… — Hyungwon chamou atenção dele.

— O que? Eu também quero ganhar presentes. — resmungou com um falso bico emburrado.

— Vamos pra sala, a aula já vai começar. — Hoseok fechou armário. — Vamos, Honey.

— Eu vou com vocês. — Changkyun se agarrou ao braço de Jooheon.

— Nem um pio, Kihyun. — Hoseok ameaçou e deu as costas para logo caminhar para sua sala.

— Até depois. — Changkyun acenou antes sumir do campo de visão deles.

— Vamos, eu guardei o lugar de vocês. — Minhyuk enrodilhou os braços em um dos ombros dos namorados, deixando um beijo no rosto de cada.

 

(…)

 

Hoseok desejava fugir do alvoroço que se encontrava o refeitório do colégio e seguiu sozinho para os fundos da escola. Pensou em ir à ala abandonada, mas seus amigos o encontrariam lá. Não que estivesse fugindo deles, longe disso, somente havia acordado com dor de cabeça e desejava desfrutar do silêncio, de preferência, sozinho.

Sabia que poderia dar uma volta por trás da grande quadra da escola, algo que o permitiria respirar e pensar direito. Assim, seguiu sua caminhada, cabisbaixo, vez ou outra, acariciando sua barriga. Mesmo estando a caminho do quarto mês, sendo pouco tempo de gestação, já era um volume perceptível devido serem três fetos e de boa linhagem. Pequena e, ao mesmo tempo, grande; seus filhotes.

Já havia andado mais da metade da quadra distraidamente, afagando o ventre e só se percebeu estranho ao inalar a fragrância de Hyunwoo. Naquele momento, Hoseok estancou no lugar e olhou para a frente. Mais ao longe, quase no fim da quadra e muito bem escondido, Hyunwoo estava aos beijos com uma garota. Não sabia a classe ABO dela, mas conseguiu reconhecê-la por estudarem na mesma sala. Isso era mera questão de detalhes, pois o que realmente prendia sua atenção eram os beijos que não se limitavam a apenas isso: eram carícias maliciosas e quentes, cheias de erotismo.

Hoseok não notou quando começou a chorar, mas se sentiu tonto e se apoiou na parede. Deveria ter pensado em almoçar antes de sair andando por aí, achando que nada aconteceria consigo, que ficaria bem. Contudo, sequer suspeitava que o choque do que viu foi o real culpado do seu estado.

Ele, então, virou-se o mais silencioso possível para sair dali. Quando suas emoções se afloravam, seu cheiro ficava forte e, vinculado a ele, o cheiro de seus filhotes e de Hyunwoo. Foi nesse instante que se lembrou do remédio dentro da bolsa na sala de aula, tinha esquecido completamente a dose antes de sair para o intervalo do almoço. Não se desesperou com isso, era apenas um detalhe, e Hyunwoo estava ocupado demais para notar sua presença ali.

Vê-lo agarrado naquela garota doeu, doeu de tal forma que sentia seu coração se fragmentar em vários pedacinhos. Mesmo tentando esquecê-lo, mesmo tentando dar chance a Minho, que era alguém incrível, mesmo lutando com todas as suas forças, não conseguia negar que seu coração ainda era dele e talvez nunca pertencesse a outro alguém.

Hoseok ainda conseguiu ouvir ofegos da menina antes de desistir de ser silencioso e sair correndo sem se importar com nada. As lágrimas embaçaram sua visão, mas permaneceu correndo, disposto a ficar o mais longe possível dali.

— Hoseok!

O grito fez Hoseok estancar no lugar. Estava quase saindo dali, mas foi como se Hyunwoo tivesse usado a voz de comando, fazendo-o obedecer submisso. Contudo, não foi algo que durou por muito tempo. Logo, ele saiu daquele estado e correu antes que fosse alcançado.

— Hyunwoo. — a garota o chamou ao que o segurava pelo braço. — Conhece ele? — mesmo perguntando, não detinha a atenção dele. Hyunwoo, no momento, olhando pelo caminho feito por Hoseok, só desejava ir atrás dele e esclarecer tudo. — Ele estuda comigo, é um fofo e ajuda todo mundo, mas ele parece estranho nos últimos meses. — dizia com falso apreço na voz.

Ignorando tudo o que era dito, Hyunwoo acabou se lembrando: aquela era a segunda vez que Hoseok tinha o flagrado com alguém. Céus, como quis se bater por isso! Sabia o quanto ômegas se sentiam muito mal, devido à natureza mais sensível, quando viam algo do tipo. Por vezes, perguntava-se as como Kihyun conseguia namorar dois ômegas e nenhum deles sentir ciúmes ou se sentir mal. Contudo, isso tudo era coisa para se pensar depois. Havia algo que tinha que fazer.

Hyunwoo se desvencilhou da garota e seguiu seu caminho, ignorando os chamados da mesma. Seu faro não lhe enganava e ele sentiu seu cheiro… seu cheiro estava em Hoseok. Ainda assim, havia mais coisa naquilo. Podia sentir seus instintos comandando seus passos. Seria possível? Hoseok esconderia algo como aquilo? Mas por que? Bem, até poderia saber a resposta, mas a raiva estava se sobrepondo as outras emoções.

