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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter Twenty Nine


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Alô para um dos melhores fandons, vulgo monbebe's <3
esperamos que gostem, boa leitura!

Capítulo 34 - Chapter Twenty Nine


Na sala de cirurgia, Hoseok lutava por sua vida. Seu ventre, agora sem seus filhotes, parecia fazer seu corpo ter um colapso nervoso, mandando descargas de hormônios por toda a estrutura fragilizada. Já havia passado pouco mais de duas horas dentro daquela sala, onde Minho foi obrigado a fazer uma cirurgia para retirada dos bebês. Dois deles estavam em úteros artificiais, sendo cuidados por uma equipe de médicos e enfermeiros. Como já esperava, um deles não sobreviveu e foi retirado morto. Minho acreditava que a causa da morte foi o primeiro golpe que Hoseok recebeu. O primeiro golpe retirou a vida do menino que Hoseok nomeou Jihoo, ômega, o menor, talvez o mais frágil.

Os outros dois permaneciam no mesmo estado: não melhoravam, mas também não pioravam. Devido ao choque e mesmo com toda a positividade, Minho sabia que eles, provavelmente, não iriam sobreviver. Era fato que a tecnologia ajudava, e muito, com todos os avanços. Os úteros artificiais eram como os de verdade, até o formato delicado e frágil imitava aquela parte sensível dos ômegas. No entanto, pela emergência dos filhotes de Hoseok, não houve uma preparação adequada para eles serem mantidos ali.

Durante toda a operação e mesmo agora enquanto observava o cirurgião plástico cuidando dos outros ferimentos de Hoseok, Minho pensava o quanto de sofrimento ele já havia sentido em sua vida e porque não conseguia ser feliz. Por mais que tentasse, ele parecia estar condenado a passar por situações difíceis como aquela. Céus, como odiava aquela injustiça com a vida.

— Doutor. — uma enfermeira apareceu e chamou a atenção de todos na sala. Outro fato sobre a estadia de Hoseok ali era que todos acabaram descobrindo o que aconteceu e sabendo de, praticamente, toda a vida dele. Além disso, já estava nos noticiários e em vários portais de notícias, o que resultou em uma equipe empenhada em salvar os filhotes e o próprio ômega. — Um deles não aguentou. — ela disse com pesar.

Minho suspirou e segurou a emoção, indo até um dos úteros artificiais que estavam na sala ao lado de onde Hoseok ainda estava sedado. Seu coração parecia chorar ao ver o pequeno feto ao lado do irmão que já havia morrido: Hani, a outra ômega, sabia pelo cheiro doce que sentiu ao retirá-la de Hoseok, mas agora não restara nada da fragrância da pequena.

Restava apenas um feto, seria uma tremenda coincidência ou uma tremenda sacanagem da vida que aquela fosse Hyerin, a alfa era guerreira.

— Você tem que resistir. — Minho disse para si mesmo e observou o feto movimentar levemente os dedos ainda em formação. — Por ele. — segurou o choro que ameaçava abater-lhe.

Após três horas de operação e com Hoseok ainda desacordado sendo costurado pelo cirurgião plástico, a pequena alfa também faleceu e foi posta ao lado dos irmãos. Minho não aguentou e saiu correndo da sala de operação, foi até a escada de incêndio e se sentou ali, liberando as lágrimas. Não eram apenas por Hoseok ou por aqueles filhotes especificamente. Na verdade, era, mas, para um médico de verdade, a dor de perder um paciente e o sentimento de impotência são avassaladores.

Minho havia perdido três crianças que, com toda certeza, fariam Hoseok feliz e realizado. Seu consolo foi ter conseguido, ao menos, lhe garantir a capacidade de gerar filhos no futuro. O problema agora seria dar a notícia ao ômega.

Após algum tempo ali, Minho se ergueu e voltou para a sala de cirurgia.

— Já estamos quase acabando, mas isso não vai ser suficiente. Ele vai precisar de uma série de reconstruções teciduais e musculares, os cortes foram bem profundos. — Minho apenas concordou com as palavras do cirurgião plástico.

— Quando ele acabar, levem o garoto para um quarto e não deixem ninguém entrar sem a minha autorização. — orientou a uma enfermeira e saiu dali. Agora, tinha que falar com os amigos de Hoseok e não fazia a menor ideia de como eles iriam reagir.

Aquele corredor nunca pareceu tão silencioso para si com seus passos lentos parecendo ecoar alto. Ele olhou por uma janela e se deparou com a lua azul imponente e bela. Sentiu a brisa gélida lhe acariciar o rosto e se permitiu relaxar por um momento antes de puxar a respiração e seguir seu caminho.

Ao avistar a sala de espera, Minho enxugou as mãos na roupa, suando pelo nervosismo. Não era a primeira vez que fazia aquilo, mas era diferente, com Hoseok, tudo era diferente. Houve apenas silêncio quando os amigos dele enfim o viram, nenhum deles disse nada. Siwon e Donghae se levantaram e vieram até si. Donghae segurava forte a mão do marido sem perceber. Os mais novos ficaram calados, e Minho poderia implicar com a presença de Hyunwoo ali, mas não tinha disposição para isso. Além de que, mesmo com Hoseok negando, ele tinha direito de saber daquilo, então sinalizou para ele se aproximar junto dos Yoo mais velhos, que estavam apreensivos.

— Hoseok está fora de perigo, mas vai ficar internado por mais tempo. Ele também vai precisar de cirurgias plásticas para reconstruir a estrutura de seus braços e abdômen que ficaram deformadas devido à violência dos golpes que ele sofreu. — Minho disse tudo sem dar trégua para nenhum deles dizer nada. Mas foi necessário apenas a pausa para respirar para que Donghae se pronunciasse:

— E os filhotes? — já imaginava a resposta, mas ainda tinha esperança, tinha que ter.

Minho suspirou e encarou Hyunwoo, vendo-o cerrar os punhos.

— Desculpe. Nós tentamos de tudo, mas não conseguimos. — afirmou com pesar.

Changkyun, que estava dormindo com a cabeça apoiada ao peito do irmão, acordou de supetão quando Hyunwoo chutou uma fileira de cadeiras da sala de espera.

— Como? — Siwon perguntou, ignorando o garoto imprudente.

— Jihoo provavelmente morreu quando Hoseok recebeu o primeiro golpe. Hyerin e Hani sobreviveram as primeiras duas horas dentro de nossos úteros artificiais. Hani não aguentou, tinha os pulmões ainda em desenvolvimento, além de o cordão umbilical ter sido rompido. Foi algo abrupto demais para um feto em desenvolvimento. Hyerin foi quem mais lutou. — Minho enxugou uma lágrima que desceu sem sua permissão e prosseguiu: — Ela aguentou mais de três horas, só que… Me perdoem, eu não consigo mais… — ele colocou a mão sobre a boca e desviou o olhar, sua ação atraindo a atenção de todos, incluindo a de Hyunwoo.

Donghae abraçou Minho, passando conforto.

— Tudo bem. — dizia enquanto arrastava as mãos sobre as costas do mais novo. — Calma. — soltou o médico e olhou para trás.

Changkyun chorava enquanto era abraçado por Kihyun. Jooheon passava a mão pelo rosto, tentando acreditar no que ouviu e disfarçar as lágrimas. Minhyuk acariciava as mãos de Hyungwon, ambos choravam silenciosamente, todos encarando aquele luto à sua maneira.

Hyunwoo, diferente dos demais, saiu do hospital sem olhar para trás e se viu no jardim que havia no lugar. Não sabia o que fazer, ele correu até uma árvore e caiu de joelhos, segurando-se nela. Desse modo, gritou alto e forte, um grito angustiante e cheio de sofrimento e culpa.

Socou a árvore sem se importar. E daí que machucaria as mãos? E daí que estava no chão? Já era tarde, ninguém iria ver e, se visse, ele não se importaria de qualquer maneira.

Em meio a aquela euforia de sensações, sentiu braços ao seu redor e se surpreendeu ao ver Changkyun ali.

— Vai ficar tudo bem. — era o que dizia, mas Hyunwoo não via tranquilidade alguma nele. As mãos magras tremiam, talvez pela temperatura baixa da noite ou talvez fosse o nervosismo. Assim, segurou as mãos dele entre as suas, tentando aquecê-las.

— Eu vou fazer ficar tudo bem. — disse, convicto. Não se importava se ele estava o vendo chorar ou se o mundo o julgaria por ser um alfa e se mostrar frágil naquele momento. Ele concertaria tudo com Hoseok.

Changkyun sorriu com a declaração e levou suas mãos ao rosto de Hyunwoo, enxugando as lágrimas dele. Mesmo que significasse brigar com seu irmão e com o namorado, ajudaria aquele alfa a reconquistar seu hyung. Mesmo gostando de Minho, sabia que Hoseok jamais o corresponderia cem por cento. Mas não era hora, nem lugar para pensar em tais coisas, apenas o estado de Hoseok importava.

Os dois se levantaram em silêncio e seguiram de volta ao prédio branco. Tinham que encarar aquilo, Hyunwoo principalmente, mas ele olhava preocupado o menor ao seu lado. Changkyun ainda chorava e parecia estar em outro mundo, preso em seus pensamentos. Conseguia ver os lábios dele tremerem junto com o resto do corpo.

— Se acalme. — o segurou pelos ombros, ficando atrás dele. Changkyun respirou fundo, não sabia como iria falar com Hoseok. Seria como quando Eunhyuk faleceu: havia prometido que cuidaria de Kihyun, mas o que acontecia era o inverso. — Olhe pra mim. — Hyunwoo pediu, preocupado. Não sabia o que estava acontecendo, mas era simples na cabeça de Changkyun: ele se corroía, pois, naquela madrugada, havia prometido a Hoseok que protegeria as coisinhas. — Changkyun, respira. — Hyunwoo estava começando a se desesperar.

— Não posso… — sussurrou. Ele estava começando a hiperventilar.

