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História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter three


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Feito com muito amor <3
Inspiração desse capítulo foi a mãe do Gu Ju Pyo de Boys Before Flowers (super recomendamos)
Exemplo de mãe u.u

Enfim, Boa leitura!

Capítulo 4 - Chapter three


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter three

— Seu imprestável! — foi o que ouviu assim que abriu a porta de casa.             

Hoseok esperava esse tipo de recepção que tentava ao máximo evitar. Ontem, tirando a parte do incidente com o alfa babaca, fora um dia até agradável: reencontrara Jooheon e dormira com Changkyun – que sempre insistia para dormirem juntos quando ficava lá – após tanto tempo, além de aproveitar a atmosfera aconchegante da família Yoo. Porém, depois de passar a noite anterior na casa de Kihyun, teria que voltar para sua casa e encarar seus problemas.

Ele adentrou o local e fechou a porta. Estava meio atônito, o mais velho impunha propositalmente sua presença o deixando desconfortável e forçando-o a abaixar a cabeça.        

— Onde você estava? — o pequeno ômega se encolheu diante da voz fria e do olhar calculista.           

— Eu passei mal na escola e fiquei na enfermaria. Meus amigos acharam melhor eu dormir na casa deles. — disse tão baixo, que se o mais velho não fosse alfa e tivesse uma boa audição, não ouviria.         

— Até parece que eu acredito. — falou com desdém. — Só não esquece que você tem a droga do meu nome. Não suje ele.             

O Shin levantou o rosto e encarou o olhar do homem à sua frente, indignado com suas palavras. Ele estava errado em achar que o loiro ouviria tudo calado.   

— Você não é nada, seu nome não é nada! Para de se enaltecer, você tem a droga de uma loja, só isso. — o homem olhou completamente ultrajado para o ômega.

De fato, Wonho estudava num dos melhores colégios da Nova Coreia. Tinha ganhado uma bolsa integral, era bom aluno e tirava as melhores notas, e se esforçava bastante para se manter no colégio perto de seu – agora não mais – único amigo. Contudo, seu responsável não ligava e ainda se sentia poderoso por ter uma loja de roupas consideravelmente boa, tendo apenas o suficiente para sustentar a si e a Hoseok, mesmo não gostando deste.          

Sim, seu responsável. Hoseok jamais intitularia de pai aquele monstro que sempre fora indiferente consigo antes, durante e após o processo de adoção.

— Olha aqui, seu merda. Quer que eu te lembre pra que você serve aqui e agora? — o alfa segurou os cabelos da nuca de Hoseok que se contorceu e levou as mãos à cabeça em uma tentativa falha de se soltar.

— ME SOLTA! — ele disse destemido, mas sua coragem se esvaiu quando o homem acertou uma tapa forte que fez o ômega choramingar de dor.

— Cala a boca. — usou a voz de comando para exprimir sua autoridade. — Escute bem: da próxima vez que me responder assim, eu te quebro no meio. — soltou os fios claros do menor e o jogou no chão com um empurrão.

As lágrimas saíam sem permissão dos olhos do Shin enquanto, encolhido, observava o homem saindo da casa. Ele permaneceu lá, jogado no chão, por mais alguns minutos chorando angustiado até decidir se levantar para tomar um longo banho.

A água deslizava pelas costas de Hoseok de maneira suave e agradável, fazendo seus músculos relaxar e contrair. Passou as mãos do rosto ao cabelo, aproveitando a sensação única que as gotas molhando e fluindo pela cabeça o trazia. Naquele momento reservado só para si, quando não estava tentando pôr os pensamentos em ordem, ele divagava entre lembranças da infância.

A imagem de uma mulher sorrindo enquanto acariciava o próprio ventre sempre aparecia durante seus devaneios.

A garganta dele sempre apertava quando as lembranças sobre ela surgiam ao fechar os olhos.

As lagrimas passaram a se misturar com as gotas escorrendo pelo rosto. Os soluços presos finalmente ecoaram dentro do banheiro. O choro era pela saudade da mulher que teve o prazer de chamar de mãe e da sua pequena irmã que sequer teve a oportunidade de ver a lua azul brilhar estupidamente bela acima de sua cabeça.

O choro era inevitável toda vez que lembrava das mulheres que mais amou na vida. A falta delas doía – e ainda dói – como uma ferida aberta.            