Hoseok continuou correndo até se aproximar do refeitório onde parou a corrida e enxugou o rosto, tentando se acalmar. Entrou no local agora, caminhando, tentando passar despercebido. Sua cabeça latejava, nunca havia sentido tamanha tristeza antes, nunca havia gostado de alguém daquela forma, nunca se relacionou com alguém para começo de conversa. Fora Kihyun, ele nunca esteve com alguém depois que se separou de Jooheon. Mas aquele alfa… Hyunwoo era diferente: ele mexia consigo, e depois de um tempo juntos (e agora bem distantes), depois de ser tratado tão bem, de ter recebido amor, uma vez que, para Hoseok, eles haviam feito amor, mesmo que, agora, sentisse muita raiva dele, ele queria acreditar que mesmo longe um do outro, Hyunwoo ainda pensava em si, mesmo que de forma errada ou em segredo.

Agora, Hoseok não sabia como agir, não sabia o que fazer. Fora tão ingênuo, pelos deuses. Perguntava-se a todo momento se aquilo era uma maldição, o porquê de tudo aquilo estar acontecendo consigo: o ódio de seu responsável, a morte de sua mãe. Sentia-se sozinho naquele momento, e as pragas que aquele homem rogava dia e noite sobre si pareciam estar surtindo um efeito maciço sobre sua vida. Nunca teria uma família, nunca seria feliz.

— Por que fez isso? — Hyunwoo segurou no ombro de Hoseok, puxando-o com violência e fazendo-o ficar de frente para si. Não se importava se estavam no meio do refeitório da escola ou se poderia apanhar de Jooheon e Kihyun, estava completamente puto com o que ele havia feito. O tom de voz era alto, e ele estava pouco fodendo de já estar chamando atenção de todos ali. Hoseok estava com os olhos arregalados, completamente em choque. — DIZ PORRA! — esbravejou enquanto o sacudia pelos ombros.

Hoseok permanecia parado, encarando Hyunwoo, que estava visivelmente alterado. Não era possível, não, tudo menos aquilo.

— Larga ele. — Kihyun apareceu e pôs a mão no ombro de Hyunwoo, que lhe olhou com desgosto.

— Não se meta nisso. Não é assunto seu. — Hyunwoo tornou a encarar Hoseok. — Você não tinha esse direito. — soava ameaçador, e Hoseok sentiu o medo que não sentia há quatro meses. Seus filhotes vieram a sua cabeça no mesmo instante, então tentou se acalmar.

— Você não tem nada a ver com isso. Me deixe em paz. — se virou para sair dali, mas seu braço foi puxado com mais força do que o necessário. — VOCÊ ESTÁ ME MACHUCANDO! — gritou, de olhos fechados.

— E VOCÊ ACHA QUE IRIA TE TRATAR BEM DEPOIS DE SABER QUE ESTÁ ESCONDENDO ALGO QUE TAMBÉM É MEU?!

Hoseok travou. Desde quando ele sabia de sua gravidez? E o que ele faria consigo? Se lembrou novamente dos remédios e quis se bater por ter se negligenciado. Como se já não bastasse tudo que tinha passado, Hyunwoo ainda seria capaz de tirar seu filhote para criar sua família com a garota que ele viu com ele mais cedo?

— Eu não tenho nada seu. — o enfrentou como de costume. Por baixo daquilo, estava nervoso e sabia que não podia ficar daquele jeito ou faria mal aos seus bebês.

COMO NÃO?! — Hyunwoo empregou a voz de comando, fazendo-o estremecer, amedrontado. — VOCÊ PENSA QUE É QUEM PARA ME ESCONDER ISSO? ACHOU QUE EU NUNCA DESCOBRIRIA?! — o tom imperativo ainda estava presente. Naquele ponto, Hoseok já estava com os olhos cheios d’água. — ME RESPONDE! — Hyunwoo sentia o próprio cheiro exalando dele e parecia aumentar gradativamente, junto com outros cheiros. Ele se sentia estranho, queria saber o que Hoseok diria para justificar, não podia ter feito aquilo consigo.

— Me solta, por favor… — começou a sair sem autorização. Ainda tentou sair dali, mas ele o segurava pelos ombros. Puxou a respiração, tentando se acalmar e se assustou quando se sentiu livre do toque de Hyunwoo, que estava no chão, embaixo de Jooheon e tentava se defender dos socos que eram desferidos em si por ele.

Hyunwoo conseguiu rapidamente rolar para cima de Jooheon e deixou a raiva tomar conta, acabando por agredir o amigo.

— Que porra! Isso não é assunto seu! — rosnou entre dentes, os olhos vermelhos brilhando pela fúria. Foi parar no chão novamente, dessa vez era Kihyun que o puxava de cima de Jooheon para lhe acertar golpes. Era obviamente uma desvantagem, dois contra um, mas a força de Hyunwoo equivalia aquilo.