— O que você não pode? — estava confuso, mas tentaria entender. — Eu posso ajudar? Me diz.

— Não, não, não. — ele falava rapidamente enquanto encarava o chão. — Seok hyung, eu não consegui. Eu prometi. Ele vai me deixar. — ao dizer aquilo, ele travou e foi como se o mundo tivesse parado, ele se viu sozinho. Apesar de Hyunwoo estar com ele há poucos instantes, ele começou a se desesperar e chorar alto. Em questão de segundos, o outro voltou a aparecer bem em frente a seus olhos.

— Ei, calma. Hoseok está bem, está fora de perigo. Ele não vai te deixar. — tentou dizer enquanto segurava o menor se debatendo na tentativa de sair de perto de si.

— Não, você não entende! —gritou e ao perceber que finalmente seria solto, se afastou e acertou um tapa no rosto dele.

Hyunwoo estava descrente do que acabou de acontecer. O tapa havia sido forte o suficiente para fazer seu rosto virar. E pelos cheiros, soube que não estavam mais sozinhos no corredor do hospital.

Voltou seu olhar para frente e viu Changkyun com as mãos sobre a boca. Ele parecia desesperado e contido ao mesmo tempo, notou tudo isso no comportamento dele. Ele tremia, e parecia que toda a adrenalina em seu corpo transbordaria a qualquer instante e não seria nada bom. Sua cabeça estava em Hoseok, mas tinha que tentar ajudar, tinha prometido se redimir e aquela promessa não se aplicava apenas ao Shin.

Mesmo vendo Minhyuk e Donghae de longe, Hyunwoo não se intimidou e abraçou forte Changkyun, que puxava o ar com tanta violência, fazendo-o se perguntar se ele tinha algum problema respiratório.

— Hoseok está bem, ele vai sair daqui conosco. Ele não vai te deixar. — disse, calmo.

— Mas eu prometi… — começou entre soluços. — Eu prometi… que ia proteger…

— Shhh… — ele o acalentava e, mesmo sendo só três anos mais novo, estava a ponto de carregá-lo para ninar como um filhote amedrontado. — Não faça promessas que não pode cumprir. — não sabia se aquilo que dizia era para acalmá-lo ou para si mesmo.

— O que aconteceu? — Donghae decidiu se aproximar. Precisava ver o que aconteceria com o filho, Zhoumi tinha que saber daquilo, sabia que não era normal. Contudo, acabou se surpreendendo com as ações de Hyunwoo.

— Ele só está nervoso. Foi coisa demais pra ele. — Hyunwoo fazia um carinho leve nos cabelos do menor e agradeceria infinitamente a todos os deuses e entidades do mundo por aquele ômega ser tão disposto a perdoar. Perguntava-se se, no lugar dele, faria a mesma coisa. Era fato que não merecia perdão, mesmo não tendo toda a culpa, mesmo tendo sido ignorado nas vezes que tentou se aproximar. Ele sabia que tinha cometido erros.

— Vamos pra casa. — Donghae o chamou e Changkyun se soltou do enlaço.

— Não, eu não vou sair daqui sem o Seok. — disse, sério. Hyunwoo viu a mão dele começar a tremer, ele teria a coragem de agredir seu pai? Não queria pagar para ver aquilo, impediu Donghae de falar:

— Ele tem razão. — apoiou as mãos sobre os ombros do mais novo. — Ele só sai daqui com o Hoseok. — encarou Donghae, sério. Pelo suspiro alto, ele pareceu entender que queria ajudar o filhote dele.

— Você não pode entrar no quarto dele. — disse diretamente a Hyunwoo.

— Vocês não podem me proibir. — retrucou, mas Donghae não queria discutir na frente do filhote, tendo em vista o estado atual dele.

— Kyun, Jooheon está te procurando. — Minhyuk, que observava tudo de longe, decidiu intervir.

Changkyun olhou para o pai e recebeu um sorriso calmo dele. O gesto o fez relaxar.

— Vem logo. — Minhyuk chamou, e ele foi sem se despedir de Hyunwoo.

Ao ter o filho longe o bastante, Donghae levou as mãos a cintura e suspirou.

— O que realmente aconteceu? — perguntou, mas Hyunwoo não sabia do que estava falando. — O Changkyun. Por que ele te bateu? O que você fez? — questionava. Nunca tinha visto o filhote bater em alguém de verdade como havia feito com ele. Não era do seu feitio ser violento nem nada do gênero.

— Por que eu sempre tenho que fazer algo? — Hyunwoo perguntou, angustiado. Precisava ver Hoseok, e aquele interrogatório não o ajudava em nada. Estava cansado de ser o culpado das moléstias do mundo.

— Hae? — os dois olharam Siwon que vinha atrás deles. — Aconteceu algo? — o marido negou com um balançar de cabeça. — Temos que voltar pro trabalho. Os meninos não vão arredar o pé daqui. Hoseok está em observação, ninguém pode ter contato com ele, pelo menos por enquanto. — explicou ao que Donghae se aproximou de si, selando os lábios demoradamente.

Hyunwoo ficou um tanto sem graça por presenciar aquela demonstração de afeto e desviou o olhar.

— Vá pra casa. — ergueu o olhar, encarando Siwon, que estava com uma mão no quadril de Donghae de modo possessivo.

— Vocês sabem que eu não vou. — falou calmo, porém óbvio. — Eu não aguento mais isso. — Hyunwoo queria gritar novamente, mas não podia. — Eu não sou tudo o que eles dizem. Vocês sabem o que é ser julgado por algumas atitudes idiotas? Não seria o fim do mundo pra vocês. Vocês não perderam três filhos, vocês não perderam alguém que amam… — foi diminuindo o tom da voz ao notar a tensão na dupla a sua frente, mas estava realmente cansado, precisar extravasar aquilo, necessitava desabafar.

— Eu queria muito que tudo o que você acabou de dizer fosse realidade. — Donghae saiu dali apressado.

Siwon olhou nos olhos do mais novo. Era uma troca intensa de sensações e ameaças, porque sim, queria acertar um soco nele por ter dito tantas coisas, mas se controlou.

— Você tem que crescer e amadurecer bastante, criança. Cuidado com suas palavras, com suas “atitudes idiotas”. — fez aspas com as mãos e se aproximou mais dele. — Hoseok não merece… nunca mereceu nada disso. — corrigiu-se e completou: — Não ouse entrar naquele quarto sem a minha presença aqui. — ameaçou e foi atrás de Donghae.

Hyunwoo encarou o corredor silencioso e pensou se deveria ficar ali ou ir para casa. Ambas as opções lhe trariam dor de cabeça: em casa, teria sua mãe e ali, os amigos de Hoseok exalando descaso para si. Contudo, tinha Changkyun que parecia estar disposto a lhe ouvir. Assim, ele decidiu passar a noite no hospital.

 

(…)

 

Já eram quase quatro da manhã quando Hyungwon decidiu se levantar para esticar as pernas. Ele não dormiu a noite toda, estava preocupado com Hoseok, mesmo após Minho garantir que ele estava fora de perigo. Olhou para os bancos onde Minhyuk e Kihyun estavam, ambos de mãos dadas e dormindo pesado. Viu Jooheon acordado e sorriu para ele, que retribuiu, mas logo voltou sua atenção para o namorado que tinha a cabeça em seu colo, dormindo serenamente enquanto recebia carinho dele.

Foi até o corredor a procura de um copo de água e teria gritado se não tivesse mantido o controle ao ver Hyunwoo sentado no chão, ao lado do bebedouro. Ele estava abraçando as pernas e não parecia dormir. Confirmou isso ao ouvir um fungar pesado. Andou até o mais velho e se sentou ao lado dele.

— Por que fez tudo isso? — perguntou baixo, sabendo que ele ouviria.

Hyunwoo ergueu o rosto e encarou Hyungwon. Havia sentido sua fragrância no instante que entrou ali, mas não esperava que fosse lhe dirigir a palavra. Não deu muita importância para seu estado: rosto inchado, nariz escorrendo, olhos vermelhos e grandes olheiras, tudo em decorrência da noite embalada por sua tristeza.

— O que? — perguntou, olhando o perfil dele a encarar a parede.

— Por que disse que ficaria com ele e, em seguida, o traiu? Por que desistiu tão fácil e decidiu trai-lo novamente? Por que, no final de tudo, você ficou tão possesso? Por que se apegou a esses filhotes no instante em que sentiu a presença deles? Por que não deixou Hoseok seguir em frente? — Hyungwon fez os questionamentos com certas pausas entre cada um e não foi interrompido pelo outro.

— Por que faz tantas perguntas? — disse baixo ao enxugar o rosto. Ele passou maior parte da madrugada daquele jeito, sozinho num canto, chorando. — Onde está seu namorado? Não quero confusão.

— Kihyunie está dormindo com o Min, eu não consegui dormir. Changkyun também dormiu, Jooheon está acordado cuidando dele. — explicou. — Você não respondeu minhas perguntas.

— São muitas perguntas, não acha?

— Temos algumas horas. — sorriu. Hyunwoo o encarou, muito provavelmente por não estar acostumado em lhe ver sorrir. — Não é simplesmente curiosidade. Eu me preocupo com ele e agora eu vejo nos seus olhos… Na verdade, eu via desde o início o quanto você preza por ele, então quero entender o motivo disso tudo. O motivo para enganá-lo e deixá-lo sozinho justamente quando ele mais precisou. — era uma conversa séria que se desenrolava ali. Mesmo sendo o que aparentava ser mais frágil, Hyungwon estava tomando as rédeas dos últimos acontecimentos. Estava atrás de Minhyuk observando o ocorrido com Changkyun, estava preocupado com o presente, mas sua preocupação se entendia para possíveis futuros.