Hoseok desligou o registro assim que as lagrimas cessaram. A apatia adornou seu semblante ao trancar a porta do quarto após sair do banheiro. Ele se secou e vestiu uma roupa confortável, jogando-se na cama em seguida para adormecer.

Ele queria apenas encontrar a mãe e irmã, nem que fosse somente em seus sonhos.

 

(...)

 

O jantar corria da maneira como a senhora Son desejava. O contrato com a família Lee seria assinado após o jantar de negócios caso tudo ocorresse bem. Seria uma grande parceria para as empresas Son, tendo em vista que a família Lee era uma das mais poderosa da Nova Coreia, mais poderosa inclusive que a empresa da beta.

— Ele sempre os acompanha em reuniões de negócio? — perguntou a beta se referindo ao filho dos Lee sentado com um semblante calmo e atento a toda a conversa.

— Sim. Jooheon se interessou ainda muito jovem pelos negócios da família e passou a frequentar as reuniões e afins, estando sempre preocupado e querendo estar por dentro de tudo que acontece na empresa. — a senhora Lee respondeu sustentando um sorriso orgulhoso.

— Ele é um ótimo filho e será um ótimo herdeiro. — declarou o alfa Lee orgulhoso de seu filhote. — Mas e o Hyunwoo? Não o vi ainda.

— Ele... saiu com uns amigos. — a beta esboçou um sorriso nervoso. Não revelaria a real situação de seu inconsequente filho.

O jantar seguiu com conversas banais até um certo tumulto se formar na sala de estar. Berros e barulhos de móveis sendo arrastados, além do som de vidro estilhaçando, fizeram a atenção de todos se moverem em direção do cômodo. Um Hyunwoo completamente fora de si adentrou na sala de jantar com dois empregados tentando conter sua entrada no recinto.

— Me larguem, seus imprestáveis! — o Son mais novo gritou com os empregados que receberam um olhar desgostoso da beta. — Vamos, beta! Manda eles me soltarem! Não é suficiente eu ter que suportar toda essa mentira?!

Os empregados o soltaram e saíram apressadamente. Os convidados estavam num misto de choque e medo percebendo o clima de tensão se formando entre mãe e filho.

— Que showzinho você pensa que está dando? — a beta começou a se alterar. — Vá para teu quarto e tome um banho. Você não está em condições de falar nada agora, além de estar fedendo.

— É só com isso que você se importa, com aparências. Você nunca ligou verdadeiramente pra mim. A empresa em primeiro lugar sempre, não é mesmo? — Hyunwoo começou a gritar sem ligar para as visitas presenciando toda a cena.

— Agora você passou de todos os limites! — a beta gritou no mesmo tom que o filho.

— Que limites, senhora Son? — perguntou em claro deboche. — Você nunca os impôs aqui! — ele usou a voz de alfa.

A beta se levantou e foi em direção ao filho, desferindo uma tapa no rosto do mais novo. Hyunwoo a encarou surpreso, seus olhos mesclaram num vermelho intenso.

Jooheon, vendo que o lobo do outro estava tomando conta e temendo o que estava por vir, decidiu interferir.

— Shownu, se controle! — o Lee impôs sua presença e começou a empurrar Shownu em direção as escadas para irem para o quarto do alfa.

Na sala de jantar, a beta passou a mão pelo rosto nervosamente, um tanto preocupada com o contrato entre as famílias.

— Me desculpem por isso. — disse num tom falso de tristeza, pois, para os Lee, Hyunwoo era a grande vítima naquele lugar. O senhor Lee foi amigo de longa data da família, mas precisamente do pai falecido do alfa. Conhecia Hyunwoo desde pequeno, sendo assim conhecedor do que acontecia e acontece na vida do filhote. — Ele mudou muito depois da morte do pai. Espero que isso não interfira nos nossos negócios.

— Vamos assinar logo o contrato. Temos que ir, já está tarde. Deixaremos o motorista para levar Jooheon para casa. — disse o alfa indo em direção a sala de estar e pegando de sua maleta o documento e uma caneta.

A senhora Son mostrou todos os dentes num sorriso ganancioso, satisfeita ao terminar de rubricar as linhas pontilhadas.

Como Shownu havia dito, a beta realmente só importava com a empresa.