Hoseok sentiu o corpo trêmulo pela situação e olhou ao redor. Os alunos estavam ao redor daquela confusão, mas nem um deles tinha coragem de se meter. Era sempre assim: quando se tratava do sobrenome Son, naquele lugar, ninguém ousava interferir.

— Seok hyung! — Changkyun apareceu ali, correndo, sendo seguido por Minhyuk e Hyungwon. — Você está bem? — passou a mão pelos braços dele à procura de machucados.

— Me tira daqui… — Hoseok sussurrava, sua cabeça parecia que iria explodir. Antes de sair dali, observou Minhyuk tentar se meter na briga para separar os três, mas desistiu ao quase levar um soco no rosto. — Parem com isso! — ele desistiu de sair dali e se virou para os três, vendo Jooheon com a área dos olhos próximo a sobrancelha avermelhada por um soco que levou, Hyunwoo que estava um tanto pior, já tinha sangue escorrendo pelo nariz e Kihyun praticamente ileso por praticar artes marciais.

— Kihyun! Sai daí! — Hyungwon parecia muito preocupado, odiava aquela violência toda. Viu, ao longe, uma professora se aproximar. — Tem professor vindo, droga! — reclamou, e Minhyuk iria tentar separar os três de novo, mas a mulher foi mais rápida.

— O que está acontecendo aqui? — ela perguntou. Era a coordenadora pedagógica dali, uma beta que sabia se impor e não se importava se lidava com alfas, ômegas, betas ou caralho a quatro. — Pensam que estão aonde? — ela se meteu na briga e puxou Jooheon, o mais próximo ali.

Changkyun se aproximou e agarrou o namorado, impedindo-o de retornar para a briga sem motivo. Minhyuk aproveitou e puxou Kihyun de cima de Hyunwoo. Hyungwon logo se aproximou, nervoso com os mínimos machucados.

— Para a direção! — a mulher vociferou. — Circulando! — voltou-se para os alunos aglomerados. Todos se dispersaram rapidamente assim que pôs os olhos neles. — Agora! — dirigiu-se aos sete, que a encaravam.

Hyunwoo se levantou do chão e encarou Hoseok, mas teve a visão bloqueada por Hyungwon que se meteu na frente dele. A mulher observava tudo e já estava se estressando com aqueles garotos. Hyunwoo se mexeu e foi na frente, ela seguiu atrás dele e os outros seis seguiram atrás de si.

Hoseok estava nervoso e isso era óbvio, mas, agora, com o fim da confusão, ele parecia estar para ter um curto a qualquer instante. Pensava no que teria que encarar, sua cabeça já criava cenários onde Hyunwoo lhe tomava seus bebês e tinha sua família com outra pessoa. Pensou em fugir, assim que saísse da escola, iria para casa, arrumaria suas coisas e fugiria para outro lugar, outra cidade, outro país: só queria se manter longe do perigo e junto de seus filhotes.

Hyungwon ficou sem ação. Eles estavam no corredor, rumo a direção da escola quando sentiu algo puxando sua roupa. Por um instante, sentiu medo, mas logo virou e viu Hoseok caído no chão. Foi coisa demais para ele.

— Min. — Hyungwon chamou o namorado enquanto se abaixava. Todos olharam para trás e, em seguida, correram até o corpo desacordado.

— Como vocês deixam um garoto grávido passar por isso? E por que a direção da escola não foi informada que tinha um ômega grávido andando pelo colégio? — a beta se abaixou para sentir a pulsação de Hoseok.

— Não chega perto! — Minhyuk gritou com Hyunwoo assim que o viu se aproximar. — Você é o culpado disso. — ergueu-se e ficou cara a cara, falando perto e de forma ameaçadora. — Se algo acontecer, a culpa é sua. — murmurou para só ele ouvir e saiu da frente quando viu Kihyun e Jooheon levantarem o corpo mole do amigo e o levarem para a enfermaria do colégio.

Hyunwoo se sentia mal, não queria provocar nada daquilo. O cheiro de medo impregnado na fragrância de Hoseok pareceu despertá-lo de um transe. Hoseok estava carregando seus filhotes, sabia que eram mais de um pela quantidade de fragrâncias, mas ainda se intrigava com um cheiro de beta que não sabia a quem pertencia, mas sabia que não era de Hoseok.

Hyunwoo queria, não, precisava conversar, ele tinha esse direito. Sem empecilhos, sem nervosismo desnecessário ao ômega, sem interrupções, ele somente necessitava se acertar com Hoseok de uma vez por todas.

 

(…)

 

Hoseok soltou o ar que nem percebeu ter prendido quando escorou na porta após fechá-la atrás de si. Estava cansado e precisava se deitar, mesmo após ficar dormindo na enfermaria do colégio após o desmaio. Além disso, os amigos provavelmente iriam atrás de si ainda naquele dia fatídico.

Fora o cansaço, também estava confuso. Não sabia o que estava sentindo ou o que gostaria de sentir ou até mesmo o que queria que Hyunwoo sentisse. Ele sabia de sua gravidez, e agora? Será que ele queria tomar os filhos de si? Será que ele queria dar fim neles? Talvez ele nem ligasse. Mas se não ligava, por que fez todo aquele showzinho no refeitório do colégio? Será que ele assumiria seus filhotes e ficaria consigo?

