História Blue Tattoo - Trinta e três

    Liam se seguro para não gritar.

    -Que porra aconteceu? - foi o que conseguiu falar enquanto ia para perto da primeira cama.

    Um menino estava deitado lá, parecia ter no máximo dezessete anos. Sua barriga encharcado de sangue e ele tentava segurar um pano, fazendo pressão no local. Mas sem sucesso aparentemente, já que o sangue não parava de escorrer.

    -Quem…? - o menino deitado tentou perguntar, sem conseguir formular alguma coisa.

    -Como você se chama? - Liam perguntou, para distrair o menino.

    Logo, suas mãos experientes rasgaram a camisa do menino e pegaram um pano limpo que tinha ao lado, secando o líquido e tentando achar a origem do sangramento. 

    -Lucas - ele sussurrou.

    Liam, ao fazer pressão e ver que o sangramento estava parando um pouco, conseguiu finalmente olhar em volta, para as outras sombras que viu ao entrar.

    O mais velho dos três que estavam naquele quarto, estava sentado perto da janela e parecia estar em melhor estado. 

    -Eu to bem - ele disse, levantando uma mão. A outra estava segurando um pano em sua cintura e ele estava todo cortado pelo braço e rosto. - Se preocupa com eles, por favor.

    Liam deu um aceno com a cabeça para aquele menino e voltou a se concentrar no Lucas, deitado embaixo de si. O homem logo pediu uma agulha e linha para Niall.

    -Lucas - Liam o chamou. - Consegue segurar a toalha aqui? - o homem perguntou, colocando a mão do menino em cima da toalha que estava no machucado grande.

    -Consigo - ele respondeu.

    -Qualquer coisa grita - Liam disse e foi para o próximo.

    O garoto estava deitado em um sofá, seu corpo mole e ele não parecia ter força para mais nada.

    -Vou te ajudar a subir, pode ser? - Liam perguntou e contou até três antes de colocar o menino em outra cama vazia. - Por que diabos não te colocaram aqui primeiro?

    O menino riu.

    -É bom que ainda tenha senso de humor, você com certeza levantou o astral desse quarto - o menino sorriu. Liam estava vendo os cortes e não respondeu o garoto, já que, realmente não concordava com o mesmo.

    -Payne - Horan falou, levando uma maleta ao lado do Lucas. - Tudo que precisa para os pontos. 

    -Qual o seu nome? - Liam perguntou para o que antes estava no sofá. 

    -Steven.

    -Eu já venho, Steven. Você vai ficar bem.

    O médico voltou para o primeiro, costurando o corte fundo e grande que tinha na barriga dele.

    -Vai precisar de um gelo ai, Lucas - Liam disse, apontando para a cabeça do garoto.

    O homem tirou o telefone o bolso, ligou o flash e virou para a pupila de Lucas. Elas dilataram.

    -Tudo bem, só um gelo mesmo para você.

    -Valeu - o menino parou. - Nem sei o seu nome. Você salvou a minha vida e eu não sei o seu nome.

    -É melhor assim, acredite em mim.

    Liam foi se afastando do menino que já estava em melhor estado e voltou para o que estava cheio de cortes. Como nenhum era tão profundo, o homem apenas costurou-os. Estava se sentindo bem mais aliviado quando foi para o último. O menino parecia bem, estava conversando com Niall.

    O seu rosto estava suado e rosado, mas ele conseguia falar normalmente.

    -Deixa eu ver o que fizeram com você, que tal? - Liam perguntou e apontou para a cama. O menino levantou com dificuldade e depois deitou ali.

    -Pode dar os pontos e acabar logo com isso? Quero muito ir embora daqui e o escroto Horan não tá deixando.

    -Eu to salvando a sua vida, Carl. De nada - Horan brincou.

    Liam levantou a camisa do garoto.

    -O que houve? - Horan perguntou, vendo a expressão do amigo.

    -Só estou me perguntando como ele não está morrendo de dor - Liam disse.

    -Eu? - Carl perguntou. - Não sei, mas não doi. Na verdade eu não sinto nada - o menino levantou a mãos e começou a mexer os dedos. - É não sinto nada.

    -Carl, acho melhor a gente ir para um hospital - Liam disse.

    -Que porra você tá falando? - Horan gritou.

    -Você tá com uma bala na barriga, Carl. Eu acho melhor você ir para o hospital.

    […]

    Jamie entrou em casa com o filho.

    -Mamãe, mamãe, olha o que o papai me deu - Kyle pulava pela casa. Ao ver sua mãe, sentada no sofá, ele pulou em cima dela e levantou um carrinho de pelúcia. - É tão fofinho - o menino disse, apertando o que tinha ganhado.