— Eu não quis machucar ele em momento algum. — confessou, encarando a parede. Não costumava contar nada do que sentia para ninguém, muito menos algo relacionado a Hoseok, até porque se sentia confuso às vezes. Aquele ômega era um verdadeiro furacão em sua vida. — Você pode me chamar de babaca, mas o que aconteceu com Yesung foi só diversão. Eu não sabia que Hoseok gostava de mim. Mas, se serve de consolo, eu fiz aquilo pra tentar tirar ele da minha cabeça. Eu acho que gosto dele desde o dia em que nos vimos a primeira vez. — riu sem ânimo e lembrou-se do dia em que empurrou ele na escola e da confusão no banheiro.

— Você me pareceu bem ameaçador naquele banheiro. — fez careta ao se lembrar do medo que sentiu naquele dia. — Mas se gostava dele, por que fez aquilo?

— Eu não sei. Era um dia ruim, e eu tinha esse costume de descontar minhas frustrações nos outros. Nesse dia, Hoseok teve a infelicidade de cruzar meu caminho. — parou de falar. O corredor daquele lugar dava medo em Hyungwon, mas ele não estava sozinho, então tudo bem.

— E então? — o incentivou continuar.

— Então, Jooheon se aproximou dele e de todos vocês. Foi um baque pra mim. Ele é meu único amigo, e perder ele seria algo que eu não queria. Daí ele começou a namorar o Changkyun, e sabia que eles não iam mais se desgrudar. Mas no dia do acontecido no supermercado, Hoseok me pediu ajuda. E, mesmo ainda estando chateado, eu ajudei. Além de que, depois de toda a confusão, eu levei ele e o filhote na casa do Jooheon. — parou de falar para sorrir e encarou Hyungwon.

— É estranho te ver chamando o Kyun de filhote. — riu com Hyunwoo.

— Muita coisa é estranha em mim. Enfim, no caminho até a casa do Heon, eu não sei se ele percebeu, mas estava o escarando pelo retrovisor a todo momento. Eu não sei o que acontecia, eu só queria ficar olhando o rosto dele e, se eu pudesse, eternizava aquela feição de carinho enquanto ele cuidava do filhote. — Hyungwon riu ao repetir “filhote”. — Depois disso, nos aproximamos, e você sabe tudo o que aconteceu. Mas no dia do aniversário do Heon, eu não sei como perdi o controle. Eu estava no quarto ao lado, e o cheiro, a presença, os ruídos, tudo me chamava pra ele. Eu precisava dele e acabei entrando no cio sem perceber. Quando vi, já estávamos juntos. Juro que não me arrependo, foi a melhor semana da minha vida. Eu queria cuidar dele, queria… — interrompeu novamente a fala e suspirou.

— É bonito. — Hyungwon soltou.

— O que? — o encarou, confuso.

— O jeito como você fala dele, mas ainda quero saber como isso acabou… assim. — lhe deu a deixa.

— Acho que “esse fim” começou quando ele saiu correndo da casa do Jooheon e não me deu chance de falar nada, de explicar ou conversar. Eu senti nojo de mim mesmo. Naquela manhã, ele acordou depois de mim, mas eu não quis assustar ele, então fingi estar dormindo. Eu senti a tensão, o medo que exalava dele, foi horrível. Eu me senti um idiota, e, talvez, ele pensasse o mesmo. Mas eu não o machuquei. Eu cuidei dele durante todo o cio e queria conversar, esclarecer as coisas, pedir desculpas pelas minhas burradas. Eu queria… eu quero ficar com ele.

— Eu tenho certeza que ele nunca te esqueceu.

— Mas ele estava com outro, com aquele beta. — não escondeu seu nojo ao se referir a Minho.

— Olha como fala do Minho. Ele é importante pro Hoseok. Ele ajudou durante todo esse tempo. — Hyungwon explicou. Hyunwoo somente negou com a cabeça.

— Eu sei, mas é impossível não me sentir ameaçado. O cheiro dele estava no Hoseok, por quê? — era sua vez de perguntar.

— Acho que Hoseok tem que explicar essas coisas pra você. São os motivos dele. — deu de ombros.

— Mas por que ele não me contou da gravidez? Por que não me deixou cuidar dele? Dos nossos filhotes? Ele pensa que eu sou alguém tão terrível assim? — angustia predominava em sua voz.

— Shownu. — Hyungwon esperou ele o encarar, queria ter certeza de ter sua total atenção. — Por que Hoseok ficou tão nervoso? Ele já estava nervoso antes de entrar no refeitório, eu vi.

Hyunwoo pensou um pouco e logo obteve a resposta.

— Ele me viu… com uma garota. — a culpa o abatia sem piedade.

— Se ama tanto ele como diz, se quer tanto cuidar dele e se queria fazer isso há um bom tempo, por que não fez as coisas direito?

— Porque toda vez que eu me aproximava, alguém me impedia de falar com ele.

— Isso é motivo?

— Não. — respondeu secamente. Mal acreditava que estava recebendo o tapa sem mão justo de Hyungwon.

— Por que, então, não tentou começar por você?

— Como? — sua confusão chegava a ser palpável.

— Hoseok gosta de você, não pelo seu dinheiro, não por ser alfa, não por ser o fodão da escola ou por ter uma presença forte. Pense comigo: em que momentos ele se abriu com você? — silêncio. — Em que momentos vocês se pegavam olhando tão profundamente nos olhos um do outro, de uma forma que sentiam a energia fluir de seus corpos como uma ligação intensa? Em que momentos você ouviu palavras verdadeiras de Hoseok? Em qual momento você beijou e tocou ele de modo íntimo e amoroso? E eu não estou falando de contato sexual. — esclareceu.

Hyunwoo conseguia entender a linha de raciocínio. Logo, lembrou-se do dia em que ele saiu correndo da casa, no Japão, com Minhyuk atrás de si. Claro que ele tinha visto quando tinham se abraçado na cozinha.

— Acho que já tem a resposta. — sorriu enquanto se levantava do chão. — Antes de seguir em frente, é preciso olhar pra trás, Shownu. Hoseok gosta do Hyunwoo real, e não do Son idiota que se acha dono do mundo. — não se importou se o mais velho ficaria irritado ao dizer aquilo. — Olhe para trás e reflita. Depois, apague tudo e comece do zero.

Hyungwon não disse mais nada, nem Hyunwoo fez algum som. Não esperando alguma resposta vinda dele, pegou sua água e tomou rapidamente.

— Hyungwon. — Hyunwoo o chamou antes que ele voltasse para a sala onde os namorados dele estavam. Ele lhe encarou, impassível como de costume. — Obrigado! — sorriu para ele, que retribuiu o gesto e sumiu na sala.

Hyunwoo passou o resto da madrugada pensando em tudo. Quando o sol nascesse completamente e pudesse ver Hoseok, ele começaria do zero.

 

(…)

 

— Já está no horário de visitas? — Changkyun acordou ao perceber a movimentação no hospital.

Eram oito da manhã, todos já estavam acordados há bastantes tempo, fora Jooheon, Hyunwoo e Hyungwon, que nem chegaram a dormir naquela noite.

— Quase. A hora da visita é oito e meia. Quer ir pra casa descansar? Tomar um banho? — Jooheon perguntou, o menor negou.

— Quero ver o Seok hyung. — coçou os olhos, espreguiçando-se e tentando afastar o sono que ainda era forte. Era uma cena completamente fofa aos olhos do outro, mas não podia deixar de notar o quão estranho era vê-lo tão magro e fragilizado. — O que foi? — perguntou ao perceber o olhar dele.

— É que meu namorado é muito fofo, até com a cara amassada de sono. — sorriu, e Changkyun enrubesceu.

— Pode parar. Ainda é muito cedo pra isso, Jooheon. — Kihyun apareceu ali e abraçou o irmão por trás. — Tire essa cara emburrada. Bom dia. — sorriu ao notar o irmão relaxado, diferente da noite quando ele parecia que teria um colapso nervoso a qualquer instante.

— O eterno empata foda. — Minhyuk se aproximou, segurando uma das mãos de Hyungwon, que parecia zumbi num misto de sono, cansaço e preocupação.

— Concordo plenamente. — Jooheon riu do “cunhado”.

— Vocês realmente dormiram aqui? — Minho apareceu na sala de espera vestido em seu jaleco perfeitamente alinhado em seu corpo.

— Nós avisamos: só vamos sair daqui quando vermos que Hoseok está realmente bem. — Hyungwon disse, mas logo emendou: — Sem ofensas. — murmurou sem graça, arrancando uma risada do médico.

— Tudo bem. — descontraiu. A tensão ainda estava presente nos gestos e no timbre da voz de cada um ali, mesmo tentado aliviar o clima. — Mas… — Minho deixou a fala morrer ao observar Hyunwoo surgir de um corredor.

— Eu disse que não vou sair daqui sem ver ele. — Hyunwoo disse em tom sério.

Minho suspirou e se voltou para a saída, ainda tinha que falar com Hoseok, e ele ainda não havia acordado.

— Minho! — antes que pudesse sair da sala, alguém lhe chamou e ele sabia quem era pela voz.

— Sim? — se virou para encarar Changkyun.

— Nós ainda não podemos ver ele? — o outro somente negou com a cabeça.

— Ainda é cedo, e ele está na UTI. Está se recuperando, não acordou desde ontem. Os sedativos foram pesados, e ele continua desacordado. Eu ainda não falei com ele, nem dei a notícia. — sussurrou a última parte e apenas os alfas ali conseguiram ouvir. — Vocês só podem vê-lo quando ele sair da UTI e ficar em um quarto, o que só deve acontecer se ele apresentar melhoras significativas. Amanhã ou depois, ainda é cedo para tirar ele de lá. Além do mais, temos receio de deixar alguém chegar muito perto dele por causa dos pontos em seu corpo. Mas assim que puderem, eu aviso. — e saiu dali, seguindo para a ala da UTI onde examinaria Hoseok.

— Que pontos? É da cirurgia dos filhotes? Eu sei que ele está machucado, mas não deveria ter tantos assim, não é? — Changkyun foi quem perguntou aquilo.

— Os braços dele foram dilacerados além dos golpes no abdômen. — Hyunwoo se meteu e respondeu à pergunta.