Riu alto, um riso irônico e angustiado, cheio de amargura para consigo mesmo. Hyunwoo jamais faria isso, nem se ele quisesse, pois a mulher a quem ele chamava de mãe não permitiria sujar o impecável nome dos Son, o nome que ela mesma sujou ao entrar para aquela família. Podia afirmar isso pelo pouco que Jooheon lhe contou sobre Hyunwoo, porque, mesmo negando, queria saber mais sobre ele. Então, certa vez, perguntou ao irmão sobre o passado dele. Queria entender a personalidade de Hyunwoo, e Jooheon lhe contou, bem pouco, mais contou. Hoseok poderia afirmar, com o pouco que sabia, que a única que sujava aquele nome era aquela mulher.

Saiu de seus devaneios ao ouvir um som vindo da sala. Sentiu um frio na espinha e seu corpo se arrepiou como um mau presságio. Deu um passo em direção ao cômodo e depois outro, talvez ele devesse sair dali correndo, mas algo lhe dizia para ir até sua sala. Além do mais, havia trancado toda a casa, talvez fosse o vento balançando uma cortina ou até mesmo Minho, ele tinha uma cópia de todas as chaves da casa a seu pedido.

Ledo engano.

— Como você… — Hoseok sentiu o ar lhe faltar, a bolsa escolar escorregou do ombro e as mãos caíram ao lado corpo tamanho choque ao encarar aquele ser a sua frente. A estatura alta, os olhos queimando num vermelho de puro ódio, a presença forte e o cheiro, ah, aquele maldito cheiro, não tinha como esquecer aquela fragrância tão suja e imponente sobre si.

— Atrapalho? — TaeOh se desapoiou da parede da sala. Hoseok se viu encurralado, sentiu seus filhotes se mexerem e gemeu surpreso. — Ah… — notou o desconforto dele e sorriu. Já havia sentido aqueles cheiros desde que entrou na casa, assim que quebrou a fechadura da porta dos fundos, o cheiro do ômega e de filhotes, além do cheiro de um beta que parecia confundir seu faro, mas havia a presença marcante de um alfa. Era de boa linhagem, sabia disso pelo cheiro forte e quase impossível de ser sobreposto, mesmo com a presença do odor de beta.

Era a primeira vez que os trigêmeos se mexiam na barriga de Hoseok. Eles ainda estavam se formando, e nem sabia em que período eles começariam a se mexer daquele jeito. Deveria ser um momento muito bom e emocionante para si, mas não era o que estava acontecendo. Hoseok podia sentir que os três se mexeram por instinto, por medo, ele não sabia explicar, mas seus pequenos estavam sentindo o pavor se alastrar pelo seu corpo.

— Não se aproxime. — Hoseok disse, firme, mesmo estando a ponto de desabar. Queria chorar e ser abraçado por Jooheon ou Kihyun, Changkyun também lhe passaria segurança, até mesmo os tios, Siwon e Donghae. Sua cabeça estava a mil, pensou até mesmo em abraçar Minhyuk, que era o ômega mais corajoso que já viu e Hyungwon, que, mesmo com medo, sabia passar segurança como ninguém. O fato era que Hoseok não esperava ver seu responsável novamente, não agora, muito menos em sua casa.

Sem perceber, pensou em Hyunwoo e nos braços fortes dele. Admitiu para si mesmo: naqueles braços, sentia-se intocado, sentia que o mundo poderia cair ao seu redor, e não se importaria, sentia-se indestrutível e completamente em paz. Eram muitas sensações para se sentir nos braços de apenas uma pessoa, alguém a quem estava abominando nos últimos meses.

— Você achou que é dono da casa? Eu não lembro de ter deixado você trocar as fechaduras. Demorei mais de vinte minutos para entrar pelos fundos. — contou com um ar debochado. Hoseok arregalou os olhos, Siwon e Donghae haviam escolhido aquelas fechaduras justamente por serem as mais reforçadas. — O que? Achou mesmo que ia ficar com o que é meu? — disse com ar de riso. Hoseok levou a mão a barriga de modo protetor. — E finalmente você vai poder me dar o que me tirou a alguns anos: milha filha. — seu olhar não se desgrudava da protuberância do mais novo.

— Sua filha? São meus filhos! Só meus! Minha irmã está num lugar muito melhor e longe de você! — Hoseok esbravejou e deu um passo para trás ao ver o mais velho ir em sua direção. TaeOh foi até a mesa de centro e pegou uma garrafa que, até então, não havia notado ali. — Fique longe! — não sabia para onde ir, olhava ao redor à procura de uma rota de fuga. Via a porta de entrada que havia trancado, a cozinha e as escadas, podia sentir a adrenalina em seu corpo e seus filhotes começaram a chutar forte. Seria possível sentir aquilo? Gemeu alto e se agachou em busca de uma posição menos dolorosa.

— Veremos de quem são. — TaeOh bebeu o líquido da garrafa, provavelmente alguma bebida alcoólica e, em seguida, a bateu na beirada da mesa, estilhaçando metade dela.