Os Lee acabaram logo com aquilo para sair o mais rápido possível daquela casa. Rezariam para que o Son mais novo ficasse bem, estavam depositando todas as suas esperanças para que, no final de tudo, ele se tornasse uma boa pessoa.

No andar de cima, Jooheon olhava feio para alfa ajoelhado em frente ao vaso sanitário vomitando. O odor fétido se misturava ao cheiro do álcool e da nicotina impregnado nas roupas do Son, deixando o banheiro um tanto sufocante.

— Para de me olhar assim. — Shownu disse irritado limpando a boca com a costa da mão.

— Você vai continuar recebendo esse tipo de olhar enquanto continuar agindo desse jeito, sabe disso. — o moreno se agachou ficando à altura do Son.

— Eu não pedi tua opinião. — falou fazendo pouco caso das palavras do outro. — Isso não vai mudar nada.

— Ela é tua mãe. Deveria no mínimo ter um pouco de respeito com a senhora Son.

Jooheon é – ou era – amigo de Shownu desde crianças, desde de sua adoção para ser mais exato. Quando o pequeno Heon chegou à casa dos Lee, o pai de Shownu foi convidado para conhecer o mais novo membro da família e levou filhote junto. Logo os dois pequenos alfas ficaram amigos. Porém, após a morte do senhor Son, Shownu já não era mais o mesmo. Prova disso era o desenvolvimento dessa nova personalidade completamente agressiva e ao mesmo tempo defensiva, pois não deixava ninguém se aproximar de forma íntima dele.

— Você não entende. — ele se encostou na parede fria e fechou os olhos. — Não tem como você entender. Teus pais te tratam bem, é amado e aceito numa família bem estruturada e onde você é um intruso. — crispou os lábios invejando aquela utopia de vida perfeita. — Chega a ser ridículo. Você nem tem o mesmo sangue que eles.

— Antes não era assim. Eu lembro que você gostava dela e a tratava bem. — Jooheon mudou de assunto ignorando as palavras dele sem realmente se sentir afetado. — Ela deve estar ainda sofrendo com a morte do marido.

— Aquilo era só atuação. Ela fazia o papel de boa mãe e eu, o de bom filho. Eu só não fingia quando era com ele... — o olhar de Shownu se perdeu por um instante.

Seu pai era seu herói, o homem em quem se espelhava. Sem ele ali presente em sua vida, o filho era fechado para tudo e para todos, acreditava que sozinho estava melhor, tornando-se no que era hoje. A figura paterna era a única que realmente se importava consigo. Por outro lado, a mãe...  Um fato era verídico: a senhora Son nunca foi presente e não era flor que se cheire.

— Ela não deve ser tão ruim assim. — o moreno apertou o ombro do mais velho como forma de consolá-lo. — Deveria tentar se aproximar um pouco dela. Por mais que tenha seus defeitos, continua sendo o filhote dela e ela te ama.

— Me poupe da tua falsa compaixão, Lee. — Shownu sorriu por ter feito o alfa virar o rosto sentindo nojo de seu hálito recendendo a bebida e vômito. — Essas palavras bonitas só fazem efeito naquele ômega idiota.

Faíscas vermelhas cintilaram nos olhos do alfa mais novo. Jooheon cerrou as mãos em punhos machucando as palmas com as unhas curtas no intuito de se acalmar. Ele precisava manter o controle, não poderia se deixar levar pelas provocações do bêbado se não estaria baixando seu nível.

— Ah, você fica alterado quando o assunto é aquele ômega de merda? — Jooheon segurou na gola da camisa de Shownu e o ergueu do chão assustando o alfa bêbado.

— Você lave essa boca antes de falar do Wonho hyung! Ele é muito mais decente que você, seu idiota! — os olhos pequenos do Lee faiscavam em puro ódio, as lembranças do ocorrido no banheiro da escola vindo em sua cabeça. — E que tipo de alfa é você que se acha o dono do mundo? O universo não gira ao teu redor, vê se acorda ou na merda do teu futuro não vai achar nem um parceiro descente pra te aturar. Aliás, que tipo de ser você é usando a voz de alfa contra um ômega indefeso? Depois ia fazer o quê? Bater nele? Seria capaz de violentá-lo de quantas formas possíveis, Shownu? Eu nem quero imaginar se não eu te mataria, seu covarde idiota! — ele largou o alfa que caiu sentado no chão, completamente perplexo. — Agora se pergunte, Son, o que teu tão amado pai diria vendo o que está se tornando.