— Dilacerados? — Changkyun pareceu ficar em choque. — Como assim? — perguntou a Hyunwoo, que permanecia escorado na parede.

— Você não precisava saber dos detalhes, Kyunnie. — Kihyun recebeu um olhar irritado do irmão.

— Ele usou os braços para proteger a barriga, então eles receberam a maior parte dos golpes. — Hyunwoo ignorou Kihyun e explicou a situação ao menor.

— Mas… — Changkyun parecia estar a ponto de chorar a qualquer segundo.

— Ele está bem, vocês ouviram o que o beta disse. Não confiam nele? — perguntou, seco. — Vão pra casa e descansem. — passou por eles, sabia o que tinha que fazer. — Eu sei que ele vai melhorar e vai sair daquela ala, eu sei. À tarde, ele vai melhorar. — completou e rumou para a saída do hospital.

— O que aconteceu com ele? — Minhyuk perguntou, confuso.

Hyungwon sorriu discretamente.

— Ele vai começar do zero. — ambos os namorados o encararam ao pensar alto. — Vamos pra casa? Hoseok odeia quando não tomamos banho de manhã. — sorriu e os namorados continuavam o encarando de modo intenso, mas Minhyuk foi o primeiro a deixar o assunto de lado.

— Eu preciso ir ver meus pais. Eu não liguei para avisar onde eu passei a noite. Eles vão me matar. — ele fez bico.

— Vou ligar pros appas. — Kihyun se afastou, tirando o celular do bolso e discando o número dos mais velhos.

— Está bem? — Jooheon acariciou o rosto do namorado ainda chocado.

— Por que ninguém me disse o que aconteceu lá? — perguntou com chateação na voz.

— Foram coisas horríveis e que não queremos lembrar. Além disso, eu não vi tudo. Shownu salvou o Hoseok, eu cheguei depois junto com a ambulância. — explicou. — Esqueça isso. Eu quero esquecer, todos queremos. E mesmo eu ainda sentindo raiva do Shownu e suas burradas, eu admito que ele foi, sim, muito importante. Do contrário, Wonho não estaria aqui.

— Kyunnie? — Kihyun apareceu com o celular no ouvido. — Os appas querem saber o que você quer no café.

Era uma pergunta simples, mas sabia que se dissesse algo errado, o namorado questionaria. Mesmo assim, ele continuava sem fome.

— Qualquer coisa. — abaixou a cabeça. Sabia que Jooheon o observava.

— Ele disse que quer waffles… Sim, como os que faziam antigamente… Mas você sabe fazer, appa... Não, é o Kyunnie que está pedindo, poxa. — Changkyun riu do irmão e recebeu uma piscadela dele.

— Eu vou em casa também. Depois do almoço, eu vou pra casa de vocês e nós voltamos pra cá juntos. — beijou a testa de Changkyun, que o abraçou forte puxando o ar e inalando a fragrância característica de alfa.

— Tá bem. — concordou. — Até mais tarde. — e olhou nos olhos do namorado, perdendo-se, por um segundo na doçura que adornava aquele olhar e moveu sua atenção para os lábios carnudos, juntando com os seus em seguida.

— Estamos em um hospital, por favor. — Kihyun interrompeu de novo, fazendo Minhyuk revirar os olhos.

— Sai daí, pelo amor dos Deuses. — e puxou o namorado para fora da sala. Hyungwon riu e foi atrás deles. Logo Changkyun saía do local também, de mão dadas com Jooheon.

Enquanto isso, na ala silenciosa da UTI, Minho utilizava o estetoscópio para examinar o Hoseok ainda descordado. Fez diversas anotações e estava quase chamando a enfermeira para trocarem os curativos dele quando o viu abrir os olhos.

Ele parecia perdido, desorientado. Os olhos pareciam pesar, mas lutava para mantê-los abertos.

— Hyun... — a garganta seca não permitia a voz sair limpa.

— Shh. — Minho deu a volta na maca e afastou um dos vários aparelhos que estavam ligados nele para se aproximar de seu rosto. Era uma confusão de fios que Minho conhecia de trás para frente. — Não se esforce. — pediu enquanto tocava de leve em uma de suas bochechas.

— Minho… — Hoseok tentou novamente.

— Não fale nada. — tentou fazê-lo parar de falar, mas sabia que ele queria perguntar algo e já se preparava para uma situação ruim. Tudo piorou ao ver uma lágrima deslizar pela face pálida de Hoseok.

— Filhot… — a última sílaba saiu preenchida de ar. Hoseok se forçou a puxar oxigênio para seus pulmões, mas tudo doía. — Minho…

— Desculpe. — começou. Era como se o corpo de Hoseok já houvesse dado a notícia, ele sentia a perda e aquilo machucava muito. — Eu tentei de tudo. — Minho tentava se controlar, mas estava sendo difícil. Mais lágrimas desciam pela tez do mais novo ali, Minho sentia seu coração doer. Não era realmente culpa dele, mas ele se sentia responsável pela morte dos filhos dele.

O medidor de batimentos cardíacos que estava ligado a Hoseok começou a apitar e depressa. Foi nesse momento que Minho voltou a pose de médico.

— Se acalme. — mas o aparelho mostrava que estava acontecendo o contrário.

Hoseok fechou os olhos. Havia perdido suas coisinhas, sua vida, nada parecia fazer sentido. Ele se deixou levar pelo sono pesado, o coração acelerado parecia que sairia pela boca. Sentia seu corpo doer, não sabia o que estava acontecendo, mas não importava. A última coisa que ouviu foi a voz de Minho gritando: “Parada Cardíaca!” e tudo escureceu.

 

(…)

 

Hyunwoo decidiu ir andando para a casa. Precisava espairecer um pouco e uma caminhada parecia ser uma boa pedida, apesar do caminho longo. Já estava bem perto quando Jooheon parou do seu lado, estava no carro da família.

— Vem! — Jooheon o chamou.

— A minha casa é na próxima esquina. — arqueou uma sobrancelha, tentando entender a atitude do amigo.

— Eu sei, mas você não vai pra sua casa. Junho appa me mandou te levar comigo, e não me pergunte o motivo. Ele disse que já está mais do que na hora de conversar com você. — explicou brevemente.

— O que ele tem pra falar comigo? — Hyunwoo era alguém difícil de lidar, mas Jooheon era a pessoa com aptidão para tal façanha.

— Eu já disse que não sei. — repetiu. — Só o que eu posso dizer que ele me disse ser sobre o tio Jae. — Hyunwoo perdeu a pose irônica. Tudo ficava muito sério quando se tratava de seu falecido pai. Sem pensar duas vezes, ele entrou no carro, ao lado do amigo, e o motorista seguiu para a residência dos Lee.

O caminho seguia silencioso. Jooheon sabia que quando se tratava do pai do amigo, tudo parecia muito mais sério, fora que ele também estava cansado pela noite e por tudo que aconteceu com Hoseok.

— Você sabe que eu não apoio mais que você fique com Wonho hyung, não sabe? — perguntou sem olhar para o mais velho.

— Sei. — respondeu, suspirando enquanto olhava para a rua.

— Mas isso não significa que eu possa te impedir de alguma coisa. Mas entenda o lado dos meninos, você fez muita besteira. — precisava falar aquilo, não por si, mas pelo irmão que não deixou de gostar dele.

— Eu não preciso de mais ninguém me lembrando disso. — tentou ao máximo não soar ríspido. Já estava no limite com aquilo tudo.

— Eu só estou dizendo — e dessa vez ele olhou para o amigo, que o encarou de volta. — que se ele te aceitar, eu vou ter que aceitar. Mas você é meu amigo, e, apesar de tudo, eu gosto de você. Só cuidado com os outros. Eles não serão tão compreensivos quanto eu. — abriu a porta do carro, eles haviam chegado há alguns segundos.

Hyunwoo saiu do carro e seguiu atrás do amigo.

— Onde está meu pai? — perguntou a uma das empregadas, que informou que o mais velho estava no escritório. — Tome um banho. Você sabe que tem roupas suas aqui. Eu vou lá com o appa e te chamo depois.

Assim, Hyunwoo subiu as escadas da mansão para fazer sua higiene enquanto Jooheon foi atrás do pai no escritório que ficava ainda no primeiro andar. Entrou sem bater na grande porta de madeira, atraindo a atenção dele.

— Trouxe ele? — Junho perguntou.

— Tem certeza que é o momento? — Jooheon estava preocupado, seria coisa demais para o amigo em tão pouco tempo.

— Eu sei que tem coisa demais acontecendo, mas já estamos no fim do ano, ele faz aniversário no início do ano e ele já está na idade que Hyunjae pediu. — explicou ao que sua mulher entrava ali.

— Querido? Eu vi Hyunwoo aqui, o que houve? Ele não me parecia bem. — Hyejin dizia e viu Jooheon se aproximar para deixar um beijo em sua testa.

— Junho appa vai falar com ele hoje. — Jooheon explicou.

— Já está na hora. Essa criança tem que crescer, e eu já sei que o seu amigo que está internado era ômega dele. Então, é mais um motivo para ele amadurecer. E se a idade e tudo o que passou na infância parece não ter mudado ele, então a verdade sobre seu pai vai fazer isso. Não me olhem assim, vocês sabiam que eu ia fazer isso em algum momento. Só não esperava que fosse acontecer tanta coisa nesse mesmo período. — Junho se sentou atrás da mesa cheia de papéis, papéis muito importantes e que deveriam ir para as mãos de Hyunwoo. — Vá tomar banho e venha junto com ele. Eu sei que mesmo sendo forte e mesmo odiando Hana, vai ser um baque bem forte pra ele. Preciso que esteja aqui.

E Jooheon saiu dali. Iria ajudar o amigo e sabia que, fazendo isso, acabaria ajudando Hoseok também. Seria um longo dia para todos.

 

(…)

 

À tarde, como havia dito ao namorado, Jooheon estava estacionando na frente da casa dos Yoo. Quem dirigia, na verdade, era Hyunwoo. A longa conversa com seu pai o deixou tão enfurecido que seria capaz de fazer besteira, então decidiu mantê-lo ao seu lado para sua própria segurança.