Hoseok não ficaria ali para descobrir o que TaeOh faria com o pedaço da garrafa de vidro em sua mão, levantou-se e correu até a escada. Iria se esconder no quarto e pediria ajuda pelo celular, mas os filhotes voltaram a chutar, dessa vez mais forte. Hoseok sentiu os olhos marejarem e respirou fundo, buscando se acalmar, os joelhos perderam a estabilidade e ele fraquejou.

— Calma. — sussurrou para seus pequenos. Se eles não parassem, não conseguiria sair do lugar.

TaeOh riu do seu estado. Não tinha pressa alguma, como um predador encurralando sua presa, andava vagarosamente até Hoseok, que ainda tentava se recuperar da dor no ventre.

— Hoseok! — uma voz chamou a atenção dos dois dentro da casa. — Precisamos conversar! Abre logo, sei que está aí! — o cheiro marcante fez os filhotes se mexerem mais. Hoseok se segurou no corrimão da escada e se contorceu, os filhotes estavam clamando pela presença do pai, que gritava do lado de fora da residência.

— Então… — assustou-se por sentir a respiração de seu responsável a alguns centímetros de seu rosto. Tudo estava girando e, quando percebeu, já havia vomitado nas escadas, no responsável e em si mesmo. Junto com o refluxo, veio o choro desesperado e cheio de medo. — Filho da puta! Olha o que você fez! — gritou, enojado.

Hoseok se encolheu, sentindo dor. TaeOh havia usado a voz de comando, e Hoseok se questionava se o que sentia era causado por seus filhotes ou ele estaria passando mal e precisava dos cuidados de Minho.

— Hoseok! O que está acontecendo aí?! — Hyunwoo podia sentir o cheiro de medo que exalava de Hoseok, misturado ao seu cheiro e ao dos filhotes, além de sentir um odor diferente que esperava que não fosse quem ele pensava.

— Já que eu não pude ficar com elas, vou fazer você sentir o que eu senti: vou tirar de você o que tirou de mim. — sussurrou tudo aquilo próximo do ouvido de Hoseok, mas Hyunwoo já sabia quem era antes de ouvir aquela voz.

Hoseok tentava se limpar do vômito, mas seu mundo parou quando sentiu uma dor lasciva. Olhou para baixo e observou o estilhaço da garrafa em sua barriga. Viu-se em seu pesadelo onde o tal médico enfiava uma tesoura em seu ventre, mas era pior, muito pior: era real.

— Shownu... — sua voz não saía tão alta como desejava. No momento em que TaeOh retirou o vidro e voltou a enfiar em sua barriga, dessa vez mais fundo, gritou, um grito forte e potente.

Hyunwoo tentou forçar a maçaneta e não obteve sucesso. Chamou por Hoseok, que gritava, desesperado, enquanto era perfurado por TaeOh. Para não acertar sua barriga, ele colocou os braços na frente e sentia o vidro rasgar sua pele profundamente. Estava ficando tonto, em sua mente, via a mãe sorrir para si e se perguntava se ela tentava lhe acalmar ou era seu fim. Não podia morrer, não agora, tinha três filhotes para cuidar, tinha seus amigos, seus tios. Não podia deixar aquele mundo, ainda não.

— Que merda! — Hyunwoo se afastou da porta e começou a chutar, tentando arrombar.

— Shownu! Me ajuda… Por favor! Me solta! — Hoseok dizia o mais alto que conseguia, sabia que Hyunwoo ouviria até se ele sussurrasse, mas estava desesperado e sentia as forças se esvaindo junto com a enorme quantidade de sangue que perdia. Tentava, em vão, segurar a mão do TaeOh.

Hyunwoo abriu a porta violentamente com um chute e o som tirou TaeOh do transe em que havia entrado enquanto estava machucando o menor. Ele sentia prazer naquilo, sentia que merecia fazer aquilo, tinha esse direito por tudo que já passou. TaeOh não havia realmente sofrido na vida, mas se julgava como um pobre coitado que merecia descontar suas frustrações em uma criança que não tinha culpa de nada.

Hyunwoo não raciocinou direito após ver Hoseok caído sobre os degraus da escada sem consciência com o corpo ensanguentado também sujo com alguma coisa viscosa que julgou ser vômito. Tinha sangue por toda parte, e sua visão se tornou vermelha, ele mataria aquele homem.

Aproximou-se de Hoseok, ele parecia fraco e debilitado. TaeOh havia aproveitado a oportunidade para fugir, mas não iria longe. Pegou o celular, não se importou se estava sujo com sangue, apenas Hoseok importava.

— Jooheon! Manda os pais do Kihyun virem pra casa do Hoseok, AGORA! Chama uma ambulância! — e desligou sem esperá-lo responder. — Eu vou cuidar de você, eu prometo! — deixou um beijo nos lábios secos do ômega desacordado.

Hyunwoo estava fora de si quando saiu disparada da casa de Hoseok e viu o homem correr rua acima. Ele o pegaria, não o deixaria escapar em hipótese alguma. Então, o perseguia como um lobo enfurecido, como se sua vida dependesse disso, e, no fundo, sabia que sim. Aquele homem tocou em Hoseok, tocou em seus filhos, ele pagaria muito caro.