O Lee saiu do banheiro pouco se importando em deixar Shownu sozinho. O motorista o esperava na entrada da casa dos Son e o cumprimentou abrindo a porta do passageiro. Ele respondeu educado e soltou um longo suspiro sentando no estofado macio.

O barulho do veículo trafegando era o único som que Jooheon ouvia. O braço escorado na janela se moveu e os dedos massagearam as têmporas para aliviar mesmo que minimamente a leve dor de cabeça.

— Preciso de um pouco de ar fresco. — falou para si mesmo enquanto abria a janela.

O vento frio da noite invadiu o carro quando vidro escuro da janela abaixou. A brisa gostosa e aconchegante tocou-lhe a face e acalmou seus nervos. A maior parte do seu estresse se esvaiu ao observar o céu noturno parcialmente encoberto, mas com a lua minguante esbanjando seu brilho intenso azulado.

Os lábios carnudos se ergueram num tímido sorriso. Quando chegou na escola e durante o intervalo, Wonho parecia estar melhor após ter passado a noite na casa de Kihyun apesar de ter virado travesseiro para o irmão do mesmo. Changkyun não parava de falar o quanto tinha dormido bem com o ômega mais velho e o quanto queria que ele dormisse mais vezes lá. Kihyun fazia de tudo para deixar irmão longe de si, mas Changkyun sempre dava um jeito de se aproximar e falar consigo. Era difícil para o Lee conter a vontade de chamar Changkyun de bonitinho na frente do alfa embora não quisesse desperdiçar uma boa oportunidade como aquela para provocá-lo e também tinha que aguentar os olhares mortais dele todas as vezes que trocava palavras com Changkyun.

E Changkyun, Changkyun, Changkyun...

Ele era como a personificação da alegria, a animação pura parecia exalar dele. Suas atitudes sempre arrancavam sorrisos de Kihyun, Wonho e até mesmo de si, os gestos mais simples de carinho para com ele faziam seus olhos brilharem e, ah, como era fofo vê-lo desviar olhar e corar de leve quando seus olhares se cruzavam e se penduravam por longos segundos. Ah, Changkyun era incrivelmente adorável.

— Senhor Lee? — Jooheon se sobressaltou com a voz do motorista. — Chegamos.

— Ah, certo. — o alfa o encarou ainda tentando entender onde estava. — Obrigado.

O alfa retirou a gravata, guardando-a no bolso do casaco, e desabotoou alguns botões da camisa social. Sua sombra dançava conforme caminhava pelo colorido jardim da frente da casa. Ele tirou a chave do bolso da calça e colocou na fechadura, girando-a até ouvir o click fechadura.

Antes de entrar, Jooheon encarou a lua azul uma última vez tentando entender o motivo para o sorriso do Yoo mais novo lhe parecer estranhamente reconfortante de uma hora para outra.

 

(...)

 

Escuro.

O ambiente estava um verdadeiro breu quando Hyungwon despertou. Sua cabeça sofria com dores incessantes a ponto de fazê-lo lutar para continuar com os olhos abertos. Apesar disso, repousava numa cama incrivelmente confortável e espaçosa, não lembrava da última vez que dormira com um travesseiro tão macio.

Ele sentou olhando ao redor. As luzes apagadas só permitiam enxergar em penumbra, algo nem um pouco reconfortantes para si. Os flashes dos acontecimentos recentes surgiram em sua mente de repente e o fizeram estremecer apenas por relembrá-los.  

— Hyungie, tudo bem? — o questionador é um Minhyuk pós banho que parentava cansaço. Ele se aproximou da cama, ligou o abajur na cômoda e sentou próximo do amigo que parece que irá desmoronar a qualquer momento. — Tá sentindo al-      

O Lee se calou quando os braços do Chae rodearam seu corpo. Um abraço forte cheio de medo, agradecimentos, carinho, tudo ao mesmo tempo. Abraço este, sabia ele, que simbolizava Hyungwon quebrando sua armadura e revelando seu frágil íntimo.      

— Ei, tá tudo bem agora. Eu tô aqui. — sussurrou no ouvido amigo, fazendo-o se arrepiar e afastar com as bochechas coradas, o que causou o riso do loiro.   

