1. Spirit Fanfics >
  2. Blue Moon (Em Hiatus) >
  3. Chapter four

História Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter four


Escrita por: kyyyaxoxo

Notas do Autor


Ruiva~Oh, meus humaninhos lindos, a tia Unicornio (tô me sentindo velha agora husahusahusahusa) pede desculpas pelo atraso, essas semanas tão muito corridas pela escola, eu tô chegando muito cansada e talz, mas a tia caprichou nesse cap' um pouco mais longo que o anterior pra compensar vcs.
Monstra~Primeiramente, fora Temer.
parei
sei que devemos fugir para as montanhas mas olha, eu tava viajando e não tinha como a minha pequena Ruiva postar, então pesso mil perdões pq a culpa foi minha, mas aqui estamos com um capítulo cheio de amorzinho para vocês <3
Acho que esse é o primeiro cap mais leve da estoria.
Mas é isso ai, obrigado pela atenção. u.u
Boa leitura meus amores e desculpem qualquer erro.

Capítulo 5 - Chapter four


Fanfic / Fanfiction Blue Moon (Em Hiatus) - Chapter four

As primeiras horas da manhã na escola estavam agitadas. Jooheon se surpreendeu com a quantidade alunos lá tão cedo, os corredores já abarrotados de alfas, betas e ômegas se assemelhavam a uma boate em pleno fim de semana. O alfa caminhou por entre os alunos em direção à sala, falando algumas poucas vezes “Com licença”, isso quando realmente necessário. Em seus pensamentos, a imagem de Wonho estava lá e, antes que pudesse controlá-los, a de Changkyun se projetou inesperadamente. Ele parou no meio do corredor e balançou a cabeça para esquecer disso. Não entendia como aquilo foi acontecer (na verdade, não era tão difícil fazer uma ponte entre um e outro, afinal o ômega Yoo praticamente não largava o loiro), sua mente andava trabalhando sozinha ultimamente a respeito do mais novo que conhecera há dois dias. Era estranho, o alfa admitia, como o ômega aparecia do nada em sua cabeça, mas não chegava a ser inconveniente.

Ele voltou a andar pelos corredores lotados, agora dominado pela leve e súbita pressa. Queria vê-los logo, tanto que sentia a ânsia lhe causar um certo frio na barriga. Seus passos se tornaram cada vez mais acelerados a ponto de quase correr. O braço esquerdo dele foi agarrado e o moreno foi obrigado a frear fazendo o corpo voltar num solavanco que o fez dar dois passos vacilantes para trás.

— Jooheon. — o ruivo se virou para quem lhe dirigiu a palavra já sabendo que se tratava do alfa Son. Havia sentido a presença dele no momento em que foi puxado, o mais velho sempre fazia questão de impô-la enquanto estava nos corredores da escola.

— O que? — perguntou ríspido soltando o braço do aperto num puxão. Continuava irritado com as palavras ditas noite anterior sobre Wonho.

— Podemos conversar? — o tom do Son soou um tanto apreensivo. — Por favor.

O alfa Lee arqueou uma sobrancelha num misto de resistência e incredulidade. Pedir algo, ainda por cima com educação (algo muito estranho), não estava continho no novo feitio arrogante de Shownu. Para ele ter recorrido a essa habilidade “desconhecida” significava ser algo sério.

— Ok. — disse simplista.

Viu Hyunwoo andar e passou a segui-lo interpretando o pedido não feito. Os dois caminharam em silêncio até o fim do corredor onde estava mais calmo pela menor quantidade de pessoas ali.

— Pode falar. — usou um tom seco ao falar com o mais velho.

— Quero pedir desculpas por ontem. — a voz de Hyunwoo saiu baixa e até mesmo mansa, quase num sussurro.  

— Como é? — Jooheon cruzou os braços e aproximou a orelha para ouvir melhor.

— Não se faça de surdo, Jooheon! — Shownu praticamente rosnou para o outro. Ele soltou um suspiro alto logo tornando a se calmar. — Desculpa por ontem à noite.

— Só por ontem? — ele sabia que não devia provocá-lo, mas não deixaria esse momento escapar por nada.

— E pelo o que aconteceu no banheiro também. — falou a um fio de voz, mas Jooheon ouviu perfeitamente graças audição aguçada. — Olha, eu realmente me alterei com aquele ômega-

— O nome dele é Hoseok. — tratou de informá-lo sem se ressentir por ter interrompido a fala dele.

— Não queria machucar o Hoseok. — suspirou após dizer isto. Estava sendo bastante cansativo admitir e desculpar-se com ele. — Só que... eu me sinto sozinho às vezes, sabe? Aquele não era o meu melhor dia e ele me ofendeu. Mas, enfim, o que você me disse ontem... eu realmente fiquei pensando a noite toda. Você tem toda razão.

— Eu sei. — proferiu duramente.

Aquela conversa já estava encerrada com as palavras rudes de Jooheon, a atitude de Shownu no banheiro não seria esquecida tão cedo e mostrou isso a ele em seu tom grosseiro. O Lee, porém, despiu-se da armadura fria no momento em que o mais velho abaixou a cabeça. Conseguia sentir toda a tristeza que estava a afligir a vida do outro, a postura de Shownu não estava mais ali e quem, agora, estava a sua frente era Hyunwoo.