— O que ele tá fazendo aqui? — Kihyun perguntou ao ver quem estava no comando da direção.

Changkyun entrou e se acomodou, seguido de Hyungwon, Minhyuk ficou parado atrás do Kihyun.

— Para com isso e entra logo. — Minhyuk disse e empurrou o namorado, mas ele o encarou sério e saiu andando dali. — Que saco. — disse, irritado. — Vão indo. Eu vou com ele. — suspirou e saiu andando atrás de Kihyun. Logo, o carro passava ao seu lado e seguia para o hospital. — Kihyun! — seu chamado foi ignorado. Kihyun sentia, através da marca, que Minhyuk estava irritado consigo. — Que merda! Se não queria que eu viesse com você, era só ter me dito. — e parou no lugar. Ele estava pronto para chamar o primeiro táxi que passasse ali para voltar para casa.

Kihyun parou e suspirou. Virou-se para o namorado e viu a chateação no rosto dele.

— Desculpa. — estendeu a mão. Minhyuk, diferente do esperado, veio até si e passou reto. Kihyun rosnou por ter sido ignorado.

— Não rosna, não. — Minhyuk disse alto chamando, atenção de algumas pessoas que passavam por ali. — Está pensando o que? Que eu vou baixar a cabeça, e você vai poder gritar comigo? Acha que eu sou o que pra ficar rosnando assim? — estava estressado, aquele rosnado foi a última gota para si. — Acha que vai brigar comigo como faz com o Hyunwoo, hein? — Kihyun passou a mão pelo rosto e se controlou ou ia rosnar de novo.

— Min, por favor. — pediu encarecidamente. — Me desculpe, eu não quis fazer nada disso.

— Não foi o que pareceu. — rebateu. Kihyun sentiu ambas as marcas arderem um pouco e levou as duas mãos ao pescoço. — O que houve? — Minhyuk mudou da água ao vinho num instante, sua preocupação exalava, e Kihyun sentia cada mudança de humor de seus namorados como socos em seu estômago. Ele ainda estava se acostumando com a marca. — Você está bem? — segurou o rosto dele entre as mãos.

— Só se acalme. — pediu. — Me desculpe por isso. Mas eu não gosto do Hyunwoo. — Minhyuk revirou os olhos.

— Vamos logo. — tirou as mãos do namorado de cima das marcas e beijou-as, fazendo- o se arrepiar por inteiro. — Só tente lidar com isso pelo Hoseok. — pediu e eles deram as mãos, seguindo o caminho.

No carro, todos estavam quietos, num misto de tensão e preocupação, até que Hyungwon disse algo:

— Será que ele acordou?

— Não sei, mas minha preocupação é se ele já recebeu a notícia e como ele reagiu. — Jooheon viu Hyunwoo apertar o volante com tanta força que os nós dos dedos ficaram embranquecidos.

— Já estamos perto? — Changkyun mudou de assuntou.

— Quase. De carro, é mais rápido, e o trânsito também colaborou. — Hyunwoo respondeu, e o resto do caminho foi silencioso.

Hyunwoo deixou os ômegas na porta da frente do hospital enquanto Jooheon e ele foram deixar o carro no estacionamento.

— Como você está? — Jooheon perguntou.

— Como eu deveria estar? — Hyunwoo queria socar alguém ou tragar um cigarro, mas não podia.

— Você nem comeu direito. — ressaltou. Era fato que ele não comeu direito. Na verdade, ele não comia desde o início daquela confusão, que iniciou na hora do almoço dentro do colégio.

— Não é como se eu fosse desmaiar ou morrer por isso. — disse, cínico.

— Idiota. — xingou antes de ambos saírem do estacionamento para entrarem no hospital.

— Então, agora eu sou seu sócio. — Hyunwoo fez amigo rir. Estava brincando com o fato de saber o que deveria acontecer assim que completasse seus dezenove anos.

— Espero que você consiga cuidar de tudo. Mas caso precise, Junho appa e eu vamos te ajudar em qualquer coisa.

— Qualquer coisa? — sua voz sugeriu que havia tido uma ideia.

— Menos vingança. Aquela mulher já vai pagar muito pelo que fez. — Jooheon cortou o barato do amigo.

— Eu não estava pensando nisso.

— Aham, e eu não te conheço. — riu. Estavam quase na sala de espera quando teve seu braço puxado por ele.

— Eu só quero ficar com ele, só isso. Eu vou fazer tudo certo, eu prometo. — disse, sério.

— Não faça promessas que não pode cumprir. — a frase de Jooheon o fez lembrar que tinha dito a mesma coisa a Changkyun.

— Mas eu vou cumprir, Heon. Pelo meu pai, eu juro que vou. — disse com convicção.

— Você não tem que prometer nada pra mim, Shownu. É com Wonho hyung que você tem que se acertar. — dito aquilo, ambos entraram na sala, encontrando Changkyun e Hyungwon ali.

— Eles disseram que Hoseok acordou, mas ainda não pode receber visitas. — Hyungwon avisou.

— Como ele está? — Hyunwoo perguntou.

— Não falaram nada pra gente, só que ele já saiu da UTI. — explicou a ele.

— Espera, eu tenho o número do Minho hyung. — Changkyun disse de repente. Hyunwoo encarou o mais novo e depois Jooheon, que estava tão surpreso quanto a si próprio.

— Desde quando tem o número dele? — um leve tom de ciúmes escapou na voz de Jooheon.

— Desde que ele é médico do Seok hyung. — não encarou o namorado ao respondê-lo. — Achei. — discou o número. — Hyung? É o Changkyun. A gente está aqui na sala de espera. Pode vir aqui? — pediu. Jooheon, ao seu lado, permanecia estático ouvindo a conversa. Hyunwoo não conseguiu segurar o riso. — Ele está vindo. — sorriu para todos.

Após alguns minutos, Minho estava ali e Siwon e Donghae entraram na sala também. Ambos haviam saído do trabalho para ver Hoseok.

— Como ele está? — Siwon tomou a frente da conversa.

— Ele acordou logo após vocês terem deixado o hospital. Ele ainda está fraco, mas teve uma melhora, então tiramos da UTI. — Minho explicou.

— Ele já sabe? — Hyungwon perguntou, todos ficaram tensos. O médico suspirou e acenou positivamente com a cabeça.

— Ele teve uma parada cardíaca no momento, mas já está melhor, tudo normalizado. Mas ainda está em observação. Ele está fora de perigo, mas ainda estamos preocupados com o estado emocional e psicológico dele.

— Appas, não é melhor chamar o Zhoumi hyung? — Jooheon buscou em sua mente aquele nome quando Changkyun o falou. Nunca tinha ouvido tal nome. Quem seria esse?

— Não sei. O que você acha, Minho? — Donghae perguntou.

— Ainda não, vamos esperar mais um pouco. Ele está acordado nesse momento, mas parece estar em estado de choque. Ele recebeu a notícia, teve a parada cardíaca e, em seguida, uma melhora, mas estagnou. Seu quadro está parado, assim como sua interação com o meio. Após a parada, ele acordou, mas não responde a nada, nem a ninguém. Já tentamos diversos estímulos, mas ele está lá apenas deitado em choque.

— Eu quero ver ele. — Hyungwon pediu e sabia que todos ali queriam vê-lo.

— Em que quarto ele está? — Hyunwoo perguntou. Minho iria explicar que ninguém podia entrar lá, quando Kihyun entrou com Minhyuk ali.

— O que houve? — os recém chegados perguntaram.

— Ele acordou. — Changkyun disse.

Minho já esperava os pedidos começarem.

— Por favor, Minho. Só um pouco. Vamos ficar quietos, nem vamos chegar muito perto. — Kihyun implorou.

Minho não estava disposto a entrar numa conversa agora, então cedeu rapidamente. Disse como eles deveriam fazer, e ele tentou ignorar a presença de Hyunwoo ali, mas era impossível já que ele ficava emanando sua aura sobre si.

 

(…)

 

O quarto de Hoseok estava movimentado. Não que estivesse abarrotado de pessoas ali, muito pelo contrário. De um a um, os amigos vinham visitá-lo. Não ficavam muito tempo, apenas alguns poucos minutos decretados por Minho.

Minhyuk e Hyungwon foram os primeiros a vir. Embora estivessem esperançosos, Hoseok não reagiu a sua chegada, muito menos a sua saída. Ele estava próximo e, ao mesmo tempo, distante. Assim os dois saíram, dando lugar aos próximos: Jooheon e Kihyun. Ambos não dividiam palavras, estavam ocupados demais esperando alguma reação de Hoseok.

Em algum momento, Kihyun retirou o celular do bolso e verificou as horas. Faltavam alguns minutos para o tempo de visitas deles terminar. Ele soltou um suspiro e resolveu quebrar o silêncio:

— Vou buscar o Kyunnie na sala de espera. — Jooheon sequer lhe olhou quando falou com ele. — Tem problema se você ficar aqui com o Seok? — sua resposta veio em forma de balançar de cabeça. — Ok, eu volto logo.

Jooheon manteve-se quieto, sem desviar o olhar da expressão apática de seu irmão. Quando ouviu a porta se fechar, puxou a cadeira e a colocou perto da cama hospitalar, sentando-se nela em seguida.