TaeOh parou de correr, pensando estar longe o suficiente, mas foi com a cara no concreto da calçada quando Hyunwoo pulou sobre si. As pessoas que estavam na rua corriam com medo, ambos estavam ensanguentados, mas Hyunwoo não ligava, iria fazê-lo pagar por tudo o que havia feito a Hoseok.

— Desgraçado! — disse após desferir o primeiro golpe. Apesar de tudo, o homem parecia rir.

— Achou mesmo que ele ficaria com você? — TaeOh perguntou com um sorriso vitorioso em meio a todo o sangue em seu rosto. — Aquele garoto é meu. Eu dei meu nome a ele, eu o sustentei e só eu posso usar aquele corpo. Só eu posso tocar no que é meu. — foi calado por um soco no maxilar.

Hyunwoo não deu trégua para o homem proferir mais asneiras. A raiva que sentia parecia o consumir. Hoseok poderia morrer por causa daquele homem. Perguntava-se se ele o perdoaria por tê-lo feito passar por tanta coisa sozinho, mesmo que o próprio Hoseok tivesse escolhido passar por aquilo. Se Hyunwoo tivesse feito tudo certo desde o início, talvez estivessem juntos agora, e não deixaria seu ômega e seus filhotes desamparados. Ele se sentia culpado por ter simplesmente desistido dele, mas iria se redimir.

Na residência dos Shin, Siwon e Donghae entraram, correndo após receberem uma ligação do celular de Jooheon. Changkyun deu seus números a ele, então quando receberam uma ligação desesperada dele mandando-os irem imediatamente para a casa de Hoseok, sabiam que algo havia acontecido.

— Merda! — Siwon praguejou ao entrar. Donghae veio logo atrás de si, correndo até o corpo de Hoseok e com o celular para chamar o número da emergência. Deu o endereço e pediu uma ambulância com urgência, dando fim a ligação em seguida.

— Eu cuido dele, vai atrás do Hyunwoo. — mandou, tentando manter a calma.

Siwon se levantou, obedecendo sua ordem. Ambos sabiam que o tal Hyunwoo era o pai dos filhotes de Hoseok, e se tinha algo intocável para um alfa, eram seus filhos. Ele correu para fora da casa com a arma em punho, olhou de um lado para o outro da rua e correu na direção a Hyunwoo estava, vendo-o sentado sobre o corpo de alguém desferindo socos violentos. Mesmo de longe, conseguia sentir todo ódio exalando de todos os poros dele.

— Já chega! — gritou e segurou os punhos dele, imobilizando-o. Ele era de boa linhagem e tinha mais força que alfas comuns, mas Siwon tinha técnica ao fazer aquilo. Hyunwoo ofegava e bufava de raiva, o rosto de TaeOh estava deformado pelos golpes que recebera. — Chega! — repetiu no ouvido dele, e ele, enfim, pareceu voltar a realidade.

— Ele… Eu… — disse de modo desconexo.

— Eu cuido disso aqui. Volte lá e ajude Donghae. — Siwon o soltou. Não se preocupou com TaeOh, ele estava desacordado graças aos socos que havia recebido. — Ei! — chamou antes do mais novo sair dali. — Faça as coisas do jeito certo. — disse sério, e Hyunwoo entendeu do que se tratava e saiu dali correndo para a casa do ômega.

Agora, mais calmo, ele observou o estrago no ômega. Hoseok estava pálido, muito pálido, e seu rosto estava retorcido em uma careta de dor, mesmo desacordado, parecia estar sofrendo. Observou os braços cheios de fissuras profundas, a pele estava dilacerada e resultaria em grandes cicatrizes. Hyunwoo sentiu o coração falhar ao encarar a barriga do Shin quando Donghae levantou a roupa ensanguentada e tentou limpar aquela região. O mais velho não deixou de se assustar quando ouviu um rosnado.

— Não rosne pra mim! — Donghae grunhiu, sério, sem se dar o trabalho de olhar o mais novo atrás de si.

Hyunwoo se aproximou a passos lentos e se abaixou ao lado de Donghae.

— Ele vai sair dessa! A ambulância já está vindo. — dizia mais para si mesmo que para o mais novo. Podia ouvir sons de sirenes se aproximando, para o seu alívio.

Donghae olhou para o garoto ao seu lado e se surpreendeu: Hyunwoo tinha o rosto banhado em lágrimas, elas desciam sem controle, e não se importou se o mais velho o encarava surpreso, até porque ele também estava chorando.

— Me desculpe. — disse baixo e se aproximou de Hoseok com as mãos tremulas pelo nervosismo.

— Não mexa nele. Não sabemos o que pode acontecer. — Donghae disse e mais policiais entraram no lugar. Tratou de se recompor e foi até os colegas repassar a situação.

— Me perdoa. — Hyunwoo não sabia como agir ou o que fazer, tocou delicadamente no rosto de Hoseok e viu suas lágrimas caírem sobre a face pálida dele.