    -Que lindo, filho - ela disse, pergando o carrinho. - Adorei.

    -Não vou mais largar - o menino abraçou a almofada. 

    Cassandra riu.     

    Seus dedos finos logo começaram a passear pelo cabelo dele, fazendo pequenos círculos. Seu filho era muito especial para ela. 

    -Eu te amo muito, sabia?

    -Eu também te amo, mamãe.

    Cassandra se levantou e foi andando até a cozinha, encontrando Jamie tirando as compras de uma sacola plástica e colocando-as em cima da bancada.

    -O que você comprou para gente? - ela perguntou, o ajudando.

    -Batata - disse, tirando as batatas da sacola e mostrando para a mulher. - Arroz - ele continuou. - E…

    -Frango - ela falou em seguida, pegando o peito de frango que estava em uma bandeja de isopor.

    Ela sorriu e deu um beijo nele.

    -Você sabe que é meu prato preferido.

    -Tem castanha também, para comeremos antes e feijão para mim e Kyle.

    -É, podem ficar com o feijão todo. É horrível. Não dá nem para mastigar aquilo.

    O homem riu.

    -Você parece uma criança quando fala isso. É muito fofa.

    -Acabei de lembrar, encontrei o Tommy quando estava indo para o trabalho hoje.

    -O que fez faculdade comigo?

    -Ele mesmo.

    -Caralho. Faz um puta tempo que eu não vejo ele.

    -É, eu também.

    -Vou ligar para ele depois, ver como as coisas estão.

    -Boa ideia.

    Ela se inclinou novamente e o beijou.

    […]

    Liam saiu do quarto e foi direto para o banheiro. Suas roupas estavam sujas de sangue assim como a sua mão. Ele tirou-as de seu corpo e jogou no box, depois entrou e ligou a água. O homem ficou parado, esperando que todo aquele sangue saísse de seu corpo.

    -Payne - Horan gritou pela terceira vez. Liam olhou para trás e viu o amigo ao seu lado.

    -Não ouvi você entrar - o que estava dentro do box respondeu.

    -Carl vai ficar bem. Você conseguiu.

    -Não parece que eu consegui, Horan.

    Niall entrou no box, ele puxou a mão do amigo e pegou o sabonete, passando por elas. O sangue escorria mais, deixando a pele exposta.

    -Vem, vamos sair - Niall puxou o braço de Liam.

    -Os três estão bem? - Liam perguntou. Seus olhos não pareciam focar em nada.

    -Estão. Liam, você tá bem?

    -Não sei.

    -Vamos sair.

    Liam deu de ombros e saiu do box.

    -Pode deixar ai - Niall disse, apontando para as roupas do amigo. O loiro abaixo e tirou uma toalha limpa do armário que tinha embaixo da pia. Ele a jogou para o outro.

    -Valeu - Liam disse, se secando e amarrando na cintura.

    -Só para não molhar mais a minha casa.

    Liam sorriu e amarrou a toalha na cintura.

    Eles foram até a cozinha, Sophia estava sentada lá, tomando um chá.

    -Eu to tentando não me preocupar com vocês por causa dessa criança - ela falou apontando para a barriga, - mas vocês estão complicando as coisas.

    Liam sentou do lado dela e logo a abraçou. Sua cabeça caiu no ombro dela e Sophia começou a fazer cafuné dele.

    -Os garotos vão ficar bem - Niall disse.

    -Vocês sabem quem fez? - Sophia perguntou.

    -Estou esperando eles darem uma acalmada para perguntar. Não quero forçar muito a barra.

    Sophia concordou com a cabeça e quando olhou para Liam, o homem estava de olho fechado.

    -Ei, amor, quer ir dormir?

    -Não, tudo bem.

    Harry entrou na cozinha um pouco depois, em suas mãos estavam caixas de cerveja. Seu cabelo estava curto e ele usava uma camisa e calça preta.

    -Cortou o cabelo?

    -É, já tava me irritando.

    Sophia riu.

    -Você sempre falou que amava cabelo grande.

    -Sei lá - Harry respondeu, colocando um pouco das cervejas na geladeira.

    -Mas tá legal assim - Sophia acrescentou.

    -Eu gostei também - disse Niall.

    Liam nem abriu o olho para ver o amigo ou se moveu.

    -Agora que todos estávamos aqui - Styles começou a dizer, abrindo uma garrafa. - Alguém me explica porque tem uma trilha de sangue no nosso apartamento?