— Isso não devia ter acontecido. Nada disso era pra acontecer. — segurou a vontade de segurar a mão mais próxima de Hoseok. — Eu queria voltar no tempo e me recusar a ser levado do orfanato sem você. Se eu tivesse feito isso, nada disso teria acontecido. — mordeu o lábio com força. — É minha culpa ter te deixado pra trás, foi minha culpa não ter convencido meus pais a voltarem e te adotarem também. Não era pra eu ter te deixado sozinho, era pra você ter vindo comigo. — abaixou a cabeça. — Foi minha culpa não ter te ajudado desde o início, ter ficado contra você. Merda, que droga de irmão eu sou? — inclinou a cabeça para trás e piscou várias vezes para afastar as lágrimas. Respirou fundo, voltando ao monólogo: — Merda, eu só queria poder trocar de lugar contigo pra você não ter que passar por tudo que já passou. Eu preferia ficar no seu lugar do que te ver desse jeito. — apertou o lençol do leito com força, esperando em vão receber algum tipo de reação. — Hyung, estou sendo muito egoísta por dizer isso? — sorriu com o lábio inferior trêmulo. Naquele ponto, já não conseguia lutar mais contra o choro copioso. — Você não precisava fazer tudo sozinho. Mesmo que tivesse negado, eu te ajudaria. Eu cuidaria de você como merece, te ajudaria com as despesas por mais babaca que eu parecesse. Eu sei que disse que daria conta de tudo sozinho, mas eu estaria ali sempre quando você precisasse de uma ajuda extra. — queria se debruçar sobre ele, mas não podia, tinha que se controlar. — Eu te amo, hyung, e te ajudaria a cuidar das suas crianças sem receber nada em troca, amaria eles como se fossem meus, daria tudo o que você e eles precisassem. Eu largaria qualquer coisa só pra ficar do seu lado. — a frase era cheia de sentimento e preenchida por soluços. As lágrimas fluíam livremente por seu rosto, apertava o lençol da cama, mas nada aliviava aquela dor. — Por favor, hyung, não me abandona. Eu não vou aguentar te perder outra vez. Por favor!

Um aperto em seu peito se fez presente. Na verdade, chamar aquilo de “aperto” era um grave eufemismo. O que sentia era difícil de descrever, um misto de sentimentos ruins submergindo em seu amagado. De novo, aquela impressão de emoções o afetando, emoções essas que não eram originadas dentro de seu ser. Ainda assim, conseguia senti-las tão claramente como se estivesse na pele da pessoa. E soube justamente quem estava acarretando tudo aquilo no momento em que desviou sua atenção para a entrada do quarto, deparando-se com lágrimas grossas rolando pelo rosto de Changkyun.

— Puppy… — Jooheon levantou-se, mas antes que pudesse se aproximar, Changkyun saiu correndo do quarto.

— Kyunnie! — Kihyun chamou pelo irmão. Encarou Jooheon com toda sua raiva, segurando-se para não agredi-lo.

— Eu vou falar com ele. — enxugou o rosto e encaminhou-se à porta, seu caminho sendo bloqueado por um Kihyun furioso.

— Você não vai a lugar algum. — rangeu os dentes. — Eu avisei, Lee Jooheon, o que aconteceria se magoasse meu dongsaeng. Juro pelos deuses que estou me controlando pra não te dar uma surra aqui mesmo.

— Isso não é assunto seu. — falou, cansado. As coisas estavam acontecendo rápido demais que estavam até lhe causando uma dor de cabeça, sem contar toda aquela sensação ruim passando por seu íntimo. — Por favor, sai da frente, eu preciso falar com ele.

— Eu tomaria cuidado com as palavras que está usando. — apertou os punhos, lampejos vermelhos passando por seus olhos. — Tem noção do que acabou de fazer, por acaso? Sabe o quanto quero te agredir por ter feito isso ao meu dongsaeng?

— Sei, mas continua não sendo da sua conta. — passou a mão no cabelo, esbanjando uma calma que nem mesmo sabia ter. Kihyun, por outro lado, parecia estar de fato perdendo o controle. — Fui eu que causou isso, então sou eu que tenho que resolver. Não se meta nisso. — tentou passar, mas sua camisa foi agarrada com brutalidade.

— Você não vai chegar perto dele! — sibilou entre dentes. Não se daria o luxo de rosnar e piorar a situação de Hoseok. — Você não vai piorar as coisas.

— Kihyun, para com isso! — levantou a voz. — Eu sei que quer proteger seu irmão, mas, pelo amor dos deuses, afastar ele dos próprios problemas não vai ajudar em nada! Eu sei que ele ter saído daquele jeito foi minha culpa, mas sou eu que tenho que resolver isso! Eu não sou perfeito, Kihyun. Eu vou errar nesse namoro, ele também vai errar, e o que vai decidir se vamos continuar juntos não vai ser você e nenhuma outra pessoa que não seja ele e eu! — cuspiu as palavras na cara dele. — Não vai ser você que vai me impedir de falar com ele.

— Espere. — agarrou-o pelo braço. — Não é simples assim. Esse tipo de coisa não é fácil de resolver com ele.

— Não fode, Kihyun. — falou, já sem paciência. — Eu vou falar com ele e tirar qualquer pensamento errado que ele tenha no momento.

— Ele não te contou? — Jooheon estreitou os olhos, sem entender onde ele queria chegar.

— Contou o que? — viu Kihyun morder o lábio. — Sai do meu caminho, eu preciso falar com ele.

— Você não vai. Ele-

— Chega, Kihyun! — levantou a voz de novo. — Não adianta me afastar dele! Isso simplesmente não vai acontecer, e sabe por quê? — sorriu irônico. — Nós somos almas gêmeas! Não acha estranho ele ter chamado por mim durante os cios, mesmo eu não tendo marcado ele? Não acha estranho ele saber quando eu estou por perto, saber exatamente onde estou se estivermos no mesmo lugar? Não acha estranho ele ficar mal quando estou mal, sentir um mal estar quando estou doente, ferido ou qualquer coisa do tipo? Isso não vai conseguir me afastar dele, porque simplesmente nós dois somos destinados a ficar juntos de um jeito ou de outro! Você não faz ideia do que ele está sentindo, mas eu tenho uma noção, porque eu sinto o que ele sente! Você foi marcado, Kihyun, então sabe o que o Hyungwon e o Minhyuk sentem através da marca. Sabe isso o que você sente? Pois é, eu sinto isso o tempo todo sem ter sido marcado por ele! Não vai ser você que vai me afastar dele, eu sempre vou dar um jeito de encontrar ele se você fizer e pode ter certeza que ele vai fazer o mesmo, porque a nossa ligação é muito mais forte do que ligação de uma marca é!

— Agora, está dizendo que a marca que eu tenho não é nada? — Kihyun falou num misto de seriedade e choque.

— Porra, Kihyun. Não complica e nem distorce o que eu disse. — o empurrou e, no mesmo segundo, teve o pulso segurado. — Me solta.

— Não é tão simples, Jooheon. — seu tom mudou, mas Jooheon claramente não entendeu o motivo para ter feito isso. — Você vai machucar meu irmão, e eu não vou permitir.

— Do que está falando? Eu nunca machucaria ele. Você enlouqueceu? — eles estavam frente a frente, Kihyun segurava firme os pulsos de Jooheon, que os mantinha fechados, ambos prontos para avançar.

— Você não entende. — enfim afrouxou o aperto. — Tenho medo do que ele possa fazer consigo mesmo. — disse num sussurro, mas Jooheon, por ser alfa, ouviu nitidamente. Ao perceber que ele iria perguntar algo, desconversou: — Não o machuque, nem o deixe se machucar. — saiu da frente dele, que o encarou sem entender. — Vai logo, antes que eu mude de ideia. — Jooheon saiu correndo assim que o liberou. — Ou antes que aconteça algo pior. — murmuro, temeroso, sabendo que ele não ouviria.

Jooheon seguiu o que achava ser instinto. Explicar aquilo era algo complexo, ainda por parecer que estava sendo levado até ele. Correu pelas escadas até o estacionamento do hospital, não ligando se estava chamando atenção. Ao passar pela porta, soube que Changkyun estava ali pelo cheiro. Isso, contudo, não foi motivo de alívio. O cheiro de medo exalando em meio a fragrância dele o preocupava.

— Puppy… — Changkyun olhou em sua direção, revelando o rosto banhando em lágrimas.

— Eu s-sabia que isso ia acontecer… Por que você tinha que fazer isso comigo? — perguntou, abatido. Sua cabeça estava a mil, e não sabia como pará-la.

— Não, você entendeu errado. Vamos conversar. — tentou se explicar.

— Entendi errado? Você disse que amava o Seok.

— Puppy, eu-

— Você disse que largaria qualquer coisa pra ficar ele! Qualquer coisa, inclusive eu! — berrou.

— Changkyun, não é assim. Por favor, se acalme. Eu vou explicar.

— Explicar o que?! — voltou a berrar. — Que você prefere o Seok a mim?!

O que poderia ser considerado um mero ataque de ciúmes ao olhar comum na verdade não era. O que Changkyun sentia era intenso, um turbilhão de emoções que o machucava, o feria. Emoções de raiva, solidão, tristeza, medo, inerentes a qualquer um, agiam de forma tão impetuosa, excessiva e violenta dentro dele que acabavam por refletir naquele comportamento paranoico. Uma situação como aquela era, para ele, uma verdadeira avalanche voraz e incontrolável que vem destruindo tudo o que estiver pela frente.

— N-não faz isso comigo, p-por favor… E-eu prometo que melhoro, p-prometo ser do jeito que você quer. — suplicou entre soluços. — Eu sei que não sou importante, mas não me substitui, Honey… E-eu prometo ficar perfeito pra você.

— Do que está falando? — Jooheon se aproximou com cuidado, ainda sem saber por que o namorado estava tão transtornado.

— Não me abandona, por favor. Eu não quero ficar sozinho. — apertou a própria camisa. Sentia-se sufocado, com medo, e a baderna dentro de sua cabeça só piorava a sua condição. — Não! Por favor! — seu grito reverberou pelo estacionamento vazio.

— Changkyun, olha pra mim. — ele pareceu não ouvi-lo. — Changkyun, por favor, olha pra mim. — pediu outra vez. Novamente, sem respostas. Jooheon ainda se bateria mais tarde por fazer aquilo, mas era o único jeito. — Changkyun! — viu ele se encolher diante do seu tom imperativo. — Olhe pra mim, por favor. — continuou a usar a voz de comando enquanto se aproximava a passos lentos, enfim conseguindo ser encarado.

Foi naquele momento que se deparou com os olhos perdidos, opacos. Era como se Changkyun houvesse quebrado bem diante de si. Jooheon sequer sabia dizer se estava realmente sendo visto por ele, embora estivessem frente a frente. A expressão e olhar dele transmitiam emoções pesadas, negativas, o choro copioso não cessava. Ele estava tão frágil, tão indefeso, tão desolado, tão abalado que Jooheon, por um momento, se viu sem saber o que fazer.

— Changkyun… — segurou o rosto dele brevemente entre as mãos antes de acolhê-lo em seus braços.

— N-não me deixa. — segurou com todas as suas forças a parte traseira da camisa de Jooheon, tamanho era seu pavor de que ele sumisse e escondeu o rosto no pescoço alheio. — Me desculpa… N-não me deixa… Por favor, não me deixa! — sua voz tremulou e soou alta.

— Shh… Está tudo bem, amor. — sussurrou no ouvido dele e o rodeou com sua presença, focando-a totalmente nele. — Isso não vai acontecer, está me ouvindo? Eu nunca vou te deixar, nunca.

— M-me desculpa… E-eu…

— Shh… Está tudo bem. — esticou mais o pescoço para que ele ficasse mais à vontade para sentir sua fragrância e apertou o enlaço.

— H-Honey… — sua voz soou abafada contra a pele dele.

— Eu estou aqui, eu não vou a lugar algum. — garantiu, ainda sussurrando suas palavras.

Changkyun permaneceu em silêncio por um tempo que não se deu trabalho de contar. Apenas ficou ali, parado, deixando que ele se acalmasse aos poucos enquanto arrastava o nariz por seu pescoço e relaxava entre seus braços.

— Honey. — chamou baixinho.

— Sim? — Jooheon estava de olhos fechados, sentindo o perfume do menor.

— Por que veio até aqui? — perguntou sem sair do enlaço.

— Não é óbvio? — Changkyun negou com a cabeça. — Bem, você é meu namorado, meu ômega, filhote do meu irmão, a pessoa que eu mais amo. — “minha alma gêmea”, Jooheon completou em sua mente. Sorriu do jeito do namorado, mesmo sem ver seu rosto, sabia que ele estava corado.

— Repete. — pediu baixinho.

— O que? — sorriu pequeno. — A parte do “meu namorado”? Ou o “eu te amo”? —Chankyun apertou mais o tecido de sua camisa.

— A última parte. — puxou novamente a respiração e sentia o perfume do namorado o acalmando de uma maneira inexplicável.

— Eu te amo. — repetiu e puxou o rosto do menor para lhe encarar. — Eu te amo para sempre, para além dessa vida. — Changkyun podia sentir toda a sinceridade daquelas palavras, e ele, mesmo preocupado com a mudança repentina no humor dele, deixou o fato para depois. — Posso dizer isso quantas vezes quiser. — ele não esperou um “Eu também te amo” como resposta, apenas abraçou o menor, passando-lhe tranquilidade.

— Eu amo você também. — murmurou.

Jooheon sorriu contido.

— O que? — deslizou os polegares pelas bochechas alheias. Era mais do que nítido o quanto ele estava envergonhado. — Desculpe, eu não entendi.

— Eu também amo você! — Changkyun, de olhos fechados, disse aquilo num grito e se assustou quando não sentiu o chão sob seus pés.

— Eu amo você, Yoo Changkyun, e somente você. — Jooheon sorria largo para o garoto em seus braços.

Pelo menos, por um momento, em meio a toda aquela tempestade de acontecimentos, eles esqueceram de tudo para concentrarem-se apenas neles.

 

(…)

 

Kihyun observava Hoseok de maneira compenetrada. Em momento, algum desviou sua atenção dele, assim como, em momento algum, ele pareceu notar que estava ali. Claro, estava muito preocupado com o irmão depois de vê-lo sair naquele estado do quarto, mas torcia para Jooheon dar um jeito na situação. Ele tem que dar, repetia para si mesmo mentalmente, mesmo sabendo que seria difícil.

Soltou um suspiro.

Durante todo esse tempo, Changkyun não havia contando aquilo ao namorado, por quê? Não que tivesse o direito de julgá-lo, afinal não havia contado sobre seu TEPT a Hyungwon e Minhyuk, pelo menos, não diretamente. Algo assim era muito particular, muito delicado, então certa relutância era compreensível. Não é como se ele fosse simplesmente falar o que tinha, até porque, nem mesmo Changkyun sabia o que acontecia consigo. Seus pais, Hoseok, ele próprio sabiam que o pequeno tinha algo por convivência, mas não sabiam o que era exatamente. Então, como ele explicaria o que não entendia? Ainda assim, apesar de todo ciúme com o relacionamento deles, sentia que Jooheon também merecia saber.

O barulho da porta sendo aberta o retirou de seu divagar. Não foi preciso voltar-se para quem entrava, já estava tão acostumado com o cheiro de Minho mesclado ao de Hoseok que conseguiria discerni-lo quando estavam no mesmo ambiente. Logo, o jovem médico aproximava-se de si, tão abatido quanto.

— Ele já esboçou alguma reação? — a pergunta gerou um suspirar pesado por parte de Kihyun.

— Ainda não. — apertou os dedos nas mãos dadas. Pela visão periférica, avistou a sombra dele passar por si até chegar a cama hospitalar.

— Sejamos um pouco pacientes, sim? Ele ainda está em choque, é natural que ainda não responda a qualquer tentativa de interação. Cada um processa uma notícia em seu próprio tempo. — Kihyun somente balançou a cabeça em concordância.

— Minho. — atraiu a atenção dele para si. — É capaz que o Seok hyung acabe tendo TEPT?

— Essa não é a minha área, então não posso responder com cem por cento de certeza. Mas dado aos acontecimentos recentes, é provável que sim, ele venha a mostrar sintomas de quem sofre Estresse Pós Traumático. — notou como Kihyun aumentou o aperto das mãos.

— Entendo… — abaixou o olhar. Não sabia exatamente se Minho havia percebido a subjetividade em sua resposta curta, mas tal coisa não era tão relevante. Hoseok já passava por tanta coisa, não queria que ele tivesse que lidar com o que lidou após o falecimento de Eunhyuk.

— Não adiante coisas que nem sabemos se irão acontecer, ok? Hoseok está rodeado por boas pessoas, e iremos ajudá-lo com tudo o que ele precisar. — uma lágrima escorreu do rosto de Kihyun, e ele não se deu o trabalho de limpar. — Irei examiná-lo agora.

O mais novo meneou a cabeça, sinalizando para que prosseguisse. Muitas coisas passavam por sua mente, do seu irmão a Hoseok, até mesmo como seus pais estariam numa situação dessas. Sabia que eles eram fortes, mas quando o assunto se tratava de Eunhyuk, era outro caso. Hoseok não era seu pai, mas era seu melhor amigo, alguém praticamente adotado por sua família e estava passando por uma situação semelhante a de quatro anos atrás.

Será que eles estavam revivendo o mesmo pavor daquele dia?

Ele balançou a cabeça. Estava pensando demais, precisava manter-se focado e não criando cenários imaginários. Hoseok se recuperaria, iriam ajudá-lo com isso. Zhoumi tomaria conta dele caso pedisse, sabia que sim, ainda mais tendo Henry como marido. Henry o deixaria de lado naquela situação, e Zhoumi não seria louco o suficiente para estressá-lo.

Bem, Kihyun daria um jeito. Hoseok não estava sozinho naquilo, afinal, nunca esteve.

— Filhote. — a voz de Donghae invadiu o recinto, logo o próprio estava abraçando o filho. — Vá pra casa descansar um pouco.

— Eu não quero deixar o Seok sozinho. — encostou a cabeça no peito do pai, fechando os olhos ao se aconchegar ali.

— Ele não vai ficar sozinho. — passou a acariciar os fios desbotados. — Escute, filhote, você está cansado, todos nós estamos. Nós dois vamos ficar aqui, com ele, não precisa se preocupar. Seu irmão foi pra casa do Jooheon, você também deveria ir pra casa com Hyungwon e Minhyuk já que todos vocês passaram a noite no hospital. — Siwon esqueceu seu ciúme ao falar aquilo, não era hora nem lugar para aquilo, afinal. Soltou um suspiro baixo enquanto desviava seu olhar para Minho terminando de examinar Hoseok.

— Vá descansar, Kihyun. Seus pais vão te informar caso Hoseok saia desse estado. — Minho o incentivou.

— Tudo bem. — ele se levantou e despediu-se dos pais com um beijo no rosto.

Kihyun recebeu um sorriso cansado de Siwon e Donghae ao qual não soube retribuir. Será que estavam se desculpando pelo o que aconteceu a Eunhyuk? Aquilo não havia sido culpa deles dois, e, após várias terapias com Zhoumi, havia percebido que também não era sua. Eles não precisavam fazer isso, assumir toda aquela responsabilidade, pois os demais também estavam ali para ajudar. Sem dizer nada, abraçou os dois pelo pescoço, esperando que eles entendessem.

Seus pais não tardaram a retribuir o abraço, deixando-o envolvido entre eles. Lá era um porto seguro insubstituível, um lugar que estaria protegido e amado. Antes de encerrar aquele momento de carinho, recebeu um beijo de ambos, no topo da cabeça, e seguiu até a saída do quarto onde Minho segurava a porta para que saíssem juntos.

— Kihyun, relaxe. Hoseok está em observação, mas está fora de perigo. — apertou o ombro dele enquanto caminhavam lado a lado.

— Eu sei. É só… — umedeceu os lábios. — Se eu não tivesse mantido isso em segredo o tempo todo, essa situação teria sido evitada.

— Você respeitou a decisão de Hoseok ao não contar. Eu sei que é duro, ainda mais depois de tudo o que aconteceu, mas aquele monstro está longe dele. — suspirou. — As coisas vão melhorar pra ele. Nós faremos melhorar. — garantiu.

— Sim, nós-

— Como ele está? — as atenções de Minho e Kihyun voltaram-se para Hyunwoo.

— O que ainda está fazendo aqui? — Kihyun falou, ríspido.

— Kihyun. — Minho tocou em seu ombro. Na mesma hora, ele saiu da defensiva. — Embora não ache que mereça saber, eu vejo que, pelo menos agora, se importa com ele. — colocando as mãos dentro dos bolsos, ficou cara a cara com Hyunwoo. Ele não o intimidava, por mais que fosse encarado de certa forma altiva por ele. — Fisicamente, ele está bem. Mas desde que recebeu a notícia, está em choque, não responde a nenhum tipo de tentativa de interação. – explicou o que já tinha dito momentos antes.

— Posso ver ele? — Minho se surpreendeu por lhe ver pedindo.

— Você nem deveria estar aqui. — Kihyun se meteu na conversa.

— Kihyun. — Minho chamou atenção novamente, olhando-o por cima do ombro. — Deixe isso comigo, por favor. Posso lidar com ele. — voltou-se para Hyunwoo. — Não posso lhe permitir isso no momento.

— Quem você acha que é pra me impedir de vê-lo? — grunhiu, seu eu altivo e egocêntrico ainda dava as caras.

— O médico responsável dele. — Hyunwoo recuou minimamente ao falar duro. — Os pais de Kihyun estão no quarto, e já estou sendo bastante bonzinho por deixá-los ficar lá mais do que alguns minutos. Então, sr. Son, eu peço que se retire enquanto os dois estão com ele.

— Você quer pagar de santo, mas sempre percebi suas intenções. Pensa que não notei seus olhares no dia que Hyungwon recebeu alta do hospital, no Japão? Eu achava que fosse só atirado com aqueles galanteios exagerados, mas não esperava que fosse se aproveitar da condição de Hoseok pra tentar algo com ele.

— Antes que você fale qualquer coisa, é melhor se pôr no seu lugar, garoto. — sua compostura permanecia intacta, mesmo que sua voz estivesse, agora, soando mais fria. — Se você tivesse realmente se preocupado com ele, Hoseok não teria recorrido a minha ajuda. E diferente do que você pensa, Hoseok e eu nunca tivemos algo íntimo, somente dormimos juntos para que o meu cheiro confundisse seu faro. Além do mais, diferente de você, — ressaltou. — eu soube respeitar os limites que ele me impôs. Então, sr. Son, — repetiu, dessa vez mais frio que anteriormente. — antes de tirar qualquer conclusão precipitada, ponha-se no seu lugar e pense em quem esteve cuidando de Hoseok nesses quase quatro meses, justo no momento em que ele mais precisava de você, e você estava ocupado demais com outras pessoas. Talvez assim você deixe Hoseok seguir em frente. Se me der licença.

Hyunwoo apertou os punhos quando Minho passou reto ao seu lado, sem ao menos lhe direcionar o olhar. Ter escutado, calado, tudo aquilo só corroborou para sua raiva aumentar e no fundo admitia que estava com ciúmes. Sabia que não estava certo, mas também não estava errado em querer saber de Hoseok, mesmo depois de tudo o que fez.

Aquele médico o tirava do sério e só de pensar na pequena possibilidade dos dois terem ido além do que apenas dormirem juntos, seu sangue fervia.

— O tamanho do seu ego me impressiona. — Kihyun comentou, debochado. — Não bastasse ter feito o Seok hyung passar por tudo isso, também acusa Minho como se fosse o real culpado de tudo.

— Parem de vangloriar aquele médico como se ele fosse o salvador da humanidade. — rebateu, perdendo a paciência. — Não acredito nas intenções dele pra cima do Hoseok!

— Essas “intenções” — fez aspas. — com certeza eram melhores que as suas. Minho gosta de verdade do Seok e fez muito por ele enquanto você o machucava. O Minho que esteve o tempo todo com ele, cuidando, ajudando, monitorando o desenvolvimento dos trigêmeos. Já você… — riu irônico. — Estava ocupado demais com suas fodas pra lembrar da existência dele.

— Porra, Kihyun, eu sei que errei. O que mais vocês querem de mim?! — rosnou.

— Queremos que se ponha no seu devido lugar! — também rosnou. — Tudo o que está acontecendo com ele é única e exclusivamente por culpa sua. Se não tivesse se aproveitado dele no cio, o estupro, a gravidez, nada disso teria acontecido! Por sua culpa, o Seok carregou a responsabilidade de ter crianças de um alfa que sequer sabia dar valor nele e, agora, teve elas arrancadas de si de um jeito brutal! Você não sabe o quanto ele passou a amar os três, você não sabe de nada e ainda quer desmerecer o Minho! Sabe o que ele fez nesses quase quatro meses? Ele cuidou dele quando passava mal, o consolava quando ficava muito sensível, era ele quem corria para conseguir o que o Seok queria quando tinha desejos, foi ele que cuidou dos trigêmeos e batalhou até o fim por eles!

— O que está acontecendo aqui? — a porta do quarto de Hoseok se abriu, revelando Donghae a procura da causa de todo aquele barulho. Assim que percebeu o que acontecia, fechou a porta atrás de si e correu para o centro da confusão. — Parem com isso, vocês dois! — ele se meteu no meio deles e os afastou, empurrando-os pelo peito. — Hoseok está aqui do lado, e tudo o que ele menos precisa agora é ter um clima hostil perto do quarto dele.

— Isso não é assunto seu. Não se meta. — Hyunwoo rosnou para Donghae, não se importando com tal detalhe no momento. Estava cansado, cansado de todos jogarem a culpa do mundo para cima dele. Reconhecia seus erros, sim, o que mais eles queriam, afinal?

— Olha como fala com meu pai! — Kihyun enfiou o dedo no rosto dele, sendo afastado pelo pai. Seus olhos estavam vermelhos, tamanha era sua raiva.

Hyunwoo nada disse, apenas manteve o olhar firme. Via como Kihyun presava pela família, assim como Changkyun, algo que não tinha há muito tempo, algo que presenciou por poucos segundos com seus falecidos filhotes. Era estranho notar isso, esse sentimento de proteção com pessoas que compartilhavam laços consanguíneos. Se seu pai estivesse vivo, provavelmente teria a mesma reação de Kihyun caso fosse desrespeitado. E, independente do sangue, sabia que o mesmo se aplicava a Hoseok. Aquela era a família dele: os Yoo, Hyungwon, Minhyuk, Jooheon. Hoseok era alguém sortudo.

— Por favor, parem. Hoseok precisa de paz. Esqueçam seus problemas por enquanto. De que vai adiantar se brigarem agora? Hoseok precisa de vocês dois mais do que nunca. — as lágrimas nos olhos de Donghae capturaram a atenção de Hyunwoo. — Ele, pelo menos, está vivo, e o Hyukie não teve essa sorte. — as lágrimas começaram a rolar, e o olhar de Kihyun vacilou. — Hoseok precisa de vocês. Não tornem tudo pior.

Tanto Hyunwoo quanto Kihyun acalmaram os ânimos, ambos por motivos diferentes. Donghae foi abraçado pelo filho e soluçou baixo, com o rosto enterrado no ombro dele.

Hyunwoo não entendia o que acontecia, mas lembrou-se da reação dele, ontem, ao que havia dito e deduziu que o tal Hyukie era o pai ômega dos irmãos Yoo, visto que os outros dois eram alfas. Em silêncio, observou os dois até a porta do quarto de Hoseok ser aberta abruptamente.

— Chamem o Minho! — Siwon falou aos três, em claro desespero.

— O que está acontecendo? — Donghae voltou-se para ele, assustado.

— Eu não sei. Ele começou a chorar e tentei acalmá-lo, só que não adiantou. Ele está chorando há muito tempo, eu não sei o que faço! — Siwon bagunçou o cabelo ao que Hyunwoo adentrava o quarto às pressas.

— Não ouse se aproximar dele! — Kihyun grunhiu.

Hyunwoo ignorou as palavras dele e foi até Hoseok. Na cama hospital, ele chorava alto como uma criança desamparada, ele apertaria o tecido do lençol da cama se não estivesse com os braços e mãos completamente enfaixados. Não sabia se o que pensava era certo, mas parecia que a ficha de todos os acontecimentos recentes somente havia caído agora, tirando-o daquele estado apático que se encontrava até então e ocasionando esse colapso.

Ver aquilo deixava-o desolado. Hoseok carregou por meses três crianças, passando por trancos e barrancos, e aquele ser imundo os arrancou sem dó, nem piedade. Aturdido, chegou perto com cuidado, estudando as reações dele. Hoseok o olhava, mas nada dizia, soluçava e fungava quase em desespero. Pela primeira vez, usou sua presença de uma maneira mais branda, envolvendo-o para que ele se sentisse um pouco mais calmo. Dessa forma, ocupou um pouco do espaço da maca com cuidado e puxou Hoseok segurando-o pelas axilas, que era o único local que não estava machucado e enfaixado, tentou colocá-lo sobre seu peito, assim que deitou de modo desconfortável na maca.

Hoseok não o impediu em momento algum, então o Son abraçou e queria apertá-lo, mas viu que o abdômen dele também estava todo enfaixado e ficou com medo de machucar o ômega, embalou-o meio desajeitado, mas da melhor forma que conseguia.

Na porta do quarto, os Yoo apenas assistiam. Nenhum deles tinha coragem de tirar Hyunwoo dali ao ver que, de fato, ele estava contribuindo para Hoseok se acalmar. Sem dizer nada, Siwon saiu e fechou a porta, dando privacidade aos dois, a privacidade que eles tanto mereciam.


Notas Finais


Beijos no coração de vocês seus lindos <3
não nos matem. ~correndo para o EXOPLANET~
preciso saber o que ta rolando com a esfera do baek, qqtaconteceno???
socorro.
amém Bluem Moon, amém Monsta X, amém EXO, AMÉM POWER RANGERS, vulgo paulo rangi
parei. até o próximo.


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