— Eu sinto saudades do meu pai, Jooheon. Sinto falta de conversar com alguém em que eu possa confiar de verdade. Sinto tua falta também. — o mais novo arregalou os olhos surpreso com suas palavras e o Son encarou seu silêncio como pedido para que prosseguisse. — Eu sei, — riu sem humor. — mas é a verdade. Você sempre foi meu único amigo. Naquele ano... no ano que ele me deixou... aquela mulher mostrou sua verdadeira face, que já não era tão escondida assim. Ela simplesmente me deixou de lado e ficou obcecada com a empresa, isso você já deve ter percebido, né?

Shownu fitou o alfa de olhos pequenos e riu da cara de surpresa do mesmo. Esperava esse tipo de reação, eles não conversam normalmente desde ter adotado essa postura arrogante que irritava o amigo.

— Tá. — Jooheon piscou várias vezes tentando se recompor do choque. — É muita informação pra uma conversa depois de anos afastados, não acha? — os dois alfas riram de si mesmos.

É, parece que a amizade adormecida entre eles não estava completamente perdida.

Ao longe, Hoseok entrou na escola. Seguia meio aéreo em rumo sua sala, sem realmente se importar com o demasiado barulho ou prestar atenção no que acontecia ao redor. Esperava encontrar os irmãos Yoo e seu irmão o quanto antes para distrair-se da rotina caseira fatigante e da dor de cabeça por ter dormido somente após ceder ao cansaço do choro. Ele percorreu os olhos nos extensos corredores e encontrou o alfa Lee no fim dele. Seus lábios ergueram em um sorriso discreto.

O sorriso, entretanto, morreu ao constatar a presença de outra pessoa ali e o corpo do ômega se arrepiou por inteiro.

Não era qualquer um ali.

O alfa do banheiro era quem dialogava com Jooheon.

Hoseok se escorou na porta da sala em busca de apoio. Jooheon e o babaca juntos? Pedia para os Deuses que aquilo apenas fosse um sonho (ou melhor dizendo, um pesadelo horrível). Calafrios perpassaram seu corpo apenas por lembrar do incidente do banheiro. O alfa do banheiro jogou o braço em cima do ombro do seu irmão e os dois saíram rindo de alguma coisa enquanto o Shin continuava ali, sozinho, à espera dos Yoo.

Quem sabe eles não estão rindo de mim.

Hoseok sacudiu a cabeça para afastar tais pensamentos. Jooheon nunca faria aquilo consigo.

Ou faria?

— Seok hyung! — ele saiu de seus devaneios quando Changkyun pulou em suas costas.

— Está me sufocando, Kkukkung. — fez cara de dor pedindo indiretamente para que o ômega descesse.

— Aish, hyung. — o mais novo resmungou fazendo um bico fofo.

— “Aish” nada! Teu hyung aqui tem dor nas costas. — Wonho riu da cara emburrada do irmão do melhor amigo. — Cadê o Ki? — perguntou com cautela para não se deixar transparecer para o ômega Yoo e olhou pelos corredores quase em desespero, uma pequena esperança de ver o amigo alfa.

O orgulho do Shin sempre foi o que o impulsionou a ser um teatro ambulante. Fazia-se de forte na frente de todos, principalmente de Changkyun (que é alheio sobre seus fantasmas) por ele ser mais novo. Porém, com Kihyun, ele sabe que pode tirar sua máscara de felicidade e chorar toda sua dor. E, no momento, ele só queria o colo de alguém, de preferência seu amigo alfa que lhe passa segurança.

— Ah, hyung, eu fui cruelmente trocado por aqueles dois ômegas! — Changkyun dizia emburrado. — Kihyun hyung parece aqueles alfas patetas com seus filhotes, a diferença é que é com seus futuros ômegas.

Foi impossível não conter o choque com a informação obtida. Bom, o mais novo podia aumentar uma coisa ou outra pelo seu drama tão conhecido, mas nunca mentir. A última declaração do outro pegou o Shin completamente desprevenido.

— Como assim? Futuros? — a confusão estava nítida nas feições do loiro.

— Eu não entendi muito bem, o hyung não me contou direito. — o ômega mais novo franziu os lábios. — Só disse que eles ajudaram você no dia que eu faltei.

“Não era um ômega, eram dois. Nosso amigo aqui tá arrasando corações, hein”

“Chega o mais alto de cabelo preto ficou até coradinho quando Kihyun falou com ele”

“Fariam um casal bonitinho, sabe? Os dois ômegas altos e o alfa baixinho”

Um flash das brincadeiras de Jooheon para provocar Kihyun fez com que Hoseok juntasse as peças do quebra cabeça.

— E, claro, Kihyun hyung pensa que sou idiota, — ele voltou a prestar atenção nos resmungos do outro. — mas sei que ele gosta dos dois ômegas. Tá escrito na testa dele. Como diz meu appa: “Cego é aquele que não quer ver.” — o loiro caiu na risada nesse momento e abraçou o ômega mais novo que acabou rindo também. — O Jooheon concorda comigo e ainda disse que o Kihyun hyung vai se declarar pra eles.

— A aula vai começar, Kkukkung. Vá para tua sala. — deu um beijo na bochecha dele e viu ele sair andando pelos corredores em seguida.

O coração de Wonho apertou ao entrar na sala novamente, dirigindo-se até seu lugar. Parece que ele estava sozinho outra vez.

As aulas se arrastavam de forma lenta, a todo momento o ômega olhava para o fundo da sala. Uma única carteira vazia, onde as coisas de Jooheon e o próprio Jooheon também deveria estar. Nunca poderia ser feliz, não teria amigos de verdade e nem formaria uma família? As palavras duras do senhor Shin martelavam a todo momento em sua cabeça. Seria verdade o que seu responsável lhe disse? Seus amigos já estavam até conhecendo pessoas que talvez fossem seus parceiros para sempre e, obviamente, Hoseok não queria atrapalhar a vida dos amigos e de suas famílias, da mesma forma que seu responsável diz que ele atrapalhou e destruiu a sua.