— Não ri de mim. — pediu manhoso e emburrado.      

— Mas, Hyungie, você fica tão fofo envergonhado. — disse entre risadas.       

O moreno abaixou a cabeça constrangido pela declaração. No ato, sentiu uma gota pingar de sua franja ainda úmida. As roupas em seu corpo eram diferentes e não precisou analisar muito para saber que pertenciam ao Lee.    

— Min?              

— Sim?

— Eu... não cheguei aqui com essas roupas. — sussurrou enquanto arranjava coragem para encará-lo. Inspirou discretamente, o cheiro do outro na camisa impregnou suas narinas no ato. — Aliás, elas nem são minhas.     

— Elas são minhas se não percebeu. — disse Minhyuk. — Eu te dei banho e te vesti enquanto estava desmaiado.     

O ômega se esforçou para não deixar um sorriso estampar seu rosto. Obviamente, ele já sabia disso, mas precisava ouvir Minhyuk lhe confirmar isso todas as letras.           

— Min. — umedeceu os lábios com o súbito nervosismo. — Você... Me viu, hã... Sem roupa?

A insegurança de Hyungwon já era velha conhecida de Minhyuk. O ômega insistia em enfiar na cabeça que era frágil e magro demais, teimando sobre ter uma aparência esquisita, além de esconder ao máximo o corpo “cheios de defeitos” – que, sinceramente, o Lee não enxergava onde. Aquilo era algo típico do Chae que Minhyuk tentava com todo vigor entender apesar de discordar.          

— Sim. — respondeu. Não falaria nada que o desagradasse, mas a língua afiada agiu mais rápido: — E fique sabendo que você é lindo. — o platinado levantou e virou de costas para que o outro não visse o rubor em seu rosto, a natureza tímida de ômega falando mais alto. — Vou pegar algo para comer e um remédio pra dor de cabeça.   

Minhyuk caminhou até a porta ainda que estivesse preocupado em deixar o amigo sozinho por alguns minutos. Antes de sair, a voz de Hyungwon o parou:    

— Min.

— Sim? — respondeu de costas.            

— Obrigado... Por tudo. — o platinado sorriu sem se virar e seguiu até a cozinha.         

Era um alivio ver Hyungwon depois de quase um dia inteiro sem notícia. Contudo, não esperava que, ao abrir a porta, iria se deparar com o corpo debilitado do amigo caindo sobre si quando ele desmaiou. O Lee entrou em pânico, não sabendo se ficava aliviado ou nervoso por estar sozinho em casa. O susto fora tão grande que o fez ficar gritando com o ômega desacordado tentando fazê-lo reagir até realmente tratar dos primeiros socorros.    

Suspirou enquanto desligava o fogão. Milhares de possibilidades passavam em sua cabeça. O que teria sido dessa vez? Estremeceu a cada situação que sua imaginação fértil criava.

Ah, tirar Hyungwon daquela casa era seu desejo mais profundo e ficava frustrado diante da própria impotência. Jamais conseguiria fazer algo do tipo tendo o pai do amigo como grande e cruel obstáculo.    

Hyungwon riu do ômega entrando no quarto andando de forma dura para não derrubar as coisas que trazia da bandeja. Sua boca salivou sentindo o cheiro bom de comida, a barriga roncou alto pela fome. Minhyuk era razoável cozinha, nem muito bom nem muito ruim, sabia disso por experiências antigas, e dessa vez tinha se superado em alguns mínimos detalhes. Não que isso realmente importasse, ele teria comido o que Minhyuk tivesse feito até se fosse um simples miojo. 

— Tem certeza que tá bem? O que ele fez? Ele te bateu de novo, não é? Me diz, Hyungie. Hein, o que ele fez? — disparou perguntas para cima do Chae que passou a rir enquanto limpava os restos de comida ao redor da boca. — Não ri de mim! Quer mais alguma coisa? Remédio? Curativos? Eu te dei banho, mas não reparei se tava machucado. Deixa eu ver. — teve o pulso agarrado com certa força quando tentou levantar a camisa do moreno. 

— Min, pelo amor dos Deuses, te acalma! — segurou as mãos do amigo sobre seu colo enquanto ria da afobação dele. Se Minhyuk já era normalmente elétrico, quando preocupado era cinco vezes mais. — Eu já tô bem melhor agora. — fez uma pequena pausa. — Graças a você.       

