História Blue Quartz - O início

 O sol alaranjado ia se pondo atrás dos grandes prédios e edifícios que existiam ali, em Stone City. O movimento era inevitável: era à hora dos empregados cansados saírem de seus trabalhos e dos jovens irem para casa depois de um longo dia de estudos.

 As ruas ficaram infestadas de carros e pessoas que conversavam de assuntos diversos. Os adolescentes saiam dos colégios em grupos, todos tinham a companhia de um amigo menos Blue. Ela tinha poucos amigos, não conversava muitos com as pessoas por ser muito tímida.

 Blue não é muito alta, é morena com olhos escuros. Seus cabelos são negros, mas com pequenas mechas azuis, sua mãe dizia que tinha isso desde que nasceu. Por isso o nome.

 Ao sair do colégio, botou seus fones de ouvido e cobriu a cabeça com o capuz para cobrir seu cabelo que julgava ser “bizarro”. Blue usava calça jeans, tênis pretos e o casaco cinza com a estampa de um anjo aprisionado, não sabia direito o seu significado, mas gostava por que sua mãe dizia que pertencera ao seu pai.

 Seu pai é um mistério, sempre que ela perguntava sobre tal, sua mãe ficava triste e mudava de assunto. O sonho da pobre menina era conhecer o pai desaparecido.

 A pobre menina andava sozinha enquanto escutava música, quando ouviu alguém lhe chamar de longe. Era o Lance, um dos seus poucos amigos, ele era como a Blue: tem mais ou menos a mesma altura, os cabelos são negros também. Porém, tem os olhos mais esverdeados e com a pele mais clara. Usava uma camisa do seu jogo on-line favorito com jeans meio rasgados. Blue achava que tinha sorte de ter Lance como amigo o conhecia desde pequeno e teve sempre pra contar.

 Lance correu até sua amiga e perguntou o motivo de sua saída repentina durante a aula de educação física no pátio. Blue respondera de forma compreensiva:

 -Saí pelo mesmo motivo, àqueles apertos no peito sabe? Do nada meu peito parece pegar fogo!

 -Não foi ao médico esse mês não? De uns dias pra cá você tem sentido isso quando se esforça. – perguntou Lance preocupado

Blue respondeu que marcara um cardiologista no dia seguinte, ela possui essa crise desde pequena. De acordo com sua mãe essa crise era herança de seu pai.

“O cara desaparece da minha vida e só me deixo coisa ruim” pensou Blue.

 Depois de um longo papo sobre jogos on-line, Lance se despede de Blue dando um “toca aqui” e atravessa a rua movimentada. Enfim sozinha. Agora Blue pode voltar a “viajar” em seus pensamentos aleatórios.

 Sua casa não era tão longe da escola, bastava andar um quarteirão e dar um contorno em um praça que parecia abandonada. A gangorra rangia cada vez que um vento batia, o balanço arrastava uma de suas correntes no chão e o escorrega estava tão enferrujado que se alguém encosta-se nele viraria pó. Blue lembrava do tempo que passava horas naquele parquinho brincando com Lance e com sua prima, Letícia. Agora está esquecido pelo tempo.

 O sol já se pusera no horizonte industrial da cidade, mesmo existindo um mar mais a frente,porém os prédios o tampavam e impediam a maravilhosa vista que seria do por do sol junto ao mar.

 Chegando em casa, sua mãe estava sentada em seu sofá preto ao lado de um criado mudo marrom velho. No meio da sala tinha uma mesa pequena com uma parte de vidro, as cortinas brancas estavam abertas de modo que muita luz entre no local. Na TV, passava um programa de culinária que ensinava como fazer cookies. A mãe de Blue virou-se e disse:

 -Como foi o seu dia, querida? Sentiu dor?- perguntou.

 -Ah, foi à mesma coisa de sempre. Senti um pouco sim na aula de educação física. – respondeu Blue, dando um beijo na testa da mãe - Estou indo lá pra cima, ok?

 - Sem problema, daqui a pouco desce pra jantar!

 Blue subiu as escadas rapidamente, correu até seu quarto e fechou-o. Jogou a mochila em sua cama bagunçada e ligou o computador. Até que enfim uma coisa que o agradava, internet. Ela não sentia nada quando navegava nela, nenhuma dor ou qualquer pontada. Blue estava à espera da confirmação da chuva de meteoros que passaria em Stone City.

 Sua vida acabou de ficar melhor, estava lá, “Confirmada a chuva de meteoros que podem ser vistas por olho nu!”, Blue amava astronomia. Seria sua primeira vez a ver uma chuva desse tipo. Mal sabia ela que isso acabaria com sua paz...

Continua...