— Me solta! — uma voz o despertou, e ele levantou o olhar para onde Siwon estava com TaeOh algemado.

Siwon não carregaria aquele homem, então fez ele acordar depois que o algemou.

— Desgraçado. — Hyunwoo sussurrou e se levantou, queria ver aquele homem morto. — Eu vou te matar! — gritou e avançou. Siwon não conseguiu segurá-lo ou talvez tenha fingido, mas teve de intervir ou Hyunwoo realmente mataria o homem. Mesmo que ele também desejasse aquilo, não podia permitir que o menor se sujasse com tal ato.

— Me solta! —gritava enquanto era segurado por três policiais, um em cada braço e o terceiro o segurava pelo tórax. — Filho da puta! — xingou, os olhos vermelhos brilhavam, e TaeOh riu alto ao ser levantado do chão por Siwon.

— Eu disse- — não conseguiu concluir sua fala pois Donghae o acertou um soco que o fez cuspir sangue.

— Cala a merda da boca! — Donghae grunhiu, e Siwon tratou de colocar o elemento na viatura. — Podem soltar ele. — os três soltaram Hyunwoo. — Não adianta nada tudo isso. — suspirou. — Eu sei o que você sente, a maioria aqui é pai e sabe muito bem o que é essa sensação. Então, se acalme.

— Cadê a droga da ambulância? — perguntou ainda alterado e o maldito carro apareceu na rua.

Ele correu até o corpo de Hoseok e se assustou ao não sentir o cheiro de um dos filhotes.

— Ei! — chamou, desesperado. — Não sinto o cheiro de um deles. O que está acontecendo? — o cheiro de Hoseok estava ficando fraco assim como o dos outros dois filhotes. — Dá pra alguém me dizer alguma coisa? — ele gritava, queria poder tocar Hoseok, mas sentia medo de acabar piorando a situação.

Os policiais olhavam a cena com certa pena. Era fato que a maioria ali era pai e faziam ideia do que se passava com o garoto que seria pai pela primeira vez.

— Sai! Sai! Sai! — uma mulher chegou gritando com todos que rapidamente se afastaram, dando espaço para a maca. — Se afaste! — ela disse, e Hyunwoo saiu de perto.

— Hoseok! — Jooheon apareceu ali junto com a ambulância.

— Você veio correndo até aqui? — um dos policiais perguntou a ele que o ignorou.

Ele havia mesmo corrido até ali, mesmo com os pedidos de Changkyun para que ele ficasse.

— Eu vou com ele na ambulância! — exigiu e os paramédicos passaram por si com seu irmão na maca.

— Jooheon! — olhou para Hyunwoo, que o encarava.

— Eu não posso. Eu prometi que nunca mais ia sair de perto do meu irmão. — e correu até a ambulância que já estava saindo.

Hyunwoo iria sair correndo dali quando viu a ambulância se mover, mas foi puxado pelo braço. Estava para enfiar um murro na cara de alguém

— Precisamos do seu depoimento. — Donghae o largou do aperto e o viu suspirar alto ao sentir o celular vibrar.

— O que foi? — atendeu sem olhar quem era.

— Temos um jantar hoje, esqueceu? — a voz de Hana soou do outro lado da linha.

— Eu quero que esse jantar se ferre junto com você. — jogou o celular com força na calçada. O aparelho se quebrou por inteiro com o impacto. Todos observavam com pesar o nervosismo do menor.

— Você sabe que não pode chegar perto dele. — Siwon apareceu atrás de Donghae. Naquele momento, Hyunwoo imaginou que Kihyun provavelmente contou toda a estória aos pais.

— Vocês não entendem, foi tudo um mal entendido. — disse em verdadeiro desespero.

— Pelo o que Jooheon disse, não me pareceu um mal entendido. Principalmente, a parte que aconteceu no Japão. — Siwon disse e todos olharam para trás ao ouvirem o som de sirenes. Carros da perícia chegavam, eles tinham que voltar ao trabalho.

— Vá até a delegacia, fale com nossa chefe. — Donghae entregou um papel ao Son que o pegou sem ler. — Deponha e, depois, estará liberado. Não suma, seu depoimento é muito importante. Nós precisamos ir agora. Jooheon lhe manterá informado sobre o estado de Hoseok. Entenda, você fez mal a ele, e, agora… — suspirou, e Siwon depositou a mão sobre seu ombro, dando apoio. — Ele não vai aguentar mais atrocidades. Eu não vou deixar ninguém fazer mal aquela criança. — e, assim, os dois saíram dali.

Hyunwoo não fez o que lhe foi dito. Ele foi direto para o hospital, sem se importar com as roupas sujas de sangue ou com qualquer outra coisa. Demorou alguns minutos até chegar lá, sabia que era o hospital mais próximo dali, pois Hoseok não aguentaria mais se fosse levado para mais longe. Algumas pessoas se assustaram ao vê-lo naquele estado ao entrar no local, que estava uma loucura. Haviam pessoas correndo de um lado para o outro e uma tremenda bagunça, aquilo confirmou sua hipótese de que Hoseok estaria ali.