— Ah... — Minhyuk desviou o olhar ficando com as bochechas vermelhas ao ouvir a declaração. — Eu lembrei de uma coisa.   

— O que?          

Hyungwon observou Minhyuk caminhar até a mesa cheias de folhas e lápis espalhados. O platinado pegou um estojo e abriu, tirando um pedacinho de papel rasgado de lá de dentro. Antes de voltar pra cama, pegou o celular.  

— O que é isso? — questionou enquanto via o outro desamassar o papel, esticando o pescoço para tentar ver o que estava escrito. 

— Lembra daquele alfa do banheiro, o Kihyun? Ele realmente tá na nossa sala. — contou sorrindo. — Ele me deu o número dele. Pediu pra eu ligar assim que tivesse notícias suas.            

— Ele o que? — Hyungwon arregalou os olhos surpreso. — Você não falou nada pra ele, falou?           

— Claro que não. Eu menti.      

Minhyuk era o único que sabia como era a real situação dentro das casas do Chae já que sempre fora ele quem o levava até a enfermaria quando passava mal na escola. Durante o fundamental, Hyungwon mantinha seu habitual teatro para não levantar suspeitas, mas ser socorrido pelo novato barulhento e encrenqueiro da sala estava fora dos planos dele. Esse acaso passou a se repetir até ele finalmente contar a Minhyuk. O amigo jurou não falar a ninguém sobre isso, nem mesmo para os pais, tanto que até hoje o senhor e a senhora Lee sequer sabem o motivo de ele aparecer na casa deles tarde da noite em dias aleatórios.          

Hyungwon ficou imerso em seus próprios pensamentos. Preocupado consigo? O Kihyun? Não via motivos para o Lee inventar algo assim. Parecia tão absurdo que se não fosse seu melhor amigo contando ele não acreditaria. Afinal, porque o alfa com quem falou apenas míseros segundos ficaria preocupado com sua falta na escola?

— O que vai fazer? — o moreno perguntou quando notou o outro alternando o olhar entre a tela do celular e o papel.               

— Ligar pra ele, ora. — revirou os olhos ao terminar de discar e voltou a encarar o ômega perplexo. — O que mais eu faria?   

— Não, Min. — pediu constrangido. — Sério, é quase de madrugada. Ele já deve tá dormindo. Esquece isso.

— É claro que não. O senpai te nota, se preocupa com você, até dá o número pra saber quando vai aparecer e você me diz pra esquecer?! 

— Sen... pai? — Hyungwon sabia que tinha ficado vermelho depois de ouvir aquela palavra completamente pejorativa. — Hyung, para com isso, pelos Deuses! — tentou alcançar o celular, mas o platinado correu para o centro do quarto fazendo questão de se afastar. — É sério, Lee Minhyuk!           

— Mas ele pediu pra ligar! — rebatou o Lee.

— Min, eu juro q-          

— Alô, Kihyun? — Hyungwon sentiu o rosto de ferver de tanta vergonha ao constar que a ligação foi atendida.           

O ruído saiu alto das saídas de áudio, indicando que estava na opção viva voz. O mais alto encarava o aparelho sentindo o coração batendo forte e quase saindo pela boca. O barulho de respiração soou do celular sendo seguido de um bocejo.

— Quem é? — a voz saiu grossa e arrastada e Minhyuk revirou os olhos para Hyungwon que dizia sem som “Viu! Eu te disse que ele tava dormindo”.           

— Kihyun? É o Minhyuk. — falou enquanto corria pelo quarto fugindo do amigo. — Você pediu pra ligar cas-

— Min, desliga isso! — Hyungwon ralhou com o outro. — Ele tava dormindo!

— O que? Espera. — os dois pararam onde estavam, voltando a atenção para os barulhos vindo do outro lado da linha. — Minhyuk? Ah, sim... Já tem alguma notícia sobre o Hyungwon?

— Min, por tudo que é mais sagrado, des-

— Ele tá aqui do meu lado. Vou passar o celular pra ele. — jogou o celular para o mais alto que o aparou meio desengonçado no ar.

— Hyung, eu juro que vou te matar! — o ameaçou, o tom de voz caindo para os agudos em claro desespero.

— Fala com o senpai aí, não vou atrapalhar.