Seus olhos ficaram marejados no momento em que o sinal do primeiro intervalo tocou. O ômega rapidamente se levantou e correu pelos corredores para o lugar que considerava seguro, atrás do prédio da escola. Ninguém ia lá, Hoseok já comprovou isso várias vezes, o que corroborou para transformá-lo em seu esconderijo. As paredes de trás daquela escola sabem melhor do que ninguém o que o loiro passa. Ele recuperou a respiração e se acomodou no chão, logo pegando a pequena foto de sua amada mãe.

Aquele foi apenas o início do todas as suas lágrimas.

 

(...)

 

— Hyung, você viu o Seok hyung? Eu não consigo achá-lo! — Kihyun se assustou ao ver seu irmão correndo em sua direção.

O Yoo mais velho, que conversava com Minhyuk e Hyungwon comendo na mesma mesa que eles, congelou com as palavras do ômega. Changkyun aparentava estar procurando o amigo ômega desde o início do intervalo, além da preocupação estar presente em sua fala e em seu semblante. Hoseok nunca sumia de repente, isso só poderia significar uma coisa.

— O que? Como assim? — Kihyun esteve tão distraído durante as aulas que nem percebeu que faltava alguém ali. Que espécie de amigo era ele? Se arrependimento matasse...

— O hyung estava ocupado com teus ômegas mais cedo — os irmãos Yoo estavam tão concentrados na própria conversa que sequer notaram os dois citados ruborizarem pelas palavras do ômega mais novo. — e eu não quis atrapalhar. O Seok hyung não parecia bem logo cedo, nem o Jooheon estava com ele. Eu tô preocupado, hyung!

Kihyun se repreendeu mentalmente. Como pode esquecer de seu melhor amigo? Não se perdoaria tão cedo por isso. Com a culpa tomando conta, o alfa se levantou e saiu correndo já temendo o pior, deixando Changkyun observando-o se afastar, assim como os dois ômegas.

— O que aconteceu? — quem pergunta é Minhyuk.

— O Seok hyung sumiu. Achei que ele tivesse passado por aqui com vocês, então vim perguntar pro Kihyun hyung. — disse o pequeno ômega apontando para a direção onde Kihyun foi.

— Eu já volto. — Hyungwon se levantou bruscamente arrastando a cadeira em que estava sentado.

— Aonde vai? — Minhyuk questionou intrigado com a súbita saída do amigo. — Ei, Hyungie, aonde você vai? — algumas pessoas olharam para o Lee gritando no meio refeitório.

— Eu já volto! — gritou em resposta e seguiu seu caminho, não sabendo o que estava por vir.

Kihyun correu até o ponto mais afastado do prédio sabendo que encontraria seu amigo ali. O Shin não contou a ninguém daquele local, nem mesmo para ele. Isso não impediu o alfa de seguir o ômega em uma de suas fugas e descobrir seu esconderijo, embora o pequeno ômega não saiba que seu amigo conhece aquele lugar. Encontrou Wonho encolhido no chão com as mãos na cabeça. Soluços podiam ser ouvidos. Cada frase dita pelo ômega loiro era como uma suplica para o além.

— Eu sou um nada. Me desculpa, omma. Eu não queria. Eu matei você?  Eu não sei, omma. Por que você me deixou? Eu vou enlouquecer, omma! Me ajuda, por favor!

— Hoseok! — Kihyun se aproximou apressadamente. O cheiro de medo exalava dele, o Yoo queria se matar por ter feito o amigo sentir medo de si. O ômega não parecia reconhecê-lo, seu rosto estava inchado, os olhos, vermelhos e a foto da mãe, caída ao lado dele; tudo contribuiu para o coração do alfa ficar em pedaços com essa cena. — Seok, sou eu, o Kihyun. Eu não vou te machucar.

— Ela também não me amava, Ki? — ele perguntou de repente em meio aos soluços.

— Claro que amava. — sentou-se em frente ao ômega que se aconchegou em seus braços.

Wonho apertou a camisa de Kihyun e chorou, chorou por se sentir tão fraco e inútil, chorou por causar preocupação desnecessária nas pessoas, por se sentir um peso para todo.

O alfa odiou o maldito sentimento de impotência que se apossou de seu corpo. Não suportava ver o mais velho daquele jeito e mesmo assim não conseguia acalmá-lo de seu sofrimento, um perfeito inútil como sempre, apenas deixando que ele chorasse em seu peito. O choro alto e triste fez com que lágrimas silenciosas escapassem dos olhos de Kihyun que abraçava cada vez mais forte o amigo.

Hyungwon cansou após tanto correr e quase cair algumas vezes. Ele apoiou as mãos no joelho tentando recuperar o ar escasso nos pulmões e ergueu a cabeça para ver onde estava. A parte desconhecida do prédio era mal cuidada e aparentava estar abandonada, o cenário aterrorizante não parecia se encaixar ao perfil de uma das melhores escolas da Nova Coreia. Pequenos ruídos ecoavam pelos corredores vazio. O som era sôfrego, beirava ao desespero. O tom deveras familiar aumentava a medida que o Chae caminhava até ele, despertando o sentimento de angustia dentro de seu peito. Os instintos mandavam-no correr para longe dali, estava com medo e o quarto escuro de já se projetava em sua mente enquanto se aproximava dos soluços.

No entanto, algo lhe vem em mente. Seria Kihyun ali chorando? O alfa estaria em perigo? Será que aquele alfa gentil, compassivo e aparentemente carinhoso sofria com algo? Tais pensamentos lhe davam calafrios, apenas a mínima possibilidade o assombrava. Queria ajudá-lo mesmo com a certa “limitação” de sua natureza, ele não seria como seus vizinhos para agir friamente diante de tal situação.

O Chae apertou o passo continuando a procurar de onde vinha o choro. Os soluços abafados, porém altos, escapavam de uma das salas danificadas. O moreno girou a maçaneta com cuidado para não emitir barulho e espiou pela fresta. Ver Kihyun amparando nos braços o ômega loiro do ocorrido de dias atrás não era o que, de fato, esperava encontrar.

Mas ele não disse que o Hoseok era apenas um amigo?

Hyungwon chacoalhou a cabeça em movimentos rápidos e curtos finalizando com duas tapinhas na bochecha. Julgar precipitadamente agora só geraria maus entendidos, refletiu consigo mesmo. O ômega respirou fundo e abriu a porta, indo até dos dois. Sua presença alertou a ambos, Kihyun o encarou surpreso por vê-lo ali e o loiro engoliu o choro percebendo seu olhar sobre ele.

— O que tá acontecendo? Vocês estão bem? — perguntou preocupado com ambos. O ômega mordeu o lábio inferior e segurou a camisa do Yoo com mais força quando Hyungwon se sentou próximo a eles. — O que houve, Kihyun?  — seu olhar virou-se para o alfa cujo o rosto molhado e olhos vermelhos inchados denunciavam que também estava chorando.

— Eu estou bem. — Hoseok abaixou a cabeça constrangido com o ômega.

— Ninguém chora por nada, ainda mais desse jeito. — Hyungwon inclinou um pouco o corpo colocando o rosto de frente para o do Shin.

Ainda receoso, Hoseok fitou o olhar do outro. Ele via através de si, seus olhos lhe falavam muito em tão pouco espaço. Seu reflexo refletia-se nas írises do moreno, mas aquilo não representava uma mera imagem; aquele era ele: triste, ferido, sozinho, pedindo por socorro. O olhar opaco exibia um pequeno brilho simbolizando o último e delicado fio de esperança de ambos, que aguentava firme e forte independente do que passavam. O moreno era como espelho em que se olhava todos os dias.

— Não se preocupem. — Hyungwon falou de repente, tirando o Shin dos próprios devaneios, mas sem cortar o contato visual. — Não vou falar para ninguém. Eu nem deveria estar aqui, mas, sei lá... só achei que devia vir atrás do Kihyun. — riu levemente e logo virou para Kihyun, encarando-o com uma expressão repreensiva. — Alfa, porque ele tá assim? Você não cuida do teu ômega direito?

Kihyun engoliu em seco. Aquele era mesmo Chae Hyungwon? O mesmo que se escondera atrás de livros para evitá-lo quando foi falar com ele na sala? Que se escondera atrás de Minhyuk o tempo inteiro quando pediu para sentar junto com eles no refeitório? Estava chocado demais por vê-lo tão falante e também por estar recebendo sermão dele.

— Kihyun não é meu alfa! — Wonho sentiu o rosto esquentar. Ele se afastou rapidamente ao perceber que estava no meio das pernas do Yoo. — Ele só... veio aqui e... — desviou o olhar sentindo-se encabulado. — Desculpe.

— Ei, tá tudo bem. — disse ao aproximar-se de Hoseok e dar-lhe um abraço apertado. — Eu não sei o que houve, mas vai ficar tudo bem agora.

O abraço dele era aconchegante, ele se sentia bem com o outro ômega ali. Se o que Changkyun tinha dito for verdade, pensou o Shin ao deitar a cabeça no ombro do Chae, Kihyun já pode casar com ele.

— O que fazemos agora? — Kihyun perguntou ainda de fora de toda aquela demonstração de carinho entre os dois.

— Aula já começou. O professor vai fechar a porta na nossa cara se for pra sala agora. — Hoseok riu sem ânimo. 

— Melhor ficarmos esperando esse horário acabar por aqui. — Hyungwon sugeriu.

Os três passaram o tempo ali sentados sem muitas opções. Enquanto jogavam conversa fora, Hoseok já aparentava estar bem melhor do antes. Hyungwon e Kihyun trocaram olhares cúmplices, suspirando internamente por ele estar se sentindo bem novamente.

— Seok hyung! — os três viraram para a voz que vinha da porta onde um Changkyun ofegante estava apoiado ao batente da porta. Ele caminhou para dentro da sala abandonada e os outros levantaram do chão.

— Eu vou indo na frente. — Kihyun avisou num sussurro para os dois ômegas e logo saiu pelos corredores.

— Hyung, não some assim! Eu fiquei que nem um louco te procurando pela escola! — o recém chegado segurou o Shin pelos braços. — Eu quase morri com tanta preocupação!

— Desculpa, kkungkkung. Isso não vai mais se repetir, eu juro. — o loiro, no entanto, não sabia se podia manter a promessa.

— Acho bom mesmo! — abraçou o mais velho com força. — Vem, vamos sair daqui. Esse lugar me dá medo. — ele colocou o braço sobre os ombros de Wonho, puxando-o dali.

— Espera. — o loiro freou os movimentos e olhou para trás. — Você não vem, Hyungwon? — esticou a mão na direção dele. O Chae o encarou confuso. — Você também não está totalmente bem, não é? Mas... obrigado por me alegrar e desculpa pelo incômodo.

Hyungwon fitou a mão do outro ainda estendida para si. Entrou em pânico sem saber o que fazer. Minhyuk era único com que matinha esse tipo de contato e agora Hoseok estava tentando o mesmo?

— Só vem. — o Chae se sobressaltou. Ele lia seus pensamentos ou algo do tipo? — Às vezes, você precisa de mais de um apoio na vida. — ele gelou com a frase. Como o Shin sabia disso?

Sem mais delongas, Hoseok segurou a mão de Hyungwon e puxou, fazendo o três começarem a andar.

O ômega Yoo alternou o olhar entre os dois e as mãos dadas durante o trajeto inteiro. Estavam lhe ocultando pedaços importantes do ocorrido, ele precisava instigar mais a respeito.

 

(...)

 

Jooheon caminhava pelos corredores vazios. As mãos estavam nos bolsos da calça e ele assobiava melodicamente aproveitando o silencio enquanto ia ao banheiro. Ter passado um tempo com Hyunwoo após muito tempo mostrou que o velho amigo que havia apelidado de Shownu continuava ali numa mescla com a outra personalidade e não se arrependera por faltar o primeiro período inteiro para constatar isso. Por outro lado, estranhou a ausência de Wonho assim que entrou na sala após o termino do intervalo do almoço. Também não o vira andando pelos espaços da escola com os irmãos Yoo. Seu irmão só reapareceu no final da primeira aula depois do intervalo e ainda assim estava bastante aéreo, o que fez o professor chamar a atenção do alfa Lee várias vezes por ele estar perturbando a aula com suas tentativas falhas de chamar a atenção do loiro.

Alguma coisa havia acontecido.

Aquilo não era coisa de sua cabeça, sabia disso. Em algum momento, lembrava-se de ter ficado mais nervoso que o normal do nada, como se corpo estivesse mandando-o correr. Para onde? Isso ele não sabia. Ficara frustrado por não poder sair da sala enquanto sentia aquilo. Maldito professor, ele tinha praguejado baixinho. E, aos olhos de terceiros, o mais velho estava bem. Se isso fosse verdade, porque então o ômega estava estranho ao falar consigo? Porque lhe respondia com frases curtas sem direito a quaisquer detalhes? Porque se afastava até de seus mínimos toques como se sentisse repulsa de si? E porque seu olhar desviava todas as vezes que faziam contato visual? Alguma coisa acontecera naquele meio tempo em que estavam separados.

E, de novo, não fazia a mínima ideia do que se tratava.

O Lee entrou no banheiro com a cabeça cheia de pensamentos. Sua mente arquitetava todos os tipos de cenários afim de encontrar uma resposta coesa para o tratamento estranho e até mesmo frio de Wonho ao falar consigo. Fez suas necessidades e voltou a fechar a calça. O movimento da água fluindo de suas mãos ensaboadas para a pia se assemelhava tanto ao redemoinho de suposições plausíveis, contudo não comprovadas, em sua mente.

— Jooheon? — o Lee levantou a cabeça e viu Changkyun atrás de si pelo reflexo do espelho.

— Ah, oi, bo- Changkyun. — sorriu amarelo por ter quase deixado o apelido escapar. Ele fechou a torneira e enxugou as mãos para enfim ficar frente a frente dele. — Tudo bem? — apoiou as mãos sobre o granito da pia e tombou a cabeça para o lado. Não tirou o sorriso do rosto ao assumir a postura relaxada.

— Posso te perguntar uma coisa? — o ruivo notou a hesitação no tom do outro.

— Aham. — cruzou os braços e apoiou o peso do corpo na bancada da pia, intrigado com ele tinha a dizer. — O que quer saber?

— Sabe o que o Seok hyung tem?

— Não. — pendeu a cabeça pensativo. — Pra ser sincero, eu nem sei do que está falando.

— O hyung tava estranho quando cheguei de manhã. Ele não parecia bem, mas achei que era só coisa da minha cabeça. Só que ele sumiu no intervalo — Changkyun mordeu o lábio inferior. — e eu fiquei o procurando por um tempão, até perdi um horário de aula. Eu o achei com o meu irmão e sabe o Hyungwon? — Jooheon moveu a cabeça negando. — Alto, branquinho, cabelo preto, lábios carnudos. Ele estuda na sala do Kihyun hyung. — o mais velho pensou mais um pouco e murmurou “Sei quem é”. — Então, ele tava lá com eles também. Eu achei meio estranho, nem sabia que Seok hyung e ele eram amigos.

O ruivo sugou o lábio inferior para dentro da boca e largou a carne depois um tempo. No final, não era só coisa da sua cabeça.

— O que foi, Changkyun? — perguntou ao notar o olhar preocupado do outro sobre si.

— Tá se sentindo bem?

Os olhos do Lee se arregalaram minimamente. A fama de ser frio e indiferente (o que não era necessariamente verdade) o perseguia para onde quer que fosse, sempre matinha a expressão neutra e imparcial diante de desconhecido e até mesmo de amigos para não deixá-los preocupados. Essa técnica era aperfeiçoada com o passar dos anos e o ômega Yoo o desvendara mesmo antes de ter começado a pensar algo a respeito do que foi lhe dito? Jooheon estava impressionado, Changkyun havia sido o primeiro a não se deixar levar por sua máscara.

— Não é nada. — suspirou.

— Você é péssimo em mentir. — o Yoo cruzou os braços e tufou as bochechas visivelmente bravo. Seus olhos, por outro lado, demonstravam uma estranha tristeza.

Por que ele está triste?

— É sério. Não precisa se preocupar com isso. — o alfa deixou um sorriso escapar por ver o ômega desistir da pose de mal humorado ao bagunçar o cabelo dele num afago demorado. A expressão surpresa junto ao rubor na face dele apenas deixou o mais novo ainda mais encantador. — A gente se vê por aí, Changkyun. — despediu-se de costa com um aceno enquanto saía do banheiro.

O ruivo voltou até sua sala caminhando a passos lentos para pôr os pensamentos em ordem. Alguma coisa continuava faltando, uma peça essencial para concluir um complexo quebra cabeça. O bonitinho havia lhe dado informações preciosas, porém nem mesmo ele conseguiu explicar direito. Ele não era confiável? Era isso que estavam tentando dizer? Grunhiu frustrado parando em frente à porta. Antes de entrar na sala, disse si mesmo que descobriria o que todos estavam escondendo dele.

 

(...)

 

O fim de tarde estava ameno.

A incidência, agora mais fraca, de raios proporcionava a brincadeira entre a divergência de tonalidades ocasionada pelo crepúsculo. Minhyuk andava de costas na rua olhando para Hyungwon, gesticulava, tagarelava, não parava um segundo quieto como de costume. Hyungwon, por outro lado, matinha o ritmo de caminhada calma de sempre enquanto observava a hiperatividade do amigo, deixando escapar vez ou outra uma risada baixa pelas atitudes do Lee. Os dois faziam seu percurso rotineiro já que a maior parte do caminho para a casa dos dois era o mesmo. E, apesar de chegar um pouco mais tarde, o loiro fazia questão de deixá-lo na porta de sua casa mesmo com a possibilidade do senhor Chae vê-los juntos.

— Vi que fez um amigo novo. — Minhyuk colocou as mãos atrás da cabeça, apoiando-a nelas.

— Amigo? — Hyungwon girou o pescoço em direção ao outro.

— É, aquele ômega daquele dia do banheiro. Alguma coisa Seok... Como é o nome dele? — estreitou os olhos tentando se lembrar. — Seok, Seok, Seok... Minseok? — arriscou adivinhar.

— Hoseok. — corrigiu o outro.

— Ah, é Hoseok! — estapeou a própria testa. Ele limpou a garganta antes de continuar. — Mas... porque ele tava segurando a tua mão, Hyungie?

O moreno não precisava de muito para notar o tom enciumado do amigo. Estava, de fato, surpreso ao ouvi-lo falar daquela maneira além vê-lo deixar óbvio o grande incômodo em relação a isso numa expressão birrenta. O Chae só deixava o Lee ser assim com ele afinal. Ver Minhyuk com ciúmes (de si) o fez estourar em risadas.

— Não ri de mim. — o Chae sentiu um déjà vu ao ouvir isso e vendo o loiro corar encabulado.

— Mas, Min, você fica tão fofo envergonhado! — usou as palavras do mais velho contra o mesmo.

E, embora estivesse chateado por Hyungwon estar tirando uma com a sua cara, Minhyuk sorriu com abraço apertado e o beijo no rosto que sucederam a provocação.

— O Hoseok... — Hyungwon mordeu o lábio inferior decidindo se contava ou não. — Eu vi ele chorando nos braços do Kihyun nos fundos da escola hoje. Não sei o que deu em mim, mas alguma coisa me dizia para ir lá com ele. Min, eu conheço aquele tipo de choro. — falou devagar, as lembranças do ômega vindo a mente.

— Acha que ele... — a voz de Minhyuk morreu e o Chae assentiu. — Meus Deuses.

— É. — ele abaixou o olhar fazendo com que a franja cobrisse seus olhos.

Um silêncio constrangedor se instalou após aquilo. Minhyuk se remoía por dentro por ter mal interpretado aquela cena incomum, fazer julgamentos precipitados a respeito dele era algo até então inexistente. Mas o que podia fazer? O sentimento de abandono tinha feito o loiro falar mais alto.

— Hyungie, desculpa. Eu não queria te julgar. — sussurrou a frase sem ocultar o arrependimento. — É só que... isso nunca tinha acontecido antes.

Hyungwon encarrou a feição tristonha com dó. Os papéis pareciam ter sido invertidos, a visão de Minhyuk entristecido era de partir o coração. Ah, o Chae não queria ver esse ar deprimido no outro nunca mais.

— Min, não fica assim, por favor. — segurou-o pelos braços. Em seguida, sorriu fraco. — Eu não tô bravo com você nem nada, ok? — o outro assentiu e o sorriso do moreno aumentou quando o brilho usual voltou a adornar os orbes do mais baixo. — Vem. — segurou a mão dele e pôs-se a andar.

Durante o restante do trajeto, Minhyuk observou as mãos dadas ostentando um sorriso que mal cabia no rosto de tão grande. O modo como elas se encaixavam parecia tão bonito aos seus olhos, o calor da mão do amigo era tão gostoso e aconchegante e, ah, o mais novo levemente corado com a sombra de um sorriso no rosto deixava tudo ainda mais agradável.

— É melhor você só vir até aqui. — o mais alto disse quando dobraram a esquina. Já dava para ver sua casa dali.

— Tá, mas eu preciso te dar uma coisa antes de ir. — ele soltou a mão do outro e, após se agachar, colocou a mochila no chão, logo abrindo o zíper.

— O que é? — perguntou curioso enquanto observava-o revirar seu material dentro da bolsa.

— Aqui, pra você. — Minhyuk levantou segurando um celular em uma das mãos sem se dar o trabalho de fechar a mochila ou tirá-la do chão. — É o que eu usava antes de trocar.

— Min, eu não posso aceitar isso. — Hyungwon não moveu um músculo quando o celular foi estendido em sua direção.

— Não, por favor! O teu pai não quebrou o teu celular? Então, aceita, por favor. — pediu e colocou o aparelho nas mãos dele. — Não importa as circunstâncias, me liga. Eu não vou conseguir dormir tranquilo sem saber se você tá bem.

— Tá bom, eu fico com ele. — falou lembrando-se do quanto ele estava cansado no dia anterior.

— Ele é um pouco diferente do teu, mas você consegue mexer de boas. — disse vendo-o desbloquear a tela e analisar o menu principal. Ele tirou a mochila do chão e voltou a colocá-la nas costas. Dar aquele abraço de despedida era sempre difícil para o Lee. — Esconde ele num lugar seguro e toma cuidado quando usar, tá? — sussurrou ao pé do ouvido dele e apertou mais os braços ao redor do seu pescoço. — O meu número tá na discagem rápida. — avisou antes de finalmente soltá-lo. — Tchau, Hyungie.

— Tchau, Min. — ele acenou e o Lee seguiu caminho.

Hyungwon encarrou o aparelho ainda sem reação. O dedão pressionou o ícone da agenda telefônica que continha apenas um único número. Ele riu sozinho com Minhyuk fazendo um V com os dedos e sorrindo sem mostrar os dentes na foto de seu contato. Bloqueou a tela e guardou o celular na mochila emprestada voltando a caminhar.

Hyungwon apertou a alça da mochila quando abriu a porta. Um frio percorreu toda a sua espinha ao se deparar com o pai descendo as escadas a caminho do trabalho. Encontrar o senhor Chae logo ao chegar em casa de longe não era a melhor coisa a acontecer depois de ter fugido no dia anterior.

O mais velho o olhou de cima a baixo e caminhou reto até a entrada sem se dar ao luxo de olhá-lo na cara outra vez. Quando o pai passou por ele sem fazer nada, Hyungwon soltou a respiração que havia prendido inconscientemente.

— Cuide da tua mãe e faça as tarefas. Mais tarde venho buscá-lo para irmos à igreja. — Hyungwon ouviu o som da porta fechando atrás de si.

O ômega ficou plantado no mesmo lugar por alguns minutos tentando absorver o que tinha acontecido. Seu pai não levantou um dedo contra si? Aquilo era real ou um sonho? Sua realidade era outra, mas não é como se estivesse reclamando (e, pelos Deuses, jamais reclamaria por não ter sido espancado outra vez), somente estava estupefato por essa rara reação do alfa.

Após trocar de roupa, Hyungwon tratou de fazer suas tarefas domésticas sem mais enrolar. O choque ainda não havia passado, parecia tão irreal, tão inacreditável, a maneira como o seu pai lidou com seu sumiço e com o fato de que estava vestido com o uniforme de Minhyuk. Em partes, sabia que ele sequer notava quando não estava lá (algo comprovado pelas vezes que escapara para a casa do amigo ainda quando crianças) e, se ele não tivesse um compromisso, teria levado no mínimo uma bofetada por estar “fedendo” (se é que me entendem).

 A enfermeira chegou pontual como sempre quando o ômega estava terminando a faxina na cozinha. Ele foi até o quarto e tomou um longo banho. Uma pequena nevoa escapou do banheiro assim que um Hyungwon de cabelo úmido e toalha enrolada em volta da cintura saiu de lá. Ele caminhou até o guarda roupa e encarou as poucas peças que restaram após o “ataque” do pai. Num cabide mais escondido ao fundo, o terno preto continuava intacto, sem rasgos, amassados ou fiapos. O reflexo no espelho não correspondia a quem ele era. Odiava o traje com todas as suas forças, bem como os punhos ajeitados, o relógio no pulso e a gravata bem arrumada amostra.

O moreno encarou a cama. As roupas de Minhyuk estavam espalhadas sobre o colchão, a mochila emprestada aberta deixava as anotações escaparem de dentro dela e, debaixo de todos os papéis, o celular se camuflava. Ele abriu a gaveta da cômoda ao lado da cama. Com o auxílio do tubo de uma caneta, levantou o fundo falso relevando cartas antigas e algumas fotos. Afastou as folhas velhas, as fotografias suas com Minhyuk e outras apenas de Minhyuk e colocou o celular lá dentro, tampando a gaveta e fechando a cômoda novamente.

Seu pai chegou não muito tempo depois de Hyungwon ter lavado o uniforme de Minhyuk (pouco se importando com possibilidade de molhar o terno) e o colocado na secadora. Ele seguiu a pé com o mais velho até a igreja a duas quadras de sua casa. No momento em que pôs os pés naquele local, cerrou as mãos em punho tratando de entrar na personagem. Foi educado com todos que falaram consigo, respondendo-os com frases escritas no roteiro denominado sua vida. Sentou em silencio ao lado do pai no decorrer das horas, a postura impecável e olhando sempre fixo para frente, mas não realmente prestando atenção. Não queria ser obrigado a aceitar tudo que ele era imposto, não queria crer nas coisas ditas naquele sermão enquanto tinha sua própria fé, fé nos Deuses da natureza; aqueles que possibilitaram há muitos anos atrás, quando todos diziam que não havia mais esperança para humanidade perecendo pela Terceira Grande Guerra Mundial, uma outra chance para a vida na terra com o gene hibrido e proporcionaram a existência novo organismo mais forte e resistente.

O culto terminou relativamente mais cedo para felicidade do ômega. O mesmo silêncio da ida também se instalou na volta para casa e durante a janta. Fez suas orações com o pai lhe vigiando o tempo inteiro e, assim que o mais velho se retirou do quarto, Hyungwon parou de atuar. Suspirou cansado se sentindo engasgado com “o figurino” sufocante. Tirou peça por peça com extremo alivio e prazer, finalmente se livrando do terno.

Tomou outro banho enquanto esperava dar o tempo de seu pai dormir. Vestiu uma calça moletom e uma camisa larga e caminhou pelo quarto esfregando a toalha no cabelo. Ele parou de enxugar as madeixas por um instante e foi até a porta do quarto, trancando-a em seguida.

Seus olhos começavam a pesar quando sentou na calma. Ele esticou o braço e tirou o celular do compartimento secreto. O dedão deslizou pela tela, desbloqueando-a, e pressionou a opção de discagem rápida. O Chae descansou a cabeça no travesseiro esperando a ligação ser atendida.

Minnie hyung? — falou baixo e manso já meio grogue de sono.

— Não é todo dia que você me chama assim. Tudo isso é sono, é? — o tom brincalhão veio da outra linha. — Você tá bem, Hyungie? O que o teu pai fez quando te viu?

Nada, ele não fez nada. — exclamou num rouco sussurro, mas que exprimia o quanto estava feliz por ter saído ileso. Minhyuk respondeu um “É sério?!” igualmente feliz. — Foi tão estranho e tão... bom. Tô com medo de acordar e isso ter sido só um sonho.

— Mas isso é verdade felizmente. — Hyungwon fechou os olhos. Sua mente criou imagem de Minhyuk sentado na cama de quarto dele com o travesseiro sobre as pernas e segurando o celular contra a orelha, o sorriso bonito estampado no rosto e os olhos possivelmente brilhando com mais intensidade como quando ele estava animado. — Ai, Hyungie, tô tão aliviado por você tá bem.

Eu também.

— Já mexeu no celular? — Minhyuk perguntou mudando de assunto.

— Fui pra igreja com meu pai. Só peguei ele agora. — o Chae rolou na cama ficando de bruços. — Por que?

— Vai na galeria, por favor, por favor, por favor! — ele riu com a euforia do outro.

— Por que?

— Só vai lá! Anda, anda, anda!

O moreno pegou o fone do celular antigo de cima da cômoda e plugou os auriculares na entrada. Achava melhor não pôr na opção viva voz para não correr o risco de seu pai ouvir. Já com os fones nos ouvidos, minimizou a chamada e abriu a bandeja de apps, clicando no ícone da galeria do disposto. Os olhos de Hyungwon se arregalaram quando o aplicativo abriu.

— Min, — o ômega falou um pouco mais desperto. — isso é...

— Surpresa!

O rolo de câmera estava abarrotado com mais de mil fotos segundo a legenda, mas a surpresa não era pela quantidade e, sim, pelas fotos em si. Todas as suas com Minhyuk fotos estavam ali, desde as de quando se conheceram no fundamental até as dos dias atuais. Rever a passagem de todas essas épocas causou uma grande nostalgia ao Chae. Seus olhos marejaram olhando cada uma das fotos.

— Eu nem sei o que dizer. — oh, Hyungwon estava tocado, muito tocado. Não conseguia esconder isso em seu tom de voz.

— Gostou?

— Claro que sim. Eu amei, Min.

E era verdade. O coração martelava rudemente em seu peito com aquele sentimento desconhecido ardendo dentro de si.

— Vai dormir, Hyungie. Você precisa descansar, ainda não tá totalmente recuperado... daquilo. — ele falou com cuidado.

— Mas eu não tô ­— seu bocejo interrompeu a frase. — com sono.

— Aham, tô vendo. — a risada contida do Lee era o som mais fofo e agradável de se ouvir na opinião de Hyungwon. — Vamos, faça o que teu hyung tá pedindo, sim? Boa noite, Hyungie. A gente se amanhã.

— Boa noite, Minnie. Durma bem.

Eu vou.

O barulho da camada encerrada soou nos fones. Hyungwon continuo segurando o celular apoiado no peito, próximo ao rosto, por alguns minutos até se dar conta que o loiro havia desligado. Ele tirou os fones do ouvido e desconectou do aparelho, jogando-os cuidadosamente sobre a cômoda. Sentou com as pernas para fora do colchão e encarou o celular em suas mãos. Ele decidiu voltar a galeria e instantaneamente sorriu ao rever as fotos. Procurou por dentre as diversas fotografias até achar a que queria, onde estava registrado o momento que Minhyuk havia o pegado desprevenido beijando-o no rosto. E, embora achasse seus olhos arregalados pela surpresa e o rosto ruborizado pela vergonha um tanto estranhos para a foto, definiu ela como o papel de parede antes de recolocar o aparelho no compartimento e selá-lo novamente, voltando a deitar na cama em seguida.

A memória daquele aniversario e sensação dos lábios do Lee em sua pele permaneciam vividas em si, desse modo não demorou muito para o ômega adormecer.


Notas Finais


BEIJOS NO KOKORO
até o próximo <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...