Não perdeu tempo pedindo informação, apenas correu até a sala de espera e como já previa, Jooheon estava ali, assim como todos os amigos de Hoseok.

— O que está fazendo aqui? — Kihyun perguntou e se pôs na frente de Shownu. — O que é isso? — referia-se ao sangue.

Hyunwoo suspirou alto, mentalmente exausto.

— Eu vou explicar tudo, mas me digam como ele está. — estava a ponto de suplicar por aquela informação.

— Você não tem o direito de estar aqui. — Minhyuk se colocou ao lado do namorado.

— É ele. — Hyunwoo sussurrou para si mesmo, observando alguém atrás de Minhyuk.

— Vá embora. — voltou a intervir, se metendo na frente dele ao que Kihyun tentou segurá-lo pelo braço.

Sai da frente! — empregou o tom de alfa. Minhyuk se encolheu, assustado, pois não esperava que fosse agir daquele modo num lugar daqueles.

— E quem você pensa que é?! — Kihyun empurrou Hyunwoo, que deu alguns passos para trás, mas não tirou a atenção de seu alvo.

— Então, é você? — disse, sério, chamando a atenção de todos que estavam ali na sala de espera do hospital. — É você que esteve com ele todo esse tempo? — perguntou com a voz soando como um rosnado. Hyunwoo estava possesso, era ciúmes obviamente.

— Não é lugar e nem hora para ter crise de ciúmes. — Jooheon se aproximou.

— Não sei do que está falando senhor, mas, por favor, peço que se retire do hospital se for continuar com esse escândalo ou eu serei obrigado a chamar os seguranças. — Minho apareceu atrás de Minhyuk e tocou no ombro dele, que, enfim, pareceu relaxar.

— E você acha que é quem?! — Hyunwoo esbravejou, a sala de espera estava preenchida por um silêncio que era entrecortado pelas vozes dos dois. Havia percebido, assim que entrou ali, que a pessoa que tinha o cheiro misturado ao de Hoseok estava ali, só não esperava que fosse um dos médicos. O mesmo médico que o atendeu Hyungwon no Japão.

Minho estava sério e a ponto de partir pra cima dele, sem se importar com seus trajes cirúrgicos. Entretanto, antes que pudesse fazer algo, foi interrompido.

— Dr. Choi, o paciente está perdendo pulso! Rápido! — uma enfermeira apareceu gritando. Minho saiu correndo dali, rumo a sala de cirurgia, ele seria o responsável pela operação de Hoseok.

— Você ficou louco? — Siwon apareceu na sala de espera com Donghae ao seu lado. Eles tinham saído brevemente do local da perícia e ido resolver problemas com a papelada de Hoseok, já que haviam se tornado os responsáveis legais dele.

— Vá embora, Shownu. — Jooheon se aproximou mais do amigo. — Por favor. — ele tinha súplica no olhar.

Hyunwoo suspirou alto antes de sair dali. Todos pareciam aliviados pelo fim da confusão, mas ainda estavam nervosos por Hoseok, que agora estava na sala de cirurgia.

— Vai ser como Eunhyuk. — Donghae sussurrou para si mesmo, mas Siwon ouviu e o abraçou forte.

— Não vai. — disse, convicto, mas, no fundo, ele também não tinha certeza.

Hyunwoo estava atordoado pelos acontecimentos do dia, mas precisava fazer algo. Seguiu o caminho para sua casa, precisava se livrar de todo aquele sangue. Não lembrava do trajeto, muito menos se importava, somente precisava fazer aquilo e voltar, mesmo ignorando os pedidos dos demais, ao hospital logo.

— Não desligue o celular assim. — Hana apareceu assim que abriu a porta da mansão. Ela uniu as sobrancelhas ao ver o estado do filho. — Onde você esteve?

— Cala essa boca! Você não se importa com nada! Nunca se importou. Eu não vou com você a lugar algum. Eu vou cuidar do meu ômega e dos meus filhotes. Eu vou trazê-los pra casa comigo, e você não ouse falar nada. Você não tem nada a ver com isso. — disse tudo de uma vez e subiu as escadas rapidamente, precisava ser rápido e ainda teria que arrumar um celular novo.

Em sua mente tinha apenas uma certeza: iria se redimir com Hoseok. Ele era seu ômega, e seria o alfa dele, teriam uma família para poder dedicar-se unicamente a ela, como seu pai fez consigo. Não permitiria que ninguém mais o tocasse de modo nocivo.

Após estar devidamente limpo, rumou à delegacia. Lá, contou tudo o que sabia e a tal chefe, ouvia tudo atentamente enquanto o escrivão digitava vorazmente o que era dito. Toda sua ação demorou quase meia hora e quando saiu dali foi direto para o hospital. Não importava o que os outros diriam, ele ficaria ali. Ele sabia que realmente não tinha aquele direito, mas queria reconquistá-lo. Queria cuidar do ômega e dos filhos, aqueles quatro eram sua família, eram sua vida.


Notas Finais


correndo para as colinas.
ou voltando para o exo planet.
Beijos no coração.
voltamos em breve.
e Obrigado pelos QUASE 300 favoritos. <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...