— LEE MINHYUK, CALA A BOC-

— Ei, Hyunginie, como você está? — a voz de Kihyun ainda estava grogue de sono. — Por que sumiu hoje? Não faça mais isso, Minhyuk estava morto de preocupação.

Hyungwon não ouviu a frase inteira. Seu cérebro parou de funcionar ao notar uma estranha preocupação nas palavras do outro e, principalmente, com o apelido carinhoso e até intimo demais para alguém que trocara apenas algumas palavras.

Ele me chamou de Hyunginie?

— E-eu... — encarou Minhyuk, pedindo ajuda. Esse apenas silabou “Se vira” sem emitir som algum. — Eu tô melhor agora. E-eu só... Não tava me sentindo bem quando acordei.

— Hm. Espero que esteja bem mesmo. — disse desconfiado. — Parece até que estou falando com o Hoseok do fundamental de novo. — ele falou mais para si mesmo do que para eles.

— Assim, eu tenho uma pergunta. — Minhyuk puxou o pulso do moreno, aproximando microfone do celular em direção da boca.

— Ah, não, Min. — o Chae conhecia muito bem o Lee para saber o que aquele tom significava. — Se for o que tô pensando, nem fala.

— Ah, me deixa. — o platinado tufou as bochechas ao reclamar e tomou o celular da mão dele. — Tá namorando o Hoseok?

— Lee Minhyuk, por favor, cala a boca. — o moreno escondeu o rosto atrás das mãos involuntariamente mesmo sabendo que o alfa não o veria corando. — Kihyun, desculpa. Ele não sabe quando parar.

A risada de Kihyun veio para acabar com aquele clima estranho ocasionado pela pergunta nada discreta de Minhyuk. O som gostoso e contagiante deixou os ômegas estáticos encarando um ao outro.

— Seok é meu melhor amigo, alguém muito importante que eu cuido há muitos anos. Ficou interessado em mim ou nele? — o alfa questionou em tom sugestivo.

— Que? — a área sob os olhos de Minhyuk enrubesceu. — Acha que tô interessado? Ah, me poupe.

— Kihyun desliga esse celular e, pelos Deuses, não incentiva. — Hyungwon afundou o rosto no travesseiro tentando se esconder da vergonha, a situação ridícula lhe dando coragem para com o alfa. Que rumo aquela conversa estava tomando? — Rápido antes que piore.

— Só por isso vou mandar uma foto tua vermelhinho pra ele ver. — sorriu diabolicamente fingindo ter colocado na câmera para desesperar ainda mais o amigo.

— MINHYUK! — Hyungwon bateu no Lee com o travesseiro.

— Meninos, tenho que desligar. — Kihyun falou em meio a risadas. — Já está tarde, vão descansar, sim? Boa noite, durmam bem.

— Viu? Ninguém morreu por causa da ligação. — o Lee deu de ombros depois da chamada encerrar.

— Eu não vou conseguir olhar pra cara dele amanhã. — virou de lado voltando a se deitar e dando as costas para o amigo.

— Ah, para de ser dramático. — também deitou na cama e o abraçou por trás. Ah, ele continuava tão quentinho e Minhyuk adorava. — Boa noite, Hyungie.

— Boa noite, Min. — o moreno se esforçou para não gaguejar.

A respiração do loiro eriçava todos os pelos na região da nuca. Os braços dele não afrouxaram nem mesmo durante o sono, não o deixando se mover muito e impedindo-o de fugir.

A conversa vergonhosa era repassada continuamente em sua cabeça como uma forma de tortura, ele mordia o lábio inferior toda vez que relembrava da voz sonolenta do alfa o chamando de Hyunginie. Dessa forma, o coração malditamente acelerado custou a se acalmar para Hyungwon finalmente pegar no sono.


Notas Finais


~Ruiva
passar a semana inteira doente não ajudou a criar nada, tudo o que eu pensava acabava num dos personagens doentes e ia ser uma droga, mas até deu umas 4000 palavras huhaushauhsuha
ô meus ser humaninhos lindos cê viram que a gente tá de capa nova? agora que fic tá a nossa cara hushuausuahsu
Gio, brigadão por ter feito a capa pra gente *-*
~Monstraxxx
Obrigado pelos favs e por darem amor a nossa estória.
bjs no coração e até o próximo